Arquivo

Dilma Rousseff e a limpeza nos ministérios

Conduta uniforme Ideal mesmo seria que a presidente Dilma Rousseff aproveitasse o ensejo de mais um escândalo para dar um jeito no festival de condutas desviantes que assola a Esplanada dos Ministérios. Ao todo, até agora, aos dez meses incompletos de governo, foram seis: Antonio Palocci e o espetáculo do crescimento patrimonial; Alfredo Nascimento e as obras superfaturadas nos Transportes; Wagner Rossi e o direcionamento de licitações na Agricultura; Pedro Novais e o uso particular de dinheiro público; o Ministério do Turismo e a prisão de 35 servidores acusados de corrupção; Orlando Silva e os convênios fraudulentos no Esporte. Se somados à lista os episódios temporariamente arquivados de favorecimento partidário na distribuição de verbas públicas no Ministério do Trabalho e da denúncia contra o ministro das Cidades de pagamento de mesada a deputados em troca de apoio, a conclusão é a de que os partidos que compõem a coalizão do governo se equivalem no quesito produção de escândalos. São dois do PMDB, um do PC do B, um do PR, um do PP, um do PDT e um do PT. Como se vê, há uniformidade de conduta no primeiro escalão. Por enquanto, só ficou de fora o PSB, que ocupa a pasta da Integração Nacional. E que não se diga que o “dedo podre” pertence ao ex-presidente Lula porque, não obstante a coincidência de os atingidos terem sido todos, direta ou indiretamente, apadrinhados por ele, nesse caso não há hipótese de se transferir responsabilidade: além de ter aceitado nomear cada um deles, Dilma Rousseff era, no dizer do próprio Lula, a “alma” da gestão anterior que, no dizer da propaganda eleitoral, seguiria em ritmo de continuidade. O problema é a regra que precisa vir de cima. A presidente não impôs uma nova norma pela qual toda transgressão seria castigada. Tanto é que a “base” entrou em estado de prontidão ameaçando revolta quando houve o ensaio de “faxina” e de imediato se avisou aos navegantes que as trocas de ministros ficavam automaticamente adiadas para a reforma de janeiro. A rigor, as demissões não podem ser consideradas uma punição em regra. Rendem a perda do emprego aos alvos principais, mas a engrenagem continua funcionando como antes de os fatos consumados terem sido postos à porta do gabinete presidencial pela imprensa.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Falou-se ontem o dia inteiro que Orlando Silva estava fora do ministério. Teria uma conversa com a presidente assim que ela chegasse do exterior e tudo se resolveria ali. A questão é: tudo o quê, a demissão do ministro? Francamente, chega a ser irrelevante. Soa, antes, como o cumprimento de um ritual conhecido, cujo objetivo principal é tirar o foco da denúncia da vez. Demitido o ministro, o assunto perde o interesse, protestos o sentido, todo mundo se dá mais ou menos por satisfeito e mais cedo ou mais tarde começa tudo outra vez. A imprensa denuncia, o governo alega presunção de inocência, o acusado se defende, o acusador é desqualificado, os fatos atropelam o palácio, que, por sua vez, os coloca no escaninho do esquecimento com mais uma demissão que renderá à presidente Dilma dividendos públicos pela intransigência em relação a “malfeitorias”. E assim a enganação vira regra geral: o governo finge que toma providências, o País finge que acredita e a farra continua. Notáveis. A presidente não comenta nem com os próximos os nomes que teria em mente para compor a Comissão da Verdade, cujo relatório de autoria do senador Aloysio Nunes Ferreira foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Pelo projeto, que o governo gostaria de ver votado até dezembro, não podem participar dirigentes partidários. Excetuados, no entanto, os ocupantes de cargos honoríficos. De onde um ministro aventa a possibilidade de Dilma vir a convidar o ex-presidente Fernando Henrique para integrar o grupo que durante dois anos trabalhará na recuperação da história das agressões aos direitos humanos durante o regime militar de 1964. A ideia da presidente é escalar um elenco suprapartidário. Dora Kramer/O Estado de S.Paulo

Leia mais »

Itamar Franco: um presidente que não tolerava corrupção

Itamar Franco: nacionalista e corajoso, o país chora sua perda. Saudades do presidente Itamar Franco, o único que afastava qualquer ministro suspeito de irregularidade, até que provasse ser inocente. Itamar Franco, presidente da República de 1992 a 1994, morreu aos 81 anos neste sábado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado desde o dia 21 de maio, quando foi diagnosticado com leucemia. Segundo o hospital, Itamar morreu às 10h15 após acidente vascular cerebral. O corpo será transferido para Juiz de Fora (MG), para ser velado e depois para Belo Horizonte, cidade na qual, por desejo do presidente, o corpo será cremado, após receber homenagens no Palácio da Liberdade. Eleito senador pelo PPS de Minas Gerais no ano passado, Itamar estava licenciado do cargo desde que foi internado, em maio deste ano. Realmente não se faz mais político como Itamar Franco. Nacionalista e corajoso, foi o criador do Plano Real, que salvou a economia do país e é responsável por seu crescimento atual, fez um governo brilhante. Ficou apenas dois anos no governo.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Imaginem se tivesse ficado oito, como FHC e Lula. Depois, como governador de Minas, lembrem-se de sua atitude de convocar a PM de Minas para impedir que Furnas fosse privatizada, quem faria igual? Em matéria de probidade administrativa, nunca se viu nada parecido na política brasileira. Ele jamais admitiu que qualquer membro do governo, especialmente do primeiro escalão, fosse colocado sob suspeita de irregularidade. Afastava o ministro imediatamente, até que o caso foi totalmente investigado. Itamar Franco não teve dúvidas de demitir um de seus amigos mais próximos, Henrique Hargreaves, mineiro de Juiz de Fora, que era Chefe da Casa Civil. Hargreaves foi acusado na CPI dos Anões, e Itamar o afastou em 5 de outubro de 1992. Só o readmitiu mais de um ano depois, em 1º de novembro de 1993, quando ficou comprovado que Hargreaves havia sido acusado injustamente. O mais importante e interessante nisso tudo é que a amizade entre Itamar e Hargeaves resistiu a tudo. Quando ele foi novamente nomeado para a Chefia da Casa Civil, o presidente mandou estender um tapete vermelho na entrada do Palácio do Planalto, para recebê-lo de volta. E ainda agora trabalhavam juntos. Hargreaves, que depois foi secretário de Estado quando Itamar governou Minas Gerais, atualmente era seu assessor no Senado. A acusação contra Hargreaves era uma bobagem, não pode nem ser comparada à situação de Antonio Palocci, por exemplo, que verdadeiramente enriqueceu no desempenho de funções públicas, seja como “consultor” (sinônimo de lobista e traficante de influência) ou “corretor imobiliário”. Palocci, que já tinha um passado nebuloso na prefeitura de Ribeirão Preto, onde ficaram famosas suas relações com a empresa de lixo Leão & Leão, confirmou o currículo ao atuar como ministro da Fazenda, quando se dedicava a frequentar a mansão que seus amigos de Ribeirão Preto alugaram para fazer lobby, traficar influência em Brasília e praticar sexo com profissionais. Demitido por Lula, Palocci ficou no ostracismo até a campanha de Dilma, à qual foi discretamente integrado, mas dela emergindo como todo-poderoso chefe da Casa Civil, cargo não muito recomendável nos últimos tempos, desde que foi entregue a José Dirceu e depois a Erenice Guerra, outros excepcionais especialistas em consultorias e tráfico de influência. E só foi demitido porque não havia mais como sustentá-lo. Que diferença para Itamar Franco, minha gente. Carlos Newton/Tribuna da Imprensa ->>aqui biografia de Itamar Franco

Leia mais »

Presidente Dilma, anote o nome deles!

Presidente Dilma, que coisa feia, hein? Resistiu bravamente à pressão do ex-presidente Lula e agora está sucumbindo vergonhosamente à pressão combinada dos ex-presidentes Fernando Collor e José Sarney. Semana passada, apesar do bafo salvador de Lula, que carimbou Antônio Palocci como “o Pelé da Economia”, Dilma defenestrou o poderoso ministro-chefe do Gabinete Civil, aquele que caiu no governo passado por estuprar o sigilo do caseiro e que voltou a cair neste governo pela comovente defesa da virgindade de seu próprio sigilo. Esta semana começa com Dilma se dispondo a manter o abjeto ‘sigilo eterno’ (sic) sobre documentos oficiais, uma ignomínia que atravessou incólume os 16 anos de governo somados do sociólogo FHC e do metalúrgico Lula, uma dupla que garantia ter um pé na cozinha da esquerda mais consciente. Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Fernando Collor sentou em cima do projeto original de Dilma, que quebrava a eternidade do sigilo e permitia o máximo de 50 anos de segredo. “É temerário”, repudiou o senador das Alagoas, alegando “constrangimentos diplomáticos” para fatos como a ditadura militar (1964-1985), o Estado Novo getulista (1937-1945) e até a Guerra do Paraguai (1864-1870), episódio este ocorrido há século e meio e que levou à morte 50 mil brasileiros. Presidente do Senado Federal, José Sarney vem agora em socorro de seu temerário sucessor no Palácio do Planalto, alegando que segredos eternos evitariam lesões nas relações diplomáticas do Brasil com seus vizinhos. “Documentos que fazem parte de nossa história diplomática, que tenham articulações como Rio Branco teve que fazer muitas vezes, não podem ser revelados, senão vamos abrir feridas”, explicou, sem explicar nada, o cuidadoso Sarney, que nasceu 18 anos após o falecimento do Barão do Rio Branco (1845-1912). Diante da curiosidade geral, cabe a pergunta: que feridas, cara-pálida?[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] O que poderia sangrar tanto nossa diplomacia? Que bobagens teria cometido o bom barão, o homem que redesenhou nossas fronteiras, para merecer esta santa proteção do bem informado Sarney? Dias atrás Sarney expurgou da exposição oficial do ‘túnel do tempo’ do Senado o glorioso impeachment de Collor — o único afastamento legal de um presidente em 122 anos de República —, relegado por seu solidário colega de sigilo como um simples ‘incidente’, talvez uma ferida a ser escondida. É sempre bom lembrar que, dentro de 48 dias, completam-se dois anos em que o jornal O Estado de S.Paulo vive sob a censura patrocinada pela família Sarney, que deseja um sigilo eterno para as estripulias do filho do senador, Fernando, indiciado na (agora secreta) ‘Operação Boi-Barrica’ da Polícia Federal por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e caixa 2. Sabemos todos o que teme no presente o senador Sarney, mas ninguém imagina o que no passado pode assustar tanto o senador Collor, que aparenta um personagem bifronte da política brasileira. Na tribuna, com voz grave e empostada, porte ereto e ternos sem vinco que parecem recém saídos da lavanderia, Collor pode ser confundido com um lorde inglês desavindo num parlamento qualquer ao sul do Equador. De repente, porém, Collor pode perder a compostura, o palavreado e a elegância para revelar seu lado mais tosco, mais agreste, mais indecoroso. Como fez em 2009, quando ganhou a imortalidade dos anais para um fétido discurso, no plenário do Senado, onde confessava que estava ‘obrando, obrando e obrando” na cabeça de um colunista da revista Veja. Como fez em 2010, quando ameaçou enfiar a mão na cara de um repórter da IstoÉ, num telefonema gravado onde o polido senador distinguia o jornalista como “filho da puta”. Sabemos todos o que são Sarney e Collor. O que não se sabe, porém, é o que pretende Dilma Rousseff ao capitular diante de argumentos tão pífios de uma dupla de ex-presidentes tão contestados por episódios tão polêmicos no passado e no presente. Dilma fez muito bem ao seu governo ao seu livrar, em boa hora, de Palocci. Dilma faz muito mal à sua biografia ao se render tão facilmente aos desígnios pouco claros de Collor e Sarney. A presidente da República deveria respeitar mais sua própria história, bem mais exemplar do que seus dois oblíquos aliados e antecessores. Dilma combateu de armas na mão o regime militar que Collor e Sarney, no verdor da idade e no fervor da utilidade, apoiaram sem peias, nem meias medidas. Um foi jovem da ARENA, outro foi cacique da velha ARENA. Dilma foi ao limite do sangue para combater essa gente e aquele regime. Agora mesmo, 39 documentos sustentam uma ação civil pública na 4ª Vara Cível de São Paulo contra três oficiais do Exército e um da PM paulista, integrantes da Operação Bandeirante (OBAN), mãe do DOI-CODI da rua Tutóia, símbolo maior da repressão da regime. O grupo é acusado pela morte de seis presos políticos e pela tortura em outros 20. Um dos acusados pelo suplício é o tenente-coronel reformado do Exército Maurício Lopes Lima, uma das presas torturadas é uma guerrilheira de 22 anos da VAR-Palmares chamada Dilma Rousseff. Com o cinismo típico de sua turma, o coronel Lopes Lima deu uma entrevista, em novembro passado, logo após a eleição de Dilma: “Se eu soubesse naquela época (1970) que ela seria presidente, eu teria pedido – ‘Anota aí meu nome, eu sou bonzinho’”, admitiu ao jornal Tribuna de Santos. O coronel teve o seu nome anotado pela história, como queria, mas com certeza não era bonzinho — apesar da fantasia de pacato veranista que hoje desfila nas águas mansas da praia das Astúrias, no Guarujá do litoral paulista, onde vive. O frade dominicano Tito de Alencar Lima, o Frei Tito, sobreviveu a terríveis torturas no DOPS do delegado Fleury. O que restava dele foi levado ao DOI-CODI do coronel Lopes Lima, que o deixou sob o trato de seis homens de sua equipe e do inefável pau-de-arara. No seu depoimento, frei Tito contou: “O capitão Maurício veio me buscar em companhia de dois policiais: ‘Você agora vai conhecer a sucursal do inferno’, ele me disse”. Meses depois, cada vez

Leia mais »

Palocci é inquilino desatento

O multiplicador Palocci, entre outros danos, está desconstruindo a figura de executiva implacável da Presidente da República. O que foi duramente construído ao longo da vida, e magistralmente lapidado pelos marqueteiros, é transformado em bijuteria pelo médico e financista ocupante, de teimoso, da Casa Civil. Aliás, o PT tem revelado, ao longo de sua (dele) história de partido político, uma atávica atração pelo suicídio político. Sem que se saiba Freudianamente por que, entroniza na vitrine do governo federal um cidadão que arrasta atrás de si suspeitas, as mais diversas, desde a administração da cidade de St. André, passando pelo “affair” do caseiro Francenildo, e desaguando na, até agora, inexplicável multiplicação dos pães. O Ministro alega fidelidade a seus (dele) clientes. E à população que lhe paga o salário? Nenhuma? O Editor Há 20 dias, o país havia sido informado de que Antonio Palocci é um talentosíssimo consultor. Um azougue nas artimanhas da consultoria privada. Neste final de semana, descobriu-se que o chefe da Casa Civil, principal ministro do governo Dilma Rousseff, é também um inquilino descuidado. O assombroso êxito de Palocci no mercado das consultorias está expresso em cifras que, reveladas pela Folha, ardem inexplicadas nas manchetes. Em 2006, o patrimônio declarado do ministro, então deputado federal, era de R$ 375 mil. Abriu a consultoria Projeto. E deslanchou. Só no ano eleitoral de 2010, a consultoria companheira de Palocci rendeu-lhe R$ 20 milhões, metade nos dois últimos meses do ano. Próspero, Palocci comprou em São Paulo uma sala (R$ 882 mil) e um apartamento (R$ 6,6 milhões). Em quatro anos, multiplicou o patrimônio por vinte. O apartamento adquirido pelo ministro é coisa fina. Fica no Edifício Dante Alighieri (foto lá no alto), Alameda Itu, bairro dos Jardins, o mais chique da cidade. Ocupa todo o andar. Mede 493 m². Dispõe, por exemplo, de oito quartos, seis banheiros e terraço. Tem lareira. Na garagem, cinco vagas. Pois bem. Embora tenha se tornado feliz proprietário do imóvel milionário, Palocci optou por não fixar residência nele. O ministro preferiu acomodar-se com a família num apartamento alugado. Fica em Moema, outro bairro elegante da capital paulista. Coisa igualmente fina. Avaliado em R$ 4 milhões, o imóvel mede 640m². Tem quatro suítes, três salas e um par de lareiras. Notícia veiculada por Veja informou que o apartamento alugado por Palocci está registrado em nome de uma empresa de fachada. Chama-se Lion Franquia e Participações Ltda.. Nos últimos três anos, usou endereços falsos. Tomada pelos registros oficiais, a Lion tem dois sócios: Dayvini Costa Nunes (99,5%), 23 anos; e Felipe Garcia dos Santos (0,5%), 17 anos. “Laranjas”, escreveu Veja. A reportagem da revista alcançou Dayvini. Encontrou-o numa casa simples, de fundos, na periferia de Mauá, cidade do ABC paulista. Dono de remuneração mensal de R$ 700, Dayvini não tem bolso compatível com a posse de um apartamento de R$ 4 milhões. Entrevistado, disse desconhecer o imóvel. Apossando-se dele, venderia, pagaria as dívidas, compraria casa para a família e custearia os estudos. Ouvido na quinta-feira, Dayvini tocou o telefone para a redação de Veja na sexta para desdizer-se. Admitiu que mentira na véspera. Sabia do imóvel. Tornara-se laranja de um tio, Gesmo Siqueira dos Santos. Por que mentiu? Eis o comentário de Dayvini: “Desde que você falou comigo, não consigo dormir, por causa dessas coisas que envolvem pessoas com quem não tenho como brigar, como o Palocci, entendeu? Eu não tenho como bater de frente com essas pessoas. Sou laranja”. Abalroado pela novidade, Palocci emitiu uma nota, mais uma. No texto, informa que chegou ao imóvel por indicação da imobiliária Plaza Brasil. A Plaza negou que houvesse procurado imóvel para Palocci. A assessoria do ministro divulgou recibo. Teriam sido desembolsados R$ 8 mil pelos préstimos que a Plaza diz não ter prestado. Palocci diz ter firmado contrato de locação com os “proprietários” do apartamento: Gesmo Siqueira dos Santos e a mulher dele, Elisabeth Costa Garcia. Além de Palocci, Gesmo e Elisabeth, firma o documento representante da Morumbi Administradora de Imóveis. Celebrado em 1º de setembro de 2007, o contrato foi renovado em 1º de fevereiro de 2010. Dessa vez, diz a nota do ministro, “entre Antonio Palocci Filho e a Morumbi Administradoras de Bens, sucessora da Morumbi Administradora de Imóveis”. Gesmo é tio de Dayvini e pai de Felipe, os dois “sócios” da Lion, a empresa que hoje aparece como “proprietária” do imóvel ocupado por Palocci. Em declaração à Folha, Gesmo disse ter transferido a firma Lion para o sobrinho e o filho para evitar que seus problemas financeiros contagiassem o negócio. Em sua nota, Palocci diz que nunca teve “contato com os proprietários” do imóvel. Tratou da locação com a imobiliária Morumbi. Para complicar, descobriu-se que a empresa forneceu endereço falso à Receita Federal: Rua Lídia Simões Cabral, 43. Há no local uma placa oferecendo aulas de inglês. O endereço serve de residência à família de um argentino. Gesmo, o “proprietário” que Palocci diz desconhecer é personagem de biografia conturbada (confira aqui). Cabe a pergunta: como Palocci, consultor a$tuto, pôde ser tão relapso na escolha de seus locadores? “O ministro, assim como qualquer outro locatário, não pode ser responsabilizado por atos ou antecedentes do seu locador”, responde Palocci na nota. Então, tá! Ficamos assim. Lavrem-se as atas. blog Josias de Souza

Leia mais »

Dilma X PT: briga de cachorro grande

O fogo nada amigo dos “cunpaêiro” que não querem perder nenhuma boquinha. PT versus Dilma: uma batalha interminável. O verdadeiro problema de Dilma Rousseff não se chama Antônio Palocci, apesar do óbvio desgaste causado no governo pelo chefe da Casa Civil. Grave, mesmo, sem que qualquer caneta possa resolver, é o relacionamento da presidente com o PT. Melhor dizendo, do PT com a presidente. Menos pelas origens, porque ela foi fundadora e militante do PDT de Leonel Brizola, mais porque os companheiros não a escolheram. Deglutiram sua indicação, posta goela abaixo pela vontade do todo-poderoso Lula. Durante os oito anos da administração passada o PT comportou-se como um gatinho, sabendo de onde soprava o vento e sem força para impor-se. Aceitou sem reagir a guinada para a direita, em termos de política econômica, assim como não piou diante da composição do ministério e do segundo escalão. Seus líderes chegaram a imaginar que ocupariam todos os espaços num governo fechado, mas o Lula escancarou as janelas para aliados diversos e jamais consultou o partido para tomar decisões e adotar políticas públicas. Para o PT era ficar calado, até crescendo eleitoralmente no vácuo do chefão, ainda que perdendo a personalidade e os ideais de sua fundação. Muita gente até saiu, em especial os ideólogos de esquerda.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Agora é diferente. Mesmo continuando a reverenciar o Lula, o PT sente a oportunidade de voltar a ter alma e vontade própria. A sucessora não é o antecessor. Faltam a Dilma a popularidade e o comando partidário. Assim, desde o primeiro dia do novo governo, os companheiros fizeram pontaria, aguardando na curva da estrada. Criaram caso com o PMDB, nas nomeações, e ficaram esperando a primeira lambança para demonstrar mais do que independência. Querem a submissão da presidente à sua vontade e nada melhor, para eles, do que o desmonte de Antônio Palocci. Pouco importa que ele pertença ao quadro de fundadores da legenda. Sacrificar o boi de piranha para salvar o rebanho faz parte do jogo. Importa olhar para o reverso da medalha: e Dilma? Aceitará marchar para o sacrifício? Irá submeter-se? Como reagir? O Lula fez a parte dele. Veio a Brasília, renovou a necessidade do apoio à presidente e até tentou salvar Palocci, mas, a menos que ocupe de imediato o palácio do Planalto, pouco poderá fazer. Popularidade e liderança absoluta não se transferem. E nem ele tem inclinação para coveiro do PT. Enquadrará o partido quando voltar. Antes, é problema dela. Carlos Chagas/Tribuna da Imprensa

Leia mais »

Palocci e o tráfego de informações

“O que não é moral não pode ser legal” Agostinho de Hipona * Tagaste, África 13 de novembro de 354 d.C + Hipona, África 28 de agosto de 430 d.C O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, não saiu das manchetes nas edições de sexta-feira (20/5) dos jornais. Mas há uma diferença no noticiário em relação aos dias anteriores: aparentemente, a informação de que sua empresa de consultoria prestou serviços muito bem remunerados a vinte clientes foi fornecida pelo próprio ministro. Pelos serviços prestados a esses vinte clientes, a empresa do ministro faturou R$ 20 milhões em 2010, ano eleitoral, o que lhe teria permitido multiplicar por vinte o patrimônio pessoal. Afora a curiosa repetição do número 20, o noticiário traz também uma novidade: não se percebe aquela avalanche de declarações de políticos oposicionistas, como aconteceu em denúncias anteriores contra integrantes do governo. Outra diferença em relação a outras histórias: a imprensa tenta, mas não muito, descobrir os nomes das empresas que teriam sido responsáveis pelo fabuloso sucesso empresarial de Antonio Palocci. Em geral o noticiário ataca os personagens do setor público envolvidos em casos suspeitos, mas não demonstra esforços para expor as empresas privadas envolvidas. No caso do ministro da Casa Civil, o processo de blindagem realizado pelo governo é facilitado pelo desinteresse da oposição em alimentar o fogo. Assuntos incômodos Provavelmente, o noticiário teria amainado na sexta-feira se o próprio ministro não o tivesse alimentado com as informações que forneceu ao preparar um relatório a ser enviado à Procuradoria Geral da República. Quase tudo que os jornais publicam tem essa origem. Mas o “vazamento” de uma informação desse tipo só ocorre quando interessa a quem detém essa informação. Palocci contratou uma grande empresa de relações públicas e assessoria de imprensa para administrar a crise. Em casos como esse, normalmente os consultores recomendam oferecer alguma informação inofensiva para distrair a imprensa, enquanto se procura isolar os fatos eventualmente negativos. Até mesmo a declaração de que “ex-ministros têm grande valor no mercado” deve ter sido parte dessa estratégia. A frase é uma tradução politicamente correta de “tráfico de influência”. Agências de comunicação conseguem controlar rapidamente crises desse tipo porque sabe-se que a imprensa tem atualmente uma capacidade de investigação muito reduzida. E sabe-se também que, assim como a oposição, a imprensa não quer discutir certos assuntos, como o que movimenta o noticiário em torno do ministro, porque também vive de traficar influência. Por Luciano Martins Costa/Observatório da Imprensa

Leia mais »

Itamar Franco não perdoava suspeita contra ministro

Saudades do presidente Itamar Franco, o único que afastava qualquer ministro suspeito de irregularidade, até que provasse ser inocente. Palocci tinha que ser demitido, sem maiores explicações. Realmente não se faz mais presidente como Itamar Franco. Em matéria de probidade administrativa, nunca se viu nada igual na política brasileira. Ele jamais admitiu que qualquer membro do governo, especialmente do primeiro escalão, fosse colocado sob suspeita de irregularidade. Afastava o ministro imediatamente, até que o caso foi totalmente investigado. Itamar Franco não teve dúvidas de afastar um de seus amigos mais próximos, Henrique Hargreaves, mineiro de Juiz de Fora, que era Chefe da Casa Civil. Hargreaves foi acusado na CPI dos Anões, e Itamar o afastou em 5 de outubro de 1992. Só o readmitiu mais de um ano depois, em 1º de novembro de 1993, quando ficou inteiramente comprovado que Hargreaves havia sido acusado injustamente. O mais importante e interessante nisso tudo é que a amizade entre Itamar e Hargeaves resistiu a tudo. Quando ele foi novamente nomeado para a Chefia da Casa Civil, o presidente mandou estender um tapete vermelho na entrada do Palácio do Planalto, para recebê-lo de volta. E ainda hoje trabalham juntos. Hargreaves, que depois foi secretário de Estado quando Itamar governou Minas Gerais, atualmente é seu assessor no Senado.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] A acusação contra Hargreaves era uma bobagem, não pode nem ser comparada à situação de atual Chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, que verdadeiramente enriqueceu no desempenho de funções públicas, seja como consultor (sinônimo de lobista e traficante de influência) ou corretor imobiliário. Palocci, que já tinha um passado nebuloso na prefeitura de Ribeirão Preto, onde ficaram famosas suas relações com a empresa de lixo Leão & Leão, confirmou o currículo ao atuar como ministro da Fazenda, quando se dedicava a frequentar a mansão que seus amigos de Ribeirão Preto alugaram para fazer lobby, traficar influência em Brasília e praticar sexo com profissionais. Demitido por Lula, Palocci ficou no ostracismo até a campanha de Dilma, à qual foi discretamente integrado, mas dela emergindo como todo-poderoso chefe da Casa Civil, cargo não muito recomendável nos últimos tempos, desde que foi entregue a José Dirceu e depois a Erenice Guerra, outros excepcionais especialistas em consultorias e tráfico de influência. A atitude de presidente Dilma Rousseff, que se comporta como se nada estivesse acontecendo, mostra a distância moral e ética que a separa de um político como Itamar Franco. Onde está aquela Executiva durona que não admitia erros de ninguém? Onde está aquela Dama de Ferro que todos temiam? Na verdade, essa Dama de Ferro não existe, sua armadura já enferrujou faz tempo, desde quando esqueceu seu “braço-direito” Erenice Guerra tomando conta do boteco. Com aquela boca enorme, de 48 dentes, Erenice engoliu tudo que encontrou pela frente, como se fosse uma draga/cremalheira, e no dia 1º de janeiro ainda foi convidada para a posse da companheira, numa afronta à cidadania e às pessoas de bem. No Planalto enlameado, ontem mesmo a Comissão de Ética Pública da Presidência se apressou em anunciar que não vai analisar a evolução patrimonial do ministro Antonio Palocci, que entre 2006 e 2010 foi multiplicada por 20 vezes, saltando de R$ 375 mil para cerca de R$ 7,5 milhões. Segundo o presidente da comissão e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Sepulveda Pertence, não cabe ao colegiado avaliar como um ministro chegou ao patrimônio que declarou ter ao tomar posse. Ele disse que só caberia uma investigação “caso a declaração de bens entregue tivesse sido falsificada”. Como é que um ex-ministro do Supremo, tido com o jurista, consegue se abaixar tanto, até se misturar com a lama em que Brasília está mergulhada? E ainda havia quem julgava que se tratasse de um jurista. É um triste papel para o encerramento de sua carreira, que já vinha mal, muito mal, nos últimos anos, quando passou a faltar seguidamente às sessões do STF, todos sabiam por quê, mas ninguém comentava. Seja em que governo for (Itamar é apenas o exemplo), só há uma atitude decente a tomar. O ministro denunciado tem obrigação de se explicar, de abrir suas contas, de mostrar quem lhe pagava milhões para receber consultoria. Foi a Odebrecht? Ou a Camargo Corrêa? Quem sabe a Queiroz Galvão? Talvez a Gerdau, tão ligada ao governo? A CSN? Ou a EBX, de Eike Batista? E se foi alguma grande multinacional, algum conglomerado chinês? Nada contra. Mas mostre quem o enriqueceu, tão subitamente e em sua fase de maior ostracismo. Palocci declara que seu patrimônio é hoje de R$ 7,5 milhões. Isso é uma deslavada mentira. Quem tem apenas R$ 7,5 milhões não gasta R$ 6,6 milhões para comprar um apartamento, cujo condomínio é caríssimo, e a manutenção, idem. Seria muita burrice. Palocci agora tem de fazer como o assessor do irmão de José Genoino e mostrar o dinheiro que enfiou na cueca. Voltando ao ex-presidente Itamar Franco, repita-se que ele é apenas o exemplo. Mas convém deixar bem claro que ele somente cumpriu sua obrigação, nem merece maiores elogios por isso. E seu procedimento correto só é lembrado porque o Brasil mudou muito, de seu governo para cá. Ser honesto hoje é uma triste exceção. Saudades de Itamar Franco. Carlos Newton/Tribuna da Imprensa

Leia mais »

Palocci e a multiplicação dos pães

Experiência única’ na Fazenda justifica renda de Palocci, diz assessor. E-mail com justificativa foi enviado a lideranças partidárias, diz Casa Civil. Texto afirma que mercado ‘dá enorme valor’ a quem passou pela Fazenda. E-mail do assessor especial da Casa Civil Thomas Traumann enviado às 11h14 desta terça (17) à Liderança do DEM no Senado e divulgado à tarde pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO) apresenta argumentos para justificar a evolução do patrimônio do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Segundo informou na edição deste domingo o jornal “Folha de S.Paulo”, Palocci ampliou o patrimônio em 20 vezes entre 2006 e 2010, período em que exerceu mandato de deputado federal. De acordo com o jornal, Palocci comprou um apartamento de luxo no bairro dos Jardins, em São Paulo, por R$ 6,6 milhões, registrado em novembro de 2010 em nome da empresa de consultoria Projeto, da qual o ministro possui 99,9% do capital. Um ano antes, segundo o jornal, Palocci comprou um escritório na cidade por R$ 882 mil. O imóvel, segundo a reportagem, também foi registrado em nome da Projeto. Segundo o e-mail da Casa Civil, o mercado atribui “enorme valor” a profissionais que tenham passado por órgãos como Ministério da Fazenda, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) e Banco Central. saiba mais Palocci amplia patrimônio 20 vezes, diz jornal; oposição pede explicação Comissão da Presidência decide não investigar patrimônio de Palocci Oposição se mobiliza para que Palocci explique evolução patrimonial “No mercado de capitais e em outros setores, a passagem por Ministério da Fazenda, BNDES ou Banco Central proporciona uma experiência única que dá enorme valor a estes profissionais no mercado”, afirma o texto do assessor especial da Casa Civil. Antes de virar deputado federal e de abrir a empresa de consultoria Projeto, Palocci foi ministro da Fazenda do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre janeiro de 2003 e março de 2006. Seria, de acordo com o texto do assessor, a “experiência única” adquirida nesses anos que justificaria os rendimentos obtidos por Palocci durante os anos de atuação na empresa de consultoria. “A empresa Projeto foi aberta em 2006 para a prestação de serviços de consultoria econômico-financeira. Não há nenhuma vedação que parlamentares exerçam atividade empresarial, como o atesta a grande presença de advogados, pecuaristas e industriais no Congresso”, afirma o texto do e-mail. O G1 entrou em contato com a Casa Civil para atestar a veracidade da mensagem eletrônica. A assessoria do órgão confirmou o envio do texto “a todas as lideranças partidárias” do Congresso. Oposição critica O líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), avaliou como insuficientes os argumentos apresentados pela Casa Civil na mensagem eletrônica assinada pelo assessor especial de Palocci. “É a nota de esclarecimento [que Palocci já divulgou para falar do caso] um pouco ampliada. No texto eles dizem que ‘o ministro não reside no imóvel citado na matéria’. Isso não interessa. Quero saber se o ministro Palocci vai processar o jornal pela reportagem”, afirmou Demóstenes. Governistas defendem Para rebater as pressões da oposição em torno do ministro, diferentes senadores do PT utilizaram a palavra na sessão desta terça para defender Palocci. O líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE), relembrou argumentos já divulgados por Palocci de que todos os rendimentos de sua empresa foram declarados e de que todas as movimentações financeiras foram compatíveis com a atividade da empresa no período. “Se alguém quiser considerar como irregular [a ampliação patrimonial de Palocci], precisa, antes de mais nada, apresentar efetivamente qual é a irregularidade”, argumentou Costa. A vice-presidente do Senado, Marta Suplicy (PT-SP), voltou a afirmar que as pressões em torno de Palocci são “oportunismo político” para perturbar o governo da presidente Dilma Rousseff. Ações da oposição Os partidos de oposição, PPS, PSDB e DEM, se mobilizaram nesta terça-feira (17) para que o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, explique a ev olução de seu patrimônio. As legendas ingressaram com pedido de investigação na Procuradoria Geral da República (PGR), requerimento de convocação em comissão da Câmara dos Deputados, além de solicitar informações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), à Receita Federal e à Controladoria Geral da União (CGU) sobre eventuais movimentações financeiras atípicas da empresa de Palocci. Íntegra Confira a seguir a íntegra do e-mail do assessor da Casa Civil: “ESCLARECIMENTOS MATÉRIA FOLHA DE SÃO PAULO Sobre a matéria: 1. Todas as informações relacionadas à evolução patrimonial do ministro Antonio Palocci constam de sua declaração de renda pessoa física. 2. Todas as informações fiscais e contábeis da empresa Projeto são regularmente enviadas à Receita Federal, de acordo com as normas vigentes. 3. Todas as informações sobre a empresa e as medidas tomadas para prevenir conflito de interesses foram registradas junto à Comissão de Ética Pública da Presidência da República quando da posse do ministro. 4. A matéria não traz qualquer indício de irregularidade na conduta do ministro Palocci nem na atuação da empresa Projeto. 5. O Ministro não reside no imóvel citado na matéria. Sobre a empresa: 1. A empresa Projeto foi aberta em 2006 para a prestação de serviços de consultoria econômico-financeira. Não há nenhuma vedação que parlamentares exerçam atividade empresarial, como o atesta a grande presença de advogados, pecuaristas e industriais no Congresso. Levantamento recente mostrou que 273 deputados federais e senadores da atual legislatura são sócios de estabelecimentos comercial, industrial, de prestação de serviços ou de atividade rural. No mercado de capitais e em outros setores, a passagem por Ministério da Fazenda, BNDES ou Banco Central proporciona uma experiência única que dá enorme valor a estes profissionais mo mercado. Não por outra razão, muitos se tornaram em poucos anos, banqueiros como os ex. Pres. do Bacen e BNDES Pérsio Arida e André Lara Rezende, diretores de instituições financeiras como o ex-ministro Pedro Malan ou consultores de prestígio como ex-ministro Mailson da Nóbrega. 2. A empresa prestou serviços para clientes da iniciativa privada tendo recolhido sobre a remuneração todos os tributos devidos. Muitos Ministros importantes também fizeram o percurso inverso, vieram do setor privado para

Leia mais »