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Argh! 08/05

Parecer redigido por um advogado. “Diagnosticada a mazela, põe-se a querela a avocar o poliglotismo. A solvência, a nosso sentir, divorcia-se de qualquer iniciativa legiferante. Viceja na dialética meditabunda, ao inverso da almejada simplicidade teleológica, semiótica e sintática, a rabulegência tautológica, transfigurada em plurilingüismo ululante indecifrável”.

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Saiu na midia – XII/05 – O Mundo Plano

Élio Gaspari – Jornalista – O Globo Um negócio da China: começar 2006 lendo “O mundo é plano”, do jornalista Thomas Friedman, do “The New York Times”.É uma cápsula de 460 páginas para um vôo por um caminho novo, inteligente e empreendedor. “O mundo é plano” mostra que há uma nova globalização por aí. Ela achatou o planeta e explodiu as noções de distância, tempo e trabalho. Recriou a China e a Índia.Ao contrário da globalização financeira dos anos 90, nessa há lugar para brasileiros. Na primeira, ganhava quem tinha dinheiro. Agora, pode ganhar quem tem educação, quer aprender mais e acredita no seu trabalho.A contabilidade de um mercado no Texas é processada em Bangalore, na Índia.A enciclopédia aberta Wikipedia recebe mais consultas que a Britannica.Um garoto de Bangu e uma menina de Bangkok vêem, ao mesmo tempo, dez preciosos desenhos de Van Gogh expostos em Nova York.O buscador Google atende um bilhão de consultas por dia. O sistema de Voz sobre o IP transformou as tarifas de ligações interurbanas em micos de operadoras anacrônicas, como as brasileiras. O mundo de Friedman é plano, mas nele a familiaridade com a língua inglesa é uma cordilheira de obstáculos. Como o inglês não será substituído pelo português, pouco há a fazer. Na província de Dalian, na China, há 22 universidades, com 200 mil estudantes. Todos, inclusive os alunos de letras, passam um ano estudando inglês (ou japonês) e ciências da computação. Friedman prenuncia um mundo dirigido pelos zippies. Esse personagem está em qualquer cidade do mundo, tem entre 15 e 25 anos e uma fé absoluta na sua capacidade. O hippie dos anos 60 era americano ou europeu.O zippie de hoje é indiano, chinês ou russo. É nessa hora que se abre espaço para Pindorama.Se os jovens brasileiros começarem a brigar para que haja mais computadores em suas casas, escolas e locais de trabalho, a brincadeira terá começado. Como Friedman é antes de tudo um repórter, a primeira metade do livro, descritiva, é melhor que a segunda, catequética. Mesmo quando ele diz coisas com as quais não se concorda, é muito melhor lê-lo do que ouvir um companheiro chamando caixa dois de “recursos não contabilizados”. “O mundo é plano” não arruma emprego para os seus leitores, mas ensina como eles acabam, onde reaparecem e como reaparecem.

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Novo Dicionário Brasileiro de Cinismo – I/05

Ajuste Fiscal.O mesmo que o governo não fazer nada com os 40 bilhõe$ de imposto cobrados da população para pagar juros. Superávit Primário. Raspar as verbas públicas para pagar juros aos banqueiros, além do que determina a lei no orçamento da união. Dinheiro não contabilizado. Adjetivo cínico para roubo.

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Saiu na midia – XI/05 – A morte, a glória e o apelido

Lucas Mendes – BBC, New YorkDillon Stewart tinha 30 anos quando começou sua carrreira de policial em Nova York.Negro, nascido na Jamaica, casado, pai de duas filhas, estava feliz no emprego. Não tinha medo de vizinhança, nem de horário perigoso.Morava em Brooklyn. À noite patrulhava as ruas do bairro. Na semana passada Stewart saiu em perseguição de carro que avançou um sinal vermelho. Parou lado a lado com o motorista que já estava com a arma apontada para ele. O tiro entrou debaixo do braço, por cima do colete a prova de bala e entrou no coração de Stewart.Ele ainda perseguiu o carro por alguns quarteirões.Dillon Stewart foi o primeiro policial morto em Nova York neste ano. Nos seus 5 anos de serviço, Stewart teve uma carreira sem grandes momentos. A própria morte, por um bandido menor numa operação de rotina, não é material para filme.Na história de Nova York pouca gente teve um funeral tão concorrido. O governador pediu a pena de morte para quem mata policiais.O prefeito pediu leis mais rigorosas contra armas e promoveu o policial postumamente a detetive para engrossar a pensão da viúva e das duas filhas.Vinte mil policiais de várias cidades, inclusive do Japão, vieram ao funeral de Stewart, no Brooklyn.As televisões deram cobertura com boletins ao vivo e durante quase toda semana Stewart mereceu tratamento de herói da cidade nas primeiras páginas dos jornais. Ano passado, quatro policiais foram fuzilados por traficantes no Rio, durante o dia, numa patrulha rotineira.A notícia deu primeira página mas sem maior destaque. E pior. Ninguém publicou nem os nomes dos policiais mortos.Os suspeitos e criminosos brasileiros merecem fotos, nomes e apelidos nos jornais mas nossos policiais, em geral, só aparecem quando matam ou viram bandidos.

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Saiu na midia – X/05 – Daslu

Cora Rónai – O Globo …Enquanto isso, de São Paulo, vem a prova de que este país anda mesmo de pernas pro ar. Os advogados da Daslu, aquela loja para deslumbrados egocêntricos, que faz contrabando e sonega impostos em larga escala, teve a audácia de mandar uma notificação para a Daspu, pequena firma de moças pobres e trabalhadoras, para que desistam da marca. A Daspu, vocês sabem, é das putas: foi criada pela ONG Davida, que luta para dar dignidade e apoio a mulheres que, no fundo, não ganham a vida de forma tão diferente assim de boa parte da clientela da Daslu. Pois querem saber? Eu, que morreria de vergonha de usar uma roupa Daslu, estou com a Daspu e não abro. Vão em frente, meninas, vocês, sim, são guerreiras! Boa sorte, e todo o meu carinho.

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Marketing – Buffalo Bill

William F. Cody – Buffalo Bill – (Usa, 1846-1917) era um cara que já sabia a importância do marketing pessoal. Negócio seguinte: àquela época não existiam búfalos nos Estados Unidos da América. Existiam bisões (bison em inglês) e foi a caça à esses animais que transformou Buffalo Bill em lenda. Acontece que o nome de “Bison Bill” não soava bem e, então, ele adotou “Buffalo Bill”.

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Saiu na midia – IX/05 – Ancelmo Góes – o Globo

“Quantas CPIs já se organizaram no Brasil? Em alguma delas já ficou provado que alguém roubou ou mandou roubar, matou ou mandou matar? E quem está na cadeia por causa de uma CPI? Cartas para este cronista, na redação (…)”. Quem escreveu este texto foi o grande Antônio Maria no finado “O Jornal”, em 27/10/1963.

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