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Médicos e Indústria Farmacêutica.

Doutores sabem nada.Por Tania Menai – JornalistaEx-editora de uma das mais respeitadas revistas médicas do mundo, Marcia Angell* fala sobre os bastidores da indústria farmacêutica e diz que os médicos estão sendo educados para receitar os tratamentos mais caros – mas não necessariamente os melhores. A médica americana Marcia Angell é capaz de curar sem dificuldade dores de cabeça. Mas ela prefere mesmo é causá-las. Acadêmica sênior do Departamento de Medicina Social da Universida de Harvard, Marcia escreve textos que cutucam a ética na medicina.Seu livro mais recente, The Truth About Drug Companies (“A Verdade sobre as Empresas Farmacêuticas”, sem tradução em português), causou enxaquecas na indústria de remédios ao colocar do avesso questões como a prescrição de medicamentos recém-lançados, remédios com campanhas publicitárias mais caras que as dos tênis mais modernos e, principalmente, a controversa relação entre médicos e a indústria farmacêutica. Durante 21 anos, Marcia assinou artigos na New England Journal of Medicine, uma das mais prestigiadas revistas de pesquisa médica do planeta.Deixou a redação no ano 2000, quando ocupava o cargo de editora-executiva. Grande defensora da ciência e mãe de duas filhas, Marcia já foi considerada pela revista Time uma das 25 personalidades mais influentes dos EUA. Você causou polêmica ao criticar a maneira como as empresas farmacêuticas se relacionam com os médicos. Em que medida esse vínculo realmente afeta aos pacientes?– Ele é péssimo para os pacientes. As farmacêuticas gastam dezenas de bilhões de dólares para seduzir os médicos oferecendo viagens e convenções. E o pior, muitas vezes fazem isso fingindo que os estão educando. O resultado dessa convivência é que os médicos aprenderam um estilo de medicina que se baseia em remédios.E mais: que remédios recém-lançados, normalmente mais caros, são melhores do que os antigos, ainda que não haja qualquer evidência científica que sustente essa idéia. Os médicos estão aprendendo que para cadareclamação de um paciente há um medicamento que soluciona o problema. O primeiro contato entre empresas e médicos muitas vezes é feito ainda nas universidades. Isso é saudável?– Universidades e hospitais deveriam proibir que isso acontecesse. Esses estabelecimentos dão liberdade total para profissionais que não passam de vendedores farmacêuticos. Eles distribuem amostras grátis para os médicos jovens nos corredores, pagam almoços e dão brindes de todos os tipos.São pizzas, canetas e blocos de anotações que no futuro vão se transformar em presentes bem maiores, como viagens para o Havaí ou a resorts para jogar golfe. Se essas mesmas instituições proíbem a entrada de vendedores de refrigeradores, elas poderiam, facilmente, banir qualquer outro vendedor. Basta querer. É cada vez mais comum encontrar anúncios publicitários de medicamentos. Que tipo de resposta os pacientes dão a essas propagandas?– É comum escutar que “um consumidor educado é algo desejável”. E isso não deixa de ser verdade. Mas, nesses casos, os consumidores não estão sendo educados, eles são apenas alvos de marketing. A resposta aos anúncios é o paciente pressionar seu médico a receitar esses remédios mais novos – e mais caros – que viram na televisão.Para os médicos, é mais rápido receitar o tal remédio para o paciente do que explicar por que ele não precisa daquele medicamento. E já que hoje os médicos são obrigados a atender pacientes em consultas cada vez mais rápidas, eles acabam abocanhados por essa armadilha.Deveriam bater o pé e tratar o paciente da forma que ele realmente precisa. As empresas farmacêuticas afirmam que investem bilhões de dólares em pesquisa de novos medicamentos e usam a propaganda como estratégia para reaver seus investimentos. Você concorda?– Isso é no que as farmacêuticas gostariam que nós acreditássemos. Mas não é assim que funciona. Primeiro, elas são muito menos inovadoras do que se pensa e fazem pouco em termos de pesquisa contra doenças sérias, como aids ou câncer. Elas fazem experimentos clínicos, mas não o trabalho essencial, que é realizado pelos cientistas ligados às redes de saúde de vários países e pelas universidades.E isso acontece porque a indústria farmacêutica está mais preocupada com o marketing do que com a pesquisa e desenvolvimento. Em 2004, o conjunto das 9 principais farmacêuticas americanas teve lucros sobre vendas 3 vezes maiores que a média das outras 500 empresas mais rentáveis dos EUA.Elas gastam 15% do orçamento em pesquisa e desenvolvimento – isso é menos do que a metade do que gastam com administração e marketing. Mas, apesar da fama de ter ótimos resultados financeiros, a indústria farmacêutica vem perdendo espaço ano a ano entre as mais lucrativas. Após duas décadas na liderança do ranking das 500 mais rentáveis, feito pela revista Forbes, as farmacêuticas agora estão na 5ª colocação. O que está acontecendo?– Essa queda começou em 2001, quando expirou a patente do Prozac. A seguir, várias empresas tiveram problemas similares. Por uma coincidência, alguns dos medicamentos mais vendidos – estamos falando de uma receita anual de cerca de 35 bilhões de dólares – estão com suas patentes para vencer nos próximos anos. E, para piorar, há muito poucos remédios prontos para ocupar o espaço desses “blockbusters de farmácia”.Das 78 drogas aprovadas pela FDA em 2002, por exemplo, apenas 7 foram classificadas como avanços em relação a outras drogas. As outras 71 não passavam de variações de outras drogas que já existiam no mercado. O que poderia ser feito para aprimorar a atuação dessas empresas? – Uma das reformas mais importantes que poderiam entrar em vigor imediatamente é exigir que as empresas testem suas novas drogas em comparação às já existentes, e não a placebos. Também seria saudável que elas trouxessem a público os detalhes de seus gastos com pesquisa e com marketing. É comum ouvir que as farmacêuticas não investem na pesquisa de remédios contra doenças do terceiro mundo, como malária ou leishmaniose, porque países pobres não conseguem garantir o retorno financeiro do investimento. Como a medicina deve se portar diante desse tipo de questão?– Essa é uma situação terrível. Há 20 anos, realidades como essa eram mostradas escancaradamente em revistas médicas, quando o resultado de novos medicamentos eram medidos por seus benefícios em dólares. Colocava-se

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Saiu no Blog – Candidato Honesto.

Saiu no blog Antena Paranóica do Nonato Albuquerque.http://www.antenaparanoica.blogger.com.br/ Política.O caso do deputado honesto.Artigo do jornalista Clóvis Rossi destaca o único político honesto lá da Assembléia Legislativa de Rondônia. Leiam e tirem cópias, espalhem por aí: “Há um Honesto Desconhecido, doravante tratado por HD, à solta por aí.Mais exatamente, em Rondônia. É o único dos 24 deputados estaduais não acusado de trambiques. É tamanha a podridão no país tropical que conseguiu violentar uma das regras fundadoras do jornalismo. Jornalismo é, na essência, o relato da anomalia.Notícia é avião que cai ou atrasa muito, não aviões que decolam e pousam mais ou menos no horário, aliás a avassaladora maioria. Em Rondônia, a avassaladora maioria dos deputados é trambiqueira, mas, mesmo assim, os nomes dos 23 saíram no jornal. O da anomalia, o honesto desconhecido, ficou no anonimato. Consta até que está cadastrado no Ibama, como espécime ameaçada de extinção. Receberá, quando seu nome for conhecido, pulseirinha com a inscrição “político honesto 0001”. O fabricante das pulseiras avisa que descontinuou a produção. Falta demanda. O anonimato protege as crianças de HD. Já imaginou a reação dos coleguinhas ao verem chegar os filhos da anomalia? “Ói, lá, o filho do honesto”, dirão, escandindo as palavras como antigamente se fazia com “filho da puta”. Protege também a mulher do indigitado. Poupa-a do vexame de, ao entrar no cabeleireiro, ser recebida com olhares irônicos das mulheres dos 23 trambiqueiros e com a dúvida da dona do salão: “Mulher de honesto tem dinheiro para pagar pelo menos a unha?”. HD disfarça-se para freqüentar seu local de trabalho, a Assembléia Legislativa. Um colega, outro dia, disse-lhe que não poderia mais tratá-lo como “excelência”. Emendou: “Sua honestidade é uma vergonha para a categoria”. HD pensa em pedir asilo. De cara, descartou Brasília. Mas está difícil encontrar-se em qualquer ponto do Brasil. É um aleijão. Agride a “normalidade” da pátria.”

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Astronautas.

Abertas inscrições para viagem à Marte.Somente podem participar da aventura menores de 50 anos. 70 brasileiros já estão inscritos para a aventura.

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Saiu na mídia – Quércia

Óleo de peroba.Por Luiz Antonio Ryff Muito se fala contra e a favor da política econômica dos anos FHC. Mas existe pelo menos um consenso entre as pessoas com razoável senso de decência: o grande salto dado pelo Brasil com a intervenção e privatização dos bancos estaduais, que eram utilizados pelos governos estaduais para todos os tipos de maracutaias e serviam como cabide de empregos. Pois não é que o outrora esquecido e agora candidato ao governo de São Paulo Orestes Quércia afirmou que, se eleito, pretende “refazer” o Banespa? Para Quércia, o PSDB “cometeu um crime” ao privatizar o banco.Para os que não se lembram, em 1990, ao conseguir eleger o então secretário de Segurança Pública LuizAntônio Fleury Filho, Quércia teria dito a famosa frase: “Quebrei o Banespa, mas fiz o meu sucessor”. A eleição mal começou, mas o peemedebista mostra que continua coerente e fiel ao seu estilo.É como dizia o Barão de Itararé: “De onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo”.

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Eleições 2006 – Voto Nulo

Obtusidade córnea ou má-fé cínica.Por João Nemo.João de Oliveira Nemo é sociólogo e consultor de empresas em desenvolvimento gerencial. Quem sente repugnância pelo mar de lama vermelha que aí está vote no chuchu;quem sonha com um socialismo meigo e generoso que jamais existiu, vote no sorriso doce da estridente senadora das manguinhas bufantes;quem curte idéias mágicas, tem à disposição o simpático e delirante ex-ministro da educação.Mas não chute a democracia votando nulo, porque isso seria conivência. João Nemo

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Cuba Imperial.

Percival PugginaO autor é arquiteto, político, escritor e presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública. Os malabarismos retóricos a que recorrem os seguidores brasileiros de Fidel Castro, na tentativa de defender sua ditadura, já começam a exigir platéia com atestado de morte cerebral. Certamente não passava pela cabeça de Angel Castro, ao mudar-se para Cuba, a idéia de que seus dois rebentos transformariam a ilha toda numa espécie de empresa familiar na qual ambos mandam e 11 milhões de cubanos obedecem. Há muito salta aos olhos de qualquer observador honesto que a situação de Cuba enveredou por uma desastrosa picada sem fim previsível. Mesmo assim, o meio acadêmico brasileiro e expressiva parcela da intelectualidade nacional jamais pouparam louvores a Fidel, ao ideário que ele encarna e desossa e aos ícones do fatigante ‘socialismo o muerte!’ que os cubanos retificam para ‘socialismo y muerte’. De seu caráter sanguinário dão prova as vítimas do paredón e as sepultadas vivas nas masmorras do regime.Os malabarismos retóricos a que recorrem seus seguidores brasileiros, treinados para dar nó em pingo d’água quando se trata de defender o comunismo, já começam a exigir platéia com atestado de morte cerebral. Os vários debates de que participei nos últimos dias forneceram eloqüentes exemplos disso.‘Cuba é uma referência de autonomia’, insistem. Cuba? Autonomia? Desrespeitam a autonomia própria e a dos outros!Sob Fidel, esse país, hoje dependente da Venezuela, viveu 30 anos na mais servil submissão à URSS. Foram três décadas de tenebrosas concessões.Ao longo delas, os jovens cubanos eram alugados como bucha de canhão para as intervenções comunistas na autonomia de Angola, Moçambique, Congo, Nigéria, Bolívia, Nicarágua, El Salvador e onde quer que a URSS precisasse de alguém para o serviço sujo das guerrilhas. ‘Cuba é uma democracia, sim, mas diferente da nossa’, proclamam, referindo-se a um regime sem liberdade de imprensa e de opinião, que há 47 anos só tem um partido, só tem um dirigente máximo, onde criticar o governo faz muito mal à saúde e onde o líder, enfermo, transfere o poder para o maninho. Quando alguém, desmontando a farsa dos argumentos, põe os pingos nos ‘is’ da história e desenrola o filme dos fatos, eles, inevitavelmente, entre resmungos, começam a falar mal do Bush. Tá bom… O mais surpreendente não é o que afirmam, mas o desprezo que demonstram pelo discernimento alheio.Publicado pelo Correio do Povo em 10/08/2006

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