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Internet e jornalismo. Sem inovação a economia para

O caos criativo na internet e as opções do jornalismo Esta discussão se o Twitter é ou não é jornalismo tem todas as características de um debate bizantino. Na verdade a questão central não está no microbolg que virou mania mundial, mas nos valores e percepções da realidade de quem se posiciona contra ou a favor. Os críticos do Twitter afirmam que o microblog não favorece o desenvolvimento de enfoques e reflexões “sérias” sobre os fatos, fenômenos e percepções que são objeto de postagens pelos  usuários do programa criado em 2006, nos Estados Unidos. O sistema que permite textos de no máximo 140 caracteres começou como uma ferramenta onde adolescentes diziam o que estavam fazendo. Obviamente isto levou os mais céticos a qualificar a nova ferramenta de comunicação como promotora da futilidade e superficialidade, coincidentemente, adjetivos que já haviam sido usados para caracterizar os conteúdos do início da Web nos anos 90 e dos blogs no começo do século atual. A preocupação com a seriedade jornalística parte de uma visão defasada da atividade informativa, já que a internet e avalancha noticiosa mudaram radicalmente a conjuntura informativa contemporânea. Até agora a notícia era o produto da atividade de profissionais especializados que podiam decidir o que era válido ou inválido como informação, dada escassez de canais de comunicação. A internet revolucionou tudo isto ao disponibilizar anualmente um volume de informações equivalente a 18,5 exabytes o que equivale, a aproximadamente 70 mil novas bibliotecas do Congresso dos Estados Unidos, cujo acervo, em 2007, era de 32 milhões de livros. Isto significa que o volume de livros daria mais ou menos 2,2 trilhões de livros novos por ano disponíveis para consulta na Web.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] São número aproximados porque as proporções se tornaram tão gigantescas que a precisão se tornou altamente relativa. Mas o que ninguém pode negar é que é um volume de informações inédito na história da humanidade. Nestas circunstâncias não é difícil entender porque o volume de informações sobrepassou a capacidade processadora dos jornalistas. Isto tornou ainda mais longínqua a idéia de que alguém achar que é o dono da verdade. Se nós não conhecemos tudo, isto significa que alguém pode saber o que não sabemos. Portanto, para ampliar nossos conhecimentos a única saída é trocar informações. Isto implica um diálogo que é onde os dados, fatos e informações são recombinadas (remixados no dicionário contemporâneo) para produzir conhecimentos, que necessariamente acontecem em redes. Antes as redes estavam limitadas a espaços físicos, agora elas acontecem no ambiente virtual, por meio de ferramentas como as páginas web, os blogs, os fóruns online e o twitter. Antes o conhecimento era produzido nos recintos acadêmicos, nos centros de estudo, parlamentos e redações, só para dar alguns exemplos. Hoje, estes ambientes já não conseguem mais dar conta da avalancha informativa e a usina do conhecimento transferiu-se para o espaço cibernético, onde as regras ainda estão sendo escritas e reescritas. Além disso, o jornalismo dos próximos anos não vai mais ser caracterizado pelas redações estilo fordista onde a notícia era processada como numa linha de montagem industrial, mas por sua imersão em ambientes marcados pelo caos criativo. O profissional não poderá mais limitar-se a um circulo restrito de fontes e um público que ele só conhecia de forma indireta e geralmente distante. Ele não terá outra alternativa senão mergulhar no grande ágora informativo, do qual o Twitter é um componente. Acostumar-se com o caos, incerteza, insegurança e instabilidade, ou como disse o sociólogo polonês Zygmunt Bauman “viver numa sociedade líquida”. E principalmente saber que terá que conversar e ouvir, o que significa que a relação com o público deverá mudar e muito. Voltando ao Twitter, é claro que, da mesma forma que o Youtube e os blogs, ele não é um repositório organizado de dados, fatos, informações e percepções individuais. E nem é realista que algum dia ele chegue a tanto, porque a recombinação criativa é inevitavelmente complexa. Mas apesar de tudo isto, o jornalismo do futuro não poderá prescindir do Twitter e outras ferramentas da chamada mídia social, como os blogs, bem como de personagens polêmicos como o jornalista cidadão, porque todos eles fazem parte da grande conversa informativa. Sem esta conversa não há troca, sem troca não há recombinação e nem inovação. E sem inovação, a economia pára. Carlos Castilho/Observatório da Imprensa

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Redes Sociais: Twitter faz parceria para coibir ataques online

Qual seria o parâmetro para definir o que é “censura” em uma plataforma como o Twitter? Revistas e jornais têm editores. Blogs possuem moderadores. Mas no caso de redes sociais, há milhões de usuários e conteúdo altamente diversificado. Como controlar um ambiente assim? Em outubro, a revista Wired publicou uma reportagem sobre um obscuro grupo de trabalhadores: um exército de censores que tenta apagar mensagens e vídeos considerados inapropriados antes que estes possam aparecer nas timelines dos usuários. Um especialista estimou que havia mais de cem mil moderadores de conteúdo em todo o mundo, trabalhando para empresas como Facebook e YouTube. Cada empresa tenta manter uma política de uso. O Facebook, por exemplo, pede aos usuários que utilizem seus nomes verdadeiros; o Tumblr não permite “promoção ou exaltação da automutilação”; já o Instagram proíbe alguns tipos de nudez. Combate ao assédio Dentre todas as redes sociais, o Twitter é a que parece oferecer menos regulamentações, mas isto parece prestes a mudar. A empresa confirmou que está trabalhando em conjunto com o WAM – Women, Action, and the Media (Mulheres, Ação e Mídia), um grupo de defesa que promove a “justiça de gênero”. O WAM desenvolveu uma ferramenta online para ajudar os usuários do Twitter a denunciarem assédio, em especial o assédio ao gênero, mas também ataques racistas e a transexuais.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A reação do Twitter parece ser uma resposta à crescente conscientização sobre o assédio online, principalmente o assédio tenaz que muitas mulheres enfrentam, como o caso da filha do ator Robin Williams, que anunciou que se afastaria das redes sociais depois de receber mensagens perturbadoras sobre o suicídio do pai. Ou o de uma escritora feminista, que recebeu ameaças de estupro e violência que acabaram levando à prisão de dois usuários do Twitter. No entanto, a parceria pode ser menos promissora do que parece. O WAM não pode fazer mais do que encaminhar as reclamações ao Twitter – o microblog declara, por sua vez, que o WAM “é apenas uma dentre muitas organizações com as quais trabalhamos”. Público, mas direto Amanda Marcotte, do blog XX Fator, expressou sua esperança de que esta colaboração pudesse melhorar o sistema de denúncia de assédio no Twitter, muito embora tenha admitido que “praticamente qualquer coisa é melhor do que o sistema atual”. Já o blogueiro independente Andrew Sullivan afirmou que o Twitter poderia não estar fazendo nada além de conferir poderes de censura a feministas de esquerda (e exemplificou com casos de denúncias de falso assédio, nos quais homens tiveram suas contas suspensas devido a alegações exageradas). O grande problema do Twitter, em relação a outras redes sociais, é que sua arquitetura transforma postagens públicas em mensagens pessoais. Você não apenas tuíta sobrealguém, na maior parte do tempo; você tuíta para alguém, mesmo que pareça estar falando apenas aos seus seguidores. E em uma tela de celular, um tuíte pode parecer tão íntimo ou inquietante quanto uma mensagem de texto particular. Mais do que controlar conteúdo, o Twitter ainda precisa aprender a lidar com os limites da tolerância humana, onde a palavra “assédio” pode ter significados bem extensos. Leia também Assédio e ameaças contra mulheres são negligenciados em redes sociais Tradução: Fernanda Lizardo, edição de Leticia Nunes. Com informações de Kelefa Sanneh [“Censoring Twitter”, The New Yorker

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Internet, Adam Smith e economia

As leis de Adam Smith diante da internet Veja como a internet tornou obsoletos leis econômicas que governaram o mundo por 300 anos e como você pode se beneficiar desta mudança. Esses dias estávamos conversando no escritório sobre como certas atividades rotineiras até pouco tempo atrás simplesmente estão sumindo de nossa agenda e habitos diários. Coisas simples como: * enviar um fax; * enviar um telegrama; * ir à locadora de filmes; * fila de banco; * pesquisar e comprar livros (usados principalmente…); * ir à loja comprar CDs; * telefonar para saber horários de ônibus e voôs. E a lista poderia continuar por horas e faz pensar como algo que existe há dez anos (levando em conta que a internet ter realmente atingido a maioria dos brasileiros a partir de 1999) ter mudado hábitos de décadas. O mais curioso é que a mudança afetou também os princípios da economia moderna que têm sido a base de nosso sistema financeiro há séculos. Princípios da economia moderna Você conhece a história. Em 1776 Adam Smith (escritor e filósofo nascido na Escócia) escreveu um livro chamado A Riqueza das Nações (Wealth of Nations), onde abordava as razões que seriam responsáveis por uma nação ser rica e outra pobre. Suas ideias permanecem importantes até hoje e são usadas por quase todas as nações desenvolvidas. Ele até figura nas atuais notas de 20 libras do Reino Unido.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Algumas dessas ideias ajudam a entender como atribuímos valor às coisas, baseados em três pilares: Capacidade de exclusão: o vendedor pode “excluir” você da posse do produto (como uma telecom que corta sua linha telefônica quando você não paga). O produto é complexo para ser replicado; então se você quer mesmo tê-lo, precisa comprar do vendedor. Uso exclusivo: o produto não pode (na medida do possível) ser usado por mais de um pessoa. Se duas pessoas desejam usá-lo, você precisa comprar duas unidades. Transparência: compradores podem identificar com clareza o que eles estão adquirindo, antes mesmo da compra. Essas regras funcionaram por séculos, principalmente quando falamos de produtos físicos, como carros, frutas e roupas. E com produtos não-físicos? As leis de Adam Smith funcionaram que era uma beleza durante muito tempo. Até que em 1956 aconteceu algo fantástico nos Estados Unidos: o número de “trabalhadores de conhecimento” passou, pela primeira vez na história da humanidade, o número de “trabalhadores braçais” ou de “fábrica”. Existiam agora mais contadores, professores, engenheiros, advogados, publicitários, consultores e afins do que trabalhadores clássicos como agricultores e metalúrgicos. E qual a diferença do primeiro para o segundo grupo? O primeiro trabalha com um produto intangível chamado “informação”. Esse foi o marco do fim da era industrial. A era da informação acabara de nascer. E com isso, a demanda por informação estava mais alta do que nunca. E foi ai que os três pilares de Adam Smith começaram a balançar na base. Veja bem… antes da internet, qualquer informação era paga. As indústria literária e a fonográfica cresciam de vento em popa. Os autores de qualquer pedaço de informação ou propriedade intectual eram (razoavelmente) pagos por sua criação. Impérios de mídia (televisão, rádio, jornais e revistas) foram criados. Claro, se você emprestar um disco ou livro para um amigo, ele teria acesso ao conteúdo sem pagar nada … mas você pagou. Mas com o advento da internet, a casa de Adam veio abaixo. Pensemos: Capacidade de exclusão: conteúdo era fácil de criar e enviar para outras pessoas (você pode ter um site com acesso pago, mas dificilmente ele terá informação que não possa ser encontrada em algum lugar). Uso exclusivo: Um e-mail é suficiente para enviar seu conteúdo para um mundo e meio. Transparência: agora que você já tem acesso ao conteúdo, meio que perde a vontade de comprar, não? (Duvida? Veja o que o MP3 fez com a indústria de CDs das gravadoras). De acordo com nosso amigo Adam, quando algo é controlável, pessoal e previsível ele teria (teoricamente) o máximo valor. Mas com a internet veio a explosão de e-mails, websites, foruns, blogs, vídeos e redes sociais e nunca se teve tanto acesso a conteúdo público e grátis (olha o que aconteceu com os jornais de papel depois da internet) – e mesmo assim, nunca se teve tanta sede de conhecimento quanto agora. Hoje, a distância de um clique, você tem acesso a informação de qualidade de todo o tipo, geralmente disponibilizada por outras pessoas para qualquer um que deseje acessá-la. Então… vivemos num mundo imerso em (e movido por) informação e que (graças à internet) tornou-se a prova viva que as leis econômicas de Adam precisam ser reformuladas e adaptadas, pois não são mais eficazes. O futuro das leis econômicas Agora chega a parte que vai dizer qual será o próximo modelo econômico que dominará o mundo, certo? Quem dera eu soubesse. E se soubesse, não daria gratuitamente aqui… venderia pelo menos, né? Mas não custa chutar e aqui vai o meu. Em um mundo com muita informação, surge a escassez de outro recurso extremamente precioso para nossa vida moderna, que é a capacidade de prestar atenção. Veja bem, se você tem um filho, ele ganha tanta atenção da família que pode ficar mimado. Se você tem dez filhos, enquanto vivermos em um mundo onde o dia continua tendo só 24 horas, eles nunca terão a a atenção de qualidade que um só filho demanda de um pai ou mãe. Se no nosso dia lemos sobre dez assuntos diferentes, não é possível ler todos com a mesma atenção que se focasse em um só assunto e aprendesse tudo sobre ele. Logo, a “atenção” que temos para distribuir entre os assuntos que são mais importantes para nós se torna o mais valioso “recurso” da sociedade moderna. Quem tem a capacidade de levantar e manter a atenção de outras pessoas tem a mais alta chance de ter sucesso em sua área de atuação. A atenção rende ótimos frutos E é por isso que atletas, atrizes, músicos e

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Blogs: Criador do Word Press Mat Mulleweg aponta o futuro da internet

Mat Mulleweg, o criador do Word Press Brasil responde por 20 milhões dos 200 milhões de visitantes mundiais do WordPress, diz Matt Mullenweg. Rede de amigos vai definir rumos da internet, diz criador dos blogs WordPress. Contatos ‘reais’ são filtros para excesso de informação, diz Matt Mullenweg. Pergunte a Matt Mullenweg sobre o futuro da internet, e ele vai apontar para seus amigos da “vida real”. Segundo o norte-americano de 25 anos, criador da rede de blogs WordPress, a confiança que temos nos contatos que conhecemos pessoalmente vai servir para filtrar a overdose de informação distribuída pela rede. Para o texano de Houston, o Brasil é um país “com energia”. Os brasileiros, segundo ele, são responsáveis por 20 milhões de visitas do total de 200 milhões que os blogs WordPress contabilizam mundialmente. Segundo dados da Associação Brasileira de Provedores de Internet (Abranet), o Brasil tem cerca de 1 milhão de blogs hospedados no WordPress. [ad#Retangulo – Anuncios – Direita]”Há 15 anos, o objetivo da internet era trazer informações, revelar o que não estava acessível”, lembra Matt. Hoje, porém, o desafio é organizar tudo isso, explicou o jovem empreendedor que criou o WordPress aos 19 anos, em parceria com Mike Little. Overdose e criatividade “Temos muita informação, as pessoas estão sobrecarregadas”, disse Matt, citando os milhões de posts novos e vídeos no YouTube que são publicados diariamente. Com cada vez mais informação e dias cheios de compromissos, a tendência vai ser valorizar a rede de contatos – desde as pessoas que você segue no Twitter até os diversos recursos de integração e comunicação do Facebook. “Os filtros são as pessoas que você conhece na vida real, e são filtros fantásticos”, disse Matt. Ele valorizou dois elementos principais para o sucesso de serviços na internet: simplicidade e liberdade de criação. “O que eu adoro no Twitter é isso: ele é uma caixa e um botão. Assim como era o blogger em sua primeira versão”, comparou, lembrando que tanto o microblog quanto o serviço de blogs concorrente do WordPress foram criados pela mesma pessoa: Evan Williams. Em seu notebook, que rodava a versão beta do Windows 7, Matt mostrou exemplos de sites que usam as ferramentas do WordPress para criar diferentes experiências na web. Ele citou sites de jornais norte-americanos, blogs pessoais e até a página do Ministério da Cultura do Brasil como bons exemplos de design e organização da informação. Quando o WordPress foi lançado, em 2003, ele ainda não tinha muitos dos recursos que o tornaram popular hoje – como a personalização de temas e a incorporação prática de plugins. A plataforma ganhou diversas atualizações, representadas por codinomes “emprestados” de músicos de jazz, sendo a 2.8 (“Baker”) a mais recente – lançada em 10 de junho deste ano. Navegadores e comunidade Matt mostrou bom humor ao interagir com o público e falou sobre navegadores de internet para exemplificar as mudanças na rede. Ele perguntou quantas pessoas ali usavam o navegador Firefox. Praticamente todos na plateia levantaram a mão. Em seguida perguntou quantos utilizavam o Firefox sem complementos (add-ons): silêncio no auditório. Ele então comparou brevemente o navegador da Mozilla com o Internet Explorer, da Microsoft. “O que o Internet Explorer está fazendo é incorporar as novidades do Firefox. Eles podem copiar os recursos, mas não podem copiar a comunidade”, disse, em referência aos complementos e plugins criados pelos desenvolvedores para o Firefox. Matt respondeu a perguntas dos participantes sobre os próximos passos do WordPress e não escapou de críticas sobre a ferramenta. Ele reconheceu, por exemplo, que o sistema de buscas ainda é “terrível” – termo usado por um dos participantes. Real e virtual Matt conta que abandonou os estudos quando percebeu que seu interesse maior estava nos blogs e na tecnologia. Mudou-se de Houston (Texas) para San Francisco (Califórnia) e entrou em contato com o “novo mundo”. “Eu não ia visitar os locais turísticos, eu ia visitar o Yahoo”, comparou. “Ia para um café e havia 20 pessoas discutindo blogs e programação. Talvez em toda a Houston você não encontrasse 20 pessoas falando sobre isso”, brincou. No início do WordPress não havia usuários, e Matt transformou seus amigos em “beta testers” para entender como a ferramenta poderia evoluir. Isso foi uma boa maneira de desenvolver a plataforma e torná-la maleável o suficiente para que as pessoas pudessem criar e adaptar o sistema a suas necessidades. Foi adaptando e perseguindo seus interesses, afinal, que o jovem criou o WordPress e a empresa Automattic. Matt, que foi considerado uma das 50 pessoas mais importantes da internet em 2007 pela revista “PC World”, nunca foi um programador. Ele estudava Ciências Políticas na Universidade de Houston e começou a desvendar os códigos da plataforma “b2” (que deu origem ao WordPress) para resolver questões de uma de suas paixões: a tipografia. G1

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Marketing Digital e a publicidade ‘analógica’

Empresas erram ao usar modelo publicitário “analógico” no mundo digital da internet O autor e especialista em marketing Seth Godin é conhecido por dar títulos hilários, criativos e provocativos às suas obras. Meatball Sundae (”Sundae de almôndegas”) é sua nova criação. Na esteira de A Vaca Roxa e Todo Marqueteiro É Mentiroso (dois de seus livros anteriores), Seth criou a nova expressão para descrever o marketing tal como é praticado hoje na internet por 90% das empresas. Para Godin, almôndegas e sorvete são duas perfeições alimentícias, mas que, misturadas, dão uma braba indigestão. Em sua analogia culinária, as “almôndegas” são os produtos médios, feitos em grande quantidade, a preços baixos, destinados ao “público médio”. Pense numa cerveja da Budweiser ou num carro da GM. Eles são as almôndegas, que prosperam num mercado de massa. O “sundae” seria o novo marketing – que utiliza as ferramentas da internet, como vídeos no YouTube, blogs e sites de relacionamento.[ad#Retangulo – Anuncios – Duplo] O sundae de almôndegas, por sua vez, é o uso dessas ferramentas para promover produtos, marcas ou serviços do tipo “médio”. Exemplos? A tentativa frustrada da Budweiser de criar um canal próprio de relacionamento com o consumidor na internet, a BudTV. Lançado com estardalhaço, com meta de atingir 2 milhões de espectadores por mês, é acessado por meros 50 mil internautas mensalmente. Outro caso de insucesso digital é o do Wal-Mart, cujo site voltado ao público jovem, TheHub.com, encerrou as atividades em 2006 depois de uma seqüência de ibopes pífios. Lançado em janeiro, Meatball Sundae recebeu fartos elogios da Business Week e do Financial Times. Por que o marketing na internet vira um sorvete de almôndegas? A resposta é simples, diz Godin. Na era da conectividade, regras fundamentais da era da comunicação de massa foram quebradas para sempre, e as empresas tradicionais terão dificuldade de se ajustar aos novos tempos. O ciberespaço virou arena de diálogo não só dos consumidores com a empresa, mas deles entre si. “A empresa sempre esteve protegida. Um presidente de banco não está acostumado a ouvir um cliente que perdeu a casa. Uma estrela do rock não está acostumada a lidar com 55 mil amigos do MySpace”, diz. Outra regra defunta é a da oferta limitada. O consumidor quer todas as opções à sua disposição. “Senão, ele nos deixa.” Frente à nova realidade, o marketing canhestro das almôndegas tem uma causa comum: as empresas tentam implantar um modelo de comunicação “analógico” ao mundo digital. A Budweiser estava acostumada a ter seus divertidos comerciais de TV bem recebidos pelo público. Tentou criar um canal de TV pela internet que copiasse o humor debochado das peças publicitárias. Não vingou. Seria mais útil criar vídeos de marketing viral e disponibilizá-los no YouTube. Muitos se perguntam sobre o futuro das empresas do tipo “almôndega”. Para Godin, um produto não é em si necessariamente uma “almôndega” ou um “sundae”. Isso depende de posicionamento estratégico. Dá o exemplo das companhias aéreas. “O que a JetBlue fez para conquistar o consumidor? Colocou TVs nos assentos, contratou pessoas que gostam de falar sobre o serviço. Quando lidamos com a JetBlue na internet ou por telefone, é um tipo de companhia aérea “sundae”. E ela está no mesmo negócio que a American Airlines” (empresa com serviço tipo “almôndega”, nas palavras do autor). Empresas de ponta tornam-se líderes. Num podcast à Business Week, Seth citou o caso de uma pequena empresa do meio-oeste americano que abocanhou o mercado de EVDO (tecnologia que permite a conexão de celulares e laptops à internet por satélite). Além de contar com uma equipe especializada no formato, ela abriga em seu site o principal grupo de discussão sobre EVDO nos EUA. Com a dupla tacada, virou um ímã da comunidade. “O negócio poderia ter sido iniciado por qualquer companhia de telecomunicação. E nenhuma o fez, achando que o formato não teria público ou que seria preciso criar uma cadeia de suporte ao consumidor. Tratava-se da velha abordagem a um novo produto. Seria transformar o EVDO numa almôndega”, afirma. do IFD Blog – autor: Álvaro Oppermann – fonte: Mercado Competitivo

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Eleições 2014: Lei quer controlar campanha na internet

Os analfabetos mentais que infestam a política brasileira cometeram mais uma asneira coletiva. Aprovaram projeto de lei com “normas” que pretendem regular a campanha eleitoral na web. Esses nefelibatas já ouviram falar em Twitter, FaceBook,Google+,SMS, YouTube, Instagran, WhatsApp e “otras cositas mas” sobre as quais não há como ter controle? Ainda nessa semana havia um Twitter de Senador – para evitar complicações jurídicas não cito o nome – que somente na terça feira é que foi identificado como falso. Mesmo retirado do ar o Twitter falso já foi lido e gravado por um número incalculável de internautas, que por sua vez podem repassá-lo para outros inúmeros usuários do Twitter. No âmbito desta lei, imaginemos a seguinte situação: Um candidato A é adversário do candidato B, então, pede a um conhecido, por exemplo, na Tailândia – país que não possui acordos judiciais com o Brasil nessa área – que crie um blog tendo com autor o candidato B, “descendo a lenha” no próprio candidato A. O candidato A vai ao judiciário e denuncia o candidato B. Aí eu pergunto: o candidato B será declarado culpado pela existência do blog? Como que fica isso?[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] A tentativa de controlar a Internet, foge do poder até das mais ferrenhas ditaduras e regimes autoritários. Querem exemplo melhor que o recentemente acontecido no Irã? O governo dos Aiatolás proibiu qualquer divulgação, pela Internet, das manifestações de protestos pela possivelmente fraudada eleições presidenciais no Irã. O que adiantou? Nada! A Turquia já agora proibiu o Twitter e em menos de uma semana desistiu. O mundo inteiro recebeu notícias e imagens via telefones celulares, e das formas mais cruas possíveis. Se, por exemplo, o governo brasileiro bloqueasse totalmente a internet no Brasil, quem possuísse telefonia via satélite continuaria alimentando sites e blogs. Ou bastava se dirigir a uma cidade da fronteira e captar uma rede aberta num país vizinho. A internet é a única invenção na história que não possui botão de desligar. Quem é o dona da Internet? Ninguém! A rede foi criada exatamente para ser impossível de ser eliminada. Leia aqui sobre a história da internet. Para informação dos desavisados digitais informo, que assim como existem paraísos ficais nos quais é possível abrir uma conta bancária sem necessidade de identificação, assim também existem lugares onde é possível se obter um IP sem necessidade de identificação do usuário. Como rastrear tal IP para identificar a localização do PC que tenha colocado um site apócrifo na Internet? E e-mails criados em centenas de “proxis” anônimos em centenas de países? Outra informação trata de como os mecanismos de buscas trabalham. Google, Youtube, etc., utilizam-se de programas que possuem o que se costuma chamar de “tolerância fonética”. Tal recurso permite que a grafia do termo usado em uma busca seja aceita mesmo contendo erros. Experimentem fazer uma busca no Google digitando, por exemplo, ciscarelli. O buscador, corrigindo a grafia certa para Cicarelli, retorna com links para sites sobre a modelo. Assim não importa se a palavra digitada está em maiúsculas, minúsculas, se tem erros de acentuação, repetição de letras etc. O máximo que uma autoridade pode fazer é exigir que o buscador impeça que seja apresentada qualquer informação que tenha relação com a palavra digitada. Vocês já imaginaram de quantas maneiras uma palavra pode ser digitada? Só rindo. As “otoridades” de todas as instâncias e matizes, ainda não aprenderam que a internet não tem controle. Como fazer com que um site hospedado em um provedor de um país, que não tenha nenhum acordo com o Brasil, seja obrigado a retirar do ar uma propaganda, positiva ou negativa, de um candidato a cargo político? O site pode inclusive existir à revelia do candidato, que nesse caso, penso, não pode ser responsabilizado pelo ato ilícito. Se alguém difama ou divulga algo que está proibido, em jornal, rádio ou televisão, é fácil ir até a sede do órgão e identificar o responsável. Como identificar um blog que está hospedado no Japão, que remete pra outro hospedado na Tailândia, que remete a outro hospedado na Nova Zelândia… como chegar ao responsável? Na mídia comum, todos sabemos os endereços das sedes dos jornais, rádios e televisões. Qualquer coisa é só ir ao endereço e pronto. Como saber em que lugar está um computador cujo IP é mascarado em outros infinitos IPs? Transcrevo: “A peculiaridade da Sociedade da Informação é o fato de que as pessoas e as organizações dispõem de meios próprios para armazenar conhecimento e também possuem uma capacidade quase sem limites para acessar a informação gerada pelos outros membros do sistema e ainda potencial de ser um disseminador de informação para os demais. Essa capacidade já existia, porém com acesso limitado, seletivo e precário, já na Sociedade da Informação o que a diferencia é a possibilidade de obter informação e conhecimento de forma ampla e ilimitada. É justamente essa mudança que possibilita facilidades no acesso à informação que é o principal fator que provoca uma série de transformações sociais de grande alcance. O avanço tecnológico ao disponibilizar novas ferramentas de acesso e armazenamento de informação provoca alterações nas formas de atuar nos processos. E quando várias formas de atuar sofrem modificações, resultam em mudanças inclusive na maneira de ser. As novidades tecnológicas transformam os valores, as atitudes e o comportamento e, por conseqüência, a cultura e a própria sociedade.”[1] E mais: A resistência ao novo é uma reação normal do ser humano e das corporações, é uma forma inclusive de proteção natural contra o desconhecido, contudo, essas barreiras com o tempo tendem a ser quebradas, e como afirma Kaminski (2006): “Forçosa e paulatinamente teremos que nos acostumar com a tecnologia em nossas vidas profissionais e pessoais. É um caminho sem volta”.[2] [1]DANTAS, Marcos. A lógica do capital informação: monopólio e monopolização dos fragmentos num mundo de comunicações globais. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996. [2]KAMINSKI, Omar et al. (Org.). Internet Legal: O Direito na Tecnologia da Informação. Curitiba: Juruá Editora, 2003. 292 p.

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Irã. Burlando a censura na Internet

Iranianos burlam censura na net com novo software Programa desenvolvido por religiosos chineses permite acesso livre à rede O governo iraniano, mais do que qualquer outro, determina pela censura o que os cidadãos podem ler online, usando tecnologia que bloqueia milhões de sites da internet que oferecem notícias, comentários, vídeo, música e, até pouco tempo atrás, o Facebook e YouTube. Se digitasse a palavra “mulheres” em farsi, o internauta receberia a mensagem: “Prezado assinante, o acesso não é possível.” Em julho, em sites muito visitados que oferecem download gratuito de vários softwares, apareceu uma brecha: um programa que permitia aos iranianos contornar a censura. O programa foi descoberto por estudantes universitários, que depois o divulgaram por e-mails e compartilhamento de arquivos. No final do ano, mais de 400 mil iranianos surfavam na internet sem censura. O software foi criado não por iranianos, mas por especialistas chineses em computação que trabalham voluntariamente para o Falun Gong, movimento espiritual banido por Pequim desde 1999. Eles mantêm uma série de computadores em centros de dados de todo o mundo para atender às solicitações dos internautas, burlando os censores. A internet deixou de ser apenas um canal essencial para o comércio, para o entretenimento e a informação, para se tornar o cenário tanto do controle estatal quanto da rebelião contra ele. Atualmente, mais de 20 países usam sistemas cada vez mais sofisticados para bloquear e filtrar o conteúdo da rede, diz o grupo Repórteres sem Fronteiras, que estimula a liberdade de imprensa.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Governos autoritários como o do Irã, China, Paquistão, Arábia Saudita e Síria instalaram sistemas de filtragem mais agressivos, mas algumas democracias ocidentais também começam a filtrar parcialmente o conteúdo, como a pornografia infantil e outros materiais de cunho sexual. Em resposta à censura, uma aliança que abrange ativistas políticos e religiosos, defensores das liberdades civis, empresários e até militares de alta patente e agentes de inteligência contestam o crescente controle de conteúdo da rede. Os criadores do software usados pelos iranianos são membros do Consórcio Global pela Liberdade na Internet, com sua principal sede nos EUA e afiliado ao Falun Gong. O consórcio é um dos vários grupos menores que criam sistemas para permitir que todos tenham acesso à internet aberta. Em outra iniciativa, a do Projeto Tor, um grupo sem fins lucrativos oferece um software gratuito que pode ser utilizado para enviar mensagens secretamente ou chegar a sites bloqueados. O software, desenvolvido nos Laboratórios de Pesquisa Naval dos EUA, é utilizado por mais de 300 mil pessoas no mundo. Cientistas políticos da Universidade de Toronto construíram outro sistema, chamado Psiphon, que possibilita a qualquer um burlar firewalls com apenas um browser. Percebendo uma oportunidade de negócios, eles criaram uma empresa que ganha um bom dinheiro permitindo que companhias de mídia transmitam conteúdo digital para usuários da rede passando por cima dos firewalls nacionais. Por causa do risco dessa silenciosa guerra eletrônica, há uma advertência no site do grupo: “Burlar a censura pode constituir um crime contra a lei. Cuidado com os perigos implícitos e suas possíveis consequências.” A China admite que monitora o conteúdo da internet, mas afirma que seu objetivo é muito semelhante ao de qualquer outro governo: policiar o material perigoso, pornografia, propaganda enganosa, atividade criminosa e fraude. Segundo o governo chinês, o Falun Gong é um culto perigoso que destruiu a vida de milhares de pessoas. Por sua vez, intensificando seus esforços contra a proibição oficial, o consórcio dessa seita organizou no ano passado um amplo lobby no Congresso dos EUA, que aprovou US$ 15 milhões para serviços que permitam burlar o sistema oficial. Mas o dinheiro não se destinou ao Falun Gong, e sim a Internews, uma organização internacional que financia grupos de mídia local. Este ano, uma coalizão mais ampla está se organizando com a finalidade de pressionar o Congresso a conceder um financiamento maior para iniciativas que combatam a filtragem em benefício de dissidentes do Vietnã, Irã, Tibete, Mianmar, Cuba, Camboja, Laos e da minoria uigur, da China. John Markoff, The New York Times

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Privacidade – Quem, quanto, como, onde o Google é onipresente ele sabe tudo

Você já parou para pensar na quantidade de informações que são passadas diariamente para o Google e o poder que ele tem de saber os hábitos de seus usuários? Milhões de pessoas se utilizam de sites de buscas para trabalho, estudo ou compras, além de pesquisas sobre temas mais delicados como uma doença grave, a procura por um amor, uma informação sobre empréstimos… E você sabe qual é o buscador mais utilizado no mundo? O Google, claro. Metade de todas as buscas da internet são feitas no Google, o que dá ao site o poder de determinar o que será visto e o que ficará esquecido na web. Também não há como deixar de lado seus outros serviços famosos, como o Youtube, Orkut, Gmail, Google Earth, Blogger e Picasa. Junte tudo, mais a quantidade de informação pessoal que o Google é capaz de armazenar a seu respeito e não sobra muit o Google sabe quem você é. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Mas afinal, quanto o Google sabe sobre você, sobre o que você gosta/faz/quer e até onde você está? O site Center Networks produziu uma lista que mostra como os principais serviços do gigante das buscas podem revelar inúmeras informações a seu respeito. * Se você usa o Adwords, eles conhecem o seu plano de marketing e sabem o seu padrão de compras. * Se você usa o Adsense, eles sabem qual dos seus sites ganham dinheiro, eles sabem como segmentar os anúncios para o seu site, eles sabem quanto pagar e quanto custa para mantê-lo. * Se você usa o Google Alerts, eles sabem quais são os tópicos importantes para você. * Se você usa o Analytics, eles sabem quais sites você controla e/ou monitora, sabem sobre as variações e tendências de seu conteúdo. * Se você usa o Blogger, eles sabem sobre o que você escreve. Cada palavra, cada frase, tudo e cada link. * Se você usa o Calendar, eles sabem onde você foi, é, e qual deve ser o plano. * Se você usa o Catalog Search / Product Search, eles sabem que os itens que são de interesse para você e quais os itens que você realmente compra. * Se você usa o Checkout, eles conhecem todas as suas informações pessoais: nome, endereço, telefone, cartão de crédito. * Se você usa Chrome, eles sabem tudo sobre a sua navegação na internet. * Se você usa o Desktop, eles sabem o que você tem no seu PC. * Se você usa o Google Docs e Spreadsheets, eles sabem que você qual o tema do seu TCC, e que sua conta corrente só terá R$ 25 no final da viagem. * Se você usa o Earth, eles sabem os lugares do planeta que você tem vontade de conhecer. * Se você usa o FeedBurner, eles sabem tudo sobre os seus leitores e seus diferentes tipos de leitor. * Se você usa o Finance, eles sabem sobre a existência de ações (e outros instrumentos) que você é proprietário, o que você monitora, e as tendências que você quer seguir. * Se você usa o Gmail, eles sabem tudo. Sim, tudo. * Se você usa os Grupos (Groups), eles sabem que você tem é fã de Pop Art e tem um fetiche por pés. * Se você usa a Pesquisa de Imagens (Image Search), eles sabem que você gosta da Madonna e gosta de fotos de gatos. * Se você usar a Local Search, eles sabem onde você está agora, e no que você está interessado. * Se você usa o Maps, eles sabem onde você pode estar, para onde você pode ir e para onde você foi. E se você tiver GPS, eles sabem onde você está neste exato momento. * Se você usa o Reader, eles sabem todos os seus interesses * Se você usa o Search (pesquisa no Google qualquer), o Google sabe todas as pesquisas que você tenha feito. * Se você usa o Google Talk, eles sabem quem são seus amigos. * Se você usa a Toolbar, eles conhecem todos os sites que você visita. * Se você usa o Translate, eles sabem que você está aprendendo russo. * Se você usa o YouTube ou o Google Video, eles conhecem todos os vídeos que você assistiu, os gêneros que você gosta, aqueles que você comentou e os que você enviou. Deu pra perceber que o Google realmente conhece os hábitos, desejos e dúvidas de seus usuários, portanto, qualquer produto que ele lançar será sucesso. Mas toda essa onisciência pode preocupar. O fato do Google saber tudo sobre seus usuários só não é motivo de medo maior porque o primeiro lema da empresa prega “Don’t be evil”, ou seja, “não seja mau”. Portanto, embora a empresa queira concentrar todas as informações em um só lugar, a gigante das buscas afirma que não pretende explorar isso maleficamente. Isso seria jogar fora toda a credibilidade conquistada em seus mais de dez anos de existência. do Olhar Digital

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Regulação de uso de dados será apenas o primeiro passo para o Brasil

Esse tipo de ação já vem acontecendo nas redes sociais há muito tempo. Psicólogos comportamentais, mesmo que primários, são capazes de traçar perfis e preferências de usuários, identificando posições políticas e até hábitos de consumo. Acredito que nessa marcha em breve o “olho do grande irmão” será capaz de monitorar o ânimo de uma sociedade. José Mesquita – Editor A perda da implementação do data center do Google do Brasil para o Chile é um evento que deveria acender a luz vermelha no âmbito do governo. Não só o país deixou de receber US$ 150 milhões em investimentos, como isso envia um sinal de cautela para empreendedores que planejam fazer investimentos em tecnologia no país. O receio faz sentido. Poucas são as empresas que, em sã consciência, assumem o “risco Brasil” derivado da falta de leis sobre internet no país, ainda mais com projetos tão grandes. É só pensar. Um data center como esse armazena volumes g igantescos de dados pessoais, que incluem e-mails, fotos, vídeos, documentos, agenda, posicionamento geográfico e mais. Sem leis que estabeleçam como os dados são protegidos, uma empresa com um volume de informações desse porte ficaria exposta a todo tipo de demandas judiciais e administrativas. Haveria uma fila de oficiais de justiça em busca de informações dos usuários ali armazenadas. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Mais do que isso, dada a inexistência de uma lei de proteção de dados no país, o data center não poderia receber dados vindos da Europa, ou mesmo da Argentina, países que têm leis exigindo padrões mínimos de proteção antes de permitir o acesso aos dados dos seus cidadãos. Nesse cenário, o projeto de proteção aos dados pessoais é só o primeiro passo. Seria necessária também a aprovação do Marco Civil da Internet, lei que cria regras claras, por exemplo, com relação à requisição dos dados por oficiais de justiça. Ou ainda, repensar a lei de direitos autorais, tratando da questão do armazenamento de conteúdos gerados de terceiros, como acontece nas redes sociais ou no YouTube. São mudanças legais que não custariam um centavo para o Tesouro nacional, mas que trariam impacto positivo imediato para a economia digital do país. Custa a acreditar que foi preciso uma década para se perceber a importância dessas mudanças e nosso atraso mesmo em relação a outros países latinos. O futuro da criação de valor e conhecimento na rede está ligado à regulamentação desses pontos. A economia da internet gravita hoje em torno da computação em nuvem (“cloud computing“) e da onda emergente do “big data” (análise de grandes volumes de dados). Nenhum deles encontra ambiente favorável para se desenvolver em nosso país. Ronaldo Lemos/Folha de S.Paulo Ronaldo Lemos é diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV e do Creative Commons no Brasil. É professor titular e coordenador da área de Propriedade Intelectual da Escola de Direito da FGV-RJ. Foi professor visitante da Universidade de Princeton. Mestre em direito por Harvard e doutor em direito pela USP, é autor de livros como “Tecnobrega: o Pará Reiventando o Negócio da Música” (Aeroplano). Escreve às segundas na versão impressa de “Ilustrada”.

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