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Para salvar o mundo, precisaremos de uma ‘economia de guerra’?

O dia 13 de agosto marcou a data em que a conta da humanidade com a natureza entrou no vermelho em 2015. Foi ali que nós esgotamos todos os recursos que nosso planeta deveria oferecer durante todo o ano. Desabrigados fazem fila por alimentos após perderem suas casas por enchentes no Paquistão – Image copyright EPA De agora em diante, vamos começar a usar alimentos, terra arável e outros recursos naturais que deveriam estar guardados para as próximas gerações. Foi o momento mais cedo ao longo de um ano em que esse limite foi ultrapassado. O centro de estudos americano Global Footprint Network é quem calcula anualmente o que chama de “Earth Overshoot Day” (algo como “dia em que se ultrapassa os limites da Terra”). A data é determinada a partir da comparação entre nossas demandas pelo que vem da natureza – para atividades como construção, manufatura e absorção do lixo e do gás carbônico liberados por nós – e o que pode ser realmente gerado e reposto pelas florestas, mananciais, reservas pesqueiras e terras cultiváveis.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Nossa superexploração dos recursos da Terra começou em 1970, quando a capacidade total do planeta para aquele ano foi esgotada no fim de dezembro. Isso significa que hoje, a cada ano, o ser humano usa mais do que 150% do que o planeta oferece. E o Earth Overshoot Day tem acontecido cada vez mais cedo. Cientistas afirmam que esse desequilíbrio já leva ao desmatamento, a secas e à extinção de espécies. Isso sem falar no acúmulo de poluentes no ar e no mar, porque os mecanismos naturais do planeta para lidar com toda essa pressão estão sobrecarregados. Cada país contribui de maneira diferente para esses dados, dependendo de seu modo de vida. A Grã-Bretanha, por exemplo, precisa de três vezes mais recursos naturais do que é capaz de suprir. Se o resto do mundo vivesse assim, a data limite teria sido rompida em maio, em vez de agosto. Economia de guerra? Durante Segunda Guerra Mundial, países europeus sofreram extrema falta de recursos – Image copyright Getty A última vez que os britânicos sofreram uma extrema falta de recursos foi durante a Segunda Guerra Mundial. O governo foi obrigado a implementar um racionamento para poder controlar a distribuição de alimentos, combustível e outros bens, com cotas individuais rígidas. Será, então, que deveríamos embarcar em algum esquema semelhante para compartilhar de maneira justa os recursos que nos restam? “Racionar implica em limitar. É uma restrição à autonomia. E sabemos que a autonomia é fundamental para o bem-estar, então essa não parece ser uma solução sustentável a longo prazo”, afirma Saamah Abdallah, pesquisador sênior da New Economics Foundation, centro de estudos britânico que defende que o sucesso econômico deveria ser medido com base em parâmetros como a felicidade das pessoas. Mas, por causa da gravidade da situação atual de muitos dos recursos, ele defende algum tipo de medida mais rígida. “Uma possível solução é o comércio de emissões – isso estabeleceria uma quantidade de carbono que cada pessoa pode emitir durante um ano. Como seria possível comprar ou vender partes dessas ‘cotas’, é um sistema com mais flexibilidade”, explica. “Em vez disso, no entanto, estamos criando impostos sobre as emissões de carbono. É uma ferramenta útil, mas que não evita que as pessoas continuem consumindo, além de não ter um impacto sobre a população mais rica. Precisamos ter uma solução entre esses dois extremos.” Consumo controlado O consumo exagerado e desnecessário é um dos motores da escassez de recursos Image copyright Getty A New Economics Foundation realizou estudos comparando o nível médio de saúde e bem-estar de alguns países com o uso que cada um faz dos recursos naturais à sua disposição. A Costa Rica foi o mais bem colocado, com níveis de qualidade e expectativa de vida iguais aos da Grã-Bretanha, mas utilizando metade dos recursos gastos pelos britânicos. Como o consumo é normalmente provocado por desejos competitivos, talvez fosse interessante mudarmos nosso hábito de nos compararmos com outras pessoas. “Se você troca de celular todo ano ou enche o armário de roupas que só usa uma vez, ou compra mais comida do que precisa e acaba jogando o resto fora, não está contribuindo para o bem-estar geral e sim aumentando o alto nível de consumo”, afirma Abdallah. E quanto mais rica uma pessoa, mais ela tende a ter casas e carros grandes, e a viajar mais e para lugares mais distantes. “Os 10% mais ricos da Grã-Bretanha, por exemplo, respondem por quase o dobro das emissões de carbono das pessoas mais pobres”, aponta o especialista. Alguns países incentivam seus cidadãos a diminuir o consumo restringindo a publicidade direcionada a crianças, como a Suécia e a província de Québec, no Canadá. Outros locais restringem a publicidade em espaços públicos, como São Paulo e a cidade francesa de Grénoble. “Nosso desejo de consumir é alimentado por empresas que querem que compremos mais e mais, e isso é promovido pela publicidade”, afirma Abdallah. “A maneira como a propaganda funciona é sugerir que o que temos não é bom o suficiente e que deveríamos substituir tudo por algo novo”. O papel de cada um Se, como nação, é praticamente impossível que aceitemos medidas tão drásticas como o racionamento, há ações menos ameaçadoras que os governos poderiam adotar para incentivar a redução do consumo, como melhorar o transporte público e oferecer alternativas para o uso da bicicleta ou da caminhada. Outra área fundamental é a do uso de energias de fontes renováveis. Então, o que nos impede de tomar as rédeas da situação e reduzir nosso consumo, equilibrando-o o que queremos com o que precisamos? Abdallah afirma que os estudos apontam que a população britânica, por exemplo, se preocupa com o meio ambiente, mas sua disposição para fazer mudanças em seu próprio estilo de vida depende da disposição dos outros. “Há no ar a sensação de que se houver um ‘sim’ coletivo, todos passarão a aderir. Mas na realidade cada um de nós deve pensar no que realmente importa

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“O Brasil precisa de um ministério da água. O resto, pode eliminar”

Em meio ao debate que esquenta em Brasília sobre a redução de ministérios, o engenheiro civil Newton de Lima Azevedo, um dos 35 governadores que representam o mundo no Conselho Mundial da Água, faz uma sugestão ousada. Newton de Lima Azevedo, governador do Conselho Mundial da Água. Foto: Amanda de Oliveira “Temos que criar o ministério da água. Pode tirar o resto [dos ministérios] que não são tão importantes”, exagera ele, durante suas intervenções nas palestras sobre a crise hídrica às quais é convidado frequentemente. Azevedo espera, com sua provocação, chamar a atenção para o fato de o Brasil não ter uma política pública para a água. Para ilustrar a carência do país em saneamento básico, ele sempre usa um exemplo: “O Brasil precisa de 20 bilhões de reais por ano para universalizar os serviços de água e esgoto. Isto é bonito de dizer mas difícil de fazer. Com todo o esforço que o Governo tem feito, não tem conseguido investir em saneamento mais do que nove bilhões por ano. Assim é impossível cumprir a meta de universalização até 2030″.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] MAIS INFORMAÇÕES “Sou contra o racionamento por uma questão técnica e social” “As obras anunciadas por Alckmin não vão ter nenhum papel nesta crise” Gestão da água volta para o Estado em 235 cidades no mundo Sabesp ignorou ordem e assinou contratos com grandes consumidores Os ‘ninguém’ de Alckmin “Os velejadores devem se vacinar contra hepatite A” Tietê, um rio de sujeira e contradições Azevedo, que já ocupou altos cargos em companhias privadas de saneamento, é defensor das parcerias com o setor privado para avançar nas dívidas que o país tem com a população nas questões de saneamento. Em 2013, apenas 39% dos esgotos foram tratados no país,segundo o Instituto Trata Brasil. O engenheiro fala de um jeito direto e descontraído, defende a Sabesp, mas critica o fato de os esforços da companhia não terem sido suficientes nesta crise. Diz que votaria em Alckmin, caso ele venha a ser candidato nas próximas eleições presidenciais, mas lembra que o governador ainda não controlou o “incêndio”, provocado pela crise hídrica. “Ninguém paga minhas gravatas, não tenho o rabo preso”, defende Azevedo, que é também vice-presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). Pergunta. O que temos resolvido nesta crise de abastecimento da água? Resposta. Não tem muita coisa resolvida, mas há coisas positivas. A sociedade, ainda que não na medida que a gente gostaria, começou a perceber que a questão da água é um grande problema. Consumimos quase o dobro do que se consome na Europa, tudo bem que é outro país, é outra temperatura, mas a gente consome de forma indevida. A indústria também percebeu que tem que tomar uma atitude e começa a se movimentar. A agricultura começa a perceber que não pode continuar consumindo água de uma forma indiscriminada. Temos também um problema gravíssimo de gestão, que fica cada vez mais claro em uma crise como essa. Foram colocados dois assuntos sobre a mesa que estão presentes em outros países e que a gente nunca havia abordado: um é a  dessalinização da água e outra a questão do reuso. Não confundir reuso com reutilização de água do banho, da pia, mas reuso através da reutilização do esgoto tratado até ser água potável. P. Você fala de uma crise de gestão. Qual é sua avaliação da administração da crise feita pelo governador Alckmin em São Paulo? R. A Sabesp é a melhor companhia de saneamento que nós temos no Brasil. P. Concorda que isso não é muito difícil? R. Mas é. No Brasil, só se salvam três empresas, as mais antigas. O resto tem problemas sérios. Nós temos 26 companhias estaduais que abastecem as casas de 70% dos brasileiros. Mas dessas 26, 20 têm sua despesa maior que a receita. Como é que elas sobrevivem? Por subsídios do Governo, sem a menor capacidade de investimentos, sem a menor capacitação dos seus funcionários, motivação, sem acesso a tecnologia de ponta. Se nós não tomarmos uma atitude forte em relação a essas empresas não vamos ter condição de universalizar os serviços de água e esgoto nunca. Nem com todo o dinheiro do mundo essas companhias saberiam o que fazer com ele. Não há capacidade nenhuma de gestão nessas companhias. A Sabesp é a melhor companhia de saneamento que nós temos no Brasil Especificamente em São Paulo, a Sabesp tentou resolver o problema com medidas como a interligação dos reservatórios, redução de pressão, programa de bônus para otimizar o consumo… Ela controlou o incêndio, torceu para chover, choveu. Agora, atitudes fortes, como criar mais estações de reuso de esgoto como existe em outros países, não foram adotadas. P. E as primeiras medidas? Você acha que foram tomadas no tempo certo? R. Estudos do passado mostram planos de final da década de 90, que era para serem cumpridos em 2020. Agora, foram refeitos e adiados para 2050. O setor já sabia que o nosso coeficiente de segurança era muito baixo. Já estava previsto um crescimento grande, a dificuldade de reduzir as perdas de água [hoje em torno de 30% em São Paulo], o aumento da população, e a possibilidade de uma mudança de perfil das chuvas. Essa parceira pública-privada para fazer a transposição do rio São Lourenço era para ter sido feita há cinco anos. Esses movimentos por varias razões não foram feitos no tempo e na urgência necessária porque se achava que ia se dar um jeitinho, e aí veio a crise. É como a questão de lixo. Daqui a cinco ou seis anos, nós vamos ter nas regiões metropolitanas um problema por não ter onde depositar o lixo. Ou partimos para uma processo da geração de energia, da incineração, com os processos que o mundo inteiro já adota, ou a próxima crise, sem dúvida, será a do lixo. Estou falando daqui a cinco anos, que pode parecer longo prazo, mas não é. Como o Brasil é muito grande tem muito espaço para fazer aterro

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A próxima grande guerra? Nasa afirma que mundo poderá ficar sem água no futuro

Nível de grandes aquíferos subterrâneos está diminuindo. O mundo poderá ficar sem água em um futuro não tão distante. Esse foi o alarme lançado pela agência espacial norte-americana, a Nasa, a partir de fotos de satélites. Segundo o órgão, o nível de mais da metade dos maiores aquíferos subterrâneos do planeta está diminuindo de maneira crescente. As imagens mostram que 20 dos 37 aquíferos mais importantes ultrapassaram o ponto crítico de sustentabilidade, o que significa que está sendo consumida mais água do que se deveria. Destes 20, 13 já atingiram um nível tão baixo que fazem parte da categoria mais preocupante. Para os cientistas, este é um problema que só tende a piorar, tendo em vista que a dependência da água está aumentando com o crescimento da população mundial, da agricultura e das atividades de mineração.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “A situação é um tanto crítica”, afirmou o cientista do Jet Propulsion Laboratory da Nasa, Jay Famiglietti, para o jornal “The Washington Post”. Esses aquíferos fornecem cerca de 35% da água usada pelos seres humanos e essa demanda aumenta em casos de estiagem. No estado norte-americano da Califórnia, por exemplo, 65% dos aquíferos estão sendo utilizados para consumo porque rios e reservas já secaram ou estão em condições alarmantes devido à escassez de chuvas na região. Segundo previsões, até o final deste ano, eles serão usados quase em sua totalidade. Para que um aquífero se refaça, são necessários milhares de anos. Atualmente, a região que está em estado mais crítico é a península arábica, onde vivem mais de 60 milhões de pessoas. Outras importantes ficam em Índia, Paquistão, Líbia e Níger. Agência ANSA

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Arquitetura – Design – Iluminação

Atelier Archmixing desenvolve um dispositivo de bambu que permite iluminar o interior de um edifício vernacular na China Fotos: Cortesia de Atelier Archmixing Lutando contra o desenfreado crescimento das cidades chinesas, os arquitetos do Atelier Archmixing, com sede em Xangai, desenvolveram uma série de propostas para revalorizar os espaços singelos, nos quais o projeto contribui para a melhoria da qualidade de vida de seus usuários. Nesse projeto, o grupo desenvolveu um interessante dispositivo de iluminação que consiste em uma estrutura de bambu que permite a entrada da luz natural e a ventilação em um antigo edifício vernacular. O edifícios se chama “Zou ma lou” e apresenta um pátio interno coberto e uma galeria. O cliente queria converter sua antiga edificação vernacular em uma residência. Disposição no interior do edifício A casa de dois pavimentos tem um tamanho modesto, porém, seu interior é bastante amplo e adornado com grandes vigas de madeira ricamente entalhadas. Para permitir um melhor uso desse elemento e seus detalhes, foi criada uma estrutura transparente no centro do pátio, onde os visitantes podem descansar sem se preocupar com o tempo ou as condições climáticas. Trata-se de uma estrutura independente de bambu coberta com lâminas de poliuretano, parte da qual se pode abrir para receber a luz do sol e o ar fresco. Essa intervenção técnica resolve os desafios propostos pelo cliente, incluindo o sistema de ar condicionado, a captação de água da chuva, a iluminação diurna e a ventilação. O elemento revitaliza um edifício histórico de grande valor espacial e arquitetônico, potencializando suas qualidades ao melhorar sua habitabilidade. Arquitetos: Atelier Archmixing / ZHUANG Shen, REN Hao, TA

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A tragédia anunciada da ciência no Amazonas

Artigo de Odenildo Sena, ex-presidente do CONSECTI e ex-presidente do CONFAP sobre a proposta de extinção da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia & Inovação (SECTI) do Amazonas Há dois tipos de gestores políticos: os que são desprovidos de espírito público, infelizmente a maioria, e os que cultivam essa virtude, infelizmente a minoria. Para os primeiros, o horizonte de tempo sempre está sintonizado com suas ambições e interesses pessoais. No dia em que assumem o governo do estado ou a prefeitura, por exemplo, já o fazem de olho vidrado no final dos quatros anos de mandato. Até lá, toda e qualquer ação é medida e calculada com a metragem do varejo, caracterizando-se pelo imediatismo e, portanto, ao sabor dos interesses paroquiais que, por sua vez, estarão a serviço da eleição seguinte. Metaforicamente, fazem do pão, do circo e da verborragia sua exclusiva plataforma de governo. Para os que cultivam o espírito público, por outro lado, os quatro anos à frente não deixam de ser referência para uma nova empreitada eleitoral, mas não são limitadores de suas ações em prol da coletividade. Preocupam-se e agem sobre as necessidades imediatas por força das contingências, mas seu olhar e suas obras voltadas para o bem comum estão sempre adiante de seu tempo e muito além de seu mandato. Daí a conclusão: nada mais nocivo na vida pública do que um homem público sem espírito público. Neste sentido, é consequência até natural que o homem público sem espírito público mantenha uma convivência sempre conflituosa com o mundo científico, sobretudo caracterizada pelo desprezo e pela indiferença. Afinal, o tempo da ciência, além de ser regulado pela necessária continuidade, é marcado por algumas ações que, se têm data pra começar, não têm data pra terminar. Só pra ficar num exemplo bem impactante, há mais de setenta anos pesquisadores, em vários cantos do mundo, tentam encontrar o caminho que resulte em uma vacina contra a dengue. Nunca estiveram tão perto, é certo, mas lá se foram sete décadas![ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Essa reflexão vem à tona a propósito da trágica decisão do senhor governador do Amazonas de extinguir a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia & Inovação (SECTI). Criada em 2003, não há como negar que, de seus acertos, essa foi uma das iniciativas mais importantes e de maior visão de futuro do então governador Eduardo Braga. Ao lado da SECTI, criou a Fapeam e instituiu o Sistema Público Estadual de CT&I. Com isso, pavimentou a estrutura para o avanço científico e tecnológico no Estado, mérito dos mais louváveis. Em seus 11 anos, o Amazonas deu saltos extraordinários na produção científica, na formação de mestres e doutores e na inovação tecnológica e, como se sabe, passou a ser reconhecido e a compor o mapa da ciência brasileira, sem contar com incursões e parcerias internacionais. Vale lembrar, a Fapeam continua sendo a quarta instituição do gênero no Brasil, atrás apenas de SP, Rio e Minas. Suficiente? Não, claro que não. Consolidar um sistema dessa natureza exige muito mais tempo de maturação e ações contínuas, a exemplo do caso de São Paulo, cuja estrutura tem mais de cinquenta anos e é referência no Brasil e no mundo. Interromper esse avanço virtuoso, portanto, é um golpe duro no presente e no futuro do desenvolvimento do Estado e, sem dúvida alguma, o mais estúpido dos equívocos e a demonstração mais cabal de obscurantismo, ausência de espírito público e falta de compromisso com o futuro do Amazonas. Por fim, a justificativa corrente de que o propósito é enfrentar a crise econômica e reduzir despesas soa como flagrante contrassenso. De um lado, porque as nações mais poderosas do mundo nos ensinam que a saída para as crises está exatamente na valorização do capital intelectual, no aumento da produção de conhecimentos e na inovação tecnológica. De outro, porque a SECTI, pelo seu extraordinário papel articulador das ações de CT&I no Estado, não dá prejuízo. Muito pelo contrário. Só pra ficar no ano de 2014 e no plano de recursos, sua atuação permitiu captar em recursos federais para o sistema no Amazonas R$ 37,4 milhões. Ou seja, 8 vezes mais do que o seu reduzido orçamento, de R$ 4,5 milhões. Prejuízo grande mesmo é o desatino de extinguir a instituição. É bom a comunidade científica e estudantil vestir luto.

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Arquitetura – Casa orgânica

A casa orgânica – projeto do arquiteto Robert Harvey Oshatz. Uso de curvas orgânicas integradas a natureza e o uso de materiais naturais. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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A farsa da energia limpa

A construção de grandes barragens envolve violações de direitos humanos e outros impactos Foto: Google Não é de hoje que o governo vem investindo massivamente na construção de hidrelétricas para a geração de energia, promovendo-as como fonte “barata e limpa”. Contudo, essa dependência do país pela matriz de energia elétrica envolve aspectos nebulosos com a construção de megaempreendimentos na Amazônia, onde, além dos interesses de grandes empreiteiras e impactos severos sobre povos indígenas e populações tradicionais, a floresta segue sendo tratada com irresponsabilidade. A construção de grandes barragens envolve graves violações de direitos humanos e outros impactos socioambientais desastrosos. Belo Monte, por exemplo, foi descrito pela procuradora Thais Santi como “um etnocídio indígena num mundo em que tudo é possível”, em pleno estado democrático de direito. A população vulnerada com tantos abusos e desrespeitos não consegue entender como uma obra do porte de Belo Monte, com investimentos de R$ 30 bilhões em dinheiro público, pode ser executada ao arrepio da legislação. Para as comunidades atingidas, a atuação truculenta do consórcio Norte Energia S.A., com o apoio do Estado e a omissão do Judiciário, parece indicar que os favorecimentos ilícitos, tão comuns em nosso país, também estão por trás das grandes hidrelétricas na Amazônia.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O escândalo da Petrobras deixa claro que as investigações não devem parar. A empresa é investigada por injetar dinheiro na conta de construtoras, sendo que muitas delas recebem recurso público do BNDES para os seus projetos. Isso é só a ponta de um grande iceberg. Essas mesmas construtoras elegeram 70% dos candidatos, nos quais investiram com pesadas doações. Só a base aliada do governo Dilma recebeu 62% de suas doações através delas. Entre as empreiteiras, algumas — como Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS e Camargo Corrêa — são as mesmas que estão na Amazônia atuando nesses grandes projetos como o de Belo Monte. O momento exige seriedade da população brasileira, pois vivemos em um país com grande potencial (natural e humano), mas que funciona ainda como se fosse um feudo corrompido. Esse é o Brasil, que ainda não concluiu sua transição democrática e onde o governo usa, sem cerimônia, instrumentos da época da ditadura, como a suspensão de segurança, que lhe permitem cancelar decisões de tribunais para impor seu projeto “desenvolvimentista”. Basta desse tipo de política. É preciso que se discuta com transparência a questão energética em nosso país, envolvendo a comunidade científica. É necessário que a população seja ouvida e seus valores, respeitados. Precisamos debater com consistência a importância da conservação da Amazônia e dos seus rios, o valor da floresta em pé, da água e da cultura de um povo, se nós quisermos realmente crescer e ocupar o lugar de líderes mundiais em desenvolvimento ético, democrático e sustentável. Maíra Irigaray, O Globo

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Energia Eólica

O Wind Dam Alguns afirmam que a “barragem” é uma fraude porque revela uma total incompreensão dos princípios físicos da dinâmica de fluidos. Segundo estes o que faz funcionar toda e qualquer barragem é a diferença de potencial: diferença de altitude no caso da água; diferença de pressão no caso do vento. Nas velas dos navios a diferença de pressão entre o lado de onde sopra o vento e o lado oposto é diminuta mas, como a área é muito grande, resulta numa força de impulso. Sendo assim no caso presente a tela apenas aumentará a velocidade do vento, nunca a pressão pelo que o sistema se comportará como um vulgar gerador eólico. De inovador então apenas a forma escultural… Com a palavra os cientistas Tapuias. E o povão que é hábil em sobreviver com os bolsos cheios de vento, e de viver de brisa. Ah!, não esquecer um certo pessoal em Brasília especialistas em inflar orçamentos. A ilustração lembra uma vela de navio enfunada pelo vento. É o Wind Dam, uma enorme tela estendida entre duas margens de um canyon no lago Lagoda, na Rússia. A ideia é do arquiteto Laurie Chetwood, que em tempos de buscas por novas soluções para geração de energia, projeta essa verdadeira barragem eólica que recebe e direciona o vento para uma turbina. O polêmico sistema — incomoda particularmente aos ambientalistas pela possibilidade de prejudicar a migração das aves — é composto por uma tela de 25 metros de altura e 75 de largura suspensa por cabos que canalizam o vento para uma abertura central ligada a uma turbina acoplada, igualmente suspensa. Os estudos efetuados apontam a forma côncava como a mais eficaz na captura do vento. A semelhança com a forma de uma barragem hidrelétrica levou a que o projeto fosse apelidado de wind(vento) dam(barragem), ou barragem de vento.   [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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