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Francisco Carvalho – Versos na tarde – 24/12/2016

Lição de espaço Francisco Carvalho¹ O homem no espaço é a sombra de Sísifo. O espectro da esfinge A vertigem do tísico. O homem no espaço é a pedra no vértice. A folha que tomba no vórtice. ¹Francisco Carvalho * Russas, CE. – 11 de Junho de 1927 +Fortaleza,CE.  04 de Março de 2013 [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] “É preciso reconhecer que a poesia é hoje um teatro sem platéia. Uma ribalta às moscas.” Aos 77 anos, cinqüenta dedicados ao fazer poético, o poeta cearense Francisco Carvalho lança a antologia Memórias do Espantalho, reunião de poemas escolhidos de 19 livros dos 29 publicados. Apesar de ter vencido a 1ª Bienal Nestlé de Literatura Brasileira, com o livro Quadrante Solar (1982) e de obter o prêmio da Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, com Girassóis de Barro (1997), o poeta da cidade de Russas é praticamente um desconhecido.

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Artur Eduardo Benevides – Versos na tarde 12/04/2016

Innamorato Artur Eduardo Benevides ¹ I O som de tua voz é um ramo a nascer da árvore da vida. Com medo de perder-te, sempre que chegas sinto o travo da partida. E quero ficar à tua margem — Ó rosa e Mar! — e ver tua leveza de pássaro a voar. II Estar sem ti é estar em silêncio de montanha sem existir montanha. É ficar em desterro, ou regressar, calado, de um enterro e tomar lentamente um copo de vinho, sozinho. III Estar contigo é sempre amanhecer. É sentir que o sol de repente toca em mim com a doçura do que se põe no azul a florescer. IV Ai, tecelã da eterna poesia, um pouco mais de ti em mim e eu voaria! Nem me dês teus frutos. Basta que sorrias. Não mereço mais. ¹ Artur Eduardo Benevides * Pacatuba, CE. – 1923 d.C + Fortaleza, CE. – 21 de setembro de 2014 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Francisco Carvalho – Versos na tarde – 13/01/2016

Poema para escrever no asfalto Francisco Carvalho¹ Agora eu sei o quanto basta à ceia do coração e o quanto sobra do naufrágio das nossas utopias. Agora eu sei o que significa a fala dos mortos e esta parábola soterrada que jorra das veias da pedra. Agora eu sei o quanto custa o ouro das palavras e este pacto de sangue com as metáforas do tempo. Agora eu sei o que se passa no coração de treva e do homem que morre mendigando a própria liberdade. Agora eu sei que o pão da terra nunca foi repartido com a nossa pobreza e com a solidão de ninguém. Agora eu sei que é preciso agarrar a vida como se fosse a última dádiva colocada em nossas mãos. ¹Francisco Carvalho * Russas, CE. – 11 de Junho de 1927 d.C + Fortaleza, CE. – 5 de março de 2013 d.C “É preciso reconhecer que a poesia é hoje um teatro sem platéia. Uma ribalta às moscas.” Aos 77 anos, cinqüenta dedicados ao fazer poético, o poeta cearense Francisco Carvalho lança a antologia Memórias do Espantalho, reunião de poemas escolhidos de 19 livros dos 29 publicados. Apesar de ter vencido a 1ª Bienal Nestlé de Literatura Brasileira, com o livro Quadrante Solar (1982) e de obter o prêmio da Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, com Girassóis de Barro (1997), o poeta da cidade de Russas é praticamente um desconhecido no País. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Costa Matos – Versos na Tarde – 25/06/2015

Presságios Costa Matos¹ Como foi bela e sábia a vida que tivemos! Lições em tudo… em tudo… em tudo… até nas brigas havia água e semente e terra e sol e espigas, pra nossa fome de entender tudo o que vemos neste mundo de Deus. As coisas mais antigas vividas por nós dois mostravam que os extremos são somas, em nós dois, dos anseios supremos de socorrer quem tomba ao peso das fadigas. Era nosso o destino altíssimo de ver, era nossa a ambição do topo das montanhas, sabíamos o dia antes de alvorecer… A tanta luz chegaste, a tanta fé subi, chegamos a ser bons e a perfeições tamanhas, que ainda estou a pensar que nunca te perdi… ¹José Costa Matos * Ipueiras, CE. – 2 de Setembro 1927 d.C + Fortaleza, CE. – 2 de Março de 2009 d.C >> biografia de Costa Matos [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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José Albano – Versos na tarde – 04/06/2015

Esparsa José Albano ¹ Há no meu peito uma porta A bater continuamente; Dentro a esperança jaz morta E o coração jaz doente Em toda parte onde eu ando, ouço este ruído infindo: São as tristezas entrando E as alegrias saindo ¹ José Albano * Fortaleza, CE. – 12 de Abril de 1882 d.C + Montauban, França – 11 de julho de 1923 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Francisco Carvalho – Versos na tarde – 12/12/2014

Engano e esperança Francisco Carvalho ¹ Se por experiência se adivinha se pela nuvem se conhece o vento se por amor dormimos ao relento sob o orvalho dos seios da vizinha Se o mar gorjeia, pássaro e elemento se põe seus ovos antes da galinha se o rei decreta a morte da rainha e dela se liberta o pensamento. Se o corpo volta à infância da caverna se a esfinge nos decifra e nos devora se a volúpia do enigma nos governa Se viver ou morrer é sempre um dano se o acaso nos golpeia antes da aurora qualquer grande esperança é grande engano. ¹ Francisco Carvalho * Russas, CE. – 11 de Junho de 1927 d.C + Fortaleza, CE. – 5 de março de 2013 d.C [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Virgílio Maia – Versos na tarde – 30/05/2014

Alvenaria Virgílio Maia ¹ Sobre pedras se eleva este soneto, em trabalhosa faina alevantado, as linhas definidas no traçado da perfeição do prumo e nível reto. Dentre tantos eleito, põe-se ereto rima por rima, embora recatado; ao martelar do metro faz-se alado, opondo ao som a luz deste quarteto. Sobre andaime de verso e de ciência necessário a erguer prova tão dura, deixa o pedreiro, alçado, o rés-do-chão. E sobranceiro ao mundo, àquela altura, Vai concluir, com brava paciência, A obra em que balança o coração. ¹ Virgílio Maia * Limoeiro do Norte, CE. – 1954 d.C >> Biografia de Virgílio Maia [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Francisco Carvalho – Versos na tarde – 31/01/2014

Liturgia da seca Francisco Carvalho¹ O vento em disparada arranca as plumas da paisagem. Boi morto vaca morta bezerro morto cavalo morto. O vento arquejante assobia na estrada constelada de gritos. O dia áspero tange a diáspora (Homens aflitos se sois do Norte ide a procura de vossa morte) O vento é uma ave de rapina em rodopio sobre o esqueleto das plantações. O dia áspero tange a diáspora tange o passado tange o futuro tange o fantasma de nossa morte. ¹Francisco Carvalho * Russas, CE. – 11 de Junho de 1927 Aos 77 anos, cinquenta dedicados ao fazer poético, o poeta cearense Francisco Carvalho lança a antologia Memórias do Espantalho, reunião de poemas escolhidos de 19 livros dos 29 publicados. Apesar de ter vencido a 1ª Bienal Nestlé de Literatura Brasileira, com o livro Quadrante Solar (1982) e de obter o prêmio da Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, com Girassóis de Barro (1997), o poeta da cidade de Russas é praticamente um desconhecido no País. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Lívio Barreto – Versos na tarde – 15/01/2014

Lágrimas Lívio Barreto¹ Lágrimas tristes, lágrimas doridas, Podeis rolar desconsoladamente! Vindes da ruína dolorosa e ardente Das minhas torres de luar vestidas! Órfãs trementes, órfãs desvalidas, Não tenho um seio carinhoso e quente, Frouxel de ninho, cálix recendente, Onde abrigar-vos, pérolas sentidas. Vindes da noite, vindes da amargura, Desabrochastes sobre a dura frágua Do coração ao sol da desventura! Vindes de um seio, vindes de uma mágoa E não achastes uma urna pura Para abrigar-vos, frias gotas d’água! ¹Lívio da Rocha Barreto * Granja, CE. 18 de Fevereiro de 1870 d.C + Camocim, CE. – 29 de Setembro de 1895 d.C >> biografia de Lívio Barreto [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Juarez Leitão – Versos na tarde – 22/11/2013

Promessas Juarez Leitão¹ A manhã em verdes ventos de palmas balança. Devagar meu olhar se molha de morna cobiça. Mergulhas. Vasculhas as águas impresumível. Corcoveias sibilina e fugaz, o quadril opalino brilha num vôo trêmulo e submerge. De longe te como, Castanha, te mastigo: minha casa de palha está em chamas. O dragão tatuado não sabe de sua missão nem o azul da piscina conhece matizes. O azul e o dragão são adereços cada qual com seu preço e tarefa. Bebo. O limo do desdém não me governa: estou construindo promessas. ¹Juarez Fernandes Leitão * Novo Oriente, CE. – 11 de Março de 1948 d.C >> biografia de Juarez Leitão [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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