Maduro, através de uma Assembleia Constituinte Ilegal e fraudada, acaba de fechar o Congresso da Venezuela.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] A última vez que um Congresso Nacional foi fechado na América Latina, foi o do Peru, sob a ditadura de ultra direita do ladrão Alberto Fujimori – Dissolveu o Congresso, fechou o Poder Judiciário, o Ministério Público, o Tribunal Constitucional e o Conselho da Magistratura Derrubado e julgado – Ele foi acusado de perseguir, sequestrar e matar opositores com o aparato militar e uma rede de veículos de imprensa sensacionalistas, além de ter mandado esterilizar sem consentimento mais de 300 mil mulheres, a maioria indígenas – foi condenado a 25 anos de prisão e hoje está preso. A vez do Maduro chegará. Não tem Narizinho nem Lindberg Farinha que impeçam.
As ‘bombas de cocô’ que se tornaram ‘último recurso’ de manifestantes contra Maduro na Venezuela Frascos, garrafas e sacolas plásticas com fezes viraram armas nas mãos dos manifestantes venezuelanos – Direito de imagem REUTERS Em redes sociais e grupos de WhatsApp, os protestos de quarta-feira na Venezuela estão sendo chamados de “marcha da merda”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] O motivo são os coquetéis “cocotov“, a mais recente invenção dos opositores que promovem uma onda de manifestações contra o presidente Nicolás Maduro no país. Como o nome sugere, são potes, frascos, garrafas, latas e sacolas plásticas com fezes. Foi lançando esses projéteis que manifestantes reagiram às bombas de gás lacrimogêneo das forças de segurança. Invenção foi usada em protestos contra o governo de Nicolás Maduro na quarta-feira – Direito de imagem REUTERS Os coquetéis ‘cocôtov’ são lançados em reação às bombas de gás lacrimogêneo lançadas por forças de segurança – Direito de imagem REUTERS Entre os opositores, circulam mensagens com instruções detalhadas e conselhos sobre como preparar as “bombas de cocô”. Algumas mensagens dizem para evitar frascos de vidro, para garantir que os coquetéis apenas “humilhem” – e não machuquem. Marielys Valdéz, do Tribunal Supremo de Justiça, entretanto, alertou que os “cocotov” são considerados “armas biológicas” – e que quem for utilizá-los corre o risco de ser severamente punido. “O uso de armas químicas, neste caso, fezes de pessoas ou animais, geram consequências não só para quem é o alvo da arma, mas para a população, pode contaminar as águas”, destacou. A apresentadora do canal estatal VTV que entrevistava Valdéz qualificou o uso dos “cocotov” como “bioterrorismo”. Circulam pela internet conselhos e instruções de como fabricar os coquetéis – Direito de imagem REUTERS Um dos conselhos diz para evitar frascos de vidro para que bombas só humilhem e não gerem ferimentos – Direito de imagem REUTERS Há cerca de um mês e meio, o país tem sido palco de protestos diários contra o governo do presidente Nicolás Maduro. A oposição quer o adiantamento da eleição presidencial e a libertação de presos políticos. Eles também rejeitam a convocação de uma Assembleia Constituinte por Maduro em 1º de maio. O governo acusa a oposição de tentar dar um “golpe de Estado” e realizar “atos terroristas”. Desde que começaram essas manifestações, ao menos 39 pessoas morreram. As duas vítimas mais recentes morreram na quarta-feira, nos hospitais em que estavam internadas após serem feridas em protestos contra Maduro em duas cidades venezuelanas. As mortes de Miguel Castillo, de 27 anos, em Caracas, e de Anderson Dugarte, de 32 anos, no Estado de Mérida, no oeste do país, foram confirmadas pelo Ministério Público. Há um mês e meio, a Venezuela vive uma onda de protestos contra o governo de Nicolás Maduro – Direito de imagem REUTERS Os opositores do presidente exigem nova eleição presidencial e a libertação de presos políticos – Direito de imagem REUTERS Ao menos 177 pessoas ficaram feridas durante o ato promovido pela oposição em Caracas na quarta, segundo informaram as autoridades. Ainda que tenham sido emitidas advertências no dia anterior quanto à ilegalidade dos coquetéis “cocotov”, jovens com os rostos cobertos e capacetes usaram elásticos para lançar “bombas de cocô”, pedras e coquetéis molotov. “Estamos na rua e vamos ficar. Não sairemos até que isso acabe, até que Maduro deixe o governo”, disse Luis Orta, um empresário de 52 anos. O influente apresentador da TV estatal Mario Silva disse em sua conta no Twitter que o uso dos “cocotov” é um “ato de desespero, (…) de loucura”.
Morte de jovem violinista provoca dura reação do maestro Dudamel contra Maduro Ruptura entre um dos símbolos do país, o Sistema de Orquestras, e o Governo mostra magnitude da crise Na quarta-feira, o maestro venezuelano Gustavo Dudamel soube da morte de um membro do Sistema Nacional de Orquestras liderado por ele. Armando Cañizales, violinista, 17 anos, foi baleado na cabeça e se tornou a vítima número 34 da última onda de repressão em seu país. Dudamel colocou um sinal de luto em suas redes sociais e em seu site.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] A pressão para que criticasse o Governo de Nicolás Maduro aumentou e na tarde de quinta-feira lançou um contundente comunicado. A voz do jovem músico de 35 anos, uma das figuras mais influentes da música clássica em todo o mundo, atacou as repressões feitas contra as marchas e a tentativa descarada de novo golpe às instituições cometida pelo dirigente bolivariano. Os pedidos anteriores de diálogo por parte do diretor foram escasseando até que finalmente adotou uma posição mais comprometida com os protestos. As mortes atribuídas ao Governo acabaram com a paciência de Dudamel. Mas ainda mais a do jovem Cañizales. O rapaz enfrentou com pedras a Guarda Bolivariana e foi baleado no pescoço quando desafiava com as mãos para cima as tropas do Governo. Seus amigos o levaram de moto até uma ambulância que depois o levou ao hospital, onde sua morte foi constatada. Os moradores de Colinas de Bello Monte se reuniram em uma vigília e Dudamel redigiu seu comunicado. “Minha vida inteira foi dedicada à música e à arte como forma de transformar o mundo. Levanto minha voz contra a violência e a repressão. Nada pode justificar o derramamento de sangue. Já basta de ignorar o justo clamor de um povo sufocado por uma crise intolerável. Historicamente o povo venezuelano tem sido um povo lutador, mas jamais violento”, começa o texto. “A democracia não pode ser construída de acordo com as vontades de um governo particular. O exercício democrático implica escutar a voz da maioria”, afirma o músico “Para que a democracia seja saudável devem existir respeito e entendimento verdadeiro. A democracia não pode ser construída de acordo com as vontades de um governo particular. O exercício democrático implica escutar a voz da maioria, como baluarte último da verdade social. Nenhuma ideologia pode ir além do bem comum. A política deve ser feita a partir da consciência e em respeito à constitucionalidade, adaptando-se a uma sociedade jovem que, como a venezuelana, tem o direito a se reinventar e se refazer no saudável e incontestável contrapeso democrático”, continua o comunicado. “Os venezuelanos estão desesperados por seu direito inalienável ao bem-estar e à satisfação de suas necessidades mais básicas. As únicas armas que podem ser entregues a um povo são as ferramentas para forjar seu futuro: instrumentos musicais, pincéis, livros; enfim, os mais altos valores do espírito humano: o bem, a verdade e a beleza”. As alusões a uma mudança são patentes. Por fim, se dirige a Maduro: “Faço um pedido urgente ao Presidente da República e ao Governo nacional para que mude sua atitude e escute a voz do povo venezuelano. Devemos aos nossos jovens um mundo auspicioso, um país no qual se possa caminhar livremente na divergência de opiniões, na tolerância, no diálogo e em que os sonhos tenham lugar para construir a Venezuela que todos desejamos”. A ruptura entre um dos símbolos do país como é o Sistema de Orquestras e o Governo dá uma magnitude clara da crise. A organização educativa e de ação social criada por José Antonio Abreu há 41 anos representa toda uma miscelânea sociocultural absolutamente estabelecida em bairros pobres, com grande carga de liderança entre seus dirigentes. Até o momento, nenhum membro de sua cúpula havia se manifestado claramente contra o Governo de Maduro. O sistema vive em grande parte de recursos públicos e isso os colocava entre a cruz e a espada. Mas as vozes contrárias ao Governo cresceram espantosamente nos últimos tempos. Tanto seu fundador, José Antonio Abreu, que está doente e afastado da vida pública há três anos, como Dudamel, sofreram grandes campanhas contra seu silêncio nas redes sociais. O diretor viveu essa situação com muito sofrimento, se encontrou em uma posição muito incômoda, com sua família dentro do país e ele fora tentando desenvolver ao máximo sua carreira. Ela chegou ao zênite no último concerto de ano novo, quando o venezuelano foi o maestro mais jovem a dirigir a Filarmônica de Viena. Outro de seus quartéis são os Estados Unidos. É diretor titular da Sinfônica de Los Angeles e mora na cidade em boa parte de seu tempo sem deixar de estar presente na Venezuela com a Orquestra Simón Bolívar, onde se formou. Esteve com ela na Espanha há dois meses, pouco antes de se tornar público seu casamento com a atriz madrilenha María Valverde. Em uma entrevista concedida ao grupo Lena – aliança de jornais europeus da qual o EL PAÍS faz parte –, feita por Javier Moreno, Dudamel continua apostando no diálogo. Em 2015 escreveu um artigo no Los Angeles Times intitulado curiosamente Porque não falo da política venezuelana. Mas não era o caso. Nele afirmava que compreendia os opositores, mesmo que não compartilhasse de todas as suas posições e respeitava as autoridades, mas não estava de acordo com todas as suas decisões. De modo que navegava na ambiguidade, mas se via que ele estava mais próximo de romper o muro. Na entrevista ao Lena, Dudamel afirmou que o Sistema é um símbolo de liberdade em seu país e que está além da politização. “Não acredito que exista nada de ruim, de indigno, de criminoso em querer unir as pessoas. Porque no momento em que você toma uma posição, faz parte de uma divisão. E aí acabou. Nadar nisso é muito complexo. Você não se isola por egoísmo. Você está ali. E vivencia a situação mais do que imaginam os que estão sofrendo sozinhos. E você está ali, tentando criar um