As ‘bombas de cocô’ que se tornaram ‘último recurso’ de manifestantes contra Maduro na Venezuela
![Coquetéis 'cocôtov'](https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/3D90/production/_96006751_d6bae27a-1f99-4a2e-96f0-af2ef0322764.jpg)
Em redes sociais e grupos de WhatsApp, os protestos de quarta-feira na Venezuela estão sendo chamados de “marcha da merda”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]
O motivo são os coquetéis “cocotov“, a mais recente invenção dos opositores que promovem uma onda de manifestações contra o presidente Nicolás Maduro no país.
Como o nome sugere, são potes, frascos, garrafas, latas e sacolas plásticas com fezes. Foi lançando esses projéteis que manifestantes reagiram às bombas de gás lacrimogêneo das forças de segurança.
![Manifestante segura coquetéis 'cocôtov'](https://ichef-1.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/8BB0/production/_96006753_7554622f-300e-4a7b-8397-ecb3b6cf85e2.jpg)
![Manifestantes se preparam para lançar coquetéis 'cocôtov'](https://ichef-1.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/D9D0/production/_96006755_bc0570dd-afd0-43bd-9699-7dc0fa81768e.jpg)
Entre os opositores, circulam mensagens com instruções detalhadas e conselhos sobre como preparar as “bombas de cocô”.
Algumas mensagens dizem para evitar frascos de vidro, para garantir que os coquetéis apenas “humilhem” – e não machuquem.
Marielys Valdéz, do Tribunal Supremo de Justiça, entretanto, alertou que os “cocotov” são considerados “armas biológicas” – e que quem for utilizá-los corre o risco de ser severamente punido.
“O uso de armas químicas, neste caso, fezes de pessoas ou animais, geram consequências não só para quem é o alvo da arma, mas para a população, pode contaminar as águas”, destacou.
A apresentadora do canal estatal VTV que entrevistava Valdéz qualificou o uso dos “cocotov” como “bioterrorismo”.
![Coquetéis 'cocôtov'](https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/78F0/production/_96006903_pupu.jpg)
![Manifestantes se preparam para lançar coquetéis 'cocôtov'](https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/127F0/production/_96006757_4d0367bd-5cec-4256-8f8f-8f66d3d9f049.jpg)
Há cerca de um mês e meio, o país tem sido palco de protestos diários contra o governo do presidente Nicolás Maduro. A oposição quer o adiantamento da eleição presidencial e a libertação de presos políticos. Eles também rejeitam a convocação de uma Assembleia Constituinte por Maduro em 1º de maio.
O governo acusa a oposição de tentar dar um “golpe de Estado” e realizar “atos terroristas”. Desde que começaram essas manifestações, ao menos 39 pessoas morreram.
As duas vítimas mais recentes morreram na quarta-feira, nos hospitais em que estavam internadas após serem feridas em protestos contra Maduro em duas cidades venezuelanas. As mortes de Miguel Castillo, de 27 anos, em Caracas, e de Anderson Dugarte, de 32 anos, no Estado de Mérida, no oeste do país, foram confirmadas pelo Ministério Público.
![Coquetel 'cocôtov'](https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/17610/production/_96006759_9069fa88-8d2c-4e69-8bd6-14f912550ac6.jpg)
![Coquetel 'cocôtov'](https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/2A6C/production/_96006801_4118ed67-f387-4a7d-ac74-0608d5a7ca34.jpg)
Ao menos 177 pessoas ficaram feridas durante o ato promovido pela oposição em Caracas na quarta, segundo informaram as autoridades.
Ainda que tenham sido emitidas advertências no dia anterior quanto à ilegalidade dos coquetéis “cocotov”, jovens com os rostos cobertos e capacetes usaram elásticos para lançar “bombas de cocô”, pedras e coquetéis molotov.
“Estamos na rua e vamos ficar. Não sairemos até que isso acabe, até que Maduro deixe o governo”, disse Luis Orta, um empresário de 52 anos.
O influente apresentador da TV estatal Mario Silva disse em sua conta no Twitter que o uso dos “cocotov” é um “ato de desespero, (…) de loucura”.