As ‘bombas de cocô’ que se tornaram ‘último recurso’ de manifestantes contra Maduro na Venezuela Frascos, garrafas e sacolas plásticas com fezes viraram armas nas mãos dos manifestantes venezuelanos – Direito de imagem REUTERS Em redes sociais e grupos de WhatsApp, os protestos de quarta-feira na Venezuela estão sendo chamados de “marcha da merda”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] O motivo são os coquetéis “cocotov“, a mais recente invenção dos opositores que promovem uma onda de manifestações contra o presidente Nicolás Maduro no país. Como o nome sugere, são potes, frascos, garrafas, latas e sacolas plásticas com fezes. Foi lançando esses projéteis que manifestantes reagiram às bombas de gás lacrimogêneo das forças de segurança. Invenção foi usada em protestos contra o governo de Nicolás Maduro na quarta-feira – Direito de imagem REUTERS Os coquetéis ‘cocôtov’ são lançados em reação às bombas de gás lacrimogêneo lançadas por forças de segurança – Direito de imagem REUTERS Entre os opositores, circulam mensagens com instruções detalhadas e conselhos sobre como preparar as “bombas de cocô”. Algumas mensagens dizem para evitar frascos de vidro, para garantir que os coquetéis apenas “humilhem” – e não machuquem. Marielys Valdéz, do Tribunal Supremo de Justiça, entretanto, alertou que os “cocotov” são considerados “armas biológicas” – e que quem for utilizá-los corre o risco de ser severamente punido. “O uso de armas químicas, neste caso, fezes de pessoas ou animais, geram consequências não só para quem é o alvo da arma, mas para a população, pode contaminar as águas”, destacou. A apresentadora do canal estatal VTV que entrevistava Valdéz qualificou o uso dos “cocotov” como “bioterrorismo”. Circulam pela internet conselhos e instruções de como fabricar os coquetéis – Direito de imagem REUTERS Um dos conselhos diz para evitar frascos de vidro para que bombas só humilhem e não gerem ferimentos – Direito de imagem REUTERS Há cerca de um mês e meio, o país tem sido palco de protestos diários contra o governo do presidente Nicolás Maduro. A oposição quer o adiantamento da eleição presidencial e a libertação de presos políticos. Eles também rejeitam a convocação de uma Assembleia Constituinte por Maduro em 1º de maio. O governo acusa a oposição de tentar dar um “golpe de Estado” e realizar “atos terroristas”. Desde que começaram essas manifestações, ao menos 39 pessoas morreram. As duas vítimas mais recentes morreram na quarta-feira, nos hospitais em que estavam internadas após serem feridas em protestos contra Maduro em duas cidades venezuelanas. As mortes de Miguel Castillo, de 27 anos, em Caracas, e de Anderson Dugarte, de 32 anos, no Estado de Mérida, no oeste do país, foram confirmadas pelo Ministério Público. Há um mês e meio, a Venezuela vive uma onda de protestos contra o governo de Nicolás Maduro – Direito de imagem REUTERS Os opositores do presidente exigem nova eleição presidencial e a libertação de presos políticos – Direito de imagem REUTERS Ao menos 177 pessoas ficaram feridas durante o ato promovido pela oposição em Caracas na quarta, segundo informaram as autoridades. Ainda que tenham sido emitidas advertências no dia anterior quanto à ilegalidade dos coquetéis “cocotov”, jovens com os rostos cobertos e capacetes usaram elásticos para lançar “bombas de cocô”, pedras e coquetéis molotov. “Estamos na rua e vamos ficar. Não sairemos até que isso acabe, até que Maduro deixe o governo”, disse Luis Orta, um empresário de 52 anos. O influente apresentador da TV estatal Mario Silva disse em sua conta no Twitter que o uso dos “cocotov” é um “ato de desespero, (…) de loucura”.