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O discurso do ódio que está envenenando o Brasil

O discurso do ódio que está envenenando o Brasil A caça às bruxas de grupos radicais contra artistas, professores, feministas e jornalistas se estende pelo país. Mas as pesquisas dizem que os brasileiros não são mais conservadores Artistas e feministas fomentam a pedofilia. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o bilionário norte-americano George Soros patrocinam o comunismo. As escolas públicas, a universidade e a maioria dos meios de comunicação estão dominados por uma “patrulha ideológica” de inspiração bolivariana. Até o nazismo foi invenção da esquerda. Bem-vindos ao Brasil, segunda década do século XXI, um país onde um candidato a presidente que faz com que Donald Trump até pareça moderado tem 20% das intenções de voto.   No Brasil de hoje mensagens assim martelam diariamente as redes sociais e mobilizam exaltados como os que tentaram agredir em São Paulo a filósofa feminista Judith Butler, ao grito de “queimem a bruxa”. Neste país sacudido pela corrupção e a crise política, que começa a sair da depressão econômica, é perfeitamente possível que a polícia se apresente em um museu para apreender uma obra. Ou que o curador de uma exposição espere a chegada da PF para conduzi-lo a depor forçado ante uma comissão parlamentar que investiga os maus-tratos à infância. “Isto era impensável até três anos atrás. Nem na ditadura aconteceu isto.” Depois de uma vida dedicada a organizar exposições artísticas, Gaudêncio Fidelis, de 53 anos, se viu estigmatizado quase como um delinquente. Seu crime foi organizar em Porto Alegre a exposição QueerMuseu, na qual artistas conhecidos apresentaram obras que convidavam à reflexão sobre o sexo. Nas redes sociais se organizou tal alvoroço durante dias, com o argumento de que era uma apologia à pedofilia e à zoofilia, que o patrocinador, o Banco Santander, ante a ameaça de um boicote de clientes, decidiu fechá-la. “Não conheço outro caso no mundo de uma exposição destas dimensões que tenha sido encerrada”, diz Fidelis. O calvário do curador da QueerMuseu não terminou com a suspensão da mostra. O senador Magno Malta (PR-ES), pastor evangélico conhecido por suas reações espalhafatosas e posições extremistas, decidiu convocá-lo para depor na CPI que investiga os abusos contra criança. Gaudêncio se recusou em um primeiro momento e entrou com um pedido de habeas corpus no STF que foi parcialmente deferido. Magno Malta emitiu então à Polícia Federal um mandado de condução coercitiva do curador. Gaudêncio se mostrou disposto a comparecer, embora entendesse que, mais que como testemunha, pretendiam levá-lo ao Senado como investigado. Ao mesmo tempo, entrou com um novo pedido de habeas corpus no Supremo para frear o mandado de conduçãocoercitiva. A solicitação foi indeferida na sexta-feira passada pelo ministro Alexandre de Moraes. Portanto, a qualquer momento Gaudêncio espera a chegada da PF para levá-lo à força para Brasília. “O senador Magno Malta recorre a expedientes típicos de terrorismo de Estado como meio de continuar criminalizando a produção artística e os artistas”, denuncia o curador. Ele também tem palavras muito duras para Alexandre de Moraes, até há alguns meses ministro da Justiça do Governo Michel Temer, por lhe negar o último pedido de habeas corpus: “A decisão do ministro consolida mais um ato autoritário de um estado de exceção que estamos vivendo e deve ser vista como um sinal de extrema gravidade”. Fidelis lembra que o próprio Ministério Público de Porto Alegre certificou que a exposição não continha nenhum elemento que incitasse à pedofilia e que até recomendou sua reabertura. Entre as pessoas chamadas à CPI do Senado também estão o diretor do Museu de Arte Moderna de São Paulo e o artista que protagonizou ali uma performance em que aparecia nu. Foi dias depois do fechamento do QueerMuseu e os grupos ultraconservadores voltaram a organizar um escândalo nas redes, difundindo as imagens de uma menina, que estava entre o público com sua mãe e que tocou no pé do artista. “Pedofilia”, bramaram de novo. O Ministério Público de São Paulo abriu um inquérito e o próprio prefeito da cidade, João Doria (PSDB), se uniu às vozes escandalizadas. Se não há nenhum fato da atualidade que justifique esse tipo de campanha, os guardiões da moral remontam a muitos anos atrás. Assim aconteceu com Caetano Veloso, de quem se desenterrou um velho episódio para recordar que havia começado um relacionamento com a que depois foi sua esposa, Paula Lavigne, quando ela ainda era menor de idade. “#CaetanoPedofilo” se tornou trending topic. Mas neste caso a Justiça amparou o músico baiano e ordenou que parassem com os ataques. A atividade de grupos radicais evangélicos e de sua poderosa bancada parlamentar (198 deputados e 4 senadores, segundo o registro do próprio Congresso) para desencadear esse tipo de campanha já vem de muito tempo. São provavelmente os mesmos que fizeram pichações recentes no Rio de Janeiro com o slogan “Bíblia sim, Constituição, não”. Mas o verdadeiramente novo é o aparecimento de um “conservadorismo laico”, como o define Pablo Ortellado, filósofo e professor de Gestão de Políticas Públicas da USP. Porque os principais instigadores da campanha contra o Queermuseu não tinham nada a ver com a religião. O protagonismo, como em muitos outros casos, foi assumido por aquele grupo na faixa dos 20 anos que há um ano, durante as maciças mobilizações para pedir a destituição da presidenta Dilma Rousseff, conseguiu deslumbrar boa parte do país. Com sua desenvoltura juvenil e seu ar pop, os rapazes do Movimento Brasil Livre(MBL) pareciam representar a cara de um país novo que rejeitava a corrupção e defendia o liberalismo econômico. Da noite para o dia se transformaram em figuras nacionais. Em pouco mais de um ano seu rosto mudou por completo. O que se apresentava como um movimento de regeneração democrática é agora um potente maquinário que explora sua habilidade nas redes para difundir campanhas contra artistas, hostilizar jornalistas e professores apontados como de extrema esquerda ou defender a venda de armas. No intervalo de poucos dias o MBL busca um alvo novo e o repisa sem parar. O mais recente é o jornalista Guga Chacra, da TV Globo, agora também  classificada de “extrema esquerda”. O repórter é vítima de uma campanha por se atrever a desqualificar -em termos muito parecidos aos empregados pela maioria dos meios de comunicação de todo o mundo-, 20.000 ultradireitistas poloneses que há alguns dias

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Massacre na Flórida, mídia e homofobia

A mídia homofóbica brasileira continua realçando que […]”o massacre na ‘boate gay’ na Florida”[…] Pergunto eu aos doutos: Caso o atentado houvesse ocorrido em uma boate hétero, a mídia nojenta realçaria nos noticiários que […]”o massacre na ‘boate hétero’ na Florida”[…]? Orlando possui a mais frouxa legislação para compra de armas nos USA, uma nação de quatro pés em reverência ao deus das armas. Não é exigido nenhum tipo de licença, registro, antecedentes criminais, identidade… Por lá é mais fácil comprar um fuzil AK45 do que uma aspirina em uma farmácia. Aí vêm as “otoridades”, todas de todos os matizes ideológicos, com o velho “trololó” cínico de que estão “horrorizados com essa barbárie”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] PS. Aliás – lá vou eu com minhas reflexões conspiratórias. No momento em que Mr. Obomba e Mrs. Hilária esgrimem o “blá-blá-blá” de controle de armas – acham que ninguém sabe o poder da NRA – um “atentado” desses, e cometido por homofóbico islâmico, cai bem no colo do Trump que defende o armamentismo e a expulsão de todos os islâmicos das terras do Tio Sam.  

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Massacre na Flórida: O que levou atirador investigado pelo FBI a ter porte de fuzil

Como Omar Mateen, autor do massacre de Orlando, conseguiu autorizações legais para comprar e portar armas mesmo tendo sido investigado duas vezes pelo FBI (polícia federal americana) e respondido a processo por violência doméstica? O ataque à Pulse foi um dos maiores massacres da história recente dos Estados Unidos – Image copyright AP Essa pergunta tem permeado os debates em torno do maior massacre a tiros da história recente dos Estados Unidos. Mateen, que foi morto em confronto com policiais, era descrito como violento, mas trabalhava em uma empresa de segurança. Era funcionário desde 2007 da multinacional G4S, que presta serviços em mais de 20 centros de detenção juvenil da Flórida.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Aos 29 anos, o filho de afegãos havia sido investigado pelo FBI pela primeira vez em 2013, quando comentou com colegas ter supostos vínculos com terroristas, segundo afirmou Ronald Hopper, agente especial da polícia federal americana. Massacre em Orlando: O que se sabe até agora Pai de atirador de Orlando critica filho, mas defende ‘justiça divina’ para gays “O FBI investigou o assunto com cuidado, fez entrevistas com testemunhas, o vigiou e revisou seu histórico criminal”, disse o Hopper. Mateen foi interrogado duas vezes. “No fim, não foi possível verificar a fundo seus comentários, e a investigação foi encerrada.” Nesta segunda-feira, o diretor do FBI, James Comey, relatou que ele havia feito afirmações “inflamadas e contraditórias” – dizendo inclusive ter conexões com a Al-Qaeda e o Hezbollah, dois grupos diametricamente opostos. À polícia, porém, o atirador argumentou que os comentários foram apenas uma reação a atos de discriminação por parte dos colegas. Após dez meses de apurações, o FBI encerrou o caso. A segunda investigação, um ano depois, começou porque Mateen frequentou a mesma mesquita que um homem-bomba. Na ocasião, uma pessoa ouvida pela polícia afirmou que chegou a temer que ele tivesse se radicalizado, mas que as preocupações haviam se dissipado porque o rapaz tinha se casado e tido um filho recentemente. O FBI acabou concluindo que o contato entre Mateen e Moner Mohammad Abusalha, um cidadão da Flórida que se juntou ao autoproclamado Estado Islâmico na Síria, tinha sido mínimo e não constituía ameaça. Embora estivesse no radar do FBI, Mateen não estava na lista oficial de pessoas suspeitas de ligação com o extremismo, e, por isso, era legalmente apto a obter licença para portar armas, de acordo com os registros da Flórida. Omar Mateen foi interrogado pelo FBI em 2013 e 2014 Após o ataque à boate Pulse, os agentes americanos agora investigam se ele realmente tinha laços com extremistas islâmicos – antes ou durante o atentado, ele ligou para o serviço de emergência jurando lealdade ao Estado Islâmico. Além das suspeitas do FBI, Mateen respondeu na Justiça por episódios de violência doméstica contra sua então mulher, Sitora Yusufiy, com quem esteve casado entre 2009 e 2011. Ela disse ter apanhado dele em diversas ocasiões. A brutal perseguição do Estado Islâmico aos gays Um ex-colega de trabalho, Daniel Gilroy, disse à imprensa americana que o atirador “falava em matar gente” e tinha comportamento intolerante. Gilroy disse ter se queixado à empresa em que trabalhavam – a G4S afirmou que os antecedentes de Mateen foram verificados antes de sua contratação, em 2007. A questão das armas Mesmo sendo alvo de investigações, Mateen tinha a licença D2723758, que autorizava a possuir armas. Ela expiraria apenas em 14 de setembro de 2017, segundo registros do Departamento de Agricultura e Serviços do Consumidor da Flórida – o Estado americano com a maior porcentagem de civis armados. Segundo a Gunpolicy, uma organização especializada política de armamentos, 51,2% das residências da Flórida têm ao menos uma arma de fogo. Só no ano passado, 885 mil armas foram vendidas para pessoas físicas, de acordo com dados do governo do Estado – 109 mil a mais que no ano anterior. O direito de portar armas é garantido nos Estados Unidos pela Segunda Emenda da Constituição, que vigora desde dezembro de 1791. A GunPolicy e outras organizações que estudam o tema estimam que haja 270 milhões de armas nas mãos de civis no país. A população americana é de cerca de 316 milhões de habitantes. O fuzil AR-15 foi usado em outros ataques nos Estados Unidos Image copyright GETTY IMAGES A Lei Nacional de Armas regula o comércio, o porte e o uso de armas na esfera federal, mas cada Estado tem legislações específicas sobre o tema. A GunPolicy classifica a legislação da Flórida como “permissiva” – ela foi aprovada em 1987 e revista em julho de 2012, quando a compra de armamento foi facilitada e os custos da burocracia para obter o porte de arma, reduzidos. A legislação determina que civis não podem possuir metralhadoras e armas automáticas fabricadas antes de 19 de maio de 1986. Mas eles podem adquirir armas semiautomáticas – como por exemplo revólveres, pistolas, fuzis e munições (inclusive de calibres pesados, como o 0.50). Não é preciso ter licença para praticar tiro ao alvo. Portar uma arma o tempo todo, porém, demanda uma autorização especial: para consegui-la, é necessário apresentar uma justificativa – como estar com a vida ameaçada ou trabalhar com transporte de dinheiro ou documentos importantes. Fuzil AR-15 Marteen tinha licença para ter um fuzil AR-15 por trabalhar na área de segurança. Além dessa arma, ele possuía uma pistola e “uma quantidade desconhecida de munição”, segundo afirmou o chefe de polícia John Mina logo após o ataque à boate Pulse. O AR-15 foi o mesmo fuzil utilizado para matar estudantes do colégio de Sandy Hook, em Connecticut, em 2012, espectadores que assistiam a um filme do Batman em um cinema do Colorado no mesmo ano e pessoas que estavam em um centro comunitário de San Bernardino, na Califórnia, em dezembro passado. A arma também é bastante popular entre traficantes de drogas que operam no México, segundo a Procuradoria-Geral do país. “Como alguém com esse histórico, depois de ter sido interrogado pelo FBI três vezes por possíveis vínculos terroristas e ser acusado de violência doméstica pela

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União civil de pessoas do mesmo sexo, rede Globo e preconceito

Rede Globo continua destilando preconceito, e claro, esgrimindo, com a habitual maestria, o hábil florete da desinformação. Um órgão formador de opinião, no meu entender, essencialmente em noticiários, deve usar a linguagem mais culta. Não existe na nomenclatura jurídica “casamento gay”, mas sim união civil de pessoas do mesmo sexo. Deve haver uma audiência tão preconceituosa quanto. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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O pregador neo nazista.

Pelo que leio na mídia tradicional e nas redes sociais , o homofóbico pregador da intolerância alcança o objetivo: divulgação para ele e suas sandices nazistas. Filinto Miller não faria melhor.

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STF reconhece relação homoafetiva de funcionários

Funcionários do Supremo Tribunal Federal (STF) que mantêm relacionamento homoafetivo já podem requerer o reconhecimento da união estável. Uma instrução normativa baixada em agosto pela Corte considera como entidade familiar casais heterossexuais e homossexuais. Ao solicitar benefícios, o servidor deve comprovar que tem uma convivência pública, contínua e duradoura. Para tanto, precisa apresentar uma declaração, os documentos do companheiro e pelo menos três provas do relacionamento, que podem ser a declaração conjunta de Imposto de Renda (IR), a comprovação de residência em comum por período igual ou superior a três anos e a prova da existência de uma conta bancária conjunta. Saiba mais Juiz usa versos de Fernando Pessoa para autorizar 1º casamento gay em Pernambuco “É um marco para a minha geração”, diz noivo de primeiro casamento civil gay do Rio Ministro do STF cassa decisão que negou pensão por morte a parceiro homoafetivo [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Entre os direitos garantidos está a pensão vitalícia em caso de morte do servidor do STF. Mas esse benefício somente será concedido ao companheiro do funcionário falecido se houver uma expressa manifestação de vontade nesse sentido. A instrução normativa foi baseada na Constituição, em leis e num julgamento ocorrido em maio no qual o plenário do STF reconheceu a união estável para casais do mesmo sexo. A decisão foi tomada durante a votação de ações movidas pela Procuradoria Geral da República e pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. UOL/Ag. Estado

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Jair Bolsonaro: deputado homofóbico absolvido no Conselho de Ética da Câmara Federal

Acatando o Direito Constitucional da livre manifestação de pensamento, o Conselho de Ética da Câmara Federal absolveu o Deputado Jair Bolsonaro, e decidiu pelo arquivamento da representação apresentada pelo PSOL contra o parlamentar. Bolsonaro havia sido acusado pelo partido de fazer declarações de cunho preconceituoso contra negros e homossexuais. O Deputado Sérgio Brito (PSC-BA), argumentou que a representação deveria ter sido mantida. Já o Deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), defendeu a tese de que Bolsonaro tem o direito de se manifestar e se expressar. “As prerrogativas constitucionais são as garantias para funcionamento do legislativo. A inviolabilidade do mandato assegura a democracia”, disse. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Homossexualidade: Bispo monta blog para combater gays

Sem ligar para a decisão homoafetiva do Supremo, o bispo de Guarulhos montou um blog na internet para lutar contra os gays. “A ditadura gay não vai poupar ninguém, nem mesmo nossos filhos”, adverte o bispo Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, da diocese de Guarulhos, que montou um blog na internet para lutar contra o movimento gay. Num dos artigos, por exemplo, o bispo explica os “riscos” que as famílias correm com o “kit gay”, que seria distribuído em escolas pelo ministério da Educação. O blog do religioso (www.domluizbergonzini.com.br) foi criado em 2010, quando ele resolveu intervir para valer na campanha presidencial, na esperança de evitar a vitória de Dilma Rousseff.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Aos 75 anos, ferrenho adversário do PT, que ele chama de “partido da morte”, Dom Luiz atua em três frentes: no púlpito da diocese; no blog, que considera “um instrumento da voz do Reino de Deus”; e nas páginas do jornal “Folha Diocesana”, do qual é fundador e diretor-responsável, na condição de jornalista profissional, com registro conquistado por atuar na função desde os tempos de padre, quando a profissão ainda não era regulamentada. Misturando fé e política, o bispo é declaradamente homofóbico e costuma alertar que “uma conspiração da Unesco transformará metade do mundo em homossexuais”. Sobre o chamado kit-gay que o ministro Haddad tentou distribuir e não conseguiu, diz Dom Luiz: “Se [o kit] não é assédio, aliciamento e molestamento sexual pró-sodomia, então o que é?”, indaga o bispo católico, que não tem problemas em se unir aos pastores evangélicos nessa luta contra os gays, sem se importar também com a recente decisão homoafetiva do Supremo Tribunal Federal. Se quer lutar contra os gays, na própria Igreja Católica não faltam adeptos dessa opção sexual, conforme é público e notório. Melhor faria se lutasse contra o celibato. Para arrefecer o radicalismo do bispo, agora circula na internet uma petição contra ele, a ser encaminhada ao Vaticano. Carlos Newton/Tribuna da Imprensa

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Blogs; a falsa blogueira Síria e o armário virtual

Lésbicos do armário virtual A garantia do anonimato é uma proteção contra ditaduras e um recurso fundamental para a imprensa denunciar corrupção e crimes em democracias. O caso bizarro da falsa blogueira lésbica síria, que por sua vez contou com ajuda de uma falsa lésbica americana do site GLS LezGet Real, não vai ser lembrado apenas por ter colocado em risco vidas não virtuais. Deve provocar reflexão sobre a credulidade no mundo online e sobre a política de identidade. Há cinco meses, o americano Tom MacMaster, casado, 40 anos, estudante de pós-graduação da Universidade de Edimburgo, na Escócia, se identificou como Amina Abdullah Arraf e decidiu criar o blog Gay Girl in Damascus (Menina Gay em Damasco). Paula Brooks, responsável pela edição do LezGetReal, ajudou a colocar o blog no ar. A personagem inventada por MacMaster era irresistível para a imaginação ocidental. Uma sírio-americana vivendo sob a opressão de um regime assassino e se arriscando para encorajar gays do mundo árabe a sair do armário. No dia 6 de junho, um post supostamente assinado por um primo de Amina afirmava que ela tinha sido capturada por membros do Partido Baath, do presidente sírio, Bashar Assad. A mídia tradicional denunciou o sequestro de Amina e o site Libertem Amina Abdallah atraiu 14 mil seguidores no Facebook. Mas Paula Brooks ficou desconfiada e, ao investigar a origem do servidor do blog chegou a Tom MacMaster, na Escócia. Ele confessou ser um romancista fracassado e justificou a fraude como exercício de imaginação literária inspirado pela rejeição de sua ficção. No dia seguinte, foi a vez de Paula Brooks sair do armário virtual como Bill Graber, um veterano militar do Estado de Ohio, casado e com 58 anos. Paula Brooks é o nome da mulher de Graber, que não tinha a menor ideia das atividades paralelas do marido. Comparado ao pilantra MacMaster, Graber não passa de um ladrão de galinha. MacMaster não só instigou sírios a se arriscar procurando Amina. Ele roubou a foto de uma mulher real que identificou como Amina e forjou uma relação romântica online com uma franco-canadense, numa troca de mais de mil emails. Bill Graber diz que editava o LezGetReal sob pseudônimo porque havia testemunhado as agruras vividas por um casal de amigas lésbicas. E estava convencido de que jamais teria credibilidade como um ex-militar heterossexual, de um Estado conservador, escrevendo sobre a vida gay. Ele está certo, embora não se absolva da desonestidade. Na Europa e nos Estados Unidos, a correção política multicultural tende a conferir legitimidade gratuita a narrativas pessoais de opressão. Num momento em que 20 milhões de pessoas estão registradas para criar avatares no mundo virtual do Second Life, a identidade, para muitos, deixou de ser um substantivo singular. Chego a pensar se o deputado Anthony Weiner, que caiu em desgraça e renunciou por tuitar fotos de seu pênis para um punhado de mulheres, não começa a parecer um exemplo de coragem para a era digital. Afinal ele não fotografou o órgão alheio. Há um aspecto curioso da indignação da comunidade gay com Bill Graber. Alguns comentários levam a crer que a mentira foi mais nociva porque ele falsificou a identidade de uma lésbica. Se ele fosse uma lésbica se apresentando como outra, quem sabe, estaria perdoado porque sua condição de minoria ainda seria legítima. Há pouco mais de 400 anos, William Shakespeare criou charadas sexuais deliciosas. Viola, de Noite de Reis, se apresenta como homem (seu irmão Cesário) para o amado duque Orsino e desperta a paixão da Lady Olívia. Tudo acaba bem na quadrilha da troca de papeis. O poder da narrativa de ficção nos joga nos braços dos personagens. A outra possível lição do Aminagate é a importância de não se encarar a blogosfera e a mídia social com lentes de Polyanna. Evgeny Morozov, um acadêmico visitante da Universidade Stanford, alerta para a falácia da utopia cibernética, em The Net Delusion: The Dark Side of Internet Freedom (A Ilusão da Net: O Lado Negro da Liberdade na Internet). Ele aponta uma falta de senso crítico na mídia tradicional, que vê nos blogueiros e internautas de sociedades autoritárias militantes do bem. Morozov mostra que a Internet é usada com enorme eficácia como arma de repressão por governos como o iraniano e o chinês. Não há escassez de extremistas online que dispensam apoio oficial. Hoje, as palavras “realidade” e “virtual” andam de braços dados. Até o momento em que o soldado sírio de carne e osso derruba sua porta de madeira, na madrugada. Lúcia Guimarães/O Estado de S.Paulo

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Igreja evangélica fundada por mulheres homossexuais

Igreja evangélica fundada por mulheres homossexuais no centro de São Paulo quer acolher ” escorraçados pela intolerância” Pastora Rosania Rocha (à esq.) e a missionária Lanna Holder Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress Lanna Holder, a ex-lésbica, ex-drogada e ex-alcoólotra pregadora evangélica, era a prova cabal do poder curador de Deus na vida dos que nele creem. Pois foi só se converter ao evangelho, e Lanna, então com 20 anos, deixou para trás um pelotão de namoradas suspirantes e as noitadas movidas a cocaína e hectolitros de álcool, consumidos diariamente. “Centenas de ministérios disputavam “a tapas” a presença da carismática Lanna em seus púlpitos. Em pouco tempo, ela se transformou em uma espécie de “avatar da sorte” para quem quisesse manter sua congregação lotada”, escreve um pastor, a respeito da hoje desafeta. Lanna subia ao altar e contava com voz de contralto como o milagre ocorrera em sua vida “dissoluta”. A apoteose era quando apresentava o maridão emocionado e o filho. O templo vinha abaixo. Dezesseis anos depois da conversão, a campeã da fé, agora com 36 anos, acaba de abrir uma nova igreja evangélica em São Paulo, a Comunidade Cidade de Refúgio, no centro de São Paulo. Surpresa: em vez dos testemunhos de como se curou da “praga gay”, Lanna Holder rendeu-se à homossexualidade. Ela tem até uma companheira na empreitada, a pastora e cantora gospel Rosania Rocha, 38. As duas estão juntas há cinco anos, desde que largaram os maridos e oficializaram seus divórcios. No tempo em que era o troféu da fé, Lanna lidou com o que hoje chama de “culpa extrema”. “Eu pregava o que desejava que acontecesse comigo”, diz. Para evitar reincidir, mortificou a carne com jejuns e subidas e descidas de montes, em uma espécie de cooper -para cansar mesmo. Participou de “campanhas de libertação” todas as quartas-feiras, incluindo rituais de quebra de maldição e cura interior. Por fim, submeteu-se a sessões de “regressão ao útero materno”, nos moldes preconizados no início do século 20 pelo terapeuta Otto Rank (1884-1939). “Não deu certo”, ela diz. Chamada para pregar em Boston, nos EUA, bastou encontrar os olhos claros da mineira Rosania para todo o “trabalho” naufragar. Rosania também se apaixonou. Elas pediram ajuda aos pastores, oraram muito para evitar. Ficaram quase um ano sem se ver. Mas não deu. Depois de um acidente de carro que lhe deslocou da bacia o fêmur direito, esmagou-lhe o pulmão, causou trauma cardíaco, fratura em quatro costelas e dilaceração do fígado -hoje, uma grossa cicatriz de 0,6 metro de comprimento cruza todo o tronco de Lanna-, as duas resolveram, enfim, viver juntas. Sobre os pastores que as acusam de criarem um lugar de culto a Satanás, uma filial de Sodoma e Gomorra, as duas líderes religiosas dizem apenas: “A nossa igreja é de Cristo, não é de lésbicas ou gays. Mas queremos deixar claro que somos um refúgio, acolhemos todos os machucados e feridos, todos os que foram escorraçados pela intolerância”. No primeiro dia, a nova igreja juntou 300 pessoas. Laura Capriglione/Folha de S. Paulo

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