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Carlos Pena Filho – Versos na tarde – 07/03/2016

Testamento de um Homem Sensato Carlos pena Filho¹ Quando eu morrer, não faças disparates nem fiques a pensar: “Ele era assim…” Mas senta-te num banco de jardim, calmamente comendo chocolates. Aceita o que te deixo, o quase nada destas palavras que te digo aqui: Foi mais que longa a vida que eu vivi, para ser em lembranças prolongada. Porém, se um dia, só, na tarde em queda, surgir uma lembrança desgarrada, ave que nasce e em vôo se arremeda, deixa-a pousar em teu silêncio, leve como se apenas fosse imaginada, como uma luz, mais que distante, breve. ¹ Carlos Souto Pena Filho * Recife, PE – 1929 d.C + Recife, PE – 1960 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Carlos Pena Filho – Versos na tarde – 16/07/2013

Poema Carlos Pena Filho ¹ Senhora de muito espanto, vestindo coisas longínquas e alguns farrapos de sono, eu vim para te dizer que inutilmente contemplo na planície de teus olhos o incêndio do meu orgulho. Senhora de muito espanto, sentada além do crepúsculo e perfeitamente alheia a realejos e manhãs. Eu vim para te mostrar que se inaugurou um abismo vertical e indefinido que vai do meu lábio arguto ao chumbo do teu vestido. Senhora de muito espanto e alguns farrapos de sono, onde o céu é coisa gasta que ao meu gesto se confunde. Um dia perdi teu corpo nas cores do mapa-múndi. ¹ Carlos Souto Pena Filho * Recife, PE – 1929 d.C + Recife, PE – 1960 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Carlos Pena Filho – Versos na tarde – 16/12/2012

Soneto oco Carlos Pena Filho ¹ Neste papel levanta-se um soneto, de lembranças antigas sustentado, pássaro de museu, bicho empalhado, madeira apodrecida de coreto. De tempo e tempo e tempo alimentado, sendo em fraco metal, agora é preto. E talvez seja apenas um soneto de si mesmo nascido e organizado. Mas ninguém o verá? Ninguém. Nem eu, pois não sei como foi arquitetado e nem me lembro quando apareceu. Lembranças são lembranças, mesmo pobres, olha pois este jogo de exilado e vê se entre as lembranças te descobres. ¹ Carlos Souza Pena Filho *Recife,PE – 1929 d.C. + Recife,PE – 1960 [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Versos na tarde – Carlos Pena Filho

Soneto do Desmantelo Azul Carlos Souza Pena Filho¹ Então pintei de azul os meus sapatos por não poder de azul pintar as ruas, Depois, vesti meus gestos insensatos e colori as minhas mãos e as tuas Para extinguir de nós o azul ausente e aprisionar o azul nas coisas gratas Enfim, nós derramamos simplesmente azul sobre os vestidos e as gravatas E afogados em nós, nem nos lembramos que no excesso que havia em nosso espaço pudesse haver de azul também cansaço E perdidos no azul nos contemplamos e vimos que entre nós nascia um sul vertiginosamente azul: azul ¹Carlos Souza Pena Filho * Recife,PE – 1929 d.C + Recife,PE – 1960 d.C

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Carlos Pena Filho – Versos na tarde

Poema Carlos Pena Filho ¹ Senhora de muito espanto, vestindo coisas longínquas e alguns farrapos de sono, eu vim para te dizer que inutilmente contemplo na planície de teus olhos o incêndio do meu orgulho. Senhora de muito espanto, sentada além do crepúsculo e perfeitamente alheia a realejos e manhãs. Eu vim para te mostrar que se inaugurou um abismo vertical e indefinido que vai do meu lábio arguto ao chumbo do teu vestido. Senhora de muito espanto e alguns farrapos de sono, onde o céu é coisa gasta que ao meu gesto se confunde. Um dia perdi teu corpo nas cores do mapa-múndi. ¹ Carlos Souto Pena Filho * Recife, PE. – 1929 d.C + Recife, PE. – 1960 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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