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Bárbara Lia – Poesia – 19/10/23

Boa noite Violetas brancas Bárbara Lia ¹ Sigo teus passos, feito asteca, sonhando a terra eterna e rica — tua pele. Pele de diários, onde leio a lua. A maré suave que me enlaça nua, écharpe de brisa e aurora, corais gris. Adeus soledade de pedra. Paloma triste em vôo riste, ao longe. O deus-do-sol-do-meio-dia, colibri azul da era atômica, é um sopro de luz e sons. Sonhos delineados na tela fria. O mundo sangra e transforma a garça em íbis rubro. Leio um salmo antigo, acordo em manhãs violetas. Tenho por companhia um pequeno vaso de violetas brancas. ¹ Bárbara Lia * Assai, PR

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Bárbara Lia – Poesia – 18/09/23

Boa noite Flor escandalosa Bárbara Lia ¹ Meu pai sonhava o deserto E viveu ao lado do amor Rimbaud sonhava as areias Também reinventar o amor Rimbaud viveu no deserto Meu pai morreu de amor Meu pai surfava o mar de estrelas Com um teodolito da cor da destemperança – verde oliva que tende ao amarelo – Quando eu dormia ele soprava Sementes de poesia Por cima das minhas cobertas Rimbaud passava noites inteiras Regando com um regador de nuvens Minha alma de fogo e a semente Nasceu esta flor escandalosa Misto de estrela e rosa Da cor dos olhos do amor E do deserto sonhado Por meu pai e Rimbaud Meu pai viveu em poesia Nunca escreveu um verso Rimbaud desistiu bem cedo Meu pai sabia; sabia Rimbaud O vento que atravessa a cortina Traz a voz de ambos, mixada: Ilumine o verbo! Incendeie a alma! Faça de corações desertos Cactos em flor Sangue em ebulição ¹ Bárbara Lia * Assai, PR.

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Bárbara Lia – Poesia – 16/06/23

Mar/absinto Bárbara Lia Nossos olhos de dezoito anos acomodaram o mar Sobrou a maré em torno um sussurro de conchas a nos acordar nas noites brancas Nossos olhos de dezoito anos beberem do mar/absinto como ao vinho santo. Nossos olhos embriagados. Nossos olhos negros e azulados. Uma sereia recolhendo a rede os corações de dois poetas ali enredados Nossos olhos de dezoito anos. Nossas almas milenares. Nossos amores fracos à soleira da incerteza. Tanta beleza em ti, Rimbaud! Tanta ausência em mim! E nas marquises bêbados ainda caminham buscando o sol que você guardou prá mim.

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Bárbara Lia – Poesia – 18/02/24

Boa noite Azul Noturno Bárbara Lia ¹ O anjo louco do casario deserto. Era invisível feito música. De noite subia na árvore. De dia descia ao poço. A voz – imã de luz. O perfume – avenca suave. A sombra – azul noturno. O olhar de mar – salgado. Anjo sem céu. Anjo da terra. Enlouquecido de som e luz. ¹ Bárbara Lia * Assai, PR. [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Bárbara Lia é professora de História e escritora. Nasceu em Assai, norte do Paraná, e vive em Curitiba-PR, com os filhos Paula, Tahiana e Thomas. Publicou poemas no jornal Rascunho, Garatuja, Mulheres Emergentes, Revista Etcetera, Revista Coyote, Ontem choveu no futuro. Na Internet, tem textos publicados na Zunái, Cronópios, Blocosonline, Editora Ala de Cuervo, entre outros. Finalista do Prêmio Sesc de Literatura 2004, com o romance Cereja & Blues e, em 2005, com o romance Solidão Calcinada. Em 1997, recebeu menção honrosa no Projeto Orpheu da UBE-RJ (crônica). Finalista dos concursos de poesia Leminski (2000) e Pinheiro do Paraná (2002). Publicou os livros de poesia O sorriso de Leonardo (Curitiba: Kafka Edições Baratas, 2004); Noir (Curitiba: Ed. independente, 2006) e O sal das rosas (São Paulo, Lumme Editor, 2007). Publicou os livros de poesia O sorriso de Leonardo (Curitiba: Kafka Edições Baratas, 2004); Noir (Curitiba: Ed. independente, 2006) e O sal das rosas (São Paulo, Lumme Editor, 2007). Fonte Germina.

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Bárbara Lia – Versos na tarde – 30/05/2015

Mãos de abrir nuvens Bárbara Lia ¹ Ter mãos de abrir nuvens Romper o velcro de baunilha E espiar Dentro a catedral Dos sonhos Um rito de encanto Crianças e lagos E mapas emaranhados A Sexta Avenida deságua no Eufrates E as barcas cruzam De Bagdad ao Mojave As mãos se enlaçam Negras brancas Amarelas azuis. Ter mãos de abrir nuvens Descobrir a alma de neve E perfumes Que se fazem Pássaros Camelos Bailarinas. Quem possui mãos de abrir nuvens? Quem rega pedras E pesca pássaros Em tempestades E ancora no alto Da montanha mais alta Suas caravelas. Quiçá Penélope, Sem manto, grilhões, espera. A abrir nuvens Além da torre de concreto Em pleno azul Entre a brancura espumada. Mãos de mulher livre A abrir o velcro Da humanidade encantada. ¹ Bárbara Lia * Assai, PR. Bárbara Lia é professora de História e escritora. Nasceu em Assai, norte do Paraná, e vive em Curitiba-PR, com os filhos Paula, Tahiana e Thomas. Publicou poemas no jornal Rascunho, Garatuja, Mulheres Emergentes, Revista Etcetera, Revista Coyote, Ontem choveu no futuro. Na Internet, tem textos publicados na Zunái, Cronópios, Blocosonline, Editora Ala de Cuervo, entre outros. Finalista do Prêmio Sesc de Literatura 2004, com o romance Cereja & Blues e, em 2005, com o romance Solidão Calcinada. Em 1997, recebeu menção honrosa no Projeto Orpheu da UBE-RJ (crônica). Finalista dos concursos de poesia Leminski (2000) e Pinheiro do Paraná (2002). Publicou os livros de poesia O sorriso de Leonardo (Curitiba: Kafka Edições Baratas, 2004); Noir (Curitiba: Ed. independente, 2006) e O sal das rosas (São Paulo, Lumme Editor, 2007). Publicou os livros de poesia O sorriso de Leonardo (Curitiba: Kafka Edições Baratas, 2004); Noir (Curitiba: Ed. independente, 2006) e O sal das rosas (São Paulo, Lumme Editor, 2007). Fonte Germina.

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Barbara Lia – Versos na tarde – 31/01/2015

Dans l’air Barbara Lia ¹ Tínhamos a mesma idade Quando vimos o mar Este mistério de impaciência Tínhamos a mesma impaciência – Rimbaud e eu – Por isto Pisamos telhados Ao invés do chão Por isto Machucamos nossos amores Com nossas próprias mãos Por isto As velas acabam na madrugada Antes que o poema acabe – Por isto, tão pouca a vida para tanta voracidade. ¹ Bárbara Lia * Assai, PR. Bárbara Lia é poeta e escritora. Vive em Curitiba. Livros publicados: O sorriso de Leonardo (Kafka ed. – 2.004), Noir (ed. do autor – 2.006), O sal das rosas (Lumme editor – 2.007), A última chuva (ME – ed. alternativas – MG – 2.007). No prelo, lançamento para agosto, o romance Solidão Calcinada (Secretaria da Cultura / Imprensa Oficial do Paraná, romance finalista do Prêmio Nacional do Sesc 2.005. [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Bárbara Lia – Versos na tarde – 04/02/2014

Azul Noturno Bárbara Lia¹ O anjo louco do casario deserto. Era invisível feito música. De noite subia na árvore. De dia descia ao poço. A voz – imã de luz. O perfume – avenca suave. A sombra – azul noturno. O olhar de mar – salgado. Anjo sem céu. Anjo da terra. Enlouquecido de som e luz. ¹Bárbara Lia * Assai, PR. – 24 de agosto ? [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Bárbara Lia – Versos na tarde

Violetas brancas Bárbara Lia *   Sigo teus passos, feito asteca, sonhando a terra eterna e rica — tua pele. Pele de diários, onde leio a lua. A maré suave que me enlaça nua,   écharpe de brisa e aurora, corais gris. Adeus soledade de pedra. Paloma triste em vôo riste, ao longe. O deus-do-sol-do-meio-dia, colibri azul   da era atômica, é um sopro de luz e sons. Sonhos delineados na tela fria. O mundo sangra e transforma a garça   em íbis rubro. Leio um salmo antigo, acordo em manhãs violetas. Tenho por companhia um pequeno vaso de violetas brancas. * Bárbara Lia Assai, PR. Bárbara Lia é professora de História e escritora. Nasceu em Assai, norte do Paraná, e vive em Curitiba-PR, com os filhos Paula, Tahiana e Thomas. Publicou poemas no jornal Rascunho, Garatuja, Mulheres Emergentes, Revista Etcetera, Revista Coyote, Ontem choveu no futuro. Na Internet, tem textos publicados na Zunái, Cronópios, Blocosonline, Editora Ala de Cuervo, entre outros. Finalista do Prêmio Sesc de Literatura 2004, com o romance Cereja & Blues e, em 2005, com o romance Solidão Calcinada. Em 1997, recebeu menção honrosa no Projeto Orpheu da UBE-RJ (crônica). Finalista dos concursos de poesia Leminski (2000) e Pinheiro do Paraná (2002). Publicou os livros de poesia O sorriso de Leonardo (Curitiba: Kafka Edições Baratas, 2004); Noir (Curitiba: Ed. independente, 2006) e O sal das rosas (São Paulo, Lumme Editor, 2007). Publicou os livros de poesia O sorriso de Leonardo (Curitiba: Kafka Edições Baratas, 2004); Noir (Curitiba: Ed. independente, 2006) e O sal das rosas (São Paulo, Lumme Editor, 2007). Fonte Germina.  

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