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Amadeu Thiago de Mello – Poesia – 20/04/24

Boa noite A terceira asa Thiago de Mello¹ Trago uma esperança nova. Tão nova como a primeira luz que marca o amanhecer da vida de cada homem. Trago a sabedoria das cores que dançam no ar, mas que se reúnem, cada qual no seu lugar, quando é preciso fazer um arco-íris. Trago a lição interminável que dois amantes ensinam quando se abraçam cantando para a invenção do milagre. Trago o milagre da vida que lateja neste instante no coração de uma criança que acaba de nascer. Chego no rastro de um pássaro que atravessa a luz atlântica com sua terceira asa feita de canto e poesia, que no tempo inventa o rumo estrelado da utopia. ¹ Amadeu Thiago de Mello * Barreirinha, AM – 30 Maio 1926

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Thiago de Melo – Poesia – 16/12/23

Boa noite A fruta aberta Thiago de Melo ¹ Agora sei quem sou. Sou pouco, mas sei muito, porque sei o poder imenso que morava comigo, mas adormecido como um peixe grande no fundo escuro e silencioso do rio e que hoje é como uma árvore plantada bem alta no meio da minha vida. Agora sei as coisas como são. Sei porque a água escorre meiga e porque acalanto é o seu ruído na noite estrelada que se deita no chão da nova casa. Agora sei as coisas poderosas que valem dentro de um homem. Aprendi contigo, amada. Aprendi com a tua beleza, com a macia beleza de tuas mãos, teus longos dedos de pétalas de prata, a ternura oceânica do teu olhar, verde de todas as cores e sem nenhum horizonte; com a tua pele fresca e enluarada, a tua infância permanente, tua sabedoria fabulária brilhando distraída no teu rosto. Grandes coisas simples aprendi contigo, com o teu parentesco com os mitos mais terrestres, com as espigas douradas no vento, com as chuvas de verão e com as linhas da minha mão. Contigo aprendi que o amor reparte mas sobretudo acrescenta, e a cada instante mais aprendo com o teu jeito de andar pela cidade como se caminhasses de mãos dadas com o ar, com o teu gosto de erva molhada, com a luz dos teus dentes, tuas delicadezas secretas, a alegria do teu amor maravilhado, e com a tua voz radiosa que sai da tua boca inesperada como um arco-íris partindo ao meio e unindo os extremos da vida, e mostrando a verdade como uma fruta aberta.

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Thiago de Melo – Versos na tarde – 17/07/2016

Aprendiz do Espanto Thiago de Mello¹ Não deflorei ninguém. A primeira mulher que eu vi desnuda (ela era adulta de alma e de cabelos) foi a primeira a me mostrar os astros, mas não fui o primeiro a quem mostrou. Eu vi o resplendor de suas nádegas de costas para mim, era morena, mas quando se virou ficou dourada. Sorriu porque os seus peitos me assombraram o olhar de adolescente desafeito à glória da beleza corporal. Era manhã na mata, mas estrelas nasciam dos seus braços e subiam pelo pescoço, eu lembro, era o pescoço que me ensinava a soletrar segredos guardados na clavícula. Pedia já estirada de bruços me chamando, que eu passeasse meus lábios pelas pétalas orvalhadas da nuca, eram lilazes, com as gemas de leve eu alisasse as espáduas de espumas e esmeraldas, queria a minha mão lhe percorrendo, mas indo e vindo, o vale da coluna, cuidadosa de mim, trés doucement. Ela me inaugurou o contentamento inefável de dar felicidade. Tanto conhecimento só podia ser de nascença, hoje eu calculo. Não era um saber de experiências feito, mas quanta ciência para transmiti-lo. Ela era de outras águas, a fontana de trinta anos, que veio lá do Sena com a sina de me dar a beber na aurora dos seus olhos, nos seus peitos, na boca musical, no mar do ventre, no riso de açucena, na voz densa, nas sobrancelhas e no vão das pernas – o mel antigo da sabedoria de que a libido cresce quando atende, de que a tesão se acende na ternura, que as ante-salas se prolonguem vastas até estar pronto para entrar no céu. ¹Amadeu Thiago de Mello * Barreirinha, AM – 30 de março de 1926 d.C

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Thiago de Mello – Versos na tarde – 05/08/2015

A terceira asa Thiago de Mello¹ Trago uma esperança nova. Tão nova como a primeira luz que marca o amanhecer da vida de cada homem. Trago a sabedoria das cores que dançam no ar, mas que se reúnem, cada qual no seu lugar, quando é preciso fazer um arco-íris. Trago a lição interminável que dois amantes ensinam quando se abraçam cantando para a invenção do milagre. Trago o milagre da vida que lateja neste instante no coração de uma criança que acaba de nascer. Chego no rastro de um pássaro que atravessa a luz atlântica com sua terceira asa feita de canto e poesia, que no tempo inventa o rumo estrelado da utopia. ¹ Amadeu Thiago de Mello * Barreirinha, AM – 30 Maio 1926 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Thiago de Mello – Versos na tarde – 08/05/2015

A terceira asa Thiago de Mello ¹ Trago uma esperança nova. Tão nova como a primeira luz que marca o amanhecer da vida de cada homem. Trago a sabedoria das cores que dançam no ar, mas que se reúnem, cada qual no seu lugar, quando é preciso fazer um arco-íris. Trago a lição interminável que dois amantes ensinam quando se abraçam cantando para a invenção do milagre. Trago o milagre da vida que lateja neste instante no coração de uma criança que acaba de nascer. Chego no rastro de um pássaro que atravessa a luz atlântica com sua terceira asa feita de canto e poesia, que no tempo inventa o rumo estrelado da utopia. ¹Amadeu Thiago de Mello * Barreirinha, AM – 30 Maio 1926 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Thiago de Mello – Versos na tarde – 08/03/2015

O alfange do tempo Thiago de Mello ¹ O tempo é o grande milagre da vida do homem no mundo. Não tem começo nem fim. Mas está vivo, animal respirando imenso em tudo que a gente quer, sonha e faz. O tempo que já passou te conta como vai ser o tempo que vai chegar. Tudo leva a sua marca, de pétala ou de ferrão. Tudo traz o seu condão: a criança correndo; o rio passando, a rosa se abrindo, a lágrima da alegria, o silêncio da amargura, a luz-mansa da ternura, o sol negro da pobreza. O tempo é o nada que é nada. O tempo é o tudo que é tudo, o tudo que vira nada, o nada virando amor, o amor inventando estrelas, a mais linda se apagou na fronte da moça amada. O tempo está no teu peito clamando nas coronárias, mas se esconde nas funduras dos neurônios quando sonhas. Está no fogo e no orvalho, fermenta o pão que não chega, arde o forno da esperança. Alma do tempo é a mudança que come o que vai mudando e depois dorme sonhando disfarçado de memória. Nada perdura na vida, a não ser o próprio tempo, finge que passa, mas fica. Imutável, modifica. O tempo é o sol do milagre. Cuidado, ele está chegando na claridão da manhã. A noite inteira ficou no seu passo, te esperando, de espreita em teu próprio sono. Vem vindo para comer na palma da tua mão. Trata bem dele, aproveita, enquanto há tempo, o que o tempo permite ao teu coração. Quem sabe ele vem trazendo um alfange? Ninguém sabe. Pode ser uma canção. ¹ Amadeu Thiago de Mello * Barreirinha, AM – 30 Maio 1926 [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Thiago de Melo – Versos na tarde – 21/09/2014

A fruta aberta Thiago de Melo ¹ Agora sei quem sou. Sou pouco, mas sei muito, porque sei o poder imenso que morava comigo, mas adormecido como um peixe grande no fundo escuro e silencioso do rio e que hoje é como uma árvore plantada bem alta no meio da minha vida. Agora sei as coisas como são. Sei porque a água escorre meiga e porque acalanto é o seu ruído na noite estrelada que se deita no chão da nova casa. Agora sei as coisas poderosas que valem dentro de um homem. Aprendi contigo, amada. Aprendi com a tua beleza, com a macia beleza de tuas mãos, teus longos dedos de pétalas de prata, a ternura oceânica do teu olhar, verde de todas as cores e sem nenhum horizonte; com a tua pele fresca e enluarada, a tua infância permanente, tua sabedoria fabulária brilhando distraída no teu rosto. Grandes coisas simples aprendi contigo, com o teu parentesco com os mitos mais terrestres, com as espigas douradas no vento, com as chuvas de verão e com as linhas da minha mão. Contigo aprendi que o amor reparte mas sobretudo acrescenta, e a cada instante mais aprendo com o teu jeito de andar pela cidade como se caminhasses de mãos dadas com o ar, com o teu gosto de erva molhada, com a luz dos teus dentes, tuas delicadezas secretas, a alegria do teu amor maravilhado, e com a tua voz radiosa que sai da tua boca inesperada como um arco-íris partindo ao meio e unindo os extremos da vida, e mostrando a verdade como uma fruta aberta. ¹ Amadeu Thiago de Mello * Barreirinha, AM – 30 Maio 1926 [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Thiago de Mello – Versos na tarde – 05/08/2014

O alfange do tempo Thiago de Mello ¹ O tempo é o grande milagre da vida do homem no mundo. Não tem começo nem fim. Mas está vivo, animal respirando imenso em tudo que a gente quer, sonha e faz. O tempo que já passou te conta como vai ser o tempo que vai chegar. Tudo leva a sua marca, de pétala ou de ferrão. Tudo traz o seu condão: a criança correndo; o rio passando, a rosa se abrindo, a lágrima da alegria, o silêncio da amargura, a luz-mansa da ternura, o sol negro da pobreza. O tempo é o nada que é nada. O tempo é o tudo que é tudo, o tudo que vira nada, o nada virando amor, o amor inventando estrelas, a mais linda se apagou na fronte da moça amada. O tempo está no teu peito clamando nas coronárias, mas se esconde nas funduras dos neurônios quando sonhas. Está no fogo e no orvalho, fermenta o pão que não chega, arde o forno da esperança. Alma do tempo é a mudança que come o que vai mudando e depois dorme sonhando disfarçado de memória. Nada perdura na vida, a não ser o próprio tempo, finge que passa, mas fica. Imutável, modifica. O tempo é o sol do milagre. Cuidado, ele está chegando na claridão da manhã. A noite inteira ficou no seu passo, te esperando, de espreita em teu próprio sono. Vem vindo para comer na palma da tua mão. Trata bem dele, aproveita, enquanto há tempo, o que o tempo permite ao teu coração. Quem sabe ele vem trazendo um alfange? Ninguém sabe. Pode ser uma canção. ¹ Amadeu Thiago de Mello * Barreirinha, AM – 30 Maio 1926 [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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