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Eleições no Peru: Sob protestos, filha de ex-ditador peruano lidera eleições presidenciais

Mesmo com manifestações que levaram 50 mil peruanos às ruas, Keiko Fujimori lidera as intenções de voto para as eleições no próximo domingo, 10. Keiko Fujimori lidera as intenções de voto com 33% (Foto: Wikimedia)  A candidata à presidência do Peru Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori, lidera as pesquisas para o primeiro turno das eleições que ocorrerão no próximo domingo, 10, mesmo com os protestos que levaram mais de 50 mil pessoas às ruas do país na última terça-feira, 5. As manifestações que ocorreram na capital Lima e em outras 20 cidades pelo país evidenciam o receio de parte da população peruana de que uma possível administração de Keiko remeta às políticas consideradas autoritárias do mandato de seu pai (entre 1990 e 2000), conhecido pelo “autogolpe” em 1992 que fechou o Congresso.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Os manifestantes levaram às ruas cartazes que diziam “fujimorismo nunca mais” e “não a Keiko”. É a segunda vez que Keiko se candidata à presidência do país. Após uma primeira campanha fracassada, ela, atualmente, lidera as intenções de voto com 33%, abrindo uma vantagem confortável sobre os concorrentes. O economista conservador Pedro Paulo Kuczynski (conhecido como PPK) é o segundo nas intenções de voto, com 16%, e a esquerdista Veronika Mendoza tem 15%. Apesar da vantagem da candidata, especialistas acreditam que a eleição deve ir para segundo turno, devido ao alto índice de rejeição de Keiko, cerca de 52%. Fujimorismo O governo de Alberto Fujimori ficou conhecido por suas medidas autoritárias, por condenações e mortes extrajudiciais e pela corrupção. A organização não-governamental Transparência Internacional calcula que tenham sido desviados cerca de US$ 600 milhões dos cofres públicos durante a administração de Fujimori. Keiko , tentando atingir um outro grupo de eleitores, adotou uma estratégia diferente nestas eleições. Ao contrário de anos anteriores, ela adotou um discurso mais flexível e não tão atado às bandeiras defendidas por seu pai. Desse modo, Keiko diz reconhecer falhas na administração de seu pai, criticando por exemplo, o fechamento do Congresso e o abuso de direitos humanos. Ela chegou a declarar ser a favor da união civil entre homossexuais e do aborto em situações de risco para grávidas. No entanto, mesmo com as críticas e manifestações contra a candidata, há camadas que apoiam um possível mandato fujimorista. “São as populações dos Andes, sempre esquecidas, que se lembram de Fujimori como o único que foi até lá e construiu uma ponte, uma escola. Por outro lado, está o alto empresariado do país, que se beneficiou de suas políticas de abertura econômica. O desafio de Keiko é conquistar quem está no meio”, afirma José Carlos Paredes, biógrafo de Keiko Fujimori. Fontes: Washington Post-Disgraced leader’s daughter leads Folha de S. Paulo-Sob protesto, filha do ex-ditador Fujimori é favorita na eleição no Peru

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A vez do Fujimore

Ex-homem forte do Peru é condenado por assassinatos Enfim os crimes praticados por “ditaduras” da América Latina começam a ser julgados. O ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori, foi condenado hoje a 25 anos de prisão pelos assassinatos de 25 pessoas e por sequestros praticados durante seu governo, que durou de 1990 a 2000. Ele foi condenado por chacinas e massacres praticados por órgãos da repressão, que dizimaram também a oposição armada, representada pelo Sendero Luminoso e pelo MRTA. Em 1995 estive no Peru fazendo reportagens sobre o Sendero Luminoso e lembro-me muito bem dos relatos feitos por inocentes, que foram vítimas da repressão de Fujimori. Na sanha de combater os grupos subversivos, a repressão de Fujimori atingiu também inocentes, que não tinham nada a ver com aquela guerra. Mais ou menos como que ocorre com alguns governos democraticamente eleitos, empenhados no combate ao narcotráfico no Brasil. Embora tenha sido democraticamente eleito, Fujimori transformou o Peru numa extensão do quintal da casa dele. Ele havia renunciado por carta enviada do Japão, para onde fugiu depois dos escândalos envolvendo seu braço direito e chefe de sua agência de inteligência, Vladimiro Montesinos, que extorquia dinheiro de políticos e empresários, em nome do governo. Detido há dois anos em Lima, Fujimori deverá ficar na prisão até 2032. Só vai conseguir sair antes do fundador do Sendero Luminoso, Abimael Guzmán, que foi condenado à prisão perpétua e apresentado, na gestão de Fujimori, numa jaula, como um animal. A única coisa que ficou faltando à sentença de Fujimori foi exigir que ele também fosse apresentado publicamente numa jaula. Afinal, os assassinatos praticados por ordem de Guzmán não diferem em nada dos determinados por Fujimori. blog Repórter do Crime

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