A vez do Fujimore

Ex-homem forte do Peru é condenado por assassinatos

Enfim os crimes praticados por “ditaduras” da América Latina começam a ser julgados. O ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori, foi condenado hoje a 25 anos de prisão pelos assassinatos de 25 pessoas e por sequestros praticados durante seu governo, que durou de 1990 a 2000. Ele foi condenado por chacinas e massacres praticados por órgãos da repressão, que dizimaram também a oposição armada, representada pelo Sendero Luminoso e pelo MRTA. Em 1995 estive no Peru fazendo reportagens sobre o Sendero Luminoso e lembro-me muito bem dos relatos feitos por inocentes, que foram vítimas da repressão de Fujimori. Na sanha de combater os grupos subversivos, a repressão de Fujimori atingiu também inocentes, que não tinham nada a ver com aquela guerra. Mais ou menos como que ocorre com alguns governos democraticamente eleitos, empenhados no combate ao narcotráfico no Brasil.

Embora tenha sido democraticamente eleito, Fujimori transformou o Peru numa extensão do quintal da casa dele. Ele havia renunciado por carta enviada do Japão, para onde fugiu depois dos escândalos envolvendo seu braço direito e chefe de sua agência de inteligência, Vladimiro Montesinos, que extorquia dinheiro de políticos e empresários, em nome do governo. Detido há dois anos em Lima, Fujimori deverá ficar na prisão até 2032. Só vai conseguir sair antes do fundador do Sendero Luminoso, Abimael Guzmán, que foi condenado à prisão perpétua e apresentado, na gestão de Fujimori, numa jaula, como um animal.

A única coisa que ficou faltando à sentença de Fujimori foi exigir que ele também fosse apresentado publicamente numa jaula. Afinal, os assassinatos praticados por ordem de Guzmán não diferem em nada dos determinados por Fujimori.

blog Repórter do Crime

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