Mesmo com manifestações que levaram 50 mil peruanos às ruas, Keiko Fujimori lidera as intenções de voto para as eleições no próximo domingo, 10.
A candidata à presidência do Peru Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori, lidera as pesquisas para o primeiro turno das eleições que ocorrerão no próximo domingo, 10, mesmo com os protestos que levaram mais de 50 mil pessoas às ruas do país na última terça-feira, 5.
As manifestações que ocorreram na capital Lima e em outras 20 cidades pelo país evidenciam o receio de parte da população peruana de que uma possível administração de Keiko remeta às políticas consideradas autoritárias do mandato de seu pai (entre 1990 e 2000), conhecido pelo “autogolpe” em 1992 que fechou o Congresso.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]
Os manifestantes levaram às ruas cartazes que diziam “fujimorismo nunca mais” e “não a Keiko”.
É a segunda vez que Keiko se candidata à presidência do país. Após uma primeira campanha fracassada, ela, atualmente, lidera as intenções de voto com 33%, abrindo uma vantagem confortável sobre os concorrentes.
O economista conservador Pedro Paulo Kuczynski (conhecido como PPK) é o segundo nas intenções de voto, com 16%, e a esquerdista Veronika Mendoza tem 15%.
Apesar da vantagem da candidata, especialistas acreditam que a eleição deve ir para segundo turno, devido ao alto índice de rejeição de Keiko, cerca de 52%.
Fujimorismo
O governo de Alberto Fujimori ficou conhecido por suas medidas autoritárias, por condenações e mortes extrajudiciais e pela corrupção.
A organização não-governamental Transparência Internacional calcula que tenham sido desviados cerca de US$ 600 milhões dos cofres públicos durante a administração de Fujimori.
Keiko , tentando atingir um outro grupo de eleitores, adotou uma estratégia diferente nestas eleições. Ao contrário de anos anteriores, ela adotou um discurso mais flexível e não tão atado às bandeiras defendidas por seu pai.
Desse modo, Keiko diz reconhecer falhas na administração de seu pai, criticando por exemplo, o fechamento do Congresso e o abuso de direitos humanos. Ela chegou a declarar ser a favor da união civil entre homossexuais e do aborto em situações de risco para grávidas.
No entanto, mesmo com as críticas e manifestações contra a candidata, há camadas que apoiam um possível mandato fujimorista.
“São as populações dos Andes, sempre esquecidas, que se lembram de Fujimori como o único que foi até lá e construiu uma ponte, uma escola.
Por outro lado, está o alto empresariado do país, que se beneficiou de suas políticas de abertura econômica.
O desafio de Keiko é conquistar quem está no meio”, afirma José Carlos Paredes, biógrafo de Keiko Fujimori.
Fontes:
Washington Post-Disgraced leader’s daughter leads
Folha de S. Paulo-Sob protesto, filha do ex-ditador Fujimori é favorita na eleição no Peru