Três razões que podem fazer Hillary Clinton perder a eleição nos EUA

Hillary Clinton já entrou para a história como a primeira mulher a disputar a Presidência dos Estados Unidos por um dos dois grandes partidos do país.

Hillary Clinton ergue o braço durante discurso na Califórnia em junho de 2016
Hillary Clinton durante discurso na Califórnia, em junho de 2016
Image copyrightAFP

Por outro lado, ela tem pelo menos três grandes obstáculos a superar para que se consagre vencedora das eleições americanas.

1 – O adversário Donald Trump, que chega embalado

Quando o empresário Donald Trump se lançou candidato, no ano passado, foi encarado como uma grande piada. Mas a campanha de Trump ganhou fôlego, desbancou todos os adversários no Partido Republicano e, principalmente, atraiu muitos adeptos que acreditam na principal promessa do empresário: “Faça a América grandiosa novamente”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]

Trump chega embalado para a disputa com Hillary que, segundo analistas, não tem uma mensagem tão clara e direta quanto a do adversário. “Mais fortes juntos”, mote da campanha da democrata, ainda não colou.

Donald Trump usa boné com mote da campanha e faz sinal de positivo em visita à Escócia em 2015
Durante visita à Escócia em 2015, Trump usa boné com principal mote de sua campanha: “Faça a América grandiosa novamente”
Image copyrightJAN KRUGER/GETTY IMAGES

“As pessoas querem saber quais são as ideias dos candidatos para mover o país adiante, mas não querem se perder em detalhes”, afirma Doug Hattawat, assessor sênior da campanha de Hillary em 2008, quando ela disputou as prévias com Barack Obama.

2 – A própria Hillary Clinton, que coleciona antipatia até entre democratas

A experiência como ex-senadora e ex-secretária de Estado dos EUA conta pontos a favor, mas também atrai rejeição. Hillary enfrenta resistência de muita gente e não é uma unanimidade, nem mesmo entre os democratas.

Um dos pontos mais controversos da biografia de Hillary foi seu uso de um servidor privado para trocar e-mails confidenciais com auxiliares quando era chefe da diplomacia do governo Barack Obama, entre 2009 e 2013.

Críticos dizem que a atitude dela pôs em risco a segurança do país, já que o servidor privado era mais vulnerável a ataques de hackers. Após analisar o caso, o FBI (a polícia federal americana) disse que Hillary foi “exremamente imprudente”, mas o órgão não sugeriu que ela fosse denunciada judicialmente. A candidata reconheceu o erro e se desculpou.

Hillary também é criticada por sua atuação frente ao atentado que matou quatro americanos – incluindo o embaixador Chris Stevens – no consulado dos EUA em Benghazi (Líbia), em 2012. Opositores afirmam que ela ignorou alertas sobre os riscos de ataques ao edifício.

Hillary abraça Obama durante convenção dos democratas na Filadélfia em julho de 2016.
Hillary ganha abraço do presidente Barack Obama durante evento na Filadélfia, quando aceitou a nomeação do Partido Democrata
Image copyrightREUTERS/JIM YOUN

A resposta do Departamento do Estado ao atentado também foi criticada: inicialmente, o órgão divulgou que o incidente havia sido parcialmente motivado pelo lançamento de um filme anti-islã, embora o próprio governo tivesse informações de que se tratava de um “ataque terrorista”.

Hillary assumiu a responsabilidade pelo episódio, mas disse que nunca recebeu qualquer pedido para aumentar a segurança da unidade em Benghazi.

Para Antonio Villaraigosa, também integrante da campanha de Hillary em 2008, a democrata precisará de uma “dose extra de autenticidade”. “Há uma insatisfação grande das pessoas com os políticos em geral e com as instituições. Por isso, ela será desafiada a mostrar que não é um político como outro qualquer.

“Se olhar as pesquisas, ela tinha popularidade alta quando não estava concorrendo, mas os números caíram quando começou a disputa”, observa Marjorie Margolies, sogra da filha de Hillary, que é próxima da candidata e acredita ter uma explicação para esse fenômeno: “Ela passa a impressão de estar sempre por dentro do assunto em questão, e isso causa um descomforto em muita gente, em particular entre aqueles que não gostam de mulheres sabichonas”.

3 – O histórico das eleições, que raramente dá três vitórias consecutivas para o mesmo partido

A alternância de poder é uma das principais cartacterísticas do sistema político dos EUA. Um mesmo partido dificilmente consegue ganhar três eleições seguidas. A última vez que isso aconteceu foi em 1988, com a vitória do republicado George Bush (1989-1993), que substitui Ronald Regan (1981-1989).

Bush, contudo, não se reelegeu. Quem venceu as eleições em 1992 foi o marido de Hillary, Bill Clinton.

Cerimônia de posse de George H. W. Bush, que assumiu o comando dos EUA no lugar do colega de partido Ronald Regan em 1989
Cerimônia de posse de George H. W. Bush, que assumiu o comando dos EUA no lugar do colega de partido Ronald Regan em 1989
Image copyrightAP PHOTO/BOB DAUGHERTY

Mark Penn, um dos estrategistas de Hillary em 2008, diz que o resultado das eleições nos EUA será definido pelos cerca de 20% do eleitorado que permanecem sem um nome favorito para presidir o país.

O futuro dos EUA, para Penn, está mas mãos desses indecisos. “Muitas pessoas não gostam de nenhum dos candidatos, eles vão decidir as eleições”.
BBC

Share the Post:

Artigos relacionados