O usuário da America Online registrado sob número 710794 está acima do peso, adora jogar golfe, possui um Porsche 944 fabricado em 1986 e um Cadillac SLS 98.
Torce para o time de basquete da Universidade do Tennessee e fica horas diante do computador olhando fotos de meninas menores de idade nuas, de preferência praticando sexo bizarro.
Esse é o tipo de informação que aparece no banco de dados com 21 milhões de pesquisas efetuadas pelos usuários do provedor de acesso norte-americano, que vazou na internet esta semana.
“Usuários dos sites de busca revelam muitas informações sensíveis sem perceber, devido ao efeito mosaico”, disse Ari Schwartz, do Centro para Democracia e Tecnologia, ao jornal The New York Times.
O “efeito mosaico” a que ele se refere é a troca constante de janelas e atividades que fazemos diante de um computador. Alternamos de uma coisa para outra, constantemente, mas o fio das pesquisas que efetuamos fica armazendo no site de busca.
Essas informações incluem data e hora de cada pesquisa, e os sites que decidimos olhar em seguida. Assim Mr. Schwartz descobriu que um outro usuário da AOL trabalha no mercado financeiro, está preocupado com a pressão alta e costuma agendar antecipadamente encontros com prostitutas nas cidades para onde vai viajar a trabalho.
Se para nós, internautas, saber que essas informações são coletadas é no mínimo incômodo, para empresas como Google, Yahoo e Microsoft, elas são uma fonte de receita que aparece com destaque cada vez maior em seus business plans, já que permitem colocar nas páginas que vemos anúncios cada vez mais direcionados para nossos desejos.
Numa conferência sobre sites de busca que aconteceu esta semana na Califórnia, o presidente da Google, Eric Schmidt, disse que sua empresa não deixará de armazenar os dados sobre pesquisas feitas por seus usuários.
“Nós estamos razoavelmente satisfeitos… esse tipo de coisa nunca aconteceria no Google, ainda que a gente nunca deva dizer nunca”, declarou Schmidt.
Já pensou que página você vai visitar depois desta daqui?