Quanto mais a gente reza, mais assombração aparece. Pois não é que o ex-presidente Fernando Collor decidiu renascer das cinzas e registrou sua candidatura a senador pelo “formidável” PRTB de Alagoas?!
E tem mais: acusou Geraldo Alckmin de ser da elite! E tem mais ainda: declarou que apóia a reeleição do presidente Lula! Como dizia tia Nastácia, “este mundo está perdido”.
Depois de ter sido apeado do poder por cabeludíssimas denúncias de corrupção, Fernando Collor cumpriu seu período de cassação e está de volta.
Em 2000 tentou ser candidato a prefeito de São Paulo, mas teve a candidatura impugnada. Em 2002, foi candidato ao governo de Alagoas, mas não chegou ao segundo turno.
Este ano, com a possível cassação da candidatura de Ronaldo Lessa pelo TSE, Collor acha que tem chance de se eleger senador.
O Congresso brasileiro progrediu bastante em matéria de desmoralização desde o impeachment que tirou Collor do poder.
Mensaleiros, sanguessugas, quadrilhas de todos os tipos e calibres, lobistas, ex-ministros que violaram sigilo de cidadãos indefesos, ex-presidentes da Câmara envolvidos em grossa falcatrua, enfim, toda sorte de malfeitores parece que decidiu marcar encontro no Congresso Nacional a partir do ano que vem.
De Fernando Collor, pelo menos pode-se dizer que cumpriu seu período de oito anos de perda dos direitos políticos.
O Supremo Tribunal Federal não encontrou provas suficientes para condenar Fernando Collor.
Por isso, Collor pode aparecer diante dos eleitores em situação melhor do que muito candidato que desfila por aí de nariz para cima, com ar de donzela ofendida, quando alguém ousa lembrar que ele foi indiciado pelo procurador-geral da República como membro da “sofisticada organização criminosa” que pretendia tomar de assalto o Estado brasileiro e nele se perpetuar.
Não será, portanto, nenhuma surpresa se Collor, eleito senador, vier a compor a base de apoio do presidente Lula no Congresso, contribuindo com sua experiência de ex-presidente, ao lado do também ex-presidente Sarney, do presidente do Senado Renan Calheiros e de deputados como Jader Barbalho.
Que tempos, meu Deus!
Dá para entender por que o senador Jefferson Perez quer abandonar a vida pública.