O grande banquete
Gabriel Nascente¹
Convidarei
Proust e Guevara
Maiakóvski e Pound,
Rilke e Rimbaud,
materialistas e teólogos
(corja de loucos, graças a Deus!)
para tomarem comigo
um porre de justiça.
Primeiro cairemos num duelo de metáforas.
Depois estrangularemos o pescoço da miséria.
Mas atenção,
de arcabuzes ninguém entra!
Ouviremos o fragor das fráguas
neste bródio universal de homens.
E no fogo de nossas taças
brindaremos o amor subversivo
de Cristo.
Entrem logo, bardos meus,
para o banquete
dos excluídos.
As basílicas do mundo
estão falidas.
Deus está no húmus,
não precisa de nascer.
Vamos chover crisântemos
nos hospitais, nas favelas,
nas marquises e nos sonhos.
Vamos saudar a humanidade
com este florido
chapéu de pássaros.
¹Gabriel José Nascente
* Goiânia, GO. – 23 de Janeiro de 1950 d.C
Jornalista. Morou em São Paulo, apadrinhado pelo poeta Menotti Del Picchia. Autor de quase três dezenas de livros publicados, em sua maioria, poesia. Ex-presidente do Conselho Municipal de Cultura. Em setembro de 1978, a Academia Paraibana de Poesia lhe outorgou o título de “O Embaixador da Poesia Brasileira”. Conquistou, em 1996, um dos prêmios mais cobiçados de todo país, o “Cruz e Sousa de Literatura”, de Santa Catarina, com o livro inédito de poemas A lira da lida. E obteve também outras premiações de âmbito nacional. Seu nome figura hoje em diversas antologias da poesia brasileira, inclusive em edição bilíngüe.