Tenho dito aquie neste espaço que petralhas e tucanalhas só se diferenciam pelo método, sendo siameses no agir.
Espanta a cara de pau de iracundos tucanos em apontar o dedão acusador em direção às mazelas dos outros, enquanto silenciam, corporativa e amoralmente, quando a sujeira das emplumadas penas aparecem.
Tudo pelos companheiros
Que diferença há entre Lula quando defende os mensaleiros e os governadores José Serra e Aécio Neves quando defendem Cássio Cunha Lima, ex-governador da Paraíba?
Há uma diferença crucial – e a favor de Lula.
Os mensaleiros denunciados como membros de uma “sofisticada organização criminosa” ainda não foram julgados. Se tudo correr bem, serão julgados pelo Supremo Tribunal Federal até 2011.
Cássio Cunha Lima foi julgado e condenado duas vezes pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder econômico nas eleições de 2006 e conduta vedada pela lei. Seu mandato foi cassado.
Em outro processo, já foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral.
A Paraíba tem desde ontem um novo governador – José Maranhão (PMDB), que por sinal responde a oito processos.
O que disseram Aécio e Serra depois que o TSE cassou o mandato de Cunha Lima?
Aécio: “Não conheço obviamente a profundidade das acusações que levaram à perda do seu mandato, mas eu conheço o trabalho e a correção do governador Cássio. (…) É um extraordinário valor da política
brasileira. Se alguns equívocos ocorreram, a meu ver não podem manchar a sua trajetória de homem público sério e respeitado.”
Serra foi mais econômico nas palavras: “[…] do ponto de vista legal, pelas informações que tenho, não se sustenta [a cassação]”. E completou: “Causa estranheza a celeridade do processo”.
Se não conhece “em profundidade” as acusações que pesavam contra Cunha Lima, Aécio deveria ter ficado de bico calado – e não qualificá-las de “equívocos”.
Quer dizer: por meros “equívocos” os ministros do TSE cassaram um governador “sério e respeitado”?
Para Serra, a se levar em conta as informações que tem, o TSE errou ao cassar Cunha Lima. Mais ainda de forma tão acelerada.
Em que se baseia Serra para dizer que o processo contra Cunha Lima correu rapidinho? Não se acusa a Justiça de ser cega e lerda? Quando não é merece ser criticada?
O processo chegou ao fim no TSE depois de dois anos e pouco. As evidências de crime eram muitas e pesadas. O mandato do ex-governador era de quatro anos. Serra queria o quê? Que o tribunal só julgasse Cunha Lima quase ao fim do mandato dele?
De Aécio e de Serra não se ouviu uma palavra de censura ao senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), o pai do mensalinho mineiro que inspirou o mensalão do PT.
Crua realidade: uma vez no poder, nada mais parecido com um conservador do que um liberal – e vice-versa.
do blog do Noblat