Boa noite Calle principe José Tolentino de Mendonça Perdemos repentinamente a profundidade dos campos os enigmas singulares a claridade que juramos conservar mas levamos anos a esquecer alguém que apenas nos olhou.
Amores vãos Saramar Mendes Bebo o meu vinho entre sombras brindando à cidade e seus argênteos fantasmas. Não renego a agonia das noites dentro dos meus olhos baços, mas tranco a alma na gaveta de baixo e assisto a passagem espectral da madrugada barganhando com outros desesperados a taça, o frio e os açoites do vento ou da dor. Escapo da ausência das flores admirando néons escondida num canto de alguma rua. Esqueço meu nome antes mesmo da morte, à espera de um amanhecer que nunca acontece. “Lá fora tudo arde”. Aqui, zumbem vozes esquecidas curvadas até a mudez sobre as íntimas feridas de amores vãos.
Até mesmo, aquele prazer que um dia alguém apelidou de amor
Como é possível perder-te sem nunca te ter achado
São as tristezas entrando E as alegrias saindo