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Brasil, uma democracia (?) – já houve em alguma época? – em decadência!

Brasil, uma democracia (?) – já houve em alguma época? – em decadência! Sempre me pergunto qual o motivo que levou o Brasil a ser sub-desenvolvido, ter uma população carente de saúde, educação e desenvolvimento, qual o motivo de um país tão rico e que tinha tudo para ser desenvolvido, ser um país com um povo tão pobre e carente como é nosso povo, e a resposta me vem a mente em um único sopro: ”Rentistas + Polícalha = A desgraça da nação Tapuia. Os escândalos, misturando malas de dinheiro sujo e negociações na calada da noite, se sucederam no comando do poder a ponto de atordoar os brasileiros Bernardo de Carvalho; […]”a confluência entre um capitão e um astrólogo é a clara imagem da regressão para uma caricatura analogista”

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Chile destitui coronel por saudação a genocida da ditadura Pinochet em ato

Coronel Germán Villarroel, ex-diretor da Escola Militar de Chile. EJÉRCITO DE CHILE Coronel Germán Villarroel, diretor da Escola Militar, permitiu homenagem a brigadeiro da reserva Miguel Krassnoff, condenado por 71 crimes cometidos durante o regime militar.  O Exército chileno passou compulsoriamente à reserva o coronel Germán Villarroel, que até esta segunda-feira dirigia a Escola Militar do país, por sua “responsabilidade de comando” na homenagem feita nas dependências da instituição ao genocida Miguel Krassnoff Martchenko, que cumpre pena por 71 crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Em meio à premiação de uma competição esportiva na Escola Militar, onde são formados os oficiais do país, em 6 de outubro, o filho do genocida, coronel Miguel Krassnoff Bassa, tomou a palavra para agradecer publicamente “o carinho, a lealdade e a dignidade do diretor da Escola Militar, com o subdiretor e todo o seu pessoal, (…), de poder recordar o soldado, porque nem todos se lembram”. “Para nós, é super importante que nossos pais, que deram a cara e a vida pelo Chile e suas famílias, estejam sempre presentes no coração de todos vocês”, disse Krassnoff Bassa. “Coube a eles combater, e deram o ar que respiramos em nossa querida pátria”, acrescentou. A decisão do Exército foi motivada pelo repúdio generalizado à homenagem, que se tornou pública em um vídeo divulgado neste domingo. O ministro da Defesa, Alberto Espina, do governo conservador de Sebastian Piñera, considerou o fato “inaceitável” e deu 24 horas para que uma investigação apontasse as responsabilidades. Enquanto isso, dirigentes da oposição de esquerda opositora e entidades de defesa dos direitos humanos pediam a demissão de Villarroel. A diretora do Instituto de Direitos Humanos, Consuelo Contreras, havia declarado que “atos como este, realizados nas dependências de uma instituição do Estado, constituem uma nova afronta à dignidade das vítimas, com ações de caráter negacionista contrárias ao direito internacional”. Junto com a ordem de aposentadoria do diretor da Escola Militar, o Exército removeu o coronel Krassnoff Bassa, que era diretor da Escola de Idiomas. Como estava próximo de passar à reserva, como havia solicitado antes mesmo da homenagem, foi convidado “a entregar imediatamente” a direção da escola. Para o Exército, os dois militares provocaram “um gravíssimo dano” à instituição, como declarou o general Miguel Alfonso Bellet, comandante de Educação e Doutrina, que leu uma declaração pública na tarde desta segunda. “Nossa instituição é e sempre será respeitosa com as resoluções da Justiça”, disse o general. Os fatos ocorridos em Escola Militar são inaceitáveis. Pediu-se a Exército investigação para determinar responsabilidades. Os recintos militares como nenhum espaço administrado pelo Estado, pode ser utilizado para realizar atos a condenados pela justiça por crimes Ferida aberta, Ustra e Mourão O Golpe de Estado de 1973 é uma ferida aberta no Chile, e, a propósito de diversas efemérides, novamente se acendeu o debate sobre o passado recente do país. Em 11 de setembro completaram-se 45 anos da ruptura democrática, em 5 de outubro se festejaram os 30 anos do plebiscito de 1988 – em que triunfou o não a Pinochet –, e nesta terça-feira se comemoram as duas décadas da detenção do ditador em Londres, de 16 de outubro de 1998. Em agosto passado, as críticas ao Museu da Memória e Direitos Humanos de Santiago – que relata o golpe de Estado de 1973 e a ditadura através da experiência das vítimas –, custaram o cargo ao historiador Mauricio Rojas, que havia assumido o ministério da Cultura apenas quatro dias antes. O brigadeiro reformado Miguel Krassnoff Martchenko, que cumpre penas de 668 anos de prisão na penitenciária de Punta Peuco, é filho e neto de cossacos que em 1947 foram fuzilados no pátio da prisão de Lefortovo após serem condenados pelo tribunal supremo da União Soviética por crimes de guerra, traição à pátria e colaboração com o inimigo. No golpe de Estado de 1973, o militar chileno dirigiu o ataque à casa do presidente Salvador Allende. Depois foi lotado na Direção Inteligência Nacional (DINA), o órgão repressivo da ditadura, onde se tornou um dos mais ferozes torturadores. Suas vítimas recordam que era um dos poucos que não se importavam em dizer seu nome real. O panorama contrasta com o brasileiro. Além de não ter punido os criminosos do regime militar brasileiro (1964-1985), no Brasil não há resposta institucional a oficiais que enalteçam o período ditatorial e seus agentes apontados como violadores pelo relatório oficial da Comissão Nacional da Verdade (CNV). O general da reserva, Hamilton Mourão, agora candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, se despediu do serviço militar em fevereiro em uma concorrida cerimônia no Salão de Honras do Comando Militar do Exército, em Brasília. No discurso, chamou de “herói” o coronel Carlos Brilhante Ustra (1932-2015), também evocado por Bolsonaro. Ustra foi chefe de um importante centro da repressão durante a ditadura militar e reconhecido como torturador pela Justiça brasileira, além do relatório CNV. Mourão foi elogiado no mesmo dia pelo comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, como “exemplo”. ElPais

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O melhor texto sobre democracia publicado ns últimos tempos

Reflexão terrestre sobre a democracia por Augusto de Franco/Dagobah Na reflexão terrestre sobre a democracia vimos que “alguns acham que a democracia é assim como um tipo de construção ideológica, que depende de um corpo de crenças teoricamente articulado e do qual se possa inferir consequências. Eles têm uma apreensão cognitivista – e não interativista – da democracia. Superavit de Platão ou deficit de Protágoras”. Isso precisa ser desenvolvido e melhor explicado. A opção pela democracia não exige a adesão a um corpo de crenças como filtro para transformar caos em ordem, mas em uma ordem estabelecida pregressamente ou antes da interação propriamente política – transcendente, natural ou imanente: seja porque estaria de acordo com desígnios extra-humanos já estabelecidos (supra-humanos ou sobre-naturais) por uma ordem pré-existente, seja porque derivaria da natureza, seja porque se sintonizaria com a marcha da história ou com suas leis. Este parágrafo é muito sintético, mas provavelmente contém tudo (ou quase). Ou seja, nada de transcendente, natural ou imanente. Em outras palavras: 1) nada de visão esotérica ou religiosa; 2) nada de visão liberal-econômica (segundo a qual existiria algo como uma natureza humana: e. g., a hipótese de que o ser humano – tomado como indivíduo – seria inerentemente ou por natureza (?) competitivo e faria escolhas racionais buscando sempre maximizar a satisfação dos seus interesses ou preferências, ao fim e ao cabo egotistas); e 3) nada de visão determinística (baseada em alguma imanência: a história grávida que vomitaria – por meio das ações humanas – um sentido já existente antes que os seres humanos escolhessem um caminho ou simplesmente fossem para onde querem ir ou não. DEUS, NATUREZA E HISTÓRIA Se essas noções – Deus, Natureza e História – forem reificadas para fornecer à política alguma razão, não estamos mais no terreno da política propriamente dita, quer dizer, da democracia (tal como a conceberam ou experimentaram – no caso é a mesma coisa – os democratas atenienses). É por isso que o único sentido compatível com a democracia que se pode atribuir à política é a liberdade. Do ponto de vista da democracia, liberdade significa que Deus não é capaz de dar nenhum sentido à política, a Natureza (seja o que for) também não é capaz de dar nenhum sentido à política e, ainda, que a História também não é capaz de dar nenhum sentido à política. Deus A adesão confessional ou teologal à uma potência extra-humana (como fazem as filosofias religiosas ou teosóficas) capaz de intervir nos assuntos coletivos humanos (ou, mais exatamente, sociais) não pode fornecer uma razão para a política e é por isso que povos como os hebreus (a turba dos hapirus, quer dizer, dos sem-reino que invadiram ou se insurgiram em Canaã na primeira metade do primeiro milênio AEC), que acreditavam num plano divino para a humanidade (ou para o seu próprio povo, tomado como povo de um deus: o seu deus IHVH), mesmo tendo todas as condições objetivas para inventar a democracia (basta ler os relatos da Assembléia de Siquém e Samuel 8), não o fizeram. Isso não tem a ver propriamente com acreditar em deuses (ou em um deus) e sim com contar com esses deuses (ou deus) para intervir nos conflitos humanos, para regular esses conflitos ou para resolver os dilemas da ação coletiva. Os democratas atenienses não aboliram os deuses (da cidade), pelo contrário: conviveram com eles, mas sem deles esperar nada além da proteção ao funcionamento das suas instituições democráticas nascentes (como o Zeus Agoraios, nume tutelar das conversações na praça do mercado) e de inspiração para as práticas (e procedimentos) democráticos que experimentavam (como a deusa Peitho, a persuasão deificada). Mas eles não substituíram essas instituições e práticas pela intervenção sobre-humana ou sobre-natural (dos seus deuses). Se há deuses (ou um deus) que intervem nos assuntos propriamente humanos (quer dizer, na rede social), então para nada serve a política como modo de auto-regulação ou de comum-regulação (e nem ela teria surgido no entre-os-humanos, já que o Zoon Politikon – o animal político – é uma invenção de Aristóteles incompatível com a democracia), como uma forma específica de interação (a política). Onde há deuses (ou um deus) intervindo, não pode haver lugar para a liberdade, que é sempre a liberdade de ser infiel a um desígnio, de não seguir um plano (já traçado por qualquer potência humana ou extra-humana), de não se conformar a uma ordem (preexistente, ex ante à interação). Deuses (ou um deus) podem existir, desde que não nos obriguem a ser fiéis a eles (ou a ele) ou aos seus desideratos. A democracia é coisa de kafirs (e por isso lhe é tão avessa a cultura islâmica), é uma desobediência ao que já está disposto, à obrigação de seguir um rumo: porque a liberdade é, fundamentalmente, poder sempre escolher um novo rumo e mudar de rumo, ou melhor, poder não ter rumo, como disse o poeta – Manoel de Barros (2010), em Menino do Mato – “Livre, livre é quem não tem rumo”. Se há uma ordem, uma hierarquia, uma fraternidade ou sociedade encarregada de conduzir ou orientar coletividades humanas (grupos, cidades, nações, povos) em uma determinada direção, para cumprir algum plano cósmico (engendrado ou não por um deus que apenas quer se reconhecer no espelho da existência ou por vários deuses ou, ainda, por seres superiores não-humanos, autóctones ou alienígenas, do passado, do presente ou vindos do futuro), é a mesma coisa. Todas essas visões esotéricas levam à autocracia, não à democracia. Pois como alguém, na condição humana, poderia ser infiel à vontade ou às leis estabelecidas por esses seres superiores sem violar algum tipo de moral? E como os direitos humanos poderiam se equiparar (ou se contrastar) aos direitos desses seres mais evoluídos ou melhores, mais puros ou mais perfeitos? Quando Ésquilo (472 AEC), em Os Persas, escreveu que os atenienses (democráticos) “não são escravos nem súditos de ninguém”, ele estava dizendo que eles (como povo, quer dizer, coletivamente) não eram escravos nem súditos de ninguém mesmo: nem de humanos, nem de deuses. E, poderíamos acrescentar, nem de leis naturais. Isso nos leva ao próximo ponto.

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