Manuel Bandeira – Versos na tarde – 11/11/2016

Poema
Manuel Bandeira¹

A doce tarde morre.
E tão mansa
Ela esmorece,
Tão lentamente no céu de prece,
Que assim parece, toda repouso,
Como um suspiro de extinto gozo
De uma profunda, longa esperança
Que, enfim cumprida, morre, descansa…


E enquanto a mansa tarde agoniza,
Por entre a névoa fria do mar
Toda minh’alma foge na brisa:
Tenho vontade de me matar!
Oh, ter vontade de se matar…
Bem sei é cousa que não se diz,
Que mais a vida me pode dar?
Sou tão feliz!— Vem, noite mansa…


Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho
Recife,PE – 19 Abril 1886 d.C
+ Rio de Janeiro,RJ, – 13 Outubro 1968 d.C
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