Sequer perto
Leandro Andreo¹
Quando amor confessei, já conhecia
O risco que corria de negação.
Mesmo assim me arrisquei, porquanto não
Ficar pensando quis, “como seria?”.
Aceito o meu destino e não reclamo,
Contudo, de uma coisa estou eu certo:
Que ninguém chegará, nem sequer perto,
De te amar este tanto quanto te amo.
Minha sina foi ter me apaixonado
Por você, dedicado a cultivar
O sentimento. Resta-me aceitar
Que vou te amar, porém não ser amado.
Sei que irão muitos outros se dizer
Apaixonados, e isso não me assombra,
Pois suas paixões não serão nem sombra,
Deste amor que eu cultivo por você.
Eu sei que em algum dia vai se casar
E me convidar para a cerimônia.
Sofrerei muitas noites, com insônia,
Assim que essa notícia me chegar.
Mas eu não ficarei aborrecido,
Pois o seu escolhido, nem em sonho,
Irá sentir o amor que te proponho,
O amor que eu te teria oferecido.
Sei bem, seu coração não é de gelo,
Algum dia baterá acelerado
Por um homem, que faça seu agrado,
Então você fará o seu apelo,
Confessando que lhe ama, ama tanto,
Mas dele não virá esta vontade
E irá te dispensar, com tal maldade,
Você vai entender o seu engano.
Entender seu engano e, arrependida
De quando dispensou meu sentimento,
Pra sempre levará esse tormento,
O desgosto e a lição apreendida:
Além de, de mim, nunca se esquecer,
Durante a vida sempre procurou,
Contudo jamais, nunca que encontrou,
O amor que ofereci para você.
¹ Leandro Andreo
* São Paulo,Sp – 29 de Julho de 1985
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