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Maria Augusta Ribeiro – Versos na tarde – 28/01/2015

Poema Maria Augusta Ribeiro ¹ Se tu fosses ferro Moldava-te ao lume Se tu fosses onda Fazia-te cais Se tu fosses ouro Não tinha ciúme Se fosses pátria Amava-te mais Se tu fosses gente Só por ti orava Se tu fosses vida Dava-te valor Se fosses enfermo Curava-te a dor Se fosses impuro Eu te protegia Se tu fosses noite Abria-te os braços Abria-te o dia Assim, como és sonho, Faço-te em pedaços E, com toda a calma, Lanço-te na vala Do lixo da alma. ¹ Maria Augusta Ribeiro * Mirandela, Portugal – 1 de março [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Programa de drones: a campanha terrorista mais extrema da modernidade

Noam Chomsky mira no programa de drones de Barack Obama, o qual ele descreve como a campanha terrorista mais extrema da história da modernidade.  O acadêmico linguista renomado mundialmente Noam Chomsky criticou o que ele vê como hipocrisia ocidental seguindo os recentes ataques terroristas em Paris e a ideia de que existem dois tipos de terrorismo: “o deles versus o nosso.” Em um editorial publicado segunda-feira na CNN.com, Chomsky nota como os ataques mortais à Charlie Hebdo e um supermercado semana passada incitaram milhões a protestar sob a frase “je suis Charlie” e solicitaram indagações “dentro das raízes dos ataques na cultura islâmica e explorando modos de conter a onda assassina do terrorismo islâmico sem sacrificar nossos valores.” Nenhuma indagação do tipo na cultura ocidental e no cristianismo veio do ataque de 2011 de Anders Breivik na Noruega que matou milhares de pessoas. Nem o ataque de mísseis pela OTAN em 1999 na sede de televisão Sérvia que matou 16 jornalistas desencadeou protestos como “je suis Charlie”. De fato, Chomsky escreve, este ataque foi louvado pelos oficiais norte-americanos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O advogado de direitos civis Floyd Abrams descreveu o ataque à Charlie Hebdo como “o ataque mais amedrontador ao jornalismo na história,” não é surpresa, escreve Chomsky, quando um entende “’história’ como uma categoria construída cuidadosamente para incluir os crimes DELES contra nós e excluir os NOSSOS crimes contra eles – o último não sendo crime mais defesas nobres dos maiores valores.” Outras omissões de ataques sobre jornalistas notados por Chomsky: o ataque de Israel em Gaza este verão cujas mortes incluem muitos jornalistas, e as dezenas de jornalistas em Honduras que foram mortos desde o golpe em 2009. Oferecendo mais prova sobre o que ele descreve como hipocrisia ocidental em relação ao terrorismo, Chomsky mira no programa de drones de Obama, o qual ele descreve como “a campanha terrorista mais extrema da modernidade.” “Mira em pessoas suspeitas de talvez tentarem nos machucar um dia e em quaisquer infelizes que estejam no meio do caminho,” ele escreve. Fonte; http://www.commondreams.org/news/2015/01/19/noam-chomsky-obamas-drone-program-most-extreme-terrorist-campaign-modern-times

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Operação lava-jato. Quando o crime compensa

Fernando Brito: O crime compensa para doleiro. E com o aval do Judiciário É inacreditável a alegria pelo “bom negócio” feito pelo doleiro Alberto Youssef, segundo as declarações de seu advogado tucano na Folha. Já havíamos ficado sabendo que o acordo de delação restringe a pena de Youssef a três anos em regime aberto. E que ele vai conservar parte do patrimônio adquirido com o seu papel de “lavador” das roubalheiras de Paulo Roberto Costa. Agora, graças aos repórteres Mario Cesar Carvalho e Gabriela Terenzi, ficamos sabendo que ele vai ganhar “comissão” sobre o dinheiro roubado, num valor que pode chegar a R$ 10 milhões, uma quantia impensável para nós, mortais comuns e honestos, mesmo depois de uma longa vida de trabalho duro. O advogado Figueiredo Basto comemora: diz ele que a ” delação premiada” contém a noção de que o criminoso “vai ganhar algum prêmio no final do processo”. O prêmio, claro, na visão dele, deve ir além de uma pena menor. É em dinheiro, mesmo. No caso, em dinheiro público surrupiado nas negociatas. Imagine: você rouba um banco, é preso. Aí, negocia entregar seus cúmplices. E também os não-cúmplices que, do jeito que são a Justiça e a mídia brasileira, passam a ter de “provar” que não roubaram.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A polícia vai atrás do dinheiro e você, depois de um pequeno castigo, recebe uma mala de dinheiro – os tais R$ 10 milhões – e é mandado embora, com um “muito obrigado”…. No caso de Youssef, com o agravante de que já negociou um acordo de delação e continuou a roubar, nas barbas do juiz Sérgio Moro, porque Youssef prometeu a ele que, depois de operar criminosamente dinheiro do Banestado, do Governo do Paraná, iria parar de roubar. Não parou. Note-se, também, a cara-dura do Ministério Público de dispor do dinheiro que vier a ser recuperado para o pagamento de comissões ao ladrão. Quem sabe o MP não resolve estender a “promoção” para seus demais delatores. Vai ser uma festa. Todo mundo saindo livre e ainda com uma “mala” de dinheiro bem lavado. Se o acordo com Youssef for assim, é difícil crer que se queira “restaurar a moralidade”. Não se pode fazer isso com a imoralidade desta corrupção legalizada e referendada pelo Judiciário, como a que se propõe para o doleiro ladrão. ************** Doleiro pode levar R$ 10 mi se ajudar a recuperar desvios da Petrobras MARIO CESAR CARVALHO  E GABRIELA TERENZI, na Folha de S. Paulo O crime pode não compensar, mas, sabendo negociar, dá para sair dessa vida milionário. É o que pode acontecer com o doleiro Alberto Youssef, tido como um dos principais operadores do esquema da corrupção na Petrobras. Se ele for extremamente eficiente na recuperação de recursos desviados de contratos da estatal, pode acumular milhões como recompensa pela ajuda dada ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal. Para ganhar R$ 10 milhões, por exemplo, ele teria que ajudar a recuperar R$ 500 milhões desviados. A taxa de sucesso prevista no acordo de delação premiada do doleiro é de 2% sobre os valores recuperados. “É com essa estimativa que nós trabalhamos. O Alberto conhece muito bem o caminho do dinheiro nos paraísos fiscais”, afirma o advogado Antonio Figueiredo Basto, que defende Youssef e costurou o acordo com os procuradores da Operação Lava Jato. Segundo Figueiredo Basto, o acordo de Youssef é o único entre os nove assinados na Lava Jato que tem uma cláusula de performance ou taxa de sucesso. Se cumprir integralmente o acordo, Youssef perderá bens que valem R$ 40 milhões –valor da multa estipulada pelos procuradores pelos crimes que praticou. Entre outros bens, ele perderá um hotel em Porto Seguro (BA) e participações em outros hotéis em Aparecida (SP), Jaú (SP) e Londrina (PR). Ficará também sem outros dois imóveis e sem três carros de luxo –um Volvo CX 60 blindado, um Mercedes Benz CLS 500 e um Tiguan blindado. Ele também perderá R$ 1,8 milhão que a PF encontrou no seu escritório em São Paulo. Figueiredo Basto diz que se inspirou em acordos americanos para propor a cláusula de performance. “Esse tipo de cláusula existe no mundo inteiro, nos países que têm os melhores modelos de combate à corrupção, como os Estados Unidos”. Segundo ele, o próprio nome do instituto (delação premiada) já contém a noção de que o criminoso “vai ganhar algum prêmio no final do processo”. Renato Silveira, professor titular de direito penal da Faculdade de Direito da USP, porém, vê problemas com esse tipo de cláusula. “Acho incompatível esse tipo de prêmio porque não existe recompensa a ser ofertada pela Justiça ou pelo Ministério Público no Brasil”, afirma Silveira. Nos EUA, frisa o professor, a recompensa é prevista em lei e tem uma tradição jurídica que remonta ao século 19. Esse tipo de cláusula, segundo ele, deve gerar uma polêmica jurídica após a conclusão da Operação Lava Jato porque não há um histórico sobre esses acordos no país. A delação de Youssef foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal, em 19 de dezembro. Na última quarta (20), o juiz Sergio Moro tornou público os termos do acordo. Outro problema sobre a recompensa, segundo o professor, é a inexistência de jurisprudência sobre delação premiada no Brasil. Não há um histórico do que é aceitável ou não nesse tipo de acordo, ainda de acordo com Silveira. O advogado de Youssef rebate as críticas do professor. “Se o Supremo já homologou o acordo é porque não há nada de inconstitucional nele”, defende Figueiredo Basto. Outro fato que precisa ser ponderado, segundo o defensor do doleiro, é o tipo de colaboração que Youssef prestou. “Sem as informações que o Alberto forneceu aos procuradores, a Lava Jato não teria chegado às empreiteiras e aos políticos”. Foi o doleiro que forneceu aos investigadores os nomes dos 11 executivos de empreiteiras que estão presos desde novembro em Curitiba. Também entregou uma lista que pode chegar a 60 políticos. por Fernando Brito/Tijolaço Leia também: Por que o governador Geraldo Alckmin foge do

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A farsa da energia limpa

A construção de grandes barragens envolve violações de direitos humanos e outros impactos Foto: Google Não é de hoje que o governo vem investindo massivamente na construção de hidrelétricas para a geração de energia, promovendo-as como fonte “barata e limpa”. Contudo, essa dependência do país pela matriz de energia elétrica envolve aspectos nebulosos com a construção de megaempreendimentos na Amazônia, onde, além dos interesses de grandes empreiteiras e impactos severos sobre povos indígenas e populações tradicionais, a floresta segue sendo tratada com irresponsabilidade. A construção de grandes barragens envolve graves violações de direitos humanos e outros impactos socioambientais desastrosos. Belo Monte, por exemplo, foi descrito pela procuradora Thais Santi como “um etnocídio indígena num mundo em que tudo é possível”, em pleno estado democrático de direito. A população vulnerada com tantos abusos e desrespeitos não consegue entender como uma obra do porte de Belo Monte, com investimentos de R$ 30 bilhões em dinheiro público, pode ser executada ao arrepio da legislação. Para as comunidades atingidas, a atuação truculenta do consórcio Norte Energia S.A., com o apoio do Estado e a omissão do Judiciário, parece indicar que os favorecimentos ilícitos, tão comuns em nosso país, também estão por trás das grandes hidrelétricas na Amazônia.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O escândalo da Petrobras deixa claro que as investigações não devem parar. A empresa é investigada por injetar dinheiro na conta de construtoras, sendo que muitas delas recebem recurso público do BNDES para os seus projetos. Isso é só a ponta de um grande iceberg. Essas mesmas construtoras elegeram 70% dos candidatos, nos quais investiram com pesadas doações. Só a base aliada do governo Dilma recebeu 62% de suas doações através delas. Entre as empreiteiras, algumas — como Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS e Camargo Corrêa — são as mesmas que estão na Amazônia atuando nesses grandes projetos como o de Belo Monte. O momento exige seriedade da população brasileira, pois vivemos em um país com grande potencial (natural e humano), mas que funciona ainda como se fosse um feudo corrompido. Esse é o Brasil, que ainda não concluiu sua transição democrática e onde o governo usa, sem cerimônia, instrumentos da época da ditadura, como a suspensão de segurança, que lhe permitem cancelar decisões de tribunais para impor seu projeto “desenvolvimentista”. Basta desse tipo de política. É preciso que se discuta com transparência a questão energética em nosso país, envolvendo a comunidade científica. É necessário que a população seja ouvida e seus valores, respeitados. Precisamos debater com consistência a importância da conservação da Amazônia e dos seus rios, o valor da floresta em pé, da água e da cultura de um povo, se nós quisermos realmente crescer e ocupar o lugar de líderes mundiais em desenvolvimento ético, democrático e sustentável. Maíra Irigaray, O Globo

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