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Camilo Pessanha – Versos na tarde

Paisagem de Inverno Camilo Pessanha ¹ Ó meu coração, torna para trás. Onde vais a correr, desatinado? Meus olhos incendidos que o pecado Queimou! o sol! Volvei, noites de paz. Vergam da neve os olmos dos caminhos. A cinza arrefeceu sobre o brasido. Noites da serra, o casebre transido… Ó meus olhos, cismai Extintas primaveras evocai-as: _ Já vai florir o pomar das maceiras. Hemos de enfeitar os chapéus de maias._ Sossegai, esfriai, olhos febris. _ E hemos de ir cantar nas derradeiras Ladainhas…Doces vozes senis… Passou o outono já, já torna o frio… _ Outono de seu riso magoado. llgido inverno! Oblíquo o sol, gelado… _ O sol, e as águas límpidas do rio. Águas claras do rio! Águas do rio, Fugindo sob o meu olhar cansado, Para onde me levais meu vão cuidado? Aonde vais, meu coração vazio? Ficai, cabelos dela, flutuando, E, debaixo das águas fugidias, Os seus olhos abertos e cismando… Onde ides a correr, melancolias? _ E, refratadas, longamente ondeando, As suas mãos translúcidas e frias… Camilo Pessanha, in ‘Clepsidra’ ¹ Camilo Almeida Pessanha * Coimbra, Portugal – 7 de Setembro de 1867 d.C + Macau, China – 1 de Março de 1926 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Índio da Costa, ex-candidato a vice presidente recusa teste do bafômetro

Mais uma vestal, que ao contrário da Norma da ópera, revela-se uma vestal nada coerente. O pregador moralista do DEM, que durante a última campanha eleitoral, vociferava moralismo por todos os dedos apontadores de pecados alheios, foi pego com a boca, – quer dizer não colocou a boca no bafômetro – exalando o aroma de água que passarinho não bebe. Assim como o ipanemense das Alterosas, o Índio em questão está mais para Caramuru que para professor de moral e ética. A abordagem pela policia de transito é a Única oportunidade de assistirmos a comprovação de que os políticos são cidadãos comuns, e que o indecente “sabe com quem está falando”, não livra a carantonha dessa turma. O Editor Índio da Costa refuga bafômetro e tem carteira retida Ex-candidato a vice na chapa de José Serra, ex-deputado federal do DEM, hoje mandachuva do PSD no Rio, Índio da Costa foi parado numa blitz. Índio dirigia uma Hilux. Os policiais pediram-lhe que soprasse um bafômetro. Ele peferiu se abster. Teve a carteira retida. Arrostou multa de R$ 957,70. O carro só foi liberado depois que Índio apresentou aos inspetores um motorista habilitado a assumir o volante. A coisa toda se passou num cruzamento do Leblon, bairro chique do Rio. Há dois meses, ali mesmo, o tucano Aécio Neves protagonizara cena análoga. Ouvido, Índio disse que havia tomado vinho na hora do almoço. Foi retido na blitz quando a noite já ia alta – mais para o café da manhã que para o jantar. Mas Índio alega que, como não sabia a duração dos efeitos do vinho no organismo humano, preferiu esquivar-se do teste do bafômetro. A emenda faz lembrar um “soneto” de Tim Maia. O velho Tim dizia que não bebia, não fumava nem etc… Seu único defeito era mentir um pouco. blog Josias de Souza [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Drogas: preconceitos e demandas

Droga: demanda e preconceitos por José Serra –> blog Durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso (1995/2002), ocupei o ministério da Saúde por quase quatro anos. Com o apoio do presidente, além de reforçar bastante as ações que estavam em andamento, promovemos algumas inovações – entre estas, a ofensiva no combate ao tabagismo no país. Proibimos a propaganda de tabaco, sempre enganosa; impusemos fotos de advertência nos maços de cigarros; fizemos campanhas de esclarecimento nas TVs e nas rádios; fizemos, enfim, uma mobilização que contou com o apoio da imprensa porque a causa, obviamente, era boa; dizia respeito ao bem comum e à saúde dos brasileiros. Não há números precisos, mas boas indicações de que o crescimento do consumo de cigarros foi desacelerado. Tornou-se mais difícil para a indústria do fumo recrutar clientes entre os jovens. Mais do que isso: desenvolveu-se uma espécie de consciência social a respeito dos perigos desse vício para a saúde. Posteriormente, quando governador de São Paulo, fiz aprovar a lei que proíbe o fumo em recintos públicos fechados, incluindo bares e restaurantes. Tanto já havia aquela consciência que a medida foi rapidamente bem sucedida e se disseminou por todo o país. Faço essa memória com o propósito de insistir na necessidade de uma forte e amplíssima campanha educacional contra o consumo de drogas. No Brasil, há cerca de 1 milhão de pessoas, especialmente as mais jovens, usuárias do crack ou óxi, drogas que as levam à decadência e à morte, além do sofrimento e degradação que impõem às suas famílias. Você quer ter uma ideia mais concreta sobre essa realidade? Leia a reportagem “As Mães Reféns do Crack”, publicada nesta semana pela revista Veja. A luta contra as drogas exige cortar tanto a oferta como a demanda desses produtos. No Brasil, porém, a exemplo de outros países, as ações estão mais concentradas do lado da oferta, que deve, sim, ser combatida. Mas faltam ações decididas do lado da demanda, criando-se uma consciência maior, principalmente entre os jovens, sobre a natureza terrível da dependência química. Falando com clareza: é preciso estigmatizar não o consumidor do crack, mas o consumo do crack. Para isso tudo, é preciso ter lucidez, convicção e vontade política a respeito do assunto – atributos que parecem escassos nos órgãos federais competentes. Trata-se da mesma escassez que compromete as ações de tratamento e recuperação dos dependentes químicos, outro capítulo essencial da batalha contra as drogas — que, no Brasil, é ainda incipiente. Além de complexas, tais ações têm sido também dificultadas, por incrível que pareça, por estranho preconceito ideológico. Lembro-me da inauguração de uma clínica de tratamento e recuperação, criada pelo governo de São Paulo, localizada num município cuja prefeitura é do PT: o próprio prefeito criticou a iniciativa. Diga-se de passagem, o ministério da Saúde não repassou recursos do SUS para essa e outras clínicas, nem tampouco para as comunidades terapêuticas de todo o Brasil. PS – Sobre a mencionada clínica, vale a pena ler a matéria do jornalista Roberto Pompeu na revista Piauí http://bit.ly/piauirobertopompeu

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