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Medeea Latour – Versos na tarde

Como um escudo Medeea Latour ¹ Com as dificuldades de manter um poço — ou o vazio não exige trânsito — revestido com os leques do mofo e do limo com a sensação de abandono com que folhas de denso calibre disparassem do outono das árvores você, como um escudo, não quis tocar a minha mão ao longo de secretas arestas marcado agora fica o calendário com leves escoriações e cartas de despedida do pomar ¹ Medeea Latour * Opatija, Croácia d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Barack Obama e o Etanol do Brasil

O etanol invadirá os Estados Unidos? A vinda de Barack Obama ao Brasil, em março, faz acender luzes de euforia no palácio do Planalto mas gera cones de sombra na Petrobrás. Porque o presidente dos Estados Unidos, se não mudar de idéia, deverá propor monumental exportação do nosso etanol para o seu país. Pretende, de início em cinco estados americanos, adicionar etanol à gasolina e ver se seus patrícios aceitam a mistura. Dando certo a operação, importará tudo o que pudermos produzir, até levantando certas barreiras alfandegárias hoje existentes por lá. Claro que Obama exigirá compensações, a maior delas que as montadoras americanas instaladas em nosso território venham a ser aquinhoadas com facilidades, benefícios e incentivos maiores do que os já existentes, de forma a triplicarem sua produção de veículos, para grande exportação. A azeitona na empada será o aumento de empregos no Brasil. É possível que a pimenta envolva a compra dos caças F-18. A superprodução de etanol fará a alegria dos usineiros, mas já começa a ser vista de soslaio pela Petrobrás, interessada em concentrar os esforços nacionais no pré-sal e temerosa de que o governo possa entregar toda a energia não poluente à Eletrobrás. De qualquer forma, é bom não contar com o ovo enquanto na barriga da galinha. O cartel internacional do petróleo é poderoso e não quer ouvir falar do ingresso maciço do etanol no seu quintal. Carlos Chagas/Tribuna da Imprensa

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Egito e o declínio do extremismo

‘O extremismo está em declínio’, diz historiador O historiador e cientista político francês Jean-Pierre Filiu, professor visitante na Universidade Columbia, em Nova York, afirma que vitória de revoluções pacíficas e democráticas em países árabes como Egito e Tunísia é a derrota da al-Qaeda e do movimento jihadista. “É uma catástrofe para a al-Qaeda. Todas as coisas pelas quais os manifestantes lutam são anátema para os jihadistas: eleições livres, transparência, poder para o povo”, diz Filiu, autor dos livros “O apocalipse do Islã” e “As fronteiras da jihad” (Editora Fayard). Para o historiador, especialista em jihadismo, a ideia de que o Oriente Médio é refém da alternativa entre as últimas ditaduras e regimes extremistas islâmicos é completamente equivocada. Segundo ele, o extremismo está em declínio. Filiu acredita que a “pedagogia do pluralismo” de uma coalizão será benéfica para a Irmandade Muçulmana. “Ser minoria faz muito bem à cabeça e ao coração de gente que é um pouco rígida”, diz. Professor do Instituto de Estudos Políticos de Paris, Filiu, de 49 anos, viveu durante 20 anos no Oriente Médio. Em Nova York, ele trabalha no seu próximo livro, “A revolução árabe: 10 lições sobre o levante democrático”, e atende com um sorriso de alívio os alunos. “Quando esses meninos me procuravam, eu sentia tanta pena deles, iam passar 20 anos com Mubarak, com a polícia secreta, o medo; agora eles participam da festa nas ruas do Egito.”[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] A outra diferença é que seus colegas não torcem mais o nariz quando Filiu manda os alunos pesquisarem no Facebook. O que o senhor espera ver no Oriente Médio nas próximas semana e meses? O senhor acredita que o exemplo dado pelo Egito tenha ressonância e se repita em outros países da região rapidamente? O que acontece sempre que você está diante de um momento histórico é que nada do passado pode ser usado para interpretar ou analisar o que é radicalmente novo. Não acredito em efeito dominó. A comparação com a queda do Muro de Berlim em 1989 não é válida, porque ali havia um comando central, a União Soviética, e o fato de que a União Soviética estava se desmantelando levou mecanicamente à liberação de todos aqueles países. No caso atual, temos a sociedade civil confrontando o regime, com uma coragem incrível, e temos um processo de emulação. As duas revoluções, na Tunísia, e no Egito, têm um enorme poder de emulação porque o medo foi derrotado, e o povo descobriu que aquilo com o que sonhava é possível. São eventos de uma magnitude tal que serão sentidos em toda a região, mas isso não significa que a cada semana, ou a cada mês outro regime cairá. O que é certo é que se trata de uma nova era, e nesta nova era os governantes sabem que o tempo de impunidade absoluta acabou. Olhando para o futuro, o senhor vê candidatos a presidente surgindo com força, como Amr Moussa, que anunciou sua renúncia da presidência da Liga Árabe ou o prêmio Nobel Mohamed ElBaradei? O senhor acha que os partidos de oposição conseguirão se organizar a tempo para a eleição? Não devemos olhar para isso com olhos do passado. A era dos líderes salvadores terminou. Esses jovens não querem um líder, um modelo. Mas alguém terá que assumir o poder, não? Este problema é nosso, não deles. Nosso problema, nossa ansiedade, é ver alguém no lugar de Mubarak. Os egípcios não estão nem aí. Eles não fizeram esta revolução para substituir um Mubarak por outro. Se não entendermos esta mensagem, estaremos interpretando o movimento de uma maneira totalmente errada. Se houver pressa em chegar a uma conclusão de que agora é ElBaradei ou Moussa, corre-se o risco de cair nos mesmos erros do passado. Temos que entender que essa geração é jovem não apenas porque usa o Facebook ou o Twitter, ela é jovem porque não quer um pai que diga a ela o que é certo e o que é errado. A questão mais importante, para eles, certamente não é ter um líder. Tudo tem que ser reconstruído. Vai levar muito tempo, não se constrói um partido político ou um sindicato num piscar de olhos, nem mesmo uma ONG. Eles querem imediatamente o fim do estado de emergência, que gera vulnerabilidade a todos. Mas não estão correndo para encontrar um salvador. Eles estão sendo muito maduros, querem antes desmanchar esse aparelho de repressão. Para eles, o mais importante é a eleição para o Parlamento, não o voto para presidente. É fascinante ver como essa pressa vem de fora, não de dentro do Egito. Um dos motivos pelos quais os países ocidentais têm pressa é o medo que o extremismo cresça no Oriente Médio. Mas o senhor escreveu que a vitória de movimentos pacíficos na região vai desestabilizar a al-Qaeda, certo? Fernanda Godoy/O Globo É uma catástrofe para a al-Qaeda. Em primeiro lugar, porque o movimento pela democracia é um sucesso, e eles são um fracasso. O que a al-Qaeda conseguiu em 20 anos? Nada. Pior do que nada: conseguiu guerra civil no Iraque, guerra civil no Paquistão, ocupação prolongada no Afeganistão. Do outro lado, um movimento pacífico, sem motivação islâmica, sem bandeira verde, e, em menos de um mês, o ditador caiu. Em segundo lugar, todas as coisas pelas quais os manifestantes lutam são anátema para os jihadistas: eleições livres, transparência, responsabilidade dos governantes, poder para o povo. A al-Qaeda está tão chocada que não consegue dizer uma palavra, e, quando diz algo, é terrível. O braço iraquiano da al-Qaeda divulgou um comunicado no dia 8 de fevereiro insultando os manifestantes egípcios, por “adorar os ídolos podres do patriotismo e da democracia infiel”. Eles não podem estar mais fora de contato com a realidade. Eles sempre disseram que esses regimes não importavam, que eles tinham que atacar o inimigo distante, o World Trade Center, para desestabilizar o Egito ou outros países. E aqui temos uma revolução feita pelo povo, genuinamente local, dizendo ao Ocidente: “Não interfiram, não

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S-Commerce: Tsunami ou a onda dos sonhos?

Alerta! Onda Gigante chamada s-commerce aproxima-se do território brasileiro e a previsão é de que quase ninguém deve escapar, o que não é motivo para pânico, pois nessa onda todo mundo pode surfar. A notícia ainda é quente apesar desta maré já se apresentar por aqui e com isso mais uma era ser marcada na linha do tempo, a era do s-commerce, termo que representa o novo formato de e-commerce e que está aos poucos ganhando o seu espaço no Brasil. Um novo processo mercadológico baseado não mais em marcas e conceitos, e sim em produtos, experiências e exigências dos consumidores. O s-commerce, abreviatura em inglês de Social Commerce (Comércio Social), nada mais é do que a integração do comércio eletrônico às redes sociais, onde todo o processo de compra e venda sofre influência dos consumidores através do compartilhamento de experiências, necessidades e interesses comuns. Esta modalidade já está sendo ensaiada por aqui através do Frugar, primeira rede de social shopping brasileira, uma rede na qual os usuários podem criar suas coleções de produtos, que são classificados tematicamente, de acordo com seus desejos, convidar seus amigos para seguir essas coleções e interagirem fazendo comentários, recomendações ou dando suas sugestões sobre os produtos. O que gera compartilhamento de interesses, troca de opiniões e principalmente transforma as ações de marketing das empresas e propicia o surgimento de novos produtos. O que já vinha acontecendo desde o momento em que os consumidores tomaram o poder e passaram a expressar na internet o que é “bom” e o que é “ruim” de acordo com suas experiências de compra. O que se diferencia neste novo formato, é que esta rede social, que reúne o que podemos chamar de compradores sociais, oferece também sugestões de onde estes usuários podem adquirir os seus produtos de interesse. Visualizando esta trajetória podemos ir longe e imaginar, por exemplo, Orkut e Facebook integrando suas plataformas com lojas virtuais e dando origem aos dois maiores shoppings virtuais do mundo, unindo lazer, entretenimento e negócios. Não seria nada mal. Os grupos e comunidades expondo para seus membros suas necessidades de consumo e recebendo sugestões, críticas ou elogios sobre suas compras ou possíveis aquisições, enquanto se relacionam socialmente, e as lojas, com todas essas informações captadas a partir dessas atividades, oferecendo seus produtos para os nichos de consumidores que são seus públicos de interesse. A possibilidade de gerar negócios para o varejo nestas plataformas é clara, uma vez que muitos dos seus usuários são fiéis e costumam fazer uso delas várias vezes ao dia. As vantagens do s-commerce se apresentam para todos, para quem vende e para quem compra, os consumidores podem contar com a credibilidade de seus amigos, podem comparar opiniões e realizar compras mais seguras e para empresas a chance de serem mais assertivas e oferecerem produtos de acordo com a demanda de seus públicos. Autor: Roberto Soares Costa – CEO da empresa Afirma Consultoria – MBA em Gestão Empresarial pela FGV – Especialista em E-commerce e Posicionamento Digital.

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Dilma Rousseff fala sobre educação

Boa fala Edgar Flexa Ribeiro ¹ Dilma Roussef usou os poderes e prerrogativas do cargo e veio à televisão, em rede nacional, para falar sobre educação, dizer que professor é importante, e que a educação é o principal instrumento para tirar famílias da miséria e fazer verdadeiramente rico um país. Presidentes da República estavam devendo coisa assim há longos anos. Fernando Henrique uma vez visitou uma escola no interior da Bahia. Os repórteres acharam graça em ver o presidente, intelectual famoso, conversando com uma professorinha modesta e crianças boquiabertas, e o episódio não deixou sequelas. Fora isso, nunca se viu uma única demonstração de apreço oficial pelo tema. Até motorista do Itamaraty ganhou medalha – mas nunca se viu um professor ou professora condecorada pelo simples fato de ser professor. Não era mais suficiente que pessoas interessadas se repetissem à exaustão em colóquios e nos jornais, era necessário transformar a educação em tema de atenção nacional.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] E quando a presidente da República vem à televisão para dizer o que disse Dilma Roussef, a conversa muda de patamar. Educação é importante: parece simples de entender, e é fácil não reparar. Dilma presidente repetiu, qualificou e conclamou todos a prestar atenção à educação, como tarefa comum – a autoridades, professores, famílias, mães e pais, crianças e jovens – cotidiana, mas sempre vital ao futuro de cada um e ao do país. Essa atenção à educação não pode esmorecer. Tem que ser incorporada à consciência nacional como direito que nos cabe defender e zelar: o de aprender e de ensinar, parte da liberdade de pensar. Não o fazendo, delegando-o a outros, nos oferecemos a ser conduzidos como manada. Dizer isso, prestigiar a tarefa, discutir o assunto, respeitar quem a está realizando é um dever. Índices e números desfavoráveis não podem desanimar nem justificar apenas críticas e reclamações. O que se planta hoje na sala de aula só é colhido décadas depois, quando se puder ver o resultado do que se fez ontem. É árduo, complicado, e pode ser exasperante: mas não se pode desfazer da educação que se tem hoje a pretexto de melhorá-la amanhã. O país tem as escolas que tem, os professores que tem. São os únicos disponíveis. Dilma fez o papel que lhe cabia: colocou o assunto na agenda. Mas a solução não está nas mãos dela: os autores de nossa educação somos nós, o país: diverso, enorme, diferente e vário. O chamamento foi feito. ¹ Edgar Flexa Ribeiro é educador, radialista e presidente da Associação Brasileira de Educação blog do Noblat

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