Depósitos na poupança não param de crescer
Enquanto a boa e velha caderneta de poupança engorda, os fundos de investimento conservadores oferecidos pelos principais bancos de varejo encolhem. É o que mostra relatório do site financeiro Fortuna, especializado em fundos de investimento. De acordo com os dados compilados no levantamento, o total depositado na poupança não para de crescer desde dezembro de 2006. Na época, a caderneta somava depósitos de R$ 188 bilhões, que subiram para R$ 235 bilhões em dezembro de 2007, R$ 270 bilhões em dezembro de 2008, alcançando R$ 275 bilhões no fechamento de abril deste ano. O salto foi de 46% nos últimos dois anos e quatro meses. O resultado foi o oposto entre os fundos conservadores (de renda fixa, curto prazo e referenciados DI) oferecidos pelos principais bancos de varejo aos investidores pessoa física, compilados na Seleção AE Fortuna de Fundos Populares. No mesmo período, o patrimônio total depositado nas 189 carteiras da seleção recuou quase 8%: eram R$ 203 bilhões em dezembro de 2006, R$ 195 bilhões em dezembro de 2007, R$ 182 bilhões em dezembro de 2008 e R$ 187 bilhões registrados em abril. No mês passado, destaca o relatório do Fortuna, os depósitos na poupança superavam o patrimônio dos fundos conservadores populares em 47%. “O avanço da poupança sobre os fundos de investimento ocorreu tanto entre as contas com menor volume de aplicação quanto entre as contas com maiores saldos”, segundo o levantamento. Os depósitos da poupança superam o patrimônio dos fundos até determinado nível de aplicação. Em dezembro, as cadernetas com saldos de até R$ 100 mil somavam depósitos totais de R$ 201 bilhões, mais que o dobro dos R$ 99 bilhões de patrimônio acumulados pelos fundos populares de renda fixa, curto prazo e DI com aplicação mínima de até R$ 100 mil. Quando se consideram as contas de poupança com saldo mais polpudo, acima de R$ 100 mil, as cadernetas somavam depósitos de R$ 70 bilhões em dezembro, enquanto os fundos com aplicação mínima de R$ 100 mil tinham patrimônio de R$ 83 bilhões – diferença de 20% em favor dos fundos. Com a proposta de passar a cobrar Imposto de Renda sobre os rendimentos das poupanças de grandes investidores (com saldo na caderneta superior a R$ 50 mil), o governo pode reverter o fluxo para as contas com mais de R$ 100 mil e redirecioná-lo para os fundos que exigem aplicações iniciais mais altas, conclui o relatório. “No entanto, ao não alterar a remuneração mínima da poupança (de 6,17% ao ano mais Taxa Referencial, a TR), o fluxo de recursos para contas com saldo de até R$ 100 mil deve continuar.” Sendo assim, a avaliação é de que a opção pela tributação a partir de 2010 não deverá afetar a dinâmica dos fundos voltados a investidores pessoa física, tampouco a evolução dos depósitos na poupança. Na visão do diretor do Fortuna, Marcelo DAgosto, uma alternativa que não está sendo considerada pelo governo deveria ser a primeira a ser tomada: a unificação das alíquotas de Imposto de Renda dos fundos de investimentos e outras aplicações financeiras. “Hoje há muita distorção nas taxas de administração cobradas pelos bancos e uma das razões são as alíquotas diferenciadas”, afirma. Atualmente, os rendimentos dos fundos de renda fixa, por exemplo, estão sujeitos a uma tabela regressiva de IR, com alíquotas entre 22,5% e 15%, a depender do prazo da aplicação, enquanto os fundos de ações têm uma alíquota fixada em 15%. “A unificação das alíquotas permitiria saber o valor justo da taxa de administração de um fundo.” do Estadão