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Eleições 2006 – Entrevista com Ciro Gomes

PSDB DE SÃO PAULO NÃO TEM MORAL PARA FALAR EM ÉTICAO deputado eleito pelo PSB do Ceará, Ciro Gomes, disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim, nesta segunda-feira, dia 02, que o PSDB não tem moral para falar em ética (clique aqui para ouvir). Ciro Gomes, ex-governador do Ceará e ex-ministro, foi o deputado mais votado no Brasil, em relação ao número do colégio eleitoral. Para ele, o Lula deve puxar debates diretos e discutir com clareza qualquer assunto que o PSDB de São Paulo queira discutir. Ciro Gomes disse também que Tasso Jereissati deve se empenhar na campanha de Geraldo Alckmin.Veja a íntegra da entrevista com Ciro Gomes: Paulo Henrique Amorim: Qual a conseqüência política que o senhor pretende extrair desta vitória no Ceará em que o senhor é o deputado mais votado e elege o governador, elege o senador, uma bancada para a Câmara dos Deputados. O que é que vem daí?Ciro Gomes: É uma missão de muita responsabilidade que tem duplo sentido: o primeiro é criar no Congresso Nacional um aperfeiçoamento das instituições brasileiras, um conjunto de reformas que precisam ser impulsionadas. O país tem um sistema tributário errado, tem um sistema político errado, um sistema previdenciário errado, enfim, são tarefas gravíssimas que remanescem no Congresso Nacional e eu vou tentar, modestamente, no que eu puder fazer ajudar a impulsionar isso. E a outra grande tarefa é devolver ao povo cearense essa expressão mais uma vez de carinho com o cuidado e o zelo com a agenda que importa ao estado. Paulo Henrique Amorim: O que o senhor pretende fazer no segundo turno da eleição presidencial?Ciro Gomes: Vou lutar obstinadamente a partir de agora, hoje mesmo vou à Brasília, para que a população brasileira tente perceber no meio dessa barulheira o que está de fato em jogo. Claro que ninguém desculpa as imperdoáveis loucuras que uma parte do PT de São Paulo praticou, mas é preciso neste momento imaginar concretamente os mais graves interesses brasileiros que estão em jogo. É um interesse nacional, o país que vinha de anos dependente de fluxos financeiros internacionais, hoje tem a mais sólida conta com o estrangeiro, graças ao esforço de restauração da soberania brasileira pelo presidente, isso não é pouca coisa. O Brasil que vinha destruindo empregos passou a criar empregos. Talvez não na velocidade e no volume necessários, mas definitivamente é outra estratégia. A participação dos salários na renda nacional que vinha sendo esmagada volta a ter espaço para expandir; todas as categorias profissionais voltam a ter reposição salarial acima da inflação; o salário mínimo, com o menor valor nos últimos 17 anos, duplicou o seu poder de compra em relação à cesta básica, por exemplo. A política social começou a produzir efeitos na desconcentração da renda brasileira, que é a maior vergonha e o maior crime. Essas coisas todas têm que ser debatidas para que a população perceba onde está de fato o seu melhor interesse. Não que isso perdoe ou desculpe os erros graves que se cometeram na política, na ética, mas o presidente Lula tem o saldo extraordinariamente positivo e o melhor interesse do Brasil está na representação que o Lula tem. Eu vou tentar mostrar isso. Paulo Henrique Amorim: O senhor acha que a partir de agora a estratégia do presidente Lula deveria ser qual para enfrentar Geraldo Alckmin?Ciro Gomes: Eu acho que o presidente Lula tem o sentido claro da gravidade da sua tarefa. A tarefa dele é defender o interesse brasileiro. Em minha opinião a eleição de Lula se confunde com o melhor interesse do Brasil. Eu acho que ele tem que puxar o debate direto e frontalmente, discutir com clareza e contundência qualquer assunto que essa gente queria discutir. Se é indesculpável que houve erros, o PSDB de São Paulo não tem a menor moral para falar em ética honestamente. Eles não têm a menor moral para falar em ética! Paulo Henrique Amorim: O senhor acha que o presidente Lula com o estilo dele vai dizer isso?Ciro Gomes: Não sei, mas essa será a minha opinião. Paulo Henrique Amorim: Qual o papel que o senhor acha que o senador Tasso Jereissati pode desempenhar na campanha de Geraldo Alckmin. O senhor acha que ele muda o Ceará em benefício Geraldo Alckmin?Ciro Gomes: O Tasso tem grande força no estado do Ceará. É uma pessoa muito respeitada, já conseguiu aqui, num ambiente absolutamente hostil, que o candidato do seu partido chegasse a 23%, o presidente Lula aqui tirou 71%.Certamente o Tasso vai se esforçar como é do seu direito e seu dever para que o desempenho de Alckmin melhore. Nós, do nosso lado, nos esforçaremos para que o desempenho do presidente Lula melhore ainda.

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Tecnologia – Como era antes?

Tristes memórias de um País sem telefones. Do O Estado de São Paulo. O mercado mudou tanto e em tão pouco tempo que muitos nem se lembram de como era difícil a vida sem internet, sem celular e com filas de anos para comprar um telefone fixo. Não faz tanto tempo, fazer uma ligação telefônica era algo bastante complexo no Brasil. Numa noite de 1988, o jornalista americano Matthew Shirts, colunista do Estado, à época morador do bairro de Higienópolis, região central de São Paulo, saiu para beber com amigos. Ao voltar para casa, perto das 5 horas da manhã, Shirts deparou com o que parecia ser um pequeno problema. Ele estava sem as chaves da residência. De um orelhão em frente ao prédio onde morava, tentou telefonar para a mulher, que dormia. Não conseguiu. “Como estava sem ficha telefônica, fiz a ligação a cobrar”, diz Shirts. O problema é que, naquele tempo, o sistema não permitia ligações a cobrar dentro de uma mesma cidade. “Menti para a telefonista que eu estava em Santos, mas ela descobriu que não era verdade”. Sem ter muito o que fazer e diante da possibilidade de dormir ao relento, Shirts teve uma idéia. Ligou a cobrar para sua mãe, que vivia na Califórnia, nos Estados Unidos. Pediu-lhe, quase aos prantos, que telefonasse para a nora em São Paulo para que esta abrisse a porta do apartamento. “Minha mulher não gostou de ser acordada pela sogra, mas foi o jeito que encontrei para entrar em casa”, afirma Shirts.Situações estapafúrdias como essa não eram raras antes da privatização do sistema brasileiro de telefonia, em 1998. Em poucas áreas o Brasil era tão atrasado. Havia escassez de linhas – que, em geral, custavam os olhos da cara – e em alguns locais, principalmente pequenos municípios ou bairros periféricos das grandes cidades, as interferências, ruídos e chiados impediam os interlocutores de entabular conversa. Um caos, em suma. Consultor do mercado financeiro, Ayrton Mello perdeu dinheiro graças à inoperância do sistema. “No início dos anos 80, obtive uma informação que recomendava a venda de ações de uma determinada empresa, mas não consegui avisar o meu corretor a tempo”, diz. “Por causa do congestionamento de linhas, ocorreu uma pane no bairro onde eu estava”. Como não havia celular, Mello ficou incomunicável e o negócio acabou não sendo feito – o resultado foi um belo prejuízo financeiro. Pior era conseguir uma linha telefônica. Em São Paulo, a espera para os que ingressavam nos planos de expansão oferecidos pelas estatais chegava a 6 anos. Quando a Telesp anunciava um novo lote disponível para venda, centenas de pessoas montavam barracas na porta da empresa, temerosas de que a oferta acabasse rapidamente. Algumas vendiam seus lugares, num esquema parecido com o existente hoje em dia na compra de ingressos para shows musicais concorridos. A dificuldade para conseguir linhas pelos caminhos oficiais favoreceu o surgimento de um mercado paralelo. Empresas começaram a intermediar as transações diretas entre clientes. Funcionava assim: alguém que já possuísse uma linha num determinado bairro e quisesse trocá-la por outra distante acionava a empresa intermediadora. Essa cobrava uma comissão para fechar o negócio. A mais conhecida desse ramo foi a Bolsa de Telefones. Criada por Edmon Rubies, que fez carreira no mercado de capitais antes de investir em telefones, a Bolsa fez tanto sucesso que chegou a figurar, em meados dos anos 80, entre as 500 maiores empresas do Brasil, com faturamento de algumas centenas de milhões de dólares. O setor era, de fato, muito próspero. Em 1997, às vésperas da privatização, o Balcão do Telefone, concorrente da Bolsa, faturou a exorbitância de US$ 325 milhões. No auge da Bolsa, Rubies realizava a transferência de 600 linhas telefônicas por mês. Algumas atingiam preços astronômicos. Em Alphaville, na Grande São Paulo, chegou a comercializar uma linha por US$ 10 mil. “O valor equivalia ao preço de um Monza, o carro mais luxuoso da época”, afirma Rubies. A Bolsa sobreviveu até a privatização. Depois, tornou-se inviável. Como o preço das linhas despencava e o prazo de instalação não passava de poucos meses, não fazia mais sentido comprar uma linha no mercado paralelo. Em 2001, Rubies encerrou as atividades da Bolsa. Há dois anos, tentou voltou ao mercado, com uma companhia que oferecia ligações telefônicas gratuitas bancadas por anunciantes. O projeto não vingou e foi à lona poucos meses depois. Os celulares também tiveram sua parcela de culpa na redução brutal do preço de linhas fixas de telefone. Quando o Rio de Janeiro alcançou a façanha de ser a primeira cidade brasileira a usar telefonia móvel, em 1990, imaginava-se que a onda logo varreria o setor no Brasil. Mas não num ritmo tão veloz. A queda do preço dos celulares foi ainda mais rápida. Se no início eles chegaram a custar R$ 5 mil, hoje podem ser adquiridos a módicos R$ 200. E parcelados em dez vezes.Nos últimos 10 anos, os brasileiros conheceram uma revolução nas comunicações. Com a popularização dos celulares – diga-se de passagem, existentes no Japão desde 1978 – e o advento da internet, implantada comercialmente no Brasil em 1995, a vida pessoal e profissional das pessoas mudou numa velocidade espantosa. Se até outro dia mesmo o máximo que se conhecia em tecnologia eram bips e pagers, que mal serviam para transmitir recados, hoje qualquer contínuo vai à rua munido de telefone móvel – às vezes, até com internet. Existem atualmente 91,8 milhões de celulares em funcionamento no Brasil, quase o triplo do número de telefones fixos, que somam 39 milhões.

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Saiu na midia – BBC

Enfraquecimento de Lula preocupa EUA, diz analista. Com interesses em outras regiões, EUA precisam de “Brasil forte”. O presidente Luis Inácio Lula da Silva saiu enfraquecido do primeiro turno das eleições presidenciais e isso pode causar preocupação junto à Casa Branca, segundo o cientista político Arturo Valenzuela, diretor do Centro de Estudos Latino-americanos da Universidade de Georgetown, em Washington, e ex-assessor do governo na gestão de Bill Clinton. Em entrevista à BBC, Valenzuela disse acreditar em uma vitória de Lula no segundo turno, no dia 29 de outubro, mas que o desempenho do presidente nas urnas apresenta sinais preocupantes. “Ele está enfraquecido porque (as pesquisas) mostram que em um período bem curto sua preferência junto ao eleitorado baixou. Pesquisas indicam que no segundo turno ele pode ganhar por 49% a 44%, se não tiver nenhum escândalo adicional durante este período.” Para Valenzuela, “um Lula enfraquecido seria mais desestabilizador na situação política do Brasil, e isso seria problemático pois os Estados Unidos, com seus interesses em outras partes do mundo, precisa de um Brasil forte na região.” Tanto fazO analista afirma que, para os Estados Unidos, não faz muita diferença se o vencedor das eleições presidenciais no Brasil for Luiz Inácio Lula da Silva ou Geraldo Alckmin. “Não faz muita diferença se Alckmin ganhar em termos da relação com os Estados Unidos porque o Brasil vem mantendo uma relação boa com o país”, disse Valenzuela à BBC. “Lula pode apoiar Chávez na ONU (Organização das Nações Unidas) – e esse é um problema com a política americana -, mas de maneira geral a relação na maioria das questões, exceto em comércio, tem sido razoavelmente boa”, disse o analista. O analista disse que não há razões para temer uma aproximação maior de Lula com líderes regionais de ideologias antagônicas à Casa Branca.“Lula não entrou na muito na retórica muito mais esquerdista de (Hugo) Chávez (presidente da Venezuela) e Evo Morales (presidente da Bolívia).” “Essa é a ironia da situação de Lula, ele foi bem sucedido como líder da esquerda mas manteve políticas econômicas ortodoxas, conservadoras”, afirmou.

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Eleições 2006 – A mão que acusa…II

Os mais cínicos – minhas desculpas ao filósofo Diógens pelo uso do termo – Torquemadas das CPMIs, foram jogados à fogueira dos votos irrisórios e humilhantes, nos cargos que desputaram, quer eles, quer seus prepostos, cupinchas e apaniguados.Destaque para: Antero Paes de Barros, Psdb – Demóstenes Torres, Pfl – Eduardo Paes, Psdb – ACM, Pfl – Moroni Torgan, Pfl – Mão Santa (sic) Pmdb – Amir Lando, Pmdb – Osmar Serraglio, Pmdb – João Fontes, Pdt.

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Opinião dos outros – Leonardo Boff

Segunda categoria: irmão menor, frater minor. Menor, porque, naquela divisão social burguesa de maiores e menores, ele ficou com os menores. Este é o sentido social de menor. Sua ordem é a dos frades menores e se escreve, abreviando, O.F.M, Ordem dos Frades Menores. Além desta ordem tem a Ordem dos Mínimos, menores ainda que os menores, mais radicais ainda. E hoje nós inventamos mais uma ordem, a dos lascados. Há todo um movimento nordestino dos frades, para a criação da Ordem franciscana dos lascados, da Ecclesia Lascatoram, da ordem dos lascados. Imaginem vocês que, lá no Ceará, São Francisco é nordestino, não é de Assis, é São Francisco do Canindé*. É o maior santuário franciscano do mundo e passam por lá milhares e milhares de pessoas. Estive lá, várias vezes. O povo acha que os frades escondem São Francisco dentro daquele convento enorme. Estão o povo vai à Igreja de São Francisco, paga as promessas, desfila diante do convento, olha-o com curiosidade para ver se ele está lá dentro. E dizem uns aos outros: “São Francisco está lá dentro, escondido. Eu o vi. Estes padres alemães são maus, escondem São Francisco”. Isto porque a mentalidade mítica popular não é diacrônica. Ela é sincrônica. Moisés, Jesus, João XXIII vivem todos num mesmo tempo. Não é o São Francisco Medieval. É o São Francisco de hoje, que está em Canindé, e não é de Assis.São Francisco, portanto, é frade menor. ¹Leonardo Boff, extraído da obra Terapeutas do Deserto: do Deserto: de Fílon de Alexandria e Francisco de Assis a Graf Dürcheim” (Petrópolis, Vozes, 2004), a partir de Seminário com Jean Yves Leloup e Leonardo Boff. *Canindé é o nome da cidade do Ceará onde se situa a Basílica de São Francisco de Assis que lá é denominado São Francisco do Canindé ou ainda São Francisco do Canindé.

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Pro dia nascer melhor – 02/10/2006

“Mama-se, mama-se sempre.Nos peitos da ama-de-leite, nos cofres do governo, na loba de Roma ou na Via Láctea, como Bilac.Onde, pouco importa; o essencial é mamar.” Meditações Imaginárias Paulo Mendes Campos* Belo Horizonte,MG – 28 Fevereiro 1922 d.C+ Belo Horizonte,MG – 01 Julho 1991 d.C

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