Carro do Google causa primeiro acidente

Um automóvel não tripulado do Google bateu em um ônibus em Mountain View, California, localidade onde se encontra a sede da empresa de buscas na internet.
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Não é a primeira vez que ocorre um acidente com um veículo seu, mas, segundo os registros do Departamento de Veículos Motorizados (DMV), é a primeira vez que o gigante de tecnologia admite que a culpa foi de seu carro. Com a batida, ele teve a sua lateral esquerda amassada, mas não houve danos humanos. O ônibus, em que viajavam 15 pessoas, sofreu pequenos estragos.

O Google declarou que o carro circulava a uma velocidade inferior a cinco quilômetros por hora e que uma parte do problema foi que havia alguns sacos de areia bloqueando o caminho.

Em declaração oficial, a empresa reconhece sua responsabilidade: “Evidentemente temos alguma responsabilidade. Trata-se de um típico mal-entendido que ocorre entre motoristas humanos todos os dias”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]

No entanto, o veículo robotizado não estava sendo dirigido no momento por um humano, mas por uma máquina.

O carro estava tentando desviar dos sacos de areia quando o ônibus começou a contornar uma giratória podendo optar por três pistas alternativas. Trata-se, mais especificamente, do Caminho Real, uma estrada que une as primeiras missões existentes na Califórnia.

O Google afirma também que um homem que estava a bordo do carro não assumiu o controle da situação porque confiou na inteligência artificial.

No relato feito pelo Google, a explicação é de que o seu carro considerou que nada aconteceria com a aproximação do ônibus: “Depois de se colocar na pista da direita e fazer um movimento para desviar dos sacos de areia, o carro deu a virada e captou a chegada do ônibus que se aproximava. Mas considerou que não o atingiria, pois vinha mais atrás. Nosso motorista de testes, que estava dentro do carro, percebeu que o ônibus estava chegando, viu-o pelo retrovisor, mas imaginou que o seu motorista iria reduzir a velocidade. O que provocou o acidente foi que as duas partes consideraram que a outra cederia espaço na mesma pista”.

Com isso, o Google expõe um dos fatores mais complexos no que diz respeito à condução não tripulada de um veículo: a negociação.

Desde 2009, quando começaram a transitar pelo campus do Google, esses veículos autônomos se envolveram em várias ocorrências –um total de 341, segundo a informação mais recente da empresa.

Em 13 ocasiões, um acidente foi evitado graças à pessoa que estava dentro e que assumiu o volante. Esta foi a primeira vez em que se confiou na autonomia e em que ocorreu um acidente.

“Evidentemente temos alguma responsabilidade. Trata-se de um típico mal-entendido que ocorre entre seres humanos todos os dias”

Brad Templeton, especialista naquilo que ele próprio chama de robo-cars, automóveis automatizados, primeira pessoa que assessorou o Google para na criação desta área, avalia que este caso significa uma boa notícia no sentido da evolução desse tipo de veículo.

“É o primeiro golpe sofrido dessa maneira. Em todos os anteriores, o erro havia sido nitidamente do motorista humano”, conta ao EL PAÍS.

“Acabo de chegar da Índia, e só penso nisso. Entre outras coisas, porque ali todo mundo descumpre as normas. Lá é muito mais caótico do que na Califórnia”, afirma.

“Em muitos casos, criamos as nossas próprias regras, como, por exemplo, quando dividimos uma mesma pista. Vamos aprender muita coisa sobre o comportamento humano, sobre negociações e normas não escritas”, acrescenta.
El País

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