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Pedro Novais o ministro que sumiu

Apertem os cintos, o ministro Pedro Novais sumiu. Mas terá de reaparecer amanhã, para prestar depoimento à Câmara sobre a corrupção no Turismo. Ele não existe como político de destaque. Aos 81 anos, só era conhecido no Maranhão, onde vinha se elegendo deputado federal, com apoio do senador José Sarney, seu amigo de fé e compadre. De repente, foi guindado ao Ministério do Turismo, onde já estava instalado um formidável e crescente esquema de corrupção, que durante sete meses funcionou sob suas barbas. Com 82 anos completados agora em agosto, Novais não está livre de suspeitas. Apesar de idoso, ele pode até ser o chefe da quadrilha, pois entrou para os anais da História da Comissão de Turismo da Câmara a declaração dele de que o Ministério do Turismo teria como única função na Copa e nas Olimpíadas “fazer cursos de capacitação de agentes”, que é exatamente o setor mais corrompido de seu ministério. Portanto, a Polícia Federal joga com três opções: ou Novais é culpado, ou é conivente ou é muito idiota.[ad#Retangulo – Anuncios – Duplo] Os jornais assinalam que o ministro do Turismo, Pedro Novais, que pouca visibilidade política vinha tendo desde que assumiu a pasta, submergiu ainda mais, depois que a Polícia Federal, com a Operação Voucher, desbaratou o esquema de desvio de dinheiro do ministério para ONGs que não cumpriam os contratos. Realmente, sem ter o que dizer, Novais adotou o silêncio como tática de defesa, ao contrário de outros ministros que também estão envolvidos em denúncias de irregularidades – como é o caso de Alfredo Nascimento, ex-ministro dos Transportes, e de Wagner Rossi, titular da Agricultura, que se defendem atacando os outros, pois não há como negar as acusações.. Na terça-feira, quando a Polícia Federal prendeu os suspeitos, Pedro Novais fingiu que não sabia de nada e manteve uma agenda de dia comum, recebendo deputados, prefeitos e senadores. A assessoria de imprensa, contudo, divulgou uma nota na qual afirmava que o ministro havia solicitado à Controladoria Geral da União a abertura de um Procedimento Administrativo Disciplinar para apurar as denúncias. No dia seguinte, Novais também não recebeu os jornalistas. Ficou em despachos internos até as 17horas. Na quinta-feira, a mesma coisa, nada de entrevista, e o ministro agendou apenas um encontro com Von Walter Mzembi, ministro do Turismo do Zimbábue, país africano envolvido em longa e grave crise política, e que, por isso mesmo, nem recebe turistas. Nesta sexta-feira, novamente, ele ficou trancado em seu gabinete, com despachos internos. No Diário Oficial, publicou portaria criando novas regras para prestação de contas de convênios. As ONGs terão apenas 30 dias para prestar contas. Caso não cumpram o prazo, correrão o risco de ter os recursos bloqueados e passar a figurar num cadastro de entidade inadimplente, vejam só que ridículo: depois do portão arrombado pela Polícia Federal, o ministro aparece tentando colocar uma tramela. Amanhã, Pedro Novais terá de sair do bunker para ir à Câmara, onde dará depoimento à Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, para explicar os tortuosos caminhos que desviam recursos justamente para o que ele diz ser o principal papel de sua pasta: capacitar profissionais para o atendimento ao turismo. Vai ser um episódio constrangedor. Novais não sabe nada de turismo, aliás, não sabe nada de nada. É uma espécie de Tiririca com diploma de advogado. Jamais poderia ter sido nomeado ministro. E agora José Sarney nega ter sido responsável pela indicação de Novais. Os dois são amigos e compadres, mas agora Sarney resolveu deixá-lo sem padrinho. Implacavelmente. Carlos Newton/Tribuna da Imprensa

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Bolsonaro: mais para oportunista eleitoreiro que racista

Na taba dos Tupiniquins cada vez mais as pessoa são julgadas pelo que dizem e não pelo que fazem. Volto a constatar que no Brasil, também cada vez mais, a fama precede a virtude. Considerando que o escatológico e furibundo Enéas foi, até hoje, o maior campeão de votos para a câmara federal, fica patente que o que dá votos é dizer, bobagens, coisas polêmicas ou que chamam a atenção. Assim, concluo que o deputado Jair Bolsonaro não seja um racista, nem tão pouco um idiota. Vejo-o como um oportunista. Um Tiririca menos ingênuo. Ambos populistas. Ambos exercendo o direito constitucional da liberdade de expressão. Gostemos ou não. Suas (dele) declarações escatológicas e insanas irão atrair “um caminhão” de votos da turma da extrema direita, dos racistas e outros que vivem de alimentar o ódio contra diferenças. O ex-capitão Bolsonaro, “sabidamente”, está ocupando um vazio na direita mais xenófoba brasileira. Cada país tem o Jean-Marie Le Pen que merece. O Editor PS. Não concordo com o que o sujeito diz, mas deixem o Deputado Bolsonaro falar. Para que ele entenda como somente em uma democracia ele pode falar o que pensa. Fosse em uma ditadura, regime aliás, que o deputado tanto louva, ele já estaria “hospedado” nos porões da repressão. Querer cassá-lo é uma violência. Liberdade de Expressão é cláusula pétrea da Constituição. Aliás, a verborréia de Jair Bolsonaro é até pedagógica para que as novas gerações conheçam que tipo de mentalidade era dominante nos anos de repressão no Brasil. Bolsonaro, Tiririca e o discurso ambíguo das esquerdas. Há, desde logo, um ponto em comum entre Tiririca e Bolsonaro: o estigma. Bolas da vez da mídia e dos “formadores de opinião”, estão sendo caçados assim como em algum momento Maluf e Sarney o foram, o que não impediu que eles estejam aí, firmes e fortes. No momento, os “politicamente corretos” só têm olhos e munição para o “palhaço” e para o “fascistão”. O problema é que esses nossos inquisidores modernos são mais políticos do que corretos e, donos da verdade, estabeleceram uma espécie de código parecido com o das boas maneiras de antigamente: isso pode , isso não pode. Parece que essa Ditadura Politicamente Correta surgiu nos EUA (anos 80) onde intelectuais de esquerda (liberais) fizeram um index das princípios posições ou manifestações retrógradas da Direita Republicana cada vez mais envolvida com um fascismo implícito, misturado com negociatas e um fanatismo religioso (fundamentalista) da pior espécie. O resultado disso tudo é que, na falta do inimigo comunista visível para combater, os EUA continam agindo como Polícia do Mundo e um presidente negro e democrata usa a DPV ( Ditadura Politicamente Correta) para agredir militarmente a nação que bem entender. É claro, portanto, que não concordo com o enfoque que está sendo dado aos casos Tiririca e Bolsonaro. Talvez eu esteja sendo rigoroso demais com nossos bons PCs (Polticamente Corretos). Acontece que eles recorrem demasiado aos clichês. E tenho ugeriza ao clichê, esta arma predileta dos ignorates, dos preguiçoso e dos hipócritas. O fato é que tudo fica na superfície dos fatos. Mas vamos adiante. O Tiririca sofreu um ataque inicial, desferido por preconceituosos e presunsosos “educadores” que se indignaram com o fato de ele ter sido indicado para a Comissão de Educação e Cultura da Câmara, sem notarem que a arte circense é uma importante manifetação cultural. Atualmente ele está sendo alvo de novas investidas a partir da mídia hipócrita e de alguns colegas santarrões, só porque ele fez rigorosmente o que todos (eu disse todos) os outros parlamentres fazem: nomear assessores para cargos de confiaça, sem fixação de horas diárias trabalho. É como se o palhaço não pudesse ter acesso às espertezas do resto da curriola. Quanto a Bolsonaro, os PCs já escancararm quase tudo. Só ainda não disseram que um sujeito que usa uma peruca como a dele não pode ser normal e que, no fundo, ele tem ódio de negros e homossexuais porque teme ou suspeita seus filhos sintam atração por eles. São explicações fáceis de encontrar em qualquer manual de vulgarização dos conceitos freudianos. Mas falvez não seja politicamente correto dizer essas coisas. Entretanto, o que realmente está pegando é que as esquerdas do PT e o PSOL, por exemplo, estão tratando estes episódios de forma enviezada, quase leviana. Parece que todos querem apenas pegar carona para exibir seu bom-mocismo, suas posições politicamente corretas. Ningúem toca no fundo das questões. No caso do Tiririca, o enfoque é meramentetne moralista. O líderes mais midiáticos do PSOL viram-se, dedo em riste, para o palhaço, bem à moda da velha UDN que, na sua origem, coabitava, com os socialistas, a antiga Esquerda Democrática. Tiririca (e aqui falo do fenômeno político e não do deputado ou do palhaço profissional) provavelmente não repetirá, em 2014, a votação do ano passado. Sua eleição deu sequência a um hábito arraigado do eleitorado paulista e que remonta ao Macaco Tião e ao Cacareco. Trata-se de um modo debochado (mais alienado que debochado) de manifestar um eventual protesto ou, simplesmente, um jeito estranho de não respeitar o próprio voto. Já em relação ao Bolsonaro, é necessário dizer claramente que ele não destoa muito do pensamento e do sentimento que permeia parte de uma sociedade que rapidamente se torna preponderantemente de classe média. Aliás, de classe média baixa, de recente ascensão social e que vai adquirindo, como que por atavismo, as caracterísicas ideológicas clássicas da chamada pequena burguesa: egoísta, inconsequente, preconceituosa e isensivel à solidariedade de classe. Para completar, parece sentir atração irresitível pelas seitas fundamentalistas que oferecem curas individuais no lugar das sociais e reinauguram o obscurantismo na modernidade. Este é o resultado inexorável da inclusão paternalista, concentida sem a mobilização e a decorrente conscientização social, o que conduz à irrelevância das ideologias. De outra parte, não se pode ignorar, também, que Bolsonaro, com seu discurso grotesco, interpreta um forte e persistente sentimento no interior das Forças Armadas. É impossível determinar o grau e a extensão desse posicionamento corportivo, mas também político e ieológico. É certo,

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Congresso Nacional: de Tiririca a Sarney, tem a cara do Brasil

Tiririca e Sarney Richard Nixon certa vez defendeu sua nomeação de um juiz reconhecidamente inadequado para a Corte Suprema americana com o argumento de que a mediocridade também precisava estar representada no tribunal. Perfeito. Todos os tipos de cidadãos devem ser representados numa democracia. Nesse sentido o recém-empossado Congresso brasileiro talvez seja o mais representativo da nossa história. Além dos medíocres, muitos outros brasileiros têm voz, ou pelo menos presença de terças a quintas, no Congresso. Alguns setores são até super-representados, como o dos grandes proprietários rurais e o dos milionários. Apesar destes pertencerem à menor minoria no país, têm uma bancada bem maior que a da maioria pobre.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Mas, em geral, todos os eleitores brasileiros, todos os tipos e todas as características nacionais têm representação em Brasília. Não lamente o novo Congresso, portanto. Eles são nós. Tomemos o Tiririca e o Sarney. Os dois seriam exemplos, respectivamente, de desvirtuamento do processo eleitoral e de aviltamento dos costumes políticos, uma vergonha. Ou duas vergonhas. Tiririca um inocente transformado em legislador por uma galhofa, Sarney eternizando-se no comando do Senado pelo seu poder de manobra e de conchavo, um cordeiro e uma raposa representando os extremos da nossa desilusão com a fauna parlamentar. Mas Tiririca não representa apenas os palhaços do Brasil. A galhofa que o elegeu é uma manifestação política, ou antipolítica, que tem história no país e ou representa os que não sabem nada de nada e não querem saber, ou os que sabem tanto que votam em palhaços e rinocerontes para protestar. De qualquer forma, os simples e os enojados também têm sua bancada. E existe algo mais brasileiro, folclórico e até enternecedor do que Sarney e seu amor pela mesa diretora? Falar mal do Sarney é um pouco como falar mal de um velho tio excêntrico, mas cujas peripécias divertem a família. Tudo se perdoa e tudo se aceita com a frase “Que figura…”. O indestrutível Sarney representa a persistência do gosto nacional por “figuras”. Mas há um caso flagrante de sub-representação no Congresso, além dos sem terras e dos pobres. Quando o senador Paim olha em volta do Senado não vê nenhum outro negro como ele a não ser um eventual garçom servindo o cafezinho. Nada é perfeito. Luis Fernando Verissimo/blog do Noblat

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Senadores, ex-governadores e aposentadorias indecentes

Brasil: da série “o tamanho do buraco”! E você aí meu pobríssimo e infelicitado Tupiniquim, sabia que parte de seu minguadíssimo salário serve para pagar as riquíssimas aposentadorias de suas (deles) ex-celências? Fiquem certos que as mais esfarrapadas — evidentemente farrapos de roupas de ‘grife’ — serão manipuladas pelos nababos eleitoreiros para justificar a excrescência, que, aliás, rima muito bem com excelência. Né não? E Tiririca, o mais inusitado ‘filósofo’ da Terra Brasilis que dizia “pior do que está não pode ficar”? Pode! Os palhaços engravatados o farão. O Editor Senadores somam salário com pensão e furam o teto O Senado brasileiro convive com uma ilegalidade. Mais uma. Alguns de seus integrantes recebem do Estado vencimentos que extrapolam o teto da administração pública. O pé-direito da folha estatal é regulado pelos contracheques dos ministros do STF. No último autoreajuste, os congressistas bateram no teto: R$ 26,7 mil. O problema é que há no Senado pelo menos 26 ex-governadores. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Treze deles recebem, além do salário mensal, aposentadorias estaduais vitalícias. Deve-se o levantamento aos repórteres Adriana Vasconcelos e Roberto Maltchik. A dupla informa que as pensões especiais variam de R$ 11 mil a R$ 24 mil. Seus beneficiários auferem, portanto, ganhos que os acomodam acima do teto. Em alguns casos, a coisa passa de R$ 50 mil. Em decisão de 2007, o STF considerou “ilegal” a aposentadoria que Mato Grosso do Sul pagava ao ex-governador Zeca do PT. Essa modalidade de benefício, havia sido extinta, de resto, pela Constituição aprovada em 1988. A despeito disso, proliferaram pelo país leis e constituições estaduais que restituíram a prebenda. Entre os que usufruem de aposentadorias especiais está o próprio presidente do Senado, José Sarney (PMDB). Senador pelo Amapá, ele recebe do Maranhão aposentadoria vitalícia de R$ 24 mil. Requereu-a em 1971, depois de deixar o governo do Estado. Além de Sarney, sorvem pensões do erário maranhense outros três senadores que passaram pela cadeira de governador: João Alberto (PMDB), Epitácio Cafeteira (PTB) e Edison Lobão (PMDB), que pediu licença do Senado para reocupar a pasta de Minas e Energia. A afronta é pluripartidária. Ao lado do quarteto do Maranhão, 100% governista, há expoentes da oposição. Gente como José Agripino Maia (RN) e Alvaro Dias (PR), respectivamente líderes do DEM e do PSDB. Ex-governador potiguar, Agripino recebe aposentadoria mensal de R$ 11 mil. Alega que jamais pleiteou: “O benefício era automático na época em que fui governador pela primeira vez, entre 1982 e 86. Isso foi suspenso pela Constituição estadual, mas só em 89”. O tucano Dias é aposentado retardatário. Requisitou a pensão quase duas décadas depois de ter deixado o governo. Já apalpa o benefício mensal. Aguarda deliberação sobre um pedido de parte dos atrasados: R$ 1,6 milhão. Levado às manchetes, Dias alegou que utilizará o dinheiro para fazer “caridade”. Chegou a exibir um recibo referente à primeira “doação”. Emitido por uma creche de Curitiba, o documento trazia data futura: 30 de novembro de 2011. “Engano”, disse Dias. Foi ecoado pela entidade, que trocou o recibo. O fenômeno das aposentadorias especiais como que iguala em perversão personagens de biografias absolutamente distintas. Pedro Simon (PMDB-RS), por exemplo, faz companhia a Valdir Raupp (RO), presidente interino do PMDB e protagonista de inquéritos que correm no STF. Senador impoluto, autor de memoráveis discursos em defesa da ética, Simon pulou na vala comum dos aposentados especiais com 20 anos de atraso. Requereu a aposentadoria de ex-governador gaúcho no ano passado. Alegou que já não conseguia manter a própria casa. Calada a voz de Simon, talvez não haja no Senado quem se anime a verberar contra o descalabro. Uma pena, sobretudo se considerada a fartura de matéria-prima. Na Rondônia de Valdir Raupp (pensão de R$ 20 mil), por exemplo, adicionou-se ao impensável um quê de inacreditável. Antes de eleger-se senador, no ano passado, o agora ex-governador rondoniense Ivo Cassol (PP) fez aprovar um lote de regras que lhe asseguram um aparato de segurança pessoal. Assim, além de lhe prover pensão idêntica à de Raupp, as arcas de Rondônia bancam-lhe a proteção. A dele e a de seu ex-vice João Cahulha (PPS). Em tese, a administração do Senado deveria zelar pela preservação do teto remuneratório da administração pública. Na prática, não o fará. Ouça-se, a propósito, o diretor-geral da Casa, Haroldo Tajra: “Se a fonte de pagamento do salário e da aposentadoria não for a mesma, não há como cumprir o teto. Até porque ele ainda não foi regulamentado e há uma dúvida sobre em qual fonte se aplicaria o corte”. Há também no Senado um rol de ex-governadores que abriram mão das aposentadorias. Entre eles, Aécio Neves (PSDB-MG), Itamar Franco (PPS-MG), João Durval (PTB-BA) e Fernando Collor (PTB-AL). É improvável, porém, que se aninem a escalar a tribuna. No Senado, a afronta caminha de mãos dadas com a camaradagem. blog Josias de Souza

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