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Zika e Olimpíada: Duas visões científicas sobre riscos a atletas e turistas

As dúvidas e apreensões quanto aos riscos que a epidemia de zika – associada à alta nos casos de microcefalia em bebês – pode trazer aos turistas brasileiros e estrangeiros que virão ao Rio para a Olimpíada, em agosto, vêm mobilizando pesquisadores, organizadores dos Jogos e autoridades nos últimos dias.  Governo federal e Prefeitura do Rio minimizam riscos Image copyright AP Afinal, quais são os perigos reais aos visitantes e seus países de origem? Em conversa com jornalistas estrangeiros nesta sexta, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou que o governo federal aposta na queda da proliferação do mosquito Aedes agypti em agosto – mês que no ano passado registrou o menor número de casos de dengue, transmitida pelo mesmo vetor. Além disso, citou medidas de prevenção a serem implementadas durante os Jogos, entre elas a aplicação de R$ 64,5 milhões para reforçar a rede de saúde local. Segundo o ministro, 80% dos imóveis do Rio já foram vistoriados, e o trabalho dos 3 mil agentes de fiscalização continua.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Numa tentativa de dissipar as preocupações, Barros argumenta que a incidência de zika vem caindo. Na primeira semana de maio, exemplificou, foram registrados 2.053 casos em todo o país, número bem inferior aos 16.059 notificados na terceira semana de fevereiro. Na cidade do Rio, a queda no mesmo período foi de 2.116 para 208 casos. Mesmo com esse indicativo de queda no número de transmissões, essa polêmica atingiu níveis internacionais. Especialistas de instituições como as universidades de Oxford, no Reino Unido, Harvard e Yale, ambas nos Estados Unidos, enviaram uma carta à OMS (Organização Mundial de Saúde) dizendo que os Jogos deveriam ser adiados ou transferidos, pois poderiam ajudar a espalhar ainda mais o vírus pelo mundo. Cientistas brasileiros reagiram, também em carta, a essa hipótese – a OMS, em resposta aos pesquisadores internacionais, também afirmou não ver necessidade de alterar os planos para a Olimpíada. Para entender melhor os argumentos de cada lado, a BBC Brasil conversou com dois cientistas que participaram da organização das duas cartas. Confira o que eles dizem: ‘Pode haver disseminação rápida do vírus para países pobres, sem sistema de saúde estruturado’ – Arthur Caplan, professor de Bioética e diretor do Departamento de Ética Médica da Universidade de Nova York Arthur Caplan defende que Jogos sejam cancelados ou transferidos Image copyright NYU “A minha maior preocupação é que ainda não entendemos o vírus Zika. Não sabemos quanto tempo ele fica no corpo, ou se estamos lidando com uma cepa nova. Também não compreendemos todas as formas de transmissão ou se ele pode levar à síndrome de Guillain-Barré, que causa paralisia muscular, mas há indícios de que o vírus presente no Brasil seja mais forte. O vírus já está circulando em 60 países, e tenho quase certeza de que vai se espalhar pela América do Norte e talvez pela Europa durante o verão que se aproxima (no Hemisfério Norte). Mas há muitos países onde ele ainda não está presente, como Mauritânia, Nepal e Etiópia, que não mantêm um fluxo intenso de turistas para o Brasil, e para os quais a ida de pessoas para a Olimpíada teria mais impacto. Se você introduzir uma pessoa infectada nesses locais poderia haver a disseminação do vírus de forma muito rápida e intensa, e estamos falando de países pobres da África e da Ásia, sem sistema de saúde estruturado. Como vão lidar com crianças nascendo com microcefalia? E, mesmo no Brasil, podemos dizer que as famílias de bebês com más-formações estão recebendo toda a assistência de que precisam? É algo que me preocupa mesmo em países onde não há a presença do mosquito transmissor, já que pode haver a transmissão sexual. Estou certo de que as autoridades brasileiras e os organizadores estão tentando contornar o problema, e que há o uso de inseticidas e fiscalizações nos locais de competição. Mas eu acho muito otimismo contar tanto com as baixas temperaturas como um fator para a diminuição dos casos. E se fizer calor? O que vão fazer? Quanto à prevenção, também acho otimista. Sabemos que, apesar de alertar as pessoas para que usem roupas compridas e repelentes, e que façam sexo com camisinha, elas não farão isso, muito menos num clima de festa como uma Olimpíada. É necessário que haja mais transparência sobre os riscos, para que as pessoas façam decisões mais informadas. A OMS, por exemplo, deveria ser bem mais transparente. Por que não fazem uma reunião aberta, coletiva, convidando cientistas de todo o mundo e também a imprensa internacional? Mais de 4 mil cientistas de todo o mundo nos escreveram, e a maioria é a favor de adiar os Jogos. Mas é claro que os cientistas brasileiros apoiariam a realização da Olimpíada. Há um grau de nacionalismo, de patriotismo. São cientistas, mas também são brasileiros. Eu também creio que os organizadores não estejam levando em conta sua responsabilidade legal. Se o Comitê Rio 2016 diz que é seguro para os turistas irem para o Rio, e de alguma forma eles adoecem, ou temos o nascimento de crianças com microcefalia, quem serão os responsáveis? Todos estão sendo otimistas demais, na minha opinião.” ‘É impossível achar que podemos controlar o espalhamento do vírus Zika no mundo cancelando um evento’ – Cláudia Codeço, do Programa de Computação Científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Cláudia Codeço defende a continuidade dos Jogos Image copyright ACERVO PESSOAL “Nossa justificativa para que os Jogos sejam mantidos na data planejada se baseia em dois fatos. O primeiro é que nos meses de agosto e setembro as temperaturas no Rio de Janeiro são relativamente baixas, e normalmente a transmissão de doenças pelo Aedes aegypti é muito menor. Nos últimos cinco anos, encontramos entre 7 a 10 casos de dengue para cada 100 mil habitantes no mês de agosto. E nossas pesquisas na Fiocruz mostram que o mosquito tem capacidade mais baixa de transmissão do Zika, então esperaríamos números ainda menores. Logo, adiar o evento faria com que os Jogos ocorressem mais próximos a meses de calor,

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Mais sobre a polemica das vacinas

Nos últimos 2 meses surgiu uma “epidemia” de sarampo na universidade de Harvard, nos EUA. Ao todo, 40 estudantes contraíram a doença até agora. Curioso eh que todos eles são vacinados contra o sarampo; e ainda mais: 99% dos estudantes da universidade são vacinados contra o sarampo. Ao mesmo tempo, ja foram registrados mais 12 casos no estado de Massachusetts. A fabricante da vacina, a Merck, afirma que ela tem 95% de eficácia. No entanto, dois cientistas da Merck, Sthepen Krahling e Joan Wlochowski, afirmam que os dados foram falsificados, e os estudos científicos manipulados. Mais detalhes: http://www.naturalnews.com/053829_Harvard_mumps_outbreak_vaccine_myths.html http://www.naturalblaze.com/2016/04/current-harvard-mumps-outbreak-occurs-in-99-percent-vaccinated.html http://www.boston.com/news/local-news/2016/04/26/harvard-40-cases-mumps [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Sociedades médicas lançam campanha para evitar ‘overdose’ de exames

Quantos mais exames o médico pede, mais você está protegendo sua saúde? Pode não ser bem assim. Sociedades médicas brasileiras – de Cardiologia e de Medicina de Família – estão trazendo para o Brasil uma campanha internacional que tenta mostrar os riscos do que chamam de “epidemia de diagnósticos”. Campanha internacional tenta mostrar riscos de ‘epidemia de diagnósticos’ Image copyright Thinkstock Ela seria causada por um excesso de exames, que poderia levar a uma “overdose” de tratamentos desnecessários e, em alguns casos, danosos. Mas como saber se uma prescrição está correta? A ausência de uma resposta exata gera discussão entre médicos e dúvidas entre pacientes. “Com exames mais sofisticados, os diagnósticos e tratamentos aumentaram. Mas a mortalidade não caiu para nenhum tipo de câncer, nem para doenças cardiovasculares, segundo pesquisas. Certos procedimentos têm efeitos colaterais piores que algumas formas das doenças”, afirma André Volschan, coordenador do Centro de Estudos do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Entusiasta da campanha “Choosing Wisely” (escolhendo com sabedoria), iniciada nos Estados Unidos em 2012, Volschan afirma que procedimentos só se justificam se puderem aumentar a expectativa ou a qualidade de vida do paciente. “A cada mulher salva da morte por câncer de mama, muitas outras sofrem biópsias, que são procedimentos invasivos. Intervenções devem ser bem avaliadas, pois levam a problemas permanentes, como impotência sexual.” No entanto, há quem discorde das ideias da campanha. O presidente da Sociedade Brasileira de Patologia, Clóvis Klock, é taxativo sobre a importância dos exames: “Temos que trabalhar com o máximo possível de prevenção, especialmente a do câncer. Falsos positivos são evitados com investigações posteriores mais complexas, como biópsias”. Klock opina que o rastreamento das doenças, feito de acordo com faixas etárias e perfis adequados, só gera benefícios: “Através de técnicas mais precisas de diagnóstico e cirurgia, cura-se muito mais câncer que há 30 anos”. Entusiasta da campanha, André Volschan diz que muitos procedimentos têm efeitos colaterais – Image copyright Fernanda Portugal Lista de exames Para evitar mal-entendidos entre os médicos, a campanha no Brasil, que ganhou o apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), adotou a estratégia da norte-americana, impulsionada pelo Conselho Americano de Medicina Interna. A ideia não é impor condutas aos doutores, mas estimular as sociedades médicas a criarem suas listas de procedimentos a serem evitados. Em sua lista, a Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda que seja deixada de lado uma intervenção que movimenta um mercado de US$ 10 bilhões por ano: a colocação de “stents” em pacientes assintomáticos – pequenos tubos que abrem vasos entupidos por placas de gordura no coração. “O procedimento é invasivo, obriga a pessoa a ficar usando remédios e não previne infartos, mesmo em quem tem grande placa. O ‘stent’ só é indicado para melhorar a qualidade de vida de quem tem dor em repouso e outras situações específicas, como no pós-infarto”, explica o cardiologista Luís Cláudio Correia, do Hospital São Rafael, em Salvador (BA). Segundo Correia, um dos responsáveis por trazer para o Brasil os conceitos da “Choosing Wisely”, 50% das intervenções coronárias nos Estados Unidos são inadequadas ou incertas. “O excesso é uma forma que alguns profissionais têm de parecerem competentes. É também uma questão mercantilista. Vivemos de procedimentos realizados. Às vezes, a remuneração por exame é baixa, então muitos são pedidos, o que é uma distorção”, critica Correia. Para ele, dar garantias a um paciente de que determinado tratamento vai prevenir problemas graves, como infartos, é “medicina baseada em fantasia”. “Precisamos ser mais científicos, o que requer a humildade de reconhecer que não temos controle sobre o destino, mas capacidade de reduzir a probabilidade de eventos adversos”. “O trabalho agora é envolver sociedades de outras especialidades, para que façam suas listas”, diz o clínico-geral Guilherme Barcellos, coordenador do Programa de Medicina Interna Hospitalar do Hospital Divina Providência, em Porto Alegre (RS), e que também trouxe conceitos do “Choosing Wisely” ao Brasil. Pesquisador da Fiocruz, Josué Laguardia diz que está em desenvolvimento uma página do “Choosing Wisely Brasil”, onde haverá informações sobre o uso inadequado de procedimentos diagnósticos. Cardiologista Luís Correia diz que excesso de exames é forma de médicos parecerem competentes – Image copyright Fernanda Portugal Consulta rápida Para Volschan, os motivos que levam o médico a pedir exames são as incertezas sobre o diagnóstico e o prognóstico. Além disso, ele cita as consultas rápidas, a exigência dos próprios pacientes, o medo de perder o “cliente” para um concorrente e de ser processado por não pedir os exames. A campanha, diz Volschan, não pode ser entendida como uma recomendação de abandonar a medicina preventiva. “O que buscamos é o uso dos exames de forma racional. Medicina não é assinar pedidos de ressonância.” Conversa Uma saída para o dilema pode ser a conversa franca entre médico e paciente para que, juntos, tomem decisões. Em seu consultório no Rio, o angiologista e cirurgião vascular Eduardo Fávero dedica tempo à troca de ideias. “As pessoas sempre pedem exames. É mais fácil, porém errado, preencher uma guia em dez segundos do que explicar, em dez minutos, por que determinado teste não é indicado”, afirma. Quando não se pode escapar dos testes, ele busca o mais adequado. “Há muitas doenças que podem ser acompanhadas por meio de ultrassonografia em vez das tomografias, para as quais se toma contrastes, que são tóxicos para os rins”, exemplifica. Uma doença de manejo discutido é a embolia pulmonar, cujo tratamento inclui substâncias que aumentam o risco de sangramento. “Há questionamento sobre a necessidade de se tratar embolias de pequena repercussão clínica, porque as hemorragias teoricamente são mais perigosas do que a doença em si”, afirma Volschan. Com a tomografia computadorizada de tórax, a incidência do problema aumentou 80%, dos anos 1980 para os 2000. “Na teoria, quando há mais pessoas se tratando, a mortalidade cai. Mas esta taxa continuou igual, e as complicações por sangramentos aumentaram 70%.” Fernanda Portugal/BBC

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Brasil: a caminho de uma narco Repúlica

O Brasil está a caminho de uma “mexicanização”. Uma narco-república. E é irreversível. Não há interesse da elite que controla o narcotráfico, e está infiltrada em todos os poderes da federação, em instrumentalizar as forças armadas para cumprirem na totalidade sua missão constitucional. A escalada de violência é o legado que deixa o crime organizado, principalmente nas grandes ciodades do país, e aos poucos vai tomando conta do tráfico nas pequenas cidades do Brasil. É patente a incapacidade do Estado para resolver esse dilema o que deixa a população completamente frustrada, vendo seus filhos sendo arrastados para o mundo das drogas. Estamos a caminho de não resolver esse dilema, enquanto a sociedade não fizer desse problema a questão principal do debate de fundo sobre sobre educação, pobreza, saúde e uma política de Estado que crie oportunidades para todos, com uma decisão fundamental: República X narco-Estado. Ps. E todos continuam impunes. A mídia venal só destaca os miseráveis das bocas de fumo. Nunca desce, a mídia venal, ao asfalto. No geral, uns mais, outros menos, compactuam com esse silêncio conivente. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Governo do Canadá propõe legalizar o suicídio assistido

O Primeiro-ministro quer reconhecer o direito à morte digna em situações médicas ‘graves e irreversíveis’. O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau. Foto:M. B. Ceneta AP O Governo do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, apresentou nesta quinta-feira um projeto de lei para legalizar o suicídio assistido no país em casos de pacientes em situação médica “grave e irreversível” e “que se aproximam do fim da vida”. A lei, que deixará de punir os profissionais de saúde que proporcionarem a esses pacientes meios ou conhecimentos para por fim intencionalmente à sua vida, só será válida para os canadenses. “Essa é uma questão muito difícil e pessoal, procuramos cuidadosamente as melhores fórmulas para ajudar aqueles que vivem com grande sofrimento”, disse Trudeau em sua conta no Twitter. O primeiro-ministro indicou aos membros do seu partido que poderão votar contra a proposta de lei no Parlamento se o texto contradiz suas crenças religiosas.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O projeto de lei impulsionado por Trudeau contempla o direito ao suicídio assistido para adultos com mais de 18 anos em uma situação médica irreversível e cuja “morte natural seja razoavelmente previsível”. Os solicitantes devem apresentar a petição por escrito e ter o respaldo de duas testemunhas e dois médicos ou enfermeiros independentes. A norma prevê um “período de reflexão” obrigatório de 15 dias nos quais o requerente pode retirar a petição. Exclui, mas não categoricamente, os doentes mentais e os “menores maduros”, cujos pedidos deverão ser analisados por várias equipes independentes. Em fevereiro do ano passado, o Tribunal Supremo do Canadárevogou a lei federal que proibia o suicídio assistido no país. Os juízes decidiram, por unanimidade, que era inconstitucional negar esse direito aos adultos cujo “sofrimento seja intolerável” por estar “numa situação médica grave e irreversível”. O Supremo deu então um ano de prazo para o Governo criar uma nova legislação, mas o executivo do conservador Stephen Harper nunca mais avançou o processo. Diante do vazio legal, o Quebec aprovou sua própria lei – em janeiro morreu o primeiro paciente com a ajuda de um médico – e o texto serviu desde então para proteger vários médicos em diferentes províncias canadenses. A mudança de Governo no país, no outono passado, o apoio de Trudeau à medida e o dos cidadãos – 77% dos canadenses apoiam o suicídio assistido, segundo a Forum Research – deu lugar a essa última reviravolta na política canadense sobre o assunto. O primeiro-ministro disse no ano passado que sua posição sobre a morte digna tinha ficado marcada pela morte de seu pai, o ex-primeiro-ministro, no ano 2000, depois de sofrer de Mal de Parkinson e câncer de próstata. O Supremo concedeu ao Parlamento canadense uma prorrogação para aprovar essa lei antes de 6 de junho. O Governo de Trudeau, num gesto inusual, facultou expressamente aos membros de seu partido votar contra o projeto de lei se esta entra em conflito com sua fé. O suicídio assistido é legal na Suíça, Alemanha, Colômbia e Japão. Também em alguns estados dos EUA, como Oregon, Vermont ou Montana. SUICÍDIO ASSISTIDO OU EUTANÁSIA? O projeto de lei canadense deixa de punir os profissionais de saúde que ajudarem a morrer quem o solicitar, se a pessoa estiver grave e irreversivelmente doente. Hoje, a norma não faz distinção entre proporcionar os meios ao paciente para que este ponha fim à sua vida (prescrever-lhe ou fornecer-lhe drogas) e administrá-las. As leis de outros países fazem essa distinção entre o que consideram suicídio medicamente assistido e eutanásia. A diferença nessas leis é quem administra as drogas que põem fim à vida. Suicídio medicamente assistido. Consiste em fornecer ou prescrever drogas ao doente para que este morra. Em certas circunstâncias, é legal na Suíça, por exemplo, mas deve ser o paciente que, pessoalmente, ingira ou se administre esses medicamentos. É uma fórmula que também é legal em alguns Estados dos EUA, como o Oregon, onde é o paciente –depois da autorização e da prescrição do pessoal médico –quem se autoadministra as drogas. Eutanásia. Etimologicamente significa “boa morte” (em grego), mas consiste em que um profissional de saúde forneça a um paciente capaz com uma doença terminal ou irreversível, passando por um sofrimento não mitigável por outros meios, uma medicação para por fim à sua vida, porque o pede de forma voluntária, expressa, clara, reiterada e informada, conforme explica o médico especialista em bioética Pablo Simón Lorda. É legal na Holanda, Bélgica e Colômbia, por exemplo. Na Brasil, ambas as fórmulas são ilegais. Fonte:ElPaís/Cristina Pereda

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Má qualidade do meio ambiente causa 12,6 milhões de mortes por ano

A OMS calcula que 23% das mortes por ano se devem a ambientes pouco saudáveis. Em Pequim, moradores aderem ao uso de máscaras. Kevin Frayer (Getty Images) As más condições ambientais são responsáveis por 12,6 milhões de mortes por ano no planeta, segundo um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) apresentado nesta terça-feira. Isso significa que cerca de 23% das mortes no mundo ocorrem por se “viver ou trabalhar em ambientes poucos saudáveis”. Os fatores de risco ambientais —como a poluição do ar, da água, do solo, a exposição a produtos químicos, a mudança climática e a radiação ultravioleta— “contribuem para mais de 100 doenças ou traumatismos”, afirma esta organização internacional em seu estudo A prevenção de doenças por meio de ambientes saudáveis.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] MAIS INFORMAÇÕES A América Latina sonha com uma vida sem carro Poluição na China matará 923.000 pessoas até 2030, segundo estudo OMS ataca o cigarro em Hollywood Madri proibirá totalmente circulação de carros quando a poluição disparar Trata-se da segunda edição deste relatório, que parte de dados de 2012. O estudo anterior foi realizado há quase uma década. Maria Neira, diretora do Departamento de Saúde Pública, Meio Ambiente e Determinantes Sociais da OMS, ressalta que nestes dez anos essa porcentagem de 23% de mortes por causas ambientais não variou. Mas mudaram os tipos de doenças. “Atualmente, dois terços das mortes são por doenças crônicas, como as cardiovasculares, enfartes, câncer ou doenças respiratórias crônicas”, afirma. De concreto, segundo aponta o estudo, as mortes por doenças não transmissíveis que podem ser atribuídas à contaminação do ar (incluída a exposição à fumaça do tabaco alheio) aumentaram até a cifra de 8,2 milhões”. Nesta última década, paralelamente, a OMS ressalta que “reduziram-se as mortes devido a doenças infecciosas como diarreia e malária”, que estavam vinculadas à má qualidade da água, do saneamento e da gestão do lixo. Supõe-se que por trás dessa redução está “a melhoria do acesso à água potável e ao saneamento, assim como a imunização, a focos de mosquito tratados com inseticidas e a medicamentos essenciais”, afirma a organização internacional. A mudança no padrão das mortes causadas por problemas ambientais propõe desafios. “As doenças crônicas são mais custosas para um país”, ressalta Neira ao compará-las com as infecciosas. “Têm um custo altíssimo para a sociedade”, acrescenta. Epidemia A responsável da OMS recorda que as doenças crônicas —como as cardiovasculares ou o câncer— se associam a “causas pessoais”, como o sedentarismo ou o fumo. Mas o relatório também destaca que há componentes ambientais, como a má qualidade do ar, a exposição a produtos químicos e a queima de combustíveis fósseis nas casas. “É preciso controlar esses fatores de risco”, recomenda Neira. Os mais afetados pela má qualidade do ambiente são as crianças e as pessoas mais velhas Em sua opinião, a maioria das medidas têm de ser aplicadas nas cidades. “É preciso melhorar e planejar as cidades”, onde se concentram muitos dos fatores de risco ambientais. Além disso, a especialista recorda que, em 10 anos, calcula-se que “70% da população viverá em cidades”. “É preciso melhorar o transporte e os combustíveis para ter uma economia com menos dióxido de carbono.” Crianças e idosos Os mais afetados pela má qualidade do ambiente são as crianças e as pessoas mais velhas. A OMS sustenta que por ano poderiam ser evitadas 1,7 milhão de mortes de menores de cinco anos e 4,9 milhões de adultos entre 50 e 75 anos se a gestão do meio ambiente for melhorada. “As infecções das vias respiratórias inferiores e as doenças diarreicas afetam sobretudo os menores de cinco anos, enquanto que as pessoas mais velhas são as mais afetadas pelas doenças não transmissíveis”, afirma a organização. Por áreas geográficas, a que mais sofre com a má qualidade ambiental é o Sudeste Asiático, com 3,8 milhões de mortes anuais. Atrás dela está o Pacífico Ocidental (3,5 milhões) e a África (2,2 milhões). Nos últimos lugares estão o Mediterrâneo oriental (854.000) e os Estados Unidos (847.000). Na Europa, segundo a OMS, as más condições ambientais causam 1,4 milhão de mortes por ano. Doenças O estudo identifica uma centena de doenças ou traumatismos vinculados às condições ambientais negativas. À frente em relação à mortalidade relacionada ao meio ambiente, estão, segundo a OMS, os “acidentes vasculares cerebrais”, que representam 2,5 milhões de mortes por ano. Atrás deles estão as cardiopatias isquêmicas, com 2,3 milhões. Em terceiro lugar estão os chamados “traumatismos involuntários”, por exemplo, “mortes por acidente de trânsito”, que respondem por 1,7 milhão de mortes anuais, número semelhante ao de vários tipos de câncer. El País/Manuel Planbelles

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Zika mata células de cérebros em desenvolvimento, aponta estudo americano

O vírus Zika mata um tipo de tecido essencial para cérebros em desenvolvimento, afirmam pesquisadores. Estudo americano é mais uma evidência da relação entre zika e microcefalia Image copyright Reuters Em testes de laboratório, o Zika foi capaz de destruir ou impedir o crescimento de células progenitoras neurais, que constroem o cérebro e o sistema nervoso. A descoberta, anunciada na publicação científica Cell Stem Cell, reforça a crença de que o vírus esteja causando as más-formações nos cérebros de bebês. Os pesquisadores americanos, alertam, porém, que isso ainda não representa uma relação definitiva entre o Zika e a condição.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Segundo o último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde brasileiro, já são 641 confirmações de microcefalia ou outras más-formações em cérebros de bebês. Outros 4,2 mil casos suspeitos estão sob investigação e pouco mais de 1 mil foram descartados. A epidemia de zika tem sido amplamente apontada como o motivo do aumento dos casos de microcefalia, mas esse elo ainda não foi cientificamente confirmado aos olhos da Organização Mundial da Saúde. A equipe americana, formado por pesquisadores das universidades Johns Hopkins (Maryland), do Estado da Flórida e Emory (Geórgia), infectou um grupo das células com o Zika por duas horas e analisou essas amostras três dias depois. Uma das primeiras imagens do vírus Zika, em amostra retirada de um paciente sul-americano O vírus conseguiu infectar até 90% das progenitoras neurais em uma das amostras, levando à morte de cerca de um terço das células e a sérios danos nas demais. Um efeito similar teria resultados devastadores em um cérebro em desenvolvimento. Por outro lado, o Zika foi capaz de infectar apenas 10% dos outros tecidos testados, incluindo células cerebrais mais avançadas, renais e tronco. A professora Guo-li Ming, uma dos cientistas responsáveis pelo estudo, afirmou que as descobertas são significantes e representam um primeiro passo para entender a relação entre zika e microcefalia. “As células progenitoras neurais são especialmente vulneráveis ao vírus Zika”, afirmou ela ao site da BBC. “Elas dão origem ao córtex – a principal parte (do cérebro) a apresentar volume reduzido na microcefalia.” “Mas esse estudo não provém uma evidência direta de que o vírus Zika é a causa da microcefalia.” Segundo a pesquisadora, são necessários mais estudos em cérebros em miniatura, criados em laboratório, e em animais. Brasil já registra mais de 600 casos confirmados de microcefalia Image copyright Reuters Ainda não está claro o motivo de essas células serem tão vulneráveis – elas aparentemente não criam uma defesa contra a infecção pelo Zika. Embora não seja definitivo, o estudo se soma às evidências já anunciadas pela comunidade científica – incluindo a descoberta do vírus em cérebros de bebês mortos e em líquido amniótico. Madeleine Lancaster, que pesquisa o desenvolvimento do cérebro no Laboratório de Biologia Molecular do MRC (Conselho de Pesquisas Médicas britânico, na sigla em inglês), afirmou que o estudo é um “significativo passo adiante”. “Os efeitos vistos poderiam explicar o surto de microcefalia e abrem alas para muitos estudos futuros sobre como o vírus afeta células-tronco e sua habilidade de produzir neurônios em cérebros em desenvolvimento”, afirmou ela ao site da BBC. “Eu acho que se trata de uma contribuição muito importante, e num momento extremamente oportuno.” Mas a cientista concorda com os pesquisadores: é preciso investigar mais. “(Deve-se) testar se o Zika afeta a produção de neurônios e o tamanho do cérebro” e descobrir como ele atravessa a placenta, afirma. Bruce Aylward, da Organização Mundial de Saúde, diz que as evidências de que o Zika esteja causando microcefalia e outra condição – a síndrome de Guillain-Barré – se acumulam. “Desde a declaração de emergência internacional, em fevereiro, as evidências de uma relação causal vêm se acumulando.” BBC/James Gallagher

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Uganda: Por que o berço do zika nunca teve nenhum surto?

Apesar de ter sido isolado pela primeira vez por cientistas no final da década de 40, o zika vírus ─ transmitido pelo mosquito Aedes aegypti ─ nunca se tornou uma epidemia em Uganda, onde foi descoberto no sangue de macacos. Segundo virologista Julius Lutwama, tipo de Aedes encontrado no país prefere animais a humanos; mutação pode estar relacionada a desmatamento Ali, na floresta de Zika, na região central do país, o vírus adquiriu contornos diferentes do que no Brasil, que vive atualmente um surto da doença. Segundo o Ministério da Saúde, já são mais de 70 mil notificações em 19 Estados brasileiros. O vírus também vem sendo associado ao aumento do número de casos de microcefalia ─ uma má-formação cerebral em fetos ─ com 508 casos confirmados e outros 3.935 suspeitos sendo investigados.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Mas, em Uganda, tampouco houve registros de má-formações congênitas. Além disso, entre 1947 a 2007, quando foi registrado o primeiro surto de zika fora da Ásia e da África (nas Ilhas Yap, na Micronésia), foram apenas 14 casos confirmados no mundo. O que explica então a ausência de um surto de zika no país africano? Motivos Segundo Julius Lutwama, principal virologista do Instituto de Uganda de Pesquisa de Vírus (Urvi, na sigla em inglês), o motivo se deve, em grande parte, ao tipo deAedes aegypti encontrado em Uganda. “Em Uganda, a subespécie de Aedes aegypti que temos ─ o Aedes aegypti formosus ─ é diferente da daquela encontrada na América do Sul, o Aedes aegypti aegypti. O mosquito daqui pica mais animais do que humanos”, explica ele à BBC Brasil. “Esse mosquito vive na floresta e costuma se alimentar à noite. Mesmo que um ser humano seja picado e venha a desenvolver a doença, a probabilidade de ela se alastrar é baixa, por causa da ausência do vetor nas áreas urbanas. Ou seja, se não há mosquitos para espalhar o vírus, dificilmente haverá uma epidemia”, acrescenta. Outro fator, destaca Lutwama, envolve características geográficas e climáticas de Uganda. Segundo ele, diferentemente de outros locais que enfrentaram surtos de zika, o país manteve suas florestas razoavelmente intactas, preservando o habitat natural do mosquito. Já são mais de 70 notificações de zika no Brasil – Image copyright Getty “Esse mosquito vive predominantemente nas florestas. Com o desmatamento, acreditamos que ele tenha migrado para as zonas urbanas e evoluído, passando a se alimentar do sangue de seres humanos”, diz ele. Nesse sentido, a forte predominância de chuvas, típicas do clima de Uganda, também teria contribuído para evitar uma epidemia da doença. “Aqui em Uganda chove muito e, por isso, a população não costuma armazenar água em casa”, argumenta. “Mas nos países africanos que desmataram suas florestas, como no oeste da África, por exemplo, o mosquito migrou para as áreas urbanas e acabou encontrando um ambiente perfeito, pois precisa de água parada para se reproduzir”. Lutwama diz acreditar ainda que a população ugandense teria desenvolvido imunidade à doença, devido a “diferentes flavivírus” (vírus transmitidos por carrapatos e mosquitos) encontrados na região, como dengue, chikungunya e O’nyong’nyong, todos transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti. “Como temos outras doenças muito semelhantes ao zika, como dengue, chikungunya e O’nyong’nyong, acredito que possa ter havido algum tipo de imunidade cruzada. Dessa forma, quem já contraiu algum desses vírus, teria menor vulnerabilidade a uma nova infecção”, observa. E devido ao baixo número de casos da doença em Uganda, acrescenta Lutwama, não foi possível estabelecer nenhuma relação entre o vírus e a microcefalia. “Diferentemente do Brasil, não temos um número suficiente de casos de zika para comprovar qualquer associação entre o vírus e essa má-formação congênita em fetos”, afirma. Brasil Julius Lutwama é principal pesquisador do Instituto de Uganda de Pesquisa de Vírus (Urvi, na sigla em inglês) Principal pesquisador do Uvri, instituto criado em 1936 com financiamento da Fundação Rockefeller, dos Estados Unidos, Lutwama diz que ele e sua equipe vêm realizando um trabalho de prevenção para evitar que a subespécie latino-americana se espalhe em Uganda. “Coletamos e monitoramos amostras de sangue de pacientes de todo o país. São medidas preventivas importantes”, assinala ele. Lutwama cita o caso dos Estados Unidos, onde o Aedes aegypti ─ virtualmente inexistente há alguns anos ─ já é encontrado em regiões com temperaturas mais amenas, como o Estado da Flórida. Luís Barrucho/BBC

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Johnson & Johnson é condenada nos EUA a pagar indenização milionária por câncer atribuído a talco

Maior empresa global no segmento de produtos de higiene pessoal e saúde, a Johnson & Johnson foi condenada nos Estados Unidos a pagar US$ 72 milhões (R$ 288 milhões) à família de uma mulher que morreu de câncer nos ovários. Cabe recurso. Jackie Fox, nesta imagem com o filho Marvin Salter, morreu no ano passado Image copyright Beasley Allen Law Firm Jackie Fox, de Birmingham, no Alabama, morreu no ano passado, aos 62 anos, depois de usar, entre outros produtos, os talcos para bebês para fazer higiene íntima ao longo de décadas. Na ação, a família argumentou que a empresa conhecia os riscos do produto, mas não avisou os consumidores. O júri condenou a companhia por responsabilidade por “produto defeituoso, negligência e conspiração”, afirmou Jere Beasley, um dos advogados de acusação à BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A J&J foi condenada a pagar US$ 10 milhões por danos pessoais e outros US$ 62 milhões como punição pela morte da paciente. A empresa, que nega as acusações, está avaliando seu próximo passo legal. Para a companhia, o veredito “vai contra décadas de evidências que provam a segurança do talco como ingrediente cosmético em vários produtos”, afirmou a porta-voz Carol Goodrich em declarações publicadas pela agência de notícias AP. A representante citou investigações da FDA (órgão americano que regula alimentos e medicamentos) e do Instituto Nacional do Câncer do país, que negam que os riscos tenham sido comprovados. No processo, os advogados de Fox apresentaram como evidência um memorando interno de 1999, escrito por um consultor médico da empresa, dizendo que “quem negasse” a relação entre talco e câncer nos ovários seria visto publicamente da mesma forma que aqueles que refutaram o vínculo entre o tabaco e o câncer. Segundo esse consultor, seria “negar o óbvio, mesmo tendo todas as evidências do contrário”. De acordo com as acusações, a Johnson & Johnson colocou em mercado um produto “perigoso sem alertar os consumidores”, afirmou Beasley. O advogado disse ainda que sua equipe cuida dos casos de outras mulheres que apontam o talco como suposta causa, associada a outros fatores, do câncer do qual padecem. Fox usou talcos da Johnson & Johnson por décadas Image copyright Reuters ‘Fator colaborador’ O talco é um mineral natural composto de magnésio, silício, oxigênio e hidrogênio, e é amplamente usado em cosméticos e produtos de higiene pessoal. Durante o julgamento, outro advogado da família de Fox, Allen Smith, mostrou aos jurados estudos realizados por Daniel Cramer, professor da Universidade de Harvard (EUA), o último deles publicado em dezembro passado. Essa pesquisa conclui que o talco está associado a um aumento de 33% no risco de câncer nos ovários, algo que nem todos os estudos corroboram. “A empresa conhecia todos os estudos 30 ou 40 anos atrás”, afirmou Smith ao júri. A família não aponta o talco como a única causa do câncer, mas sim como um “fator colaborador”, disse o advogado, segundo reportagem publicada pela Bloomberg. Um dos advogados da Johnson & Johnson, porém, argumentou que várias agências do governo dos Estados Unidos rechaçaram a obrigação de colocar etiquetas de advertência sanitária em produtos que incluem talco. A FDA realizou uma audiência de dois dias sobre o tema na década de 1990 e não encontrou vínculos entre o produto e esse tipo de câncer, afirmou. Beasley, por sua vez, argumentou que a agência “nunca disse que o talco era seguro”. A J&J, sediada em Nova Jérsei, é a maior empresa global do segmento Image copyright Getty É a primeira vez que um júri dos EUA decide pela cobrança de danos e prejuízos em um processo sobre os possíveis efeitos prejudiciais do talco em produtos. Ainda há mais de mil casos similares pendentes – e, depois desse veredito, muitos outros podem ser apresentados à Justiça. O caso de Fox é um de várias centenas de mulheres que entraram com denúncia contra a Johnson & Johnson nos tribunais de St. Louis em 2014, e foi selecionado para ir primeiro a julgamento. “Esse caso é pioneiro, e claramente o júri viu as provas e as considerou convincentes”, avaliou Nora Freeman Engstrom, professora de direito da Universidade de Stanford (EUA). “O júri ficou consternado com o comportamento da companhia”, acrescentou, lembrando que é provável que, após a apelação da empresa, a indenização final seja menor. ‘Risco pequeno’ Organizações especializadas sustentam que o vínculo entre o talco e o câncer nos ovários não foi comprovado cientificamente. A Cancer Research, órgão que atua na investigação sobre o câncer no Reino Unido, afirma que a evidência “ainda é incerta”. “Mesmo que haja um risco, é provável que seja bastante pequeno”, diz a entidade. O talco é usado como matéria-prima em vários produtos de cuidado pessoal Image copyright Thinkstock A Ovacome, organização britânica especializada em câncer nos ovários, explica que as causas da doença ainda são desconhecidas, mas provavelmente são “uma combinação de muitos fatores genéticos e ambientais, e não só um, como o talco”. Em 2013, diz, os resultados de 16 estudos com 12 mil mulheres mostraram que usar talco aumenta em um terço o risco de câncer nos ovários, e que uma revisão de pesquisas feitas nos Estados Unidos com 18 mil mulheres obteve resultados similares nos casos de uso genital do talco em pó. Além disso, afirma que esse tipo de estudo pode “ter desvios”, e que as dúvidas sobre os resultados persistem. “Um estudo grande e bem concebido nos Estados Unidos em 2000, com 80 mil mulheres, não encontrou vínculo entre o talco e o risco de câncer nos ovários”, conclui a entidade em um documento sobre o tema. A organização argumenta ainda que, mesmo se o uso do talco aumentar em um terço as chances de desenvolver a doença, é preciso colocar isso em contexto. “Fumar e beber aumenta umas 30 vezes o risco de câncer de esôfago”, exemplifica. “O câncer nos ovários é uma enfermidade rara, e um aumento de um terço em um risco pequeno resulta em um risco, em geral, pequeno.” BBC

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