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O ‘toma lá, dá cá’ entre o Governo Alckmin e a Justiça, segundo um estudo da FGV

Pesquisadora vê troca de favores entre Poderes num jogo para atender interesses corporativistas. Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, em 2016. CIETE SILVÉRIO A2IMG Gestão tucana e MP estadual contestam conclusões do estudo Em abril de 2014, o então presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Renato Nalini, suspendeu uma liminar da primeira instância que garantia a implantação, em até 60 dias, de duas equipes médicas mínimas no Centro de Detenção Provisória de Serra Azul, perto de Ribeirão Preto.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] O magistrado acatava assim um recurso movido pela Procuradoria do Estado. Em sua justificativa, mencionava o esforço orçamentário que o Estado teria de fazer e argumentava que a carceragem já possuía um enfermeiro, um cirurgião dentista, dois auxiliares de enfermagem, dois psicólogos e dois assistentes sociais. Entretanto, 60 presos haviam morrido no ano anterior por falta de atendimento médico. Esta era uma das principais provas que constavam nos autos da ação movida pelo defensor público Bruno Shumizu, que após a negativa recorreu ao Superior Tribunal de Justiça, em 2015. A história acima se repete em grande parte dos 566 casos que passaram pela presidência do TJ entre 2012 e 2015 após o Governo de Geraldo Alckmin (PSDB) entrar com um pedido de suspensão de segurança, que é um instrumento utilizado por entes públicos para questionar uma sentença da primeira instância e pedir, diretamente à presidência do TJ, a anulação de seus efeitos. Os casos foram analisados pela pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Luciana Zaffalon, que chegou ao seguinte panorama: quase metade das resoluções foram favoráveis ao Governo. Dos 15 processos relacionados à segurança pública que chegaram à presidência do TJ, ela constatou que 13 foram suspensos, atendendo aos interesses do Governo Alckmin. A justificativa usada com mais frequência é a de que o Estado teria de fazer um esforço orçamentário, segundo o estudo. Alckmin também foi atendido em 82% dos casos que tratam de licitações, contratos e atos administrativos, segundo a pesquisadora. Ele só foi derrotado em todas as ações que demandavam a aplicação do teto remuneratório para as carreiras públicas. Essa tendência favorável ao Governo é um dos efeitos, segundo explica a especialista em sua tese de doutorado em Administração Pública e Governo, da politização da Justiça paulista, rendida à lógica do toma lá, dá cá. Zaffalon, que também foi ouvidora-geral da defensoria, mapeou o processo legislativo que resultava em aumentos de salários e bonificações para os membros da Justiça, Ministério Público e Defensoria paulistas. Ela argumenta que essa política salarial generosa tem impacto sobre as decisões (ou omissões) dos integrantes dessas instituições em relação ao Palácio dos Bandeirantes. A pesquisa, disponível on-line, abarca os anos de 2011 a 2016 e conclui que “diante dos resultados observados, a existência de freios e contrapesos é praticamente ausente no Estado de São Paulo”. A conclusão é questionada pelos principais atores analisados no estudo, incluindo o Ministério Público e a Defensoria Pública do Estado. Para o Governo Alckmin, trata-se de uma análise “parcial e equivocada”. Questionado pela reportagem, a gestão paulista diz que não é o Executivo que define as políticas salariais das carreiras. Já o Tribunal de Justiça disse que a tese ainda será analisada e, se for o caso, contrastada. Triangulação na Assembleia Para a tese, que se transformará em livro em breve, Luciana Zaffalon vasculhou os projetos de lei e propostas legislativas que passaram pela Assembleia entre 2011 e junho de 2016 e que afetavam a Justiça paulista. Constatou que 83% delas resultavam em algum benefício corporativo. Além disso, 47% das propostas previam vantagens como auxílios, gratificações ou bonificações que a serem custeadas. A Assembleia também transferia a Alckmin a palavra final sobre verbas extras, segundo a pesquisadora: “Chama a atenção a Assembleia transferindo pra Governo a possibilidade de negociação orçamentária e as práticas remuneratórias das carreiras. Só o TJ ficou com 21% de todas as suplementações orçamentárias de 2015. É muito dinheiro”, explica a pesquisadora ao EL PAÍS. Um dos exemplos da pesquisa é a trajetória salarial do Ministério Público de São Paulo. A pesquisadora concluiu que só 3% dos integrantes da carreira não superava o teto constitucional, equivalente ao salário do ministro Supremo Tribunal Federal, em 2015. Analisando a folha de pagamento, sem considerar décimo terceiro salário e férias, o rendimento mensal médio do MP foi de 46.036 reais — enquanto o teto era de pouco mais de 33.000 reais. Só no MP os complementos remuneratórios, como auxílios, bonificações e outros penduricalhos, representaram um gasto 421 milhões de reais. O Ministério Público, no entanto, contesta e diz que nenhum de seus membros “recebe mais do que o teto”. Argumenta que “pagamentos de natureza indenizatória, em que o promotor de Justiça é ressarcido por despesas que realizou no cumprimento de sua função, não constituem remuneração”. Postos no Governo Alckmin Zaffalon destaca os vasos comunicantes entre a carreira no Ministério Público e postos de destaque no Governo Alckmin para defender que essas conexões acabam influenciando as condutas dos promotores que deveriam fiscalizar a gestão estadual. “Se a gente olha para o histórico do Estado, os últimos sete secretários de segurança [como Alexandre de Moraes, hoje ministro no STF, e o atual chefe da pasta Mágino Alves] são oriundos do MP. Hoje o secretário de Justiça do Governo também veio de lá”, afirma. O secretário de Educação de Alckmin, Renato Nalini, foi por anos o presidente do Tribunal de Justiça, responsável direto por avaliar os pedidos de suspensão feitos pelo Palácio dos Bandeirantes. “Como o Estado tem se comportado, sobretudo nas áreas de periferia? Uma das atribuições do MP é o controle do externo da atividade policial”, questiona a pesquisadora, que critica o alto número de mortes cometidas por policiais e o que vê como falhas na conduta do Ministério Público na hora de investigá-los. O MP ressaltou em nota ao EL PAÍS que os convites para que seus membros ocupem secretarias têm “caráter estritamente pessoal” e não impedem que a instituição “cumpra o seu papel”, uma vez que “inúmeros membros do Governo estadual têm sido processados na esfera cível e penal”. A

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Por que tenho orgulho do Aécio?

Nem a avó, nem o avô, nem a mãe, nem o advogado de defesa, falariam tão bem do Aécio Neves quanto o Ministro Marco Aurélio.Estou pensando por qual motivo essa maravilha de exemplar humano, ainda não foi beatificado. É-me impressionante testemunhar a história sendo escrita de modo tão repugnante, mas a história recente não me autoriza a esperar algo melhor. O Ministro Marco Aurélio não deixou a menor dúvida de que pertence ao fã-clube do senador mineiro. No que depender dele, ninguém vai “comer” o Aécio! Como se não bastasse, a excelência esquece que quem pediu a recontagem de votos por alegação de fraude foi o PSDB.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Pau no Temer: PSDB não quer a reforma da previdência

A rebelião tucana contra Temer quer minar a reforma da Previdência Michel temer, em evento da Marinha no dia 9, em Brasília. UESLEI MARCELINO REUTERS Congressistas do PSDB desafiam cúpula partidária que apoia Governo e complicam planos do Planalto O discurso da cúpula tucana é o de manutenção irrestrita do apoio ao governo Michel Temer (PMDB). Mas a linha de frente da legenda na Câmara dos Deputados demonstra que nem tudo o que foi definido pelos tucanos de alta plumagem será replicado no Legislativo. Até porque a decisão de seguir na canoa governista não chegou a ser votada entre os membros do diretório.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Representantes da ala que desde que a delação da JBS veio à tona defende o rompimento com a gestão peemedebista dizem que não votarão a favor da principal reforma sugerida pelo presidente: a da Previdência. Levantamentos internos mostram, por exemplo, que apenas 9 dos 46 deputados do PSDB apoiam incondicionalmente Temer. Os demais estão entre indecisos (11) e a favor do desembarque (26). “Do jeito que está, a reforma da Previdência não passa. Tem muitos pontos que não foram equacionados, como a aposentadoria rural”, afirmou o deputado João Gualberto (PSDB-BA). Autor de um dos 23 pedidos de impeachment protocolados contra Temer no Congresso Nacional, Gualberto afirma que os legisladores querem “ficar à vontade” para votarem as reformas necessárias, e isso implicaria em poder alterar as propostas feitas pelo Executivo. “A reforma está engessada e nada do que sugerimos o Governo aceita mudar. Como representante do Nordeste, não posso votar a favor desse projeto”. A insatisfação contra as mudanças nas aposentadorias começou ainda durante a discussão do projeto na comissão especial e se intensificaram nas últimas semanas. Antes da votação do projeto da comissão, quando foi aprovado, o PSDB trocou peças para garantir o apoio ao Governo. Um dos que foi substituído foi Eduardo Barbosa (PSDB-MG). “O líder do partido [Ricardo Tripoli] me explicou que precisava da vaga e me substituiu. Eu entendi e aceitei. Mas eles sabiam que eu votaria contrário ao projeto da maneira como está”, ponderou. Segundo Barbosa, os detalhes sobre aposentadoria por invalidez, a possibilidade de a pessoa acumular apenas dois salários mínimos entre aposentadoria e pensão, as benesses de algumas aposentadorias especiais e as alterações nos benefícios de prestações continuadas o desestimularam a apoiar a reforma. “Nem eu nem qualquer deputado com o mínimo conhecimento de Previdência consegue votar a favor da proposta”, explicou. Outro representante do grupo que foi apelidado pela cúpula tucana de cabeças pretas diz que a reforma da Previdência não tem nem condições de entrar na pauta. “O projeto atual tem de ser retirado e apresentado de novo. Todos sabemos e queremos a reforma, mas da maneira que está não tem condições”, afirmou Daniel Coelho (PSDB-PE). Na visão de Coelho, a crise do Governo Temer e o afastamento de Aécio Neves(PSDB-MG) das funções de senador por causa das investigações envolvendo a JBS forçarão o PSDB a fazer uma autocrítica e passar por uma reforma interna. “Quando o PSDB foi fundado o seu lema era ‘longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas’. Precisamos voltar a agir dessa maneira”, afirmou o deputado pernambucano. As divisões existem no partido há anos. “O PSDB nunca foi um partido. Sempre foi mais uma reunião de caciques que têm suas próprias posições”, já disse o professor de filosofia da USP e uma das principais referências teóricas dos tucanos, José Arthur Giannotti. Mas, se antes a luta se dava entre integrantes da própria cúpula por interesses diversos, mas principalmente eleitorais, agora a divisão ganha outras clivagens. Internamente é muito claro o movimento dos tucanos com influência na diretoria e próximos de figuras como o senador José Serra, o senador afastado Aécio ou o governador paulista Geraldo Alckmin tentando minimizar as queixas desse grupo de deputados. A alcunha de cabeças pretas, por exemplo, é a tentativa de mostrar que há um embate geracional entre eles, que nem sempre procede. Seriam os cabeças brancas experientes contra um grupo de jovens pouco experimentados. Eduardo Barbosa, por exemplo, tem seis mandatos parlamentares. Outra estratégia para minimizar os efeitos da atuação de quem está na linha de frente é o de ventilar a informação de que os que hoje se apresentam contra a decisão partidária estão visando as urnas e, em breve, mudarão de legenda (seja como for, os congressistas rebeldes poderiam dizer também que os caciques também decidem ficar por conveniência eleitoral, mas nacional, pensando no apoio na campanha presidencial de 2018). O discurso de que os insatisfeitos buscariam uma saída se intensificou nesta semana, depois que o jurista Miguel Reale Júnior, ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso e um dos autores do pedido que resultou no impeachment de Dilma Rousseff (PT) da presidência, anunciou que apresentará seu pedido de desfiliação do partido. “Eles [lideranças do PSDB] não avaliaram que simpatizantes e filiados do partido se opõem a essa decisão [de ficar no governo]. O PSDB não atendeu as suas bases. O eleitorado do PSDB tem a ética e a luta contra a corrupção como focos”, disse o jurista, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Num primeiro momento, contudo, o movimento de Reale Júnior não deve ser seguido por parlamentares federais. “A responsabilidade do Reale como jurista, como militante, como cidadão é uma. A nossa, enquanto parlamentar é outra. Fomos votados e não podemos trair nossos eleitores assim. A mudança tem de vir de dentro e depende de nós mesmos”, analisou Daniel Coelho. Afonso Benites/ElPais

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Brasil, corrupção e divagações filosóficas

Imaginem que um marciano, desses que visitam a terra com frequência a convite dos teóricos dos antigos astronautas, pousem no Brasil com a incumbência de estudar a realidade política e sociológica do país.  Teriam que se basear em paradigmas preliminares, presentes em todo o universo, como o silogismo elementar segundo o qual se A implica B e B implica C, A implica C! A regra clássica seria: se o PSDB pediu a cassação da chapa Dilma-Temer, e se Temer, do PMDB, pertencia à chapa como aliado do PT, é óbvio que Temer, agora aliado do PSDB, teria efetivamente que ser cassado se a chapa encabeçada pelo PT o fosse.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Haveria, obviamente, um embrulho dos diabos no que se refere à sucessão. Contudo, lei é lei. Não se diz que ela é feita para todo mundo? Em termos práticos, o que o marciano observou foi o seguinte: o PSDB pediu a cassação da chapa Dilma-Temer para atacar o PT, e a então possível cassação de Temer, do PMDB, agora em aliança com o PSDB, acabou batendo nos novos interesses do PSDB. Aliaram-se assim, efetivamente, ao PT, o que acabou numa curiosa situação em que os três grandes partidos inimigos se viram do mesmo lado, entregues ao arbítrio do TSE. Suponhamos agora que Gilmar Mendes dirigisse seu voto de minerva para a cassação. Ele teria batido de frente com o PMDB, o PSDB e o PT, simultaneamente. Atenderia, por outro lado, ao reclame das massas em favor das eleições diretas. Com isso um dos ministros do STM mais odiados pela população em função de sua atuação heterodoxa dentro e fora do Supremo Tribunal Federal assumiria imediatamente a função de grande defensor do povo. Outras coisas surpreenderiam os marcianos. Como o PT, inequivocamente o partido político brasileiro que mais se aproximou do povo e que mais significativos programas sociais realizou em seu tempo de gestão, pode ter nomeado Henrique Meirelles presidente do Banco Central, Antônio Palocci ministro plenipotenciário da Fazenda, e Joaquim Levy para esse posto? Por certo que não foi por maldade. Mas foi uma ingenuidade que nos custou caro demais. Por que o Governo, com a cumplicidade da grande imprensa, insiste em sustentar que a economia retomou o crescimento quando os dados atuais, e as analises prospectivas, revelam inteiramente o contrário? Por que os idiotas da TV Globo insistem em dizer que o projeto de lei de abuso da autoridade é contra a Lava Jato, como se, para existir livremente, promotores e juiz da Lava Jato dependem de poder cometer abusos de autoridade impunemente? Enfim, no meio de tantas contradições, fica evidente que mergulhamos mesmo no caos. Dele só se sai, milagrosamente, pela ação de um Atrator Estranho. Sua função será, no momento devido, devolver ao país alguma racionalidade. E não se diga que, nas circunstâncias mundiais, essa seja característica apenas do Brasil. Donald Truman acabou com o Acordo Transpacífico de Cooperação com 11 países em defesa dos trabalhadores americanos, mas o que fez mesmo foi proteger da devastadora tecnologia americana os mercados dos demais signatários. José Carlos de Assis/Tribuna da Imprensa

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Doria diz que apoio a Temer é escolha entre ruim e péssimo

Eleitores do PT são mal informados ou defensores de mazelas, diz Doria Apontado por recentes pesquisas como o nome mais forte do PSDB para a disputa presidencial em 2018, o prefeito de São Paulo, João Doria, minimiza interesse pela disputa, e diz que isso é assunto para “janeiro do ano que vem”. Ao mesmo tempo em que não nega que possa concorrer, responde com desenvoltura quaisquer perguntas sobre o cenário eleitoral e ataca alguns de seus possíveis concorrentes na corrida eleitoral.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Em entrevista exclusiva à BBC Brasil, o prefeito de São Paulo, João Doria, afirma que o próximo presidente do país deveria ser um “gestor”, adjetivo que constantemente usa para definir a si próprio. Ele ainda classifica os eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas na corrida presidencial de 2018, como mal informados ou defensores “das mazelas e do mal feito” e minimiza o crescimento do atual segundo colocado, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Questionado sobre seu apoio à permanência de seu partido no governo do presidente Michel Temer, prestes a ser denunciado ao STF (Supremo Tribunal Federal), ele admite se tratar da “velha política” que tanto critica. “Mas há certos momentos na vida em que você tem que fazer a avaliação sobre o ruim e o péssimo” – e o péssimo neste caso, garante, seria “colocar o Brasil numa crise profunda no plano econômico”. E embora defenda o direito de defesa do senador Aécio Neves, presidente tucano afastado, suspenso do Senado por denúncias de corrupção, Doria afirma que seria prudente que o Diretório Nacional da sigla se posicionasse sobre os pedidos de afastá-lo, “para preservar a imagem do PSDB”. Leia a seguir os principais trechos da entrevista, concedida em seu gabinete na Prefeitura de São Paulo no fim no início da noite de quarta-feira, poucas horas de o prefeito embarcar para Porto Rico, onde passaria o feriado com a família. BBC Brasil – O sr. tem dito que não é um político, mas um gestor, um empresário. Na sua opinião, os países, Estados, cidades não precisam mais de políticos? João Doria – Eu me considero um gestor, um administrador. Eu não sou um político. Eu estou na política, não sou da política. Isso não significa que eu desrespeite os políticos. Até sou filho de um. Meu pai foi deputado federal e foi cassado pelo golpe militar e exilado em 1964. Obra do artista brasileiro Romero Britto no gabinete do prefeito João Doria Direito de imagem FELIPE SOUZA/ BBC BRASIL Mas sempre fui um homem do setor privado. E com este discurso venci a campanha. E pela primeira vez em 28 anos na cidade de São Paulo um prefeito é eleito no primeiro turno. E com este discurso tenho feito a gestão nesses primeiros seis meses. E isso tem nos dado um índice de aprovação superior a 70% e assim vamos continuar. BBC Brasil – No Brasil as pessoas estão muito preocupadas com as relações entre empresários e políticos. Recentemente, nós tivemos uma interceptação de conversas antiéticas entre um empresário e o presidente Temer. O sr. e o seu partido se posicionaram a favor do presidente. O sr. acha que aquela conversa foi ética, que essa é a forma como políticos deveriam se comportar? Doria – Não foi uma conversa adequada para um presidente da República. Nem na forma, nem no conteúdo, nem no local, nem no horário. Mas isto não implica definitivamente num equívoco fatal para o presidente. Significa um erro ético e moral, mas não é um fato determinante para o impeachment do presidente. BBC Brasil – O sr. e seu partido ainda estão em uma coalizão com o partido do presidente. Não seria correto deixar o governo após uma situação como essa? Doria – Nós estamos do lado do Brasil. Mais do que tudo, é a proteção ao Brasil, à governabilidade, o apoio às reformas no Congresso Nacional. Doria diz que saída do PSDB do governo Temer poderia causar “crise profunda no plano econômico” Direito de imagem AFP O desembarque do PSDB do governo neste momento implicaria em colocar o Brasil numa crise profunda no plano econômico e no político. Hoje, nós estamos no plano político apenas. Se o PSDB sair, mergulhamos também no plano econômico. E tudo o que nós não precisamos é de mais uma crise econômica, porque isso vai atrasar a retomada do desenvolvimento, do crescimento, inibir a criação de novos empregos e mergulhar o país numa crise infindável, cujo resultado é mais desemprego e mais pobreza. BBC Brasil – Mas não se trata da velha política que o sr. promete às pessoas mudar, ficar ao lado do governo com o argumento de defender as reformas, mesmo que o presidente esteja envolvido em conversas tão sérias sobre propinas e juízes? Doria – É a velha política. E é ruim. Você tem razão. Mas há certos momentos na vida em que você tem que fazer a avaliação sobre o ruim e o péssimo. Entre o ruim e o péssimo, o ruim é melhor que o péssimo. BBC Brasil – O sr. vai se candidatar à Presidência no próximo ano? Doria – Eu estou correndo, estou agindo para ser um bom prefeito da cidade de São Paulo. Eu fui eleito para ser prefeito por quatro anos. Não é hora de se discutir uma eleição presidencial. É hora de ajudar a resolver a crise brasileira. E cada administrador cumprindo o seu papel. Eu como prefeito, outros como governadores e assim por diante. Nós temos que pensar em eleição em janeiro do ano que vem. Aí, quem sabe… BBC Brasil – Em relação ao seu partido. Há suspeitas de doações ilegais à campanha do último candidato à Presidência, ele foi afastado recentemente do Senado. Isso não mancha um pouco seu compromisso com mudança, já que o sr. ainda é parte desse partido? O sr. apoia Aécio e o partido? Doria – Ele não foi julgado, ele foi indiciado. É preciso reconhecer a diferença entre indiciado e julgado. Enquanto indiciado, o PSDB

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Fernando Henrique Cardoso e a sociologia da contradição

Levantamento de agência de checagem mostra contradições de FHC Checagem mostrou idas e vindas de Fernando Henrique Cardoso em diferentes assuntos Um levantamento da Agência Lupa, publicado nesta quinta-feira (15), apontou as diversas contradições nas declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em curtos intervalos de dias, o tucano deu declarações favoráveis e contrárias ao posicionamento do PSDB no governo de Michel Temer. [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] FHC chegou a afirmar que “preferiria atravessa a pinguela [governo Temer], mas se ela continuar quebrando, será melhor atravessar o rio a nado”, para declarar, dois dias depois, que o PSDB não tem mais condições de continuar na base aliada. “Se tudo continuar como está, com a desconstrução contínua da autoridade [de Temer], pior ainda se houver tentativas de embaraçar as investigações em curso, não vejo mais como o PSDB possa continuar no governo”. Eleições Diretas Fernando Henrique também se contradisse ao opinar sobre a necessidade de eleições diretas, diante da crise do governo Temer. No ano passado, FHC reclamou a necessidade de “fazer uma emenda ao Congresso para a eleição direta porque eu não vejo como alguém novo, sem ter o leme na mão, legitimidade, vai fazer”. Na semana passada, no entanto, durante o julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE, o ex-presidente disse que “uma emenda constitucional para antecipar eleições diretas representaria, neste caso sim, um ‘golpe constitucional’”. Renúncia de Temer Em meados de maio, FHC disse, sem citar Temer, que “se as alegações de defesa não forem convincentes, e não basta argumentar que são necessárias evidências, os implicados terão o dever moral de facilitar a solução, ainda que com gestos de renúncia”. Dias depois, já no início de junho, o tucano disse que não havia motivos para Temer renunciar: “Quando o presidente Temer falou e eu também quando escrevi não tinha conhecimento da gravação. Eu não creio que a gravação seja suficientemente forte para levar a destituição de um presidente (…) Não vi que houvesse um elemento decisivo”. Reportagem da Agência Lupa

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Tasso Jereissati,Temer e inocência?

Senador Tasso Jereissati: “Temer precisa comprovar inocência para ter autoridade”. Hã? Inocência? Que desculpa é essa agora? O cara foi gravado cometendo crime! Jamais esperei que um homem tão inteligente – capaz de um diagnóstico tão cirúrgico e pertinente como: “Estamos vivendo um sistema político que apodreceu e morreu. A corrupção que era de batedor de carteira virou de quadrilhas internacionais” – nos considerasse um bando de néscios.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Naturalmente ao nomear o sr. Sérgio Machado como primeiro ministro nos governos de Vsa., e ainda cogitar de fazer o Sr. Machado vosso sucessor, estender tapete vermelho para ascensão ao palcos dos Gomes, Vsa. Exa. não se considera responsável por “esse sistema político apodrecido”? Uma perguntinha mais metafísica que retórica senhor senador: Se o sistema político está podre, por que o PSDB continua no governo desse sistema?[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]  

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Michel Reale Jr. deixa o PSDB batendo na tucanada

Autor do pedido de impeachment deixa o PSDB e fala em “túmulo” do partido Reale diz que desistiu do PSDB “diante de tantas vacilações e fragilidades” Saída ocorre após tucanos decidirem permanecer na base aliada do governo Temer [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] A decisão do PSDB, na noite desta segunda-feira (12), de permanecer na base aliada do governo de Michel Temer deflagrou a desfiliação de tucanos. Autor do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, o jurista Michel Reale Jr. anunciou que deixará o PSDB e disse que o partido será enterrado. “Espero que o partido encontre um muro suficientemente grande que possa servir de túmulo”, disse Reale, ao jornal O Estado de S.Paulo, acrescentando que sua saída do partido será oficializada nesta terça-feira (13) por meio de carta ao diretório nacional. Para o jurista, que já chegou a defender o impeachment de Michel Temer, o PSDB foi fraco eticamente e que sua saída do partido se dá, portanto, “diante de tantas vacilações e fragilidades”. “Foi difícil sair de um partido do qual fui vice-presidente em São Paulo, amigo de todos seus dirigentes, compartilhei ideais e esperanças, mas desisti diante de tantas vacilações e fragilidades onde não se pode ser fraco que é diante da afronta à ética”, completou. Após a decisão do PSDB, na noite desta segunda-feira (12), o presidente nacional interino do PSDB,  senador Tasso Jereissati (CE), disse que o partido segue na base de apoio ao governo Michel Temer, mas que serão feitas avaliações diárias dos cenários políticos. Contudo, Tasso defendeu que o partido recorra da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que absolveu a chapa Dilma-Temer. Ele disse que os advogados do partido vão aguardar a publicação do acórdão e depois submeter a decisão à executiva. “Eu, como presidente, penso que devemos recorrer. O advogado quer esperar a publicação [do acórdão]. Vamos continuar no governo Temer, sem deixar de lado as nossas convicções. E eu estou convicto de que houve corrupção na eleição de 2014”. Perguntado se essa posição não seria incoerente, o tucano reconheceu que sim, mas que prefere seguir suas convicções. “Com certeza há uma incoerência nisso, mas foi a história que nos impôs. Esse não é o meu governo, nem o governo dos meus sonhos. Não votei nele [Temer] nem nela [Dilma]. Estamos juntos para dar a estabilidade que o país precisa. Estaria mais confortável com alguém do PSDB [na Presidência]”. Integrantes do PSDB decidiram na noite desta segunda-feira (12) continuar no governo Temer Aliança “Vamos avaliar [o governo] diariamente. Todos os dias têm surgido fatos novos e vamos estar atentos”, disse o senador ao final da reunião da executiva nacional, que durou mais de seis horas. Segundo Jereissati, não houve deliberação do partido sobre a permanência no governo, mas a maioria da legenda entende que um eventual desembarque agora iria prejudicar as reformas. “O partido está unido, mas tem divergências. O partido não tem dono, nem é autoritário. Quem é mais velho lembra que ja tivemos crise e no momento exato seguiremos unidos”, disse. Denúncia Sobre uma eventual denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer, Jereissati disse que o partido não fechará questão e os deputados ficarão livres para votar ( a Câmara é quem decide se autoriza a abertura do processo de investigação contra o presidente). “Vai ser uma decisão da Câmara e cada deputado vai votar da maneira que quiser. Não existe nada de fechar questão em relação a isso. A bancada tem opiniões diferente, vai ser um voto de consciência e não uma decisão partidário. Se tiver um acontecimento muito grave, a opinião vai ser diferente e vamos chamar a bancada e conversar sobre isso”, disse. Com Agência Brasil

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