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Luis Carlos Mordegane – Versos na tarde – 07/08/2016

Boa noite Carinho Luis Carlos Mordegane ¹ São massagens que recebemos em nosso ego, Com as mãos delicadamente deslizando Por nosso eu, com toque suave… Toque este tão indispensável, Tão necessário às nossas vidas. Quem, em sã consciência, Não gosta de ser amado, Querido, desejado? Quando tocamos alguém É sinal que estamos felizes com sua presença, Felizes por tê-la ali naquele momento… Falar daquele jeitinho e com certo dengo, É uma forma de carinho. Quando então acariciamos alguém E somos por ele acariciados, É tão bom! E nos alivia a alma… Sendo a voz, a mais eloqüente forma De propagar amor e carinho. E quando é sussurrada aos nossos ouvidos, Com toda pujança e carinho, Por quem amamos, transforma-se Em mensagem de ternura, Em canto e acordes musicais, Levando ao nosso coração, A mais suave canção melódica… Luis Carlos Mordegane * São Bernardo do Campo. SP. – 28 de Maio

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Maiakovski – Poesia – 22/07/24

Boa noite O amor Maiakovski Não acabarão nunca com o amor, nem as rusgas, nem a distância. Está provado, pensado, verificado. Aqui levanto solene minha estrofe de mil dedos e faço o juramento: Amo firme, fiel e verdadeiramente

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Ana Jácome – Poesia – 20/07/24

Boa noite Ana Jácomo Algumas preciosidades morrem baixinho, em degradê. Como morrem as tardes. Como morrem as flores. Como morrem as ondas. Quando a gente percebe, já é noite e o céu, se está disposto a falar, diz estrelas. Quando a gente percebe, as pétalas já descansam o seu sorriso no colo do chão. Quando a gente percebe, o canto da onda já enterneceu a areia. Muitas dádivas que nos encontram, que nos encantam, têm seu tempo de viço, sua hora de recado, e seu momento de transformação em outro jeito de lindeza. A noite também é bela do jeito dela. As pétalas caídas viram húmus para fertilizar o solo que dirá a vez de outras flores sorrirem. A areia molhada conta a canção da onda e da sua acolhida terna para a nossa vida descalça. Lutar contra a impermanência da cara das coisas é feito tentar prender o azul macio das tardes, segurar o viço risonho das flores, amordaçar as ondas. É inútil. Costumamos esquecer que não podemos impedir a mudança: tudo dança a coreografia sábia e implacável da impermanência. Mas a música daquilo que verdadeiramente nos toca com amor, não importa o quanto tudo mude – e tudo muda -, não deixa nunca mais de tocar e viver, de algum jeito, no nosso coração.

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Marise Hansen – Poesia – 16/07/24

Boa noite Rosa, casa, concha Marize Hansen Rosa Casa Concha e tudo o que se abre E fecha Lua Nuvem Ave e tudo o que flutua E passa Mar Lágrima Riso e tudo o que deságua E limpa Gato Livro Vinho e tudo o que aquece E voa Sonho Cama Corpo e tudo o que distrai E ama Medo Credo Tédio e tudo o que amordaça E mata.

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Vinicius de Moraes – Poesia – Soneto – 15/07/24

Boa noite Soneto da despedida Vinicius de Moraes Uma lua no céu apareceu Cheia e branca; foi quando, emocionada A mulher a meu lado estremeceu E se entregou sem que eu dissesse nada. Larguei-as pela jovem madrugada Ambas cheias e brancas e sem véu Perdida uma, a outra abandonada Uma nua na terra, outra no céu. Mas não partira delas; a mais louca Apaixonou-me o pensamento; dei-o Feliz – eu de amor pouco e vida pouca Mas que tinha deixado em meu enleio Um sorriso de carne em sua boca Uma gota de leite no seu seio.

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Mia Couto – Poesia – 13/07/24

Boa noite Beijo Não quero o primeiro beijo: Basta-me O instante antes do beijo.   Quero-me Corpo ante abismo, Terra no rasgão do sismo.   O lábio ardendo Entre tremor e temor, O escurecer da luz No desaguar dos corpos: O amor Não tem depois.   Quero o vulcão Que na terra não toca: O beijo antes de ser boca.   ¹Antônio Emílio Leite Couto *Beira, Moçambique – 5 de Julho de 1955

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Pedro Munhoz – Poesia – 10/07/24

Boa noite Morrer Pedro Munhoz Tenho morrido muitas vezes. Depois, respiro fundo, Lavo o rosto, sigo em frente. Não é fácil morrer, Difícil é renascer, Fingir-se de sol, Cegar a lua, Beber o mar. Detestável seria ter a covardia Dos que me mataram. Eu sigo renascendo, Eles seguem covardes.

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T.S.Eliot – Poesia – 04/07/24

Boa noite Burt Norton(enxerto) T.S.Eliot O tempo presente e o tempo passado Estão ambos talvez presentes no tempo futuro E o tempo futuro contido no tempo passado Se todo o tempo é eternamente presente Todo o tempo é irredimível O que podia ter sido é uma abstração Permanecendo possibilidade perpétua Apenas num mundo de especulação O que podia ter sido e o que não foi Tendem para um só fim, que é sempre presente Ecoam passos na memória Ao longo do corredor que não seguimos Em direcção à porta que nunca abrimos Para o roseiral. As minhas palavras ecoam Assim, no teu espírito… Mas para quê Perturbar a poeira numa taça de folhas de rosa? Não sei. Vai, vai, vai, disse a ave; O gênero humano não pode suportar muita realidade. O tempo passado e o tempo futuro O que podia ter sido e o que foi Tendem para um fim, que é sempre presente.

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Sylvia Plath – Poesia – 01/07/24

Boa noite Canção de Amor da Jovem Louca Sylvia Plath¹ Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer (Acho que te criei no interior da minha mente) Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis, Entra a galope a arbitrária escuridão: Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro. Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama, Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para a insanidade. (Acho que te criei no interior de minha mente) Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo do inferno: Retiram-se os serafins e os homens de Satã: Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro. Imaginei que voltarias como prometeste Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome. (Acho que te criei no interior de minha mente) Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão Pelo menos, com a primavera, retornam com estrondo Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro: (Acho que te criei no interior de minha mente.) Tradução de Maria Luíza Nogueira ¹Sylvia Plath * Boston,Massachusetts – 27 de outubro de 1932 +Londres, Reino Unido – 11 de fevereiro de 1963

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