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STJ nega liberdade a executivo da Galvão Engenharia investigado pela Lava Jato

Erton Medeiros Fonseca, diretor de negócios da Galvão Engenharia, preso preventivamente na operação Lava Jato desde 10 de novembro do ano passado, vai continuar na prisão. O desembargador convocado para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) Newton Trisotto negou liminar em que a defesa pedia que fosse colocado em liberdade. Segundo o decreto de prisão expedido pelo juiz federal Sérgio Moro, depoimentos de Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa apontam a participação da empresa Galvão Engenharia no cartel de empreiteiras que fraudaram e superfaturaram licitações da Petrobras, tendo Fonseca como seu representante direto. Trisotto justificou a necessidade de manutenção da prisão preventiva pela garantia da ordem pública, para manter a ordem na sociedade abalada pela prática de um delito. “Nos últimos 20 anos, nenhum fato relacionado à corrupção e à improbidade administrativa, nem mesmo o famigerado ‘mensalão’, causou tanta indignação, tanta repercussão danosa e prejudicial ao meio social quanto esses sob investigação na operação Lava Jato, que a cada dia revela novos escândalos”, afirmou. O desembargador convocado observou ainda que os atos imputados a Fonseca foram individualizados no decreto de prisão, devidamente fundamentado segundo os requisitos do artigo 312 do Código de Processo Penal. O mérito do habeas corpus será julgado pela Quinta Turma do STJ, em data que ainda será definida.[ad name=”Retangulos – Direita”]

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Cunha oferta Comissão de Justiça a réu no STF

O novo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ofertou o comando da Comissão de Constituição e Justiça a um deputado do PP de Alagoas. Chama-se Arthur Lira. Enquadrado na Lei Maria da Penha e denunciado pela Procuradoria da República, tornou-se réu no STF em dezembro de 2013. É acusado no processo de agredir com “tapas, chutes e pancadas” uma ex-companheira, Jullyene Cristine Santos Lins. A denúncia contra Arthur Lira foi convertida em ação penal por maioria de votos. Posicionaram-se a favor do arquivamento os ministros Luiz Fux (relator), Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Votaram a favor do envio do deputado ao banco dos réus os magistrados Celso de Mello, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski, Rosa Weber e Luís Roberto Barroso. Faltaram à sessão o então ministro Joaquim Barbosa e a ministra Cármen Lúcia, em viagem oficial na época. A despeito das pressões que recebeu do Planalto, o PP integrou o bloco partidário que apoiou Eduardo Cunha na briga contra o petista Arlindo Chinaglia. Cunha decidiu premiar o aliado com duas das poltronas mais vistosas do organograma da Casa: além da presidência da Comissão de Constituição e Justiça, a primeira vice-presidência da Câmara. Com o aval da maioria do plenário, foi alçado à vice-presidência da Câmara neste domingo o deputado Waldir Maranhão (PP-MA). A escolha do presidente da Comissão de Justiça é feita mediante acordo, sem a necessidade de um aval do plenário. O posto caberia a um peemedebista. Mas Cunha decidiu cedê-lo ao PP, sob a condição de que a legenda indique o alagoano Arthur Lira.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A agressão imputada ao deputado ocorreu em novembro de 2006. Lira estava separado de sua ex-companheira havia sete meses. Só em março de 2012 o caso foi denunciado pela Procuradoria. Os defensores do deputado alegaram no Supremo que a acusação feita contra ele, por “inverossímil”, não se sustenta. Acrescentaram que a própria agredida voltara atrás em seu relato, manifestando o desejo de retirar a queixa. Favorável ao arquivamento, o relator Luiz Fux impressionou-se com a versão segundo a qual a agressão do deputado contra a ex-companheira durara 40 minutos. “Isso não pode ter ocorrido”, duvidou o ministro. Apreciador de lutas, Fux afirmou que nem em torneio de artes marciais uma pessoa apanha por período tão longo. “Uma surra de quarenta minutos é conducente à morte. […] Só para nós termos uma ideia, esses lutadores bem preparados fisicamente lutam três rounds de cinco minutos por um de descanso.” Na sua vez de votar, Marco Aurélio Mello fez questão de contrapor às dúvidas do colega trechos do depoimento original de Jullyene. Citou a agredida entre aspas: “Que Arthur apareceu entre 21h e 22h na residência da declarante, e quando esta abriu a porta, foi recebida com tapas, chutes, pancadas, foi arrastada pelos cabelos, tendo sido chutada no chão.” Marco Aurélio prosseguiu: “a declarante indefesa perguntava o porquê daquilo, dizendo a seu ex-companheiro que este não era seu dono e que não tinha razão daquilo acontecer, até porque ambos já estavam separados há cerca de sete meses (…).” As cadeiras que Eduardo Cunha oferece ao PP eram ocupadas pelo PT, que não terá nenhum representante na Mesa da Câmara no biênio 2015—2016. Ironicamente, ao lado do PMDB de Cunha e do PT de Chinaglia, o PP é o partido mais enrolado na Operação Lava Jato. Foi por indicação do PP que, em 2004, o engenheiro Paulo Roberto Costa, hoje um delator e corrupto confesso, tornou-se diretor de Abastecimento da Petrobras. Josias de Souza

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Operação lava-jato. Quando o crime compensa

Fernando Brito: O crime compensa para doleiro. E com o aval do Judiciário É inacreditável a alegria pelo “bom negócio” feito pelo doleiro Alberto Youssef, segundo as declarações de seu advogado tucano na Folha. Já havíamos ficado sabendo que o acordo de delação restringe a pena de Youssef a três anos em regime aberto. E que ele vai conservar parte do patrimônio adquirido com o seu papel de “lavador” das roubalheiras de Paulo Roberto Costa. Agora, graças aos repórteres Mario Cesar Carvalho e Gabriela Terenzi, ficamos sabendo que ele vai ganhar “comissão” sobre o dinheiro roubado, num valor que pode chegar a R$ 10 milhões, uma quantia impensável para nós, mortais comuns e honestos, mesmo depois de uma longa vida de trabalho duro. O advogado Figueiredo Basto comemora: diz ele que a ” delação premiada” contém a noção de que o criminoso “vai ganhar algum prêmio no final do processo”. O prêmio, claro, na visão dele, deve ir além de uma pena menor. É em dinheiro, mesmo. No caso, em dinheiro público surrupiado nas negociatas. Imagine: você rouba um banco, é preso. Aí, negocia entregar seus cúmplices. E também os não-cúmplices que, do jeito que são a Justiça e a mídia brasileira, passam a ter de “provar” que não roubaram.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A polícia vai atrás do dinheiro e você, depois de um pequeno castigo, recebe uma mala de dinheiro – os tais R$ 10 milhões – e é mandado embora, com um “muito obrigado”…. No caso de Youssef, com o agravante de que já negociou um acordo de delação e continuou a roubar, nas barbas do juiz Sérgio Moro, porque Youssef prometeu a ele que, depois de operar criminosamente dinheiro do Banestado, do Governo do Paraná, iria parar de roubar. Não parou. Note-se, também, a cara-dura do Ministério Público de dispor do dinheiro que vier a ser recuperado para o pagamento de comissões ao ladrão. Quem sabe o MP não resolve estender a “promoção” para seus demais delatores. Vai ser uma festa. Todo mundo saindo livre e ainda com uma “mala” de dinheiro bem lavado. Se o acordo com Youssef for assim, é difícil crer que se queira “restaurar a moralidade”. Não se pode fazer isso com a imoralidade desta corrupção legalizada e referendada pelo Judiciário, como a que se propõe para o doleiro ladrão. ************** Doleiro pode levar R$ 10 mi se ajudar a recuperar desvios da Petrobras MARIO CESAR CARVALHO  E GABRIELA TERENZI, na Folha de S. Paulo O crime pode não compensar, mas, sabendo negociar, dá para sair dessa vida milionário. É o que pode acontecer com o doleiro Alberto Youssef, tido como um dos principais operadores do esquema da corrupção na Petrobras. Se ele for extremamente eficiente na recuperação de recursos desviados de contratos da estatal, pode acumular milhões como recompensa pela ajuda dada ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal. Para ganhar R$ 10 milhões, por exemplo, ele teria que ajudar a recuperar R$ 500 milhões desviados. A taxa de sucesso prevista no acordo de delação premiada do doleiro é de 2% sobre os valores recuperados. “É com essa estimativa que nós trabalhamos. O Alberto conhece muito bem o caminho do dinheiro nos paraísos fiscais”, afirma o advogado Antonio Figueiredo Basto, que defende Youssef e costurou o acordo com os procuradores da Operação Lava Jato. Segundo Figueiredo Basto, o acordo de Youssef é o único entre os nove assinados na Lava Jato que tem uma cláusula de performance ou taxa de sucesso. Se cumprir integralmente o acordo, Youssef perderá bens que valem R$ 40 milhões –valor da multa estipulada pelos procuradores pelos crimes que praticou. Entre outros bens, ele perderá um hotel em Porto Seguro (BA) e participações em outros hotéis em Aparecida (SP), Jaú (SP) e Londrina (PR). Ficará também sem outros dois imóveis e sem três carros de luxo –um Volvo CX 60 blindado, um Mercedes Benz CLS 500 e um Tiguan blindado. Ele também perderá R$ 1,8 milhão que a PF encontrou no seu escritório em São Paulo. Figueiredo Basto diz que se inspirou em acordos americanos para propor a cláusula de performance. “Esse tipo de cláusula existe no mundo inteiro, nos países que têm os melhores modelos de combate à corrupção, como os Estados Unidos”. Segundo ele, o próprio nome do instituto (delação premiada) já contém a noção de que o criminoso “vai ganhar algum prêmio no final do processo”. Renato Silveira, professor titular de direito penal da Faculdade de Direito da USP, porém, vê problemas com esse tipo de cláusula. “Acho incompatível esse tipo de prêmio porque não existe recompensa a ser ofertada pela Justiça ou pelo Ministério Público no Brasil”, afirma Silveira. Nos EUA, frisa o professor, a recompensa é prevista em lei e tem uma tradição jurídica que remonta ao século 19. Esse tipo de cláusula, segundo ele, deve gerar uma polêmica jurídica após a conclusão da Operação Lava Jato porque não há um histórico sobre esses acordos no país. A delação de Youssef foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal, em 19 de dezembro. Na última quarta (20), o juiz Sergio Moro tornou público os termos do acordo. Outro problema sobre a recompensa, segundo o professor, é a inexistência de jurisprudência sobre delação premiada no Brasil. Não há um histórico do que é aceitável ou não nesse tipo de acordo, ainda de acordo com Silveira. O advogado de Youssef rebate as críticas do professor. “Se o Supremo já homologou o acordo é porque não há nada de inconstitucional nele”, defende Figueiredo Basto. Outro fato que precisa ser ponderado, segundo o defensor do doleiro, é o tipo de colaboração que Youssef prestou. “Sem as informações que o Alberto forneceu aos procuradores, a Lava Jato não teria chegado às empreiteiras e aos políticos”. Foi o doleiro que forneceu aos investigadores os nomes dos 11 executivos de empreiteiras que estão presos desde novembro em Curitiba. Também entregou uma lista que pode chegar a 60 políticos. por Fernando Brito/Tijolaço Leia também: Por que o governador Geraldo Alckmin foge do

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