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Zika e Olimpíada: Duas visões científicas sobre riscos a atletas e turistas

As dúvidas e apreensões quanto aos riscos que a epidemia de zika – associada à alta nos casos de microcefalia em bebês – pode trazer aos turistas brasileiros e estrangeiros que virão ao Rio para a Olimpíada, em agosto, vêm mobilizando pesquisadores, organizadores dos Jogos e autoridades nos últimos dias.  Governo federal e Prefeitura do Rio minimizam riscos Image copyright AP Afinal, quais são os perigos reais aos visitantes e seus países de origem? Em conversa com jornalistas estrangeiros nesta sexta, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou que o governo federal aposta na queda da proliferação do mosquito Aedes agypti em agosto – mês que no ano passado registrou o menor número de casos de dengue, transmitida pelo mesmo vetor. Além disso, citou medidas de prevenção a serem implementadas durante os Jogos, entre elas a aplicação de R$ 64,5 milhões para reforçar a rede de saúde local. Segundo o ministro, 80% dos imóveis do Rio já foram vistoriados, e o trabalho dos 3 mil agentes de fiscalização continua.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Numa tentativa de dissipar as preocupações, Barros argumenta que a incidência de zika vem caindo. Na primeira semana de maio, exemplificou, foram registrados 2.053 casos em todo o país, número bem inferior aos 16.059 notificados na terceira semana de fevereiro. Na cidade do Rio, a queda no mesmo período foi de 2.116 para 208 casos. Mesmo com esse indicativo de queda no número de transmissões, essa polêmica atingiu níveis internacionais. Especialistas de instituições como as universidades de Oxford, no Reino Unido, Harvard e Yale, ambas nos Estados Unidos, enviaram uma carta à OMS (Organização Mundial de Saúde) dizendo que os Jogos deveriam ser adiados ou transferidos, pois poderiam ajudar a espalhar ainda mais o vírus pelo mundo. Cientistas brasileiros reagiram, também em carta, a essa hipótese – a OMS, em resposta aos pesquisadores internacionais, também afirmou não ver necessidade de alterar os planos para a Olimpíada. Para entender melhor os argumentos de cada lado, a BBC Brasil conversou com dois cientistas que participaram da organização das duas cartas. Confira o que eles dizem: ‘Pode haver disseminação rápida do vírus para países pobres, sem sistema de saúde estruturado’ – Arthur Caplan, professor de Bioética e diretor do Departamento de Ética Médica da Universidade de Nova York Arthur Caplan defende que Jogos sejam cancelados ou transferidos Image copyright NYU “A minha maior preocupação é que ainda não entendemos o vírus Zika. Não sabemos quanto tempo ele fica no corpo, ou se estamos lidando com uma cepa nova. Também não compreendemos todas as formas de transmissão ou se ele pode levar à síndrome de Guillain-Barré, que causa paralisia muscular, mas há indícios de que o vírus presente no Brasil seja mais forte. O vírus já está circulando em 60 países, e tenho quase certeza de que vai se espalhar pela América do Norte e talvez pela Europa durante o verão que se aproxima (no Hemisfério Norte). Mas há muitos países onde ele ainda não está presente, como Mauritânia, Nepal e Etiópia, que não mantêm um fluxo intenso de turistas para o Brasil, e para os quais a ida de pessoas para a Olimpíada teria mais impacto. Se você introduzir uma pessoa infectada nesses locais poderia haver a disseminação do vírus de forma muito rápida e intensa, e estamos falando de países pobres da África e da Ásia, sem sistema de saúde estruturado. Como vão lidar com crianças nascendo com microcefalia? E, mesmo no Brasil, podemos dizer que as famílias de bebês com más-formações estão recebendo toda a assistência de que precisam? É algo que me preocupa mesmo em países onde não há a presença do mosquito transmissor, já que pode haver a transmissão sexual. Estou certo de que as autoridades brasileiras e os organizadores estão tentando contornar o problema, e que há o uso de inseticidas e fiscalizações nos locais de competição. Mas eu acho muito otimismo contar tanto com as baixas temperaturas como um fator para a diminuição dos casos. E se fizer calor? O que vão fazer? Quanto à prevenção, também acho otimista. Sabemos que, apesar de alertar as pessoas para que usem roupas compridas e repelentes, e que façam sexo com camisinha, elas não farão isso, muito menos num clima de festa como uma Olimpíada. É necessário que haja mais transparência sobre os riscos, para que as pessoas façam decisões mais informadas. A OMS, por exemplo, deveria ser bem mais transparente. Por que não fazem uma reunião aberta, coletiva, convidando cientistas de todo o mundo e também a imprensa internacional? Mais de 4 mil cientistas de todo o mundo nos escreveram, e a maioria é a favor de adiar os Jogos. Mas é claro que os cientistas brasileiros apoiariam a realização da Olimpíada. Há um grau de nacionalismo, de patriotismo. São cientistas, mas também são brasileiros. Eu também creio que os organizadores não estejam levando em conta sua responsabilidade legal. Se o Comitê Rio 2016 diz que é seguro para os turistas irem para o Rio, e de alguma forma eles adoecem, ou temos o nascimento de crianças com microcefalia, quem serão os responsáveis? Todos estão sendo otimistas demais, na minha opinião.” ‘É impossível achar que podemos controlar o espalhamento do vírus Zika no mundo cancelando um evento’ – Cláudia Codeço, do Programa de Computação Científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Cláudia Codeço defende a continuidade dos Jogos Image copyright ACERVO PESSOAL “Nossa justificativa para que os Jogos sejam mantidos na data planejada se baseia em dois fatos. O primeiro é que nos meses de agosto e setembro as temperaturas no Rio de Janeiro são relativamente baixas, e normalmente a transmissão de doenças pelo Aedes aegypti é muito menor. Nos últimos cinco anos, encontramos entre 7 a 10 casos de dengue para cada 100 mil habitantes no mês de agosto. E nossas pesquisas na Fiocruz mostram que o mosquito tem capacidade mais baixa de transmissão do Zika, então esperaríamos números ainda menores. Logo, adiar o evento faria com que os Jogos ocorressem mais próximos a meses de calor,

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Má qualidade do meio ambiente causa 12,6 milhões de mortes por ano

A OMS calcula que 23% das mortes por ano se devem a ambientes pouco saudáveis. Em Pequim, moradores aderem ao uso de máscaras. Kevin Frayer (Getty Images) As más condições ambientais são responsáveis por 12,6 milhões de mortes por ano no planeta, segundo um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) apresentado nesta terça-feira. Isso significa que cerca de 23% das mortes no mundo ocorrem por se “viver ou trabalhar em ambientes poucos saudáveis”. Os fatores de risco ambientais —como a poluição do ar, da água, do solo, a exposição a produtos químicos, a mudança climática e a radiação ultravioleta— “contribuem para mais de 100 doenças ou traumatismos”, afirma esta organização internacional em seu estudo A prevenção de doenças por meio de ambientes saudáveis.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] MAIS INFORMAÇÕES A América Latina sonha com uma vida sem carro Poluição na China matará 923.000 pessoas até 2030, segundo estudo OMS ataca o cigarro em Hollywood Madri proibirá totalmente circulação de carros quando a poluição disparar Trata-se da segunda edição deste relatório, que parte de dados de 2012. O estudo anterior foi realizado há quase uma década. Maria Neira, diretora do Departamento de Saúde Pública, Meio Ambiente e Determinantes Sociais da OMS, ressalta que nestes dez anos essa porcentagem de 23% de mortes por causas ambientais não variou. Mas mudaram os tipos de doenças. “Atualmente, dois terços das mortes são por doenças crônicas, como as cardiovasculares, enfartes, câncer ou doenças respiratórias crônicas”, afirma. De concreto, segundo aponta o estudo, as mortes por doenças não transmissíveis que podem ser atribuídas à contaminação do ar (incluída a exposição à fumaça do tabaco alheio) aumentaram até a cifra de 8,2 milhões”. Nesta última década, paralelamente, a OMS ressalta que “reduziram-se as mortes devido a doenças infecciosas como diarreia e malária”, que estavam vinculadas à má qualidade da água, do saneamento e da gestão do lixo. Supõe-se que por trás dessa redução está “a melhoria do acesso à água potável e ao saneamento, assim como a imunização, a focos de mosquito tratados com inseticidas e a medicamentos essenciais”, afirma a organização internacional. A mudança no padrão das mortes causadas por problemas ambientais propõe desafios. “As doenças crônicas são mais custosas para um país”, ressalta Neira ao compará-las com as infecciosas. “Têm um custo altíssimo para a sociedade”, acrescenta. Epidemia A responsável da OMS recorda que as doenças crônicas —como as cardiovasculares ou o câncer— se associam a “causas pessoais”, como o sedentarismo ou o fumo. Mas o relatório também destaca que há componentes ambientais, como a má qualidade do ar, a exposição a produtos químicos e a queima de combustíveis fósseis nas casas. “É preciso controlar esses fatores de risco”, recomenda Neira. Os mais afetados pela má qualidade do ambiente são as crianças e as pessoas mais velhas Em sua opinião, a maioria das medidas têm de ser aplicadas nas cidades. “É preciso melhorar e planejar as cidades”, onde se concentram muitos dos fatores de risco ambientais. Além disso, a especialista recorda que, em 10 anos, calcula-se que “70% da população viverá em cidades”. “É preciso melhorar o transporte e os combustíveis para ter uma economia com menos dióxido de carbono.” Crianças e idosos Os mais afetados pela má qualidade do ambiente são as crianças e as pessoas mais velhas. A OMS sustenta que por ano poderiam ser evitadas 1,7 milhão de mortes de menores de cinco anos e 4,9 milhões de adultos entre 50 e 75 anos se a gestão do meio ambiente for melhorada. “As infecções das vias respiratórias inferiores e as doenças diarreicas afetam sobretudo os menores de cinco anos, enquanto que as pessoas mais velhas são as mais afetadas pelas doenças não transmissíveis”, afirma a organização. Por áreas geográficas, a que mais sofre com a má qualidade ambiental é o Sudeste Asiático, com 3,8 milhões de mortes anuais. Atrás dela está o Pacífico Ocidental (3,5 milhões) e a África (2,2 milhões). Nos últimos lugares estão o Mediterrâneo oriental (854.000) e os Estados Unidos (847.000). Na Europa, segundo a OMS, as más condições ambientais causam 1,4 milhão de mortes por ano. Doenças O estudo identifica uma centena de doenças ou traumatismos vinculados às condições ambientais negativas. À frente em relação à mortalidade relacionada ao meio ambiente, estão, segundo a OMS, os “acidentes vasculares cerebrais”, que representam 2,5 milhões de mortes por ano. Atrás deles estão as cardiopatias isquêmicas, com 2,3 milhões. Em terceiro lugar estão os chamados “traumatismos involuntários”, por exemplo, “mortes por acidente de trânsito”, que respondem por 1,7 milhão de mortes anuais, número semelhante ao de vários tipos de câncer. El País/Manuel Planbelles

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Cinco dicas para reduzir o açúcar que consumimos sem perceber

Pense em um quilo de açúcar. Sim, um desses pacotes que compramos no supermercado e com o qual podemos encher o açucareiro várias vezes. Parece muito, não? Mas é a mesma quantidade que um adulto consome, em média, em duas semanas. E os adolescentes ingerem um pouco mais. Segundo a OMS, o ideal é que o açúcar seja apenas 5% da dieta – e isso inclui aquele presente em alimentos que nem imaginamos   Muitos se surpreenderão de que seja tanto. Sabemos em quais alimentos é óbvio que haja açúcar, como chocolates e biscoitos. Mas também há grandes quantidades “escondidas” em outras comidas que não necessariamente são consideradas doces. A BBC preparou algumas dicas para que você diminua a quantidade de açúcar que consome no seu dia a dia, para assim ter uma vida mais saudável. 1. Qual deve ser o limite diário? Em março de 2015, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reduziu sua recomendação de consumo diário de açúcar para uma dieta saudável a 5% do total de calorias ingeridas. O limite máximo é de 10%. Essa recomendação é um desafio, considerando os hábitos alimentares de hoje em dia. Nos países ocidentais, o açúcar pode representar até 15% da ingestão diária de fontes de energia. Algumas colheres de molho podem contar a mesma quantidade de açúcar que um donut No entanto, alguns nutricionistas vão além e recomendam o consumo de menos de 3% na dieta. Esses limites são para todos os tipos de açúcar contidos nos alimentos, tanto os naturais – os existentes no mel, leite e sucos de fruta, por exemplo – como o açúcar cristal e o refinado, porque o corpo não distingue a diferença entre suas versões naturais e processadas. Na prática, todos os tipos de açúcar são transformados em glicose e frutose e acabam processados pelo fígado. 2. Quanto é isso em colheres de chá? Esta é a recomendação da OMS para uma pessoa adulta que consuma aproximadamente 2 mil calorias por dia: O limite máximo de 10% corresponde a 50 gramas de açúcar por dia, o que corresponde a mais ou menos 12 colheres de chá. Para seguir o limite considerado ideal, de 5%, é preciso cortar os números acima pela metade. 3. Quanto açúcar há numa lata de refrigerante? Só uma lata do tamanho convencional, de 330 ml, contém, em açúcares, o equivalente a nove colheres de chá, ou seja, mais que a quantidade ideal recomendada pela OMS. São 36 gramas em uma lata de refrigerante de cola. A versão light, por sua vez, tem zero açúcar. 4. Quanto de açúcar há ‘escondido’ em alimentos não considerados doces? As bebidas que mais contém açúcar são (da maior quantidade para a menor): milkshakes, refrigerantes, água com sabor de frutas, energéticos e sucos de fruta artificiais. Essas bebidas não nos deixam tão satisfeitos como comidas sólidas que não são doces, mas têm o mesmo número de calorias. Um suco de laranja de 150 ml contém 12,9 gramas de açúcar, equivalente a 3 colheres (de chá) de açúcar. A recomendação para as crianças é a de consumir água ou leite (sem açúcar) em vez de refrescos e sucos de fruta com adição de açúcar. O álcool também é um problema: segundo dados de uma pesquisa feita no Reino Unido entre 2008 e 2012, 10% do total de açúcar consumido pelos adultos vêm de bebidas alcoólicas. Em segundo lugar vêm os molhos: molho barbecue, ketchup ou molho agridoce… todos têm açúcar. Algumas colheres de molho podem contar a mesma quantidade de açúcar que um donut. Por sua vez, um iogurte de fruta de 125 gramas contém 15,9 gramas de açúcar. A mesma quantidade de iogurte natural tem 11,6 gramas, segundo a Public Health England. E alguns produtos light ou diet também não são necessariamente são seguros, porque, para potencializar o sabor, os fabricantes compensa o baixo teor de gordura acrescentando mais açúcar. 5. Como calcular o quanto de açúcar há em algum produto? Essa pode ser uma tarefa confusa porque, nos rótulos, o açúcar pode aparecer sob diferentes nomes. Mas quase todos eles terminam em “ose”: glicose, frutose, sacarose, lactose, maltose, xarope de milho, que contém frutose concentrada. Entretanto, um bom jeito de calcular o açúcar presente é se concentrar no item “Carboidratos (dos quais açúcares)”. Em geral, se há mais de 15 gramas de açúcar por 100 gramas, é considerado um produto com alto teor de açúcar. Se for 5 gramas por cada 100 gramas, é um produto com baixo teor de açúcar. Com informações da BBC

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Organização Mundial da Saúde prepara guerra ao alcoolismo

A notícia é tão boa que merece um brinde. Vem da Organização Mundial da Saúde. A entidade prepara uma declaração de guerra ao consumo de bebidas alcoólicas. A coisa vai funcionar nos mesmos moldes do que foi feito em relação ao tabaco. No momento, a OMS coleciona, sem alarde, um feiche de dados técnicos. Faz consultas nos cinco continentes: América, Europa, Ásia, África e Oceania. Deu-se no Brasil, no início do mês, a reunião para a coleta relativa às Américas. Veio gente de 26 países -do Sul, do Norte, da América Central e do Caribe. Vladimir Pozniak, coordenador do sóbrio projeto da OMS, explicou: “Solicitamos o apoio do Brasil, por ser um país que tem mostrado um claro compromisso da saúde pública com o tema”. Até janeiro de 2010 a OMS levará à mesa um documento preliminar.O mapa da guerra vai a debate na Assembléia Mundial de Saúde. Reúne os ministros da Saúde de 190 países com assento na ONU. O encontro está marcado para maio do ano que vem. O drama do consumo excessivo de bebida alcoólica é planetário. Responde por 6% das mortes no mundo. Contribui para tonificar um leque de doenças crônicas. Entre elas: hipertensão, diabetes, cirrose hepática e câncer. Está na gênese dos acidentes de trânsito e de trabalho. Envenena também as estatísticas de violência doméstica e urbana. No Brasil, estudos disponíveis nos arquivos da pasta da Saúde indicam: Nada menos que 11% dos brasileiros entre 12 e 65 anos são dependentes. A dependência é a forma mais grave de transtorno associado ao consumo de bebidas. Como se vê, há razões de sobra para a declaração de guerra esboçada pela OMS. Há pessoas que só bebem em ocasiões especiais. Mas há outras que consideram especiais todas as ocasiões em que bebem. Assim, erga-se um brinde à OMS: tim-tim! blog Josias de Souza

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Gripe Suína, Máscaras cirúrgicas e AIDS

Impressiona a falta de coerência do ser humano. Bastou a notícia de que estamos diante de uma pandemia, a chamada gripi suína, ou influenza tipo A como a nomeia a Organização Mundial da Saúde, para vermos o “mundo” inteiro usando máscaras cirúrgicas. Como cantava a extinta banda Blizt “tá tudo muito bem, tudo muito bom, mas…” Surpreende é que essa mesma humanidade não tem a mesma diligência em se proteger contra a AIDS usando preservativos. Enquanto existem milhões de pessoas contaminadas com o HIV, os casos de contaminação da tal gripe porcina, não chegam a mil. Todo mundo de máscara, mas camisinha… Uáu!

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