Liberdade Condicional Olga Savary ¹ Que eu toda me torne desterro, lugar de exílio, exílio em ti; meu corpo é um edifício erguido com vista para o mar, ou seja, como o mar rodeando a ilha, todo com vista para ti. Que sejas a tensa corda do arco é só a atirar – único prazer da memória- setas não para a altura mas em única direção abaixo da minha cintura. E te amo morto ou vivo com a certeza de quem sabe do grande fogo das vísceras, cartas marcadas de risco, cujo mapa é só abismo, precipício onde se cai de mãos dadas com o perigo e as sete quedas do vício. ¹ Olga Savary * Belém, PA. – 1933 d.C Poeta, crítica, ensaísta, tradutora e jornalista, foi agraciada com vários prêmios. Traduziu Borges, Cortázar, Neruda, Semprún, Bashô, Issa… Organizou várias antologias de poesia. Representou o Brasil no Poetry International 1985, em Roterdam. Desde 1947, o seu trabalho é inteiramente dedicado à literatura, sendo membro do PEN Club, da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI e do Instituto Brasileiro de Cultura Hispânica. Foi a primeira mulher presidente do Sindicato de Escritores do Estado do Rio de Janeiro em 1997-98. Foi nomeada “Mulher do Ano” pelo jornal O Globo, em 1975 e pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, em 1996. Em 1998, a Fundação Biblioteca Nacional presta homenagem à poetisa numa edição da sua Obra Reunida em Repertório Selvagem. É viúva do jornalista e escritor Paulo Francis. Da sua obra destacamos: Espelho provisório, Livraria José Olympio Editora, 1970; Magma, Massao Ohno/Roswitha Kempf – Editores 1982; Morte de Moema, Impressões do Brasil, 1996. Xilogravura original de Marcos Varella. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]