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Olavo Bilac – Versos na tarde – 01/03/2016

Soneto Olavo Bilac¹ Se por vinte anos, nesta furna escura, Deixei dormir a minha maldição, Hoje, velha e cansada da amargura, Minha alma se abrirá como um vulcão. E, em torrentes de cólera e loucura, Sobre a tua cabeça ferverão Vinte anos de silêncio e de tortura, Vinte anos de agonia e solidão… Maldita sejas pelo ideal perdido! Pelo mal que fizeste sem querer! Pelo amor que morreu sem ter nascido! Pelas horas vividas sem prazer! Pela tristeza do que eu tenho sido! Pelo esplendor do que eu deixei de ser!… ¹Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac * Rio de Janeiro,RJ – 16 Dezembro 1865 d.C + Rio de Janeiro,Rj – 28 Dezembro 1918 d.C Começou os cursos de Medicina, no Rio, e Direito, em São Paulo, mas não chegou a concluir nenhuma das faculdades. Em 1884 seu soneto Nero foi publicado na Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro. Em 1887 iniciou carreira de jornalista literário e, em 1888, teve publicado seu primeiro livro, Poesias. Nos anos seguintes, publicaria crônicas, conferências literárias, discursos, livros infantis e didáticos, entre outros. Republicano e nacionalista, escreveu a letra do Hino à Bandeira e fez oposição ao governo de Floriano Peixoto. Foi membro-fundador da Academia Brasileira de Letras, em 1896. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Olavo Bilac – Versos na tarde – 22/04/2015

Via-Láctea – Soneto VII Olavo Bilac ¹ Em que céus mais azuis, mais puros ares, Voa pomba mais pura? Em que sombria Moita mais nívea flor acaricia, A noite, a luz dos límpidos luares? Vives assim, como a corrente fria, Que, intemerata, aos trêmulos olhares Das estrelas e à sombra dos palmares, Corta o seio das matas, erradia. E envolvida de tua virgindade, De teu pudor na cândida armadura, Foges o amor, guardando a castidade, — Como as montanhas, nos espaços francos Erguendo os altos píncaros, a alvura Guardam da neve que lhes cobre os flancos. ¹ Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac * Rio de Janeiro, RJ. – 16 de Dezembro 1865 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 28 de Dezembro 1918 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Olavo Bilac – Versos na tarde – 07/12/2013

Satânia Olavo Bilac¹ Sobe… cinge-lhe a perna longamente; Sobe…- e que volta sensual descreve Para abranger todo o quadril!- prossegue, Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura, Morde-lhe os bicos túmidos dos seios, Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo Da axila, acende-lhe o coral da boca, E antes de se ir perder na escura noite, Na densa noite dos cabelos negros, Pára confusa, a palpitar, diante Da luz mais bela dos seus grandes olhos. E aos mornos beijos, às carícias ternas, Da luz, cerrando levemente os cílios, Satânia os lábios úmidos encurva, E da boca na púrpura sangrenta Abre um curto sorriso de volúpia… ¹Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac * Rio de Janeiro, RJ. – 16 de Dezembro de 1865 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 28 de Dezembro de 1918 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Olavo Bilac – Versos na tarde

Palavras Olavo Bilac ¹ As palavras do amor expiram como os versos, Com que adoço a amargura e embalo o pensamento: Vagos clarões, vapor de perfumes dispersos, Vidas que não têm vida, existências que invento; Esplendor cedo morto, ânsia breve, universos De pó, que o sopro espalha ao torvelim do vento, Raios de sol, no oceano entre as águas imersos -As palavras da fé vivem num só momento… Mas as palavras más, as do ódio e do despeito, O “não!” que desengana, o “nunca!” que alucina, E as do aleive, em baldões, e as da mofa, em risadas, Abrasam-nos o ouvido e entram-nos pelo peito: Ficam no coração, numa inércia assassina, Imóveis e imortais, como pedras geladas. ¹ Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac * Rio de Janeiro, RJ. – 16 de Dezembro 1865 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 28 de Dezembro 1918 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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