Via-Láctea – Soneto VII
Olavo Bilac ¹
Em que céus mais azuis, mais puros ares,
Voa pomba mais pura? Em que sombria
Moita mais nívea flor acaricia,
A noite, a luz dos límpidos luares?
Vives assim, como a corrente fria,
Que, intemerata, aos trêmulos olhares
Das estrelas e à sombra dos palmares,
Corta o seio das matas, erradia.
E envolvida de tua virgindade,
De teu pudor na cândida armadura,
Foges o amor, guardando a castidade,
— Como as montanhas, nos espaços francos
Erguendo os altos píncaros, a alvura
Guardam da neve que lhes cobre os flancos.
¹ Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac
* Rio de Janeiro, RJ. – 16 de Dezembro 1865 d.C
+ Rio de Janeiro, RJ. – 28 de Dezembro 1918 d.C
[ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]