Manchas de óleo atingem todos os estados do Nordeste
Em 24/10, as primeiras manchas apareceram
Em 24/10, as primeiras manchas apareceram
Amery é a terceira maior plataforma de gelo da Antártida
Fotos mostram as horríveis consequências
“Os peixinhos criptobênticos são muito importantes na cadeia trófica
Por que não ouvimos os apelos dos oceanos?
Os efeitos da ingestão e respiração destas partículas são ainda desconhecidos
O ritmo crescente das mudanças climáticas está levando pesquisadores a pensar em possíveis soluções inusitadas e radicais.
Produção de plástico no mundo;400 milhões de toneladas/ano
Grande Barreira de Coral sofre danos sem precedentes, afirmam cientistas Área danificada atinge 1.500 quilômetros, equivalente a dois terços; pesquisadores dizem que corais danificados por dois anos seguidos de branqueamento têm chances mínimas de recuperação. Cerca de 1.500 quilômetros da Grande Barreira de Coral australiana – o equivalente a dois terços – estão danificados após dois anos seguidos de branqueamento, disseram cientistas australianos nesta segunda-feira (10/04). No mês passado, os cientistas disseram que haviam detectado um intenso processo de branqueamento também em 2017, após uma ocorrência semelhante no ano anterior. A causa do fenômeno seria a elevação acima da média das temperaturas das águas do oceano. “O impacto combinado desse branqueamento consecutivo se estende ao longo de 1.500 quilômetros, deixando apenas um terço situado ao sul ileso”, afirmou o diretor do Centro de Estudos de Corais da Universidade James Cook, Terry Hugues. Fenômenos similares aconteceram em 1998 e 2002. Em 2016, o branqueamento causado por um aumento acima da média nas temperaturas das águas, combinado com os efeitos do fenômeno meteorológico El Niño, afetou sobretudo a parte norte da Grande Barreira de Coral. Este ano, principalmente a parte central está sendo afetada. “Em 2017 estamos vendo um branqueamento intenso, mesmo sem a ajuda do El Niño”, disse Hughes. Deterioração da Grande Barreira de Coral começou na década de 1990, causada pelo aquecimento da água do mar e pelo aumento da acidez pela maior presença de CO2 na atmosfera “Os corais descoloridos não são necessariamente corais mortos, mas, na região central, severamente afetada, antecipamos que se registraram altos níveis de perda de corais”, afirmou o cientista James Kerry, que também participou dos estudos. Segundo ele, os corais demoram cerca de uma década para se recuperar completamente. “Branqueamentos intensos com 12 meses de intervalo oferecem uma perspectiva nula de recuperação para os corais danificados em 2016.” A passagem do ciclone tropical Debbie, que atingiu o nordeste australiano no final de março, causou danos ainda maiores aos corais. “Provavelmente, qualquer efeito de arrefecimento relacionado com o ciclone será insignificante em relação ao dano que ele causou, já que infelizmente atingiu uma parte do recife que havia escapado à pior parte do branqueamento”, disse Kerry. A deterioração da Grande Barreira de Coral começou na década de 1990, ocasionada pelo duplo impacto do aquecimento da água do mar e do aumento da acidez gerado pela maior presença de dióxido de carbono na atmosfera. Declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, a Grande Barreira de Coral abriga cerca de 400 tipos de corais, 1.500 espécies de peixes e quatro mil variedades de moluscos. Deutsche Welle/RC/afp/lusa
Às vésperas das Olimpíadas, livro resgata histórico de falhas de programas de despoluição da Baía de Guanabara, cartão postal do Rio de Janeiro e palco da disputa de vela nos Jogos. Esgoto é o maior problema. O roteiro das mais de duas décadas de trabalho para despoluir a Baía de Guanabara, local de competições olímpicas no Rio de Janeiro e Patrimônio Mundial da Humanidade, passa por promessas fantásticas, execução falha, licitações duvidosas e inúmeros adiamentos. É o que conta o livro Baía de Guanabara – Descaso e Resistência, idealizado pela Fundação Heinrich Böll e assinado por Emanuel Alencar, lançado nesta quinta-feira (23/06). O último compromisso irreal foi assumido diante do público internacional. Quando o Rio de Janeiro se candidatou como sede dos Jogos Olímpicos, em 2007, a promessa era reduzir em 80% o esgoto e lixo despejados na baía até 2016. Chegado o ano das Olimpíadas, estima-se que menos de 40% do esgoto seja tratado.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A meta foi abandonada publicamente pelo governo estadual, que culpou a falta de planejamento comum entre os vários gestores da baía pelo insucesso. Atualmente, não existe prazo fixado para que os números prometidos em 2007 sejam alcançados. “Alguns erros não poderiam mais ser cometidos 22 anos depois do início do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara. No entanto, continuam acontecendo”, diz Emanuel Alencar, fazendo referência ao primeiro programa de limpeza da baía que obteve financiamento internacional, em 1993. Dentre os equívocos, Alencar cita “os atrasos incríveis de cronograma, obras com pouquíssima transparência ou controle social, falta de acompanhamento e de pressão de órgãos controladores, como o Ministério Público e agência reguladora de saneamento”. Um dos casos mais emblemáticos é a construção da Unidade de Tratamento de Rio Irajá. Nesse processo, em vez de tanques com substâncias químicas, a água é tratada na calha do rio – o máximo de carga orgânica é retirada por meio de flotação. O projeto previa que unidade do rio Irajá entrasse em operação em 2013, mas nada funciona até hoje. “Foram gastos 40 milhões e ela está lá, parada já há dois anos, porque ninguém sabe quem vai operar. A prefeitura não quer, o estado diz que não tem dinheiro. É inacreditável”, lamenta Alencar. Poluição e descaso a um ano das Olimpíadas Histórico problemático Os problemas para gerir os recursos destinados ao saneamento básico do entorno da baía vêm de longe. No início da década de 1990, enquanto o governo do Rio de Janeiro ainda se organizava para pedir o primeiro financiamento internacional voltado para a limpeza da área, empresas já se articulavam nos bastidores em busca de vantagens. Em 1993, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou que liberaria US$ 350 milhões para Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG). Mas fez uma exigência: o governo estadual, diante do seu limitado quadro de especialistas, teria que contratar uma empresa para gerir os recursos do programa. O processo, segundo as leis brasileiras, exigia a abertura de uma licitação, e a empresa vencedora receberia US$ 5 milhões pelo trabalho. Foi então que Manuel Sanches, coordenador do grupo do governo do estado que idealizou o programa, recebeu um pedido especial. Funcionários do governador Leonel Brizola queriam dispensa da licitação em favor da Promon Engenharia. O episódio de tentativa de favorecimento foi narrado por Sanches no livro. Depois de ouvir o pedido, ele explicou que não poderia fazer o contrato com a empresa abrindo mão da licitação. “A empresa teria todo o controle dos recursos do programa. Não era cabível fazer um contrato sem licitação: era irregular tanto do ponto de vista da legislação do estado como da legislação internacional dos bancos que estavam financiando”, contou em entrevista à DW Brasil. No dia seguinte ao pedido, 13 de abril de 1993, soube pelos jornais que seria exonerado. A recusa em favorecer a empresa havia lhe custado o cargo público. Edição do jornal O Globo de 13/04/1993 traz exoneração de Sanches na capa Consultada pela DW Brasil, a Promon Engenharia preferiu não comentar o caso. A empresa, que em 2015 passou a ser investigada pela Operação Lava Jato, continuou participando de obras públicas e participou, inclusive, do projeto para o atual Parque Olímpico. Limpeza e transparência insuficientes O PDBG, que deveria ter sido concluído em 1999, foi encerrado apenas em 2006 e classificado como “pouco efetivo” e “insatisfatório” pelo próprio BID. O banco de fomento japonês, que cofinanciou o programa, chegou organizar uma moção de repúdio ao governo do Rio de Janeiro pelo “total fiasco do PDGB”, mas foi contido pelo BID. Depois de consumir cerca de US$ 1,2 bilhão em valores atuais, o programa não conseguiu sanear sequer uma das sub-bacias da baía. Algumas estações de tratamento de esgoto foram construídas, mas extensos trechos de redes coletoras seguem inexistentes. Resultado: a baía de Guanabara ainda recebe 18 mil litros por segundo de esgoto in natura de 15 municípios do entorno. Diante dos atrasos, o Ministério Público entrou com uma ação contra o governo. Nela, a promotora Rosani Cunha pedia a apresentação de um cronograma com prazo de execução não superior a dois anos de todas as obras contempladas no PDGB sob multa diária de R$ 10 mil. Mas o juiz que analisou o caso optou pelo arquivamento do processo o que mostra, na visão de Alencar, que a Justiça também “jogou contra”. Depois do PDBG, foi criado como sucessor o Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara (PSAM). Questionada sobre a falha em atingir as metas, a Secretaria de Estado do Ambiente não respondeu às solicitações da DW Brasil. A poluição industrial A área da baía de Guanabara, com 337 km2 de espelho d’água e 143 rios e córregos, é ocupada por cerca de 9 milhões de habitantes e 1400 indústrias – 700 delas do setor petrolífero, o que traz também resíduos industriais. A despoluição deixou de ter prioridade. “A baía está cheia, iluminada, parece um estacionamento de centenas de embarcações e plataformas que vêm pra manutenção”, comenta Dawid Bartelt,