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Misha Gleeny: “Os grandes traficantes brasileiros não moram nas favelas”

Escritor autor de livro sobre o Nem da Rocinha critica política de guerra às drogas. Os caminhos da cocaína desde que a folha da coca é colhida por camponeses latino-americanos até chegar às narinas dos exigentes consumidores da Europa ou dos Estados Unidos deixam um rastro de morte no terceiro mundo. E o Brasil, com seus 50.000 homicídios anuais, não é exceção.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Não se trata, no entanto, de óbitos provocados pela overdose da droga. São uma consequência direta das infinitas batalhas por rotas e mercados, embates travados em nome da chamada “guerra às drogas”. Crítico da política proibicionista liderada por Washington e Europa e imposta aos países produtores e distribuidores, o jornalista inglês Misha Gleeny, que já mergulhou na rede do crime organizado transnacional em McMáfia (Companhia das Letras), agora aborda a o impacto do “fracasso da guerra às drogas” na vida de um indivíduo em particular: o traficante de drogas Nem da Rocinha. Sua história é contada no livro O Dono do Morro: Um homem e a batalha pelo Rio (Companhia das Letras). O autor, que estará na Feira Literária Internacional de Paraty este ano, conversou com o EL PAÍS no final de junho. MAIS INFORMAÇÕES Subiu o morro como Antônio, desceu como Nem da Rocinha “A Rocinha não precisa de teleférico, mas sim de saneamento básico” “Há lugar do Rio em que a polícia é despótica, sufoca a vida dos jovens” A ‘tropa de elite’ é suspeita de ter papel no assassinato de Amarildo Pergunta. Qual a diferença entre o traficante que atua na favela, como o Nem, e o grande traficante, como o mexicano El Chapo Guzmán? Resposta. Existem dois tipos básicos de traficantes no Brasil. O primeiro são os traficantes como o Nem, que atuam na ponta do varejo e distribuem a droga nas áreas urbanas ao longo da costa brasileira. A cocaína vem da Bolívia, Peru ou Colômbia, e parte dela é entregue nas cidades, levada pelos matutos. Eles se encarregam de levar a droga na mochila, de ônibus ou carro, e são parte fundamental do abastecimento das cidades. Cerca de 50% da droga vendida no varejo é entregue para as facções criminosas pelos matutos, que são pessoas de diversas nacionalidades, e não são especialmente ricos. O Nem, no contexto doméstico do tráfico de drogas do Rio de Janeiro, era uma figura muito importante. Mas o papel do Nem não tem nada a ver com o papel do El Chapo Guzmán no México, por exemplo. O Chapo faz parte do segundo tipo de traficante, que atua no atacado, que abastece os mercados mais ricos. Esse segundo perfil também existe no Brasil, só que os Chapos do Brasil não têm a mesma origem social que o mexicano, que nasceu em um bairro pobre. Quem faz esse serviço no Brasil costuma ser pessoas de classe média e classe alta que têm negócios legítimos operando, geralmente nas áreas de transporte e agricultura. Acontece que os lucros desses negócios são multiplicados quando eles utilizam essa rede de logística para transportar toneladas de cocaína através do país. Já descobriram carregamentos de cocaína dentro de carne bovina brasileira que seria exportada pra Espanha, por exemplo. As drogas atravessam o Brasil e deixam o país principalmente pelos portos de Santos e do Rio de Janeiro, e são vendidas no atacado para uma variedade de destinos como países do oeste da África, Espanha, os Balcãs, Holanda e Irlanda. Essa é a função primária do Brasil no mercado global da cocaína: entregar a droga das áreas de produção em grandes quantidades para outros países. P. São perfis completamente distintos de traficantes no atacado e no varejo… R. Esses dois perfis de traficantes tem muito pouco a ver entre si. Os lucros do negócio doméstico do tráfico de cocaína que abastece o Brasil – o país é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo – não chegam nem perto do negócio de exportar a cocaína para a Europa. As margens de lucro crescem exponencialmente com a exportação. O perfil social dos envolvidos no tráfico do atacado no Brasil não tem nada a ver com a figura do bandido morador de favela que existe no imaginário da população. O perfil social dos envolvidos no tráfico do atacado no Brasil não tem nada a ver com a figura do bandido morador de favela que existe no imaginário da população. A única pessoa que circulou pelos dois mercados, atacado e varejo, foi o Fernandinho Beira-Mar, do Comando Vermelho [o traficante foi preso em 2002 na Colômbia, e havia construído uma rede de contatos com guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia para comprar e exportar a droga pelo Brasil]. P. Qual a marca da gestão do Nem na Rocinha? R. A Rocinha é uma favela muito fácil de defender, ela tem praticamente duas entradas, uma na parte alta e outra na baixa. Isso significa que o Nem não precisou investir tantos recursos na defesa da favela, em armas. Ele pode simplesmente investir mais recursos no negócio da cocaína, e ele aliou isso a uma redução da violência e do uso ostensivo de armas na comunidade. Isso fez com que as pessoas se sentissem seguras para comprar a droga lá, ele atraiu muitos consumidores de classe média que se abasteciam lá por saber que a favela era pacífica. Logo o faturamento bruto do tráfico subiu muito sob sua gestão. E ele investia parte desses recursos em duas outras coisas: primeiro na comunidade. Para que ela se sinta cuidada, feliz, próspera, ele injetava dinheiro na favela e fez com que a economia local florescesse. E, em segundo lugar, usava o dinheiro para corromper a polícia. Investigadores me disseram que ele tinha informantes na Polícia Civil e na Militar, gente de médio escalão, que o alertava sobre batidas e operações na Rocinha. Tudo isso para garantir seu poder político na comunidade. P. A impressão que se tem ao ler o livro era de que o Nem era um traficante que evitava a violência. Isso

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Guerra às drogas: Cinco ex-presidentes defendem o fim da guerra às drogas

Ex-chefes de Estado divulgaram um relatório pedindo o fim da guerra às drogas. Mas há pouca esperança de mudança para a próxima conferência da ONU sobre o tema. Mudar a abordagem proibitiva da ONU requer apoio dos 193 países-membros (Foto: Flickr/Neal Jennings) Após muito dinheiro gasto e muita violência a guerra às drogas mostrou poucos resultados. Por conta disso, a ideia de mudança de abordagem vem ganhando adeptos em vários países. A última crítica ao modelo vigente veio nesta quinta-feira, 24, através de um grupo de ex-presidentes e empresários que divulgou um relatório chamado “Ending the War on Drugs” (“Finalizando a Guerra às Drogas”).[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O documento reúne vários artigos sobre o tema publicados pelos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, do Brasil, César Gaviria, da Colômbia, Ernesto Zedillo, do México, Olusegun Obasanjo, da Nigéria e Ruth Dreifuss, da Suíça, além de um grupo de especialistas. O empresário George Soros, que já financiou vários grupos pró-legalização, também participou do relatório. Todos eles condenam o que enxergam como uma derrota política, econômica e de saúde pública. A divulgação do relatório tem como objetivo influenciar os diplomatas que no mês que vem se reunirão em Nova York para a próxima conferência especial da Assembleia Gera da ONU sobre o tema. A última conferência ocorreu em 1998, com o slogan “Um Mundo Livre de Drogas”. Apesar do estímulo a uma nova abordagem, a próxima conferência não gera muitas expectativas. A mais recente conferência da Comissão de Narcóticos da ONU, encerrou na última terça-feira, 22, com um projeto de declaração que sequer critica o uso de pena de morte para crimes relacionados às drogas, algo que era o mínimo esperado por aqueles que advogam por mudanças. Os argumentos usados pelos ex-presidentes conseguiram persuadir um considerável número de pessoas a repensar o assunto, incluindo os Estados Unidos. O país, que antes liderava a guerra às drogas, legalizou o uso medicinal e recreativo da maconha em vários estados e atualmente metade da população americana defende essa ideia. Porém, mudar a abordagem proibitiva determinada pela ONU requer o apoio de todos os 193 países-membros, muitos deles firmes na decisão de manter a política atual. O mais provável é que a discussão da reunião do mês que vem seja superficial e leve a entender que as demais conferências não serão reformadas, mas sim ignoradas. Fonte:Opinião&Notícia

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O papel dos militares na América Latina

As Forças Armadas perderam influência após os golpes do século XX e países da região não sabem o que fazer com seus militares. Brasil é um dos países que tem colaborado mais com as missões de paz da ONU (Foto: Wikipédia) Tanques nas ruas fizeram parte da política da América Latina durante boa parte do século XX, mas hoje é difícil imaginar as Forças Armadas retomando o poder. Em uma região livre de guerras, os governos latino-americanos ainda não resolveram como empregar seus militares. As Forças Armadas perderam influência política rapidamente nas últimas décadas. Em apenas dois países – Venezuela e Cuba – militares continuam a desempenhar um papel político importante.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O atual presidente de Cuba, Raul Castro, foi durante muitos anos o general mais poderoso do país, e as Forças Armadas ainda controlam pelo menos metade da economia cubana. Leia também: Motivos para apoiar a desmilitarização da Polícia Militar no Brasil Na Venezuela, Chávez transformou o exército em uma filial do seu movimento político. Sob seu sucessor, Nicolás Maduro, oficiais militares mantêm muitos cargos no governo, e as Forças Armadas construíram um império de negócios. Mas há sinais de que o exército está recuando para uma posição mais institucional. A principal ameaça à segurança da região é o crime organizado. Vários governos enviam tropas para combater traficantes e outros criminosos comuns. Mal preparados para a tarefa, eles muitas vezes acabam matando inocentes. Os militares também estão respondendo a catástrofes naturais, que estão acontecendo com mais frequência devido às mudanças climáticas. Há, também, missões de paz da ONU, com as quais a região está colaborando mais. Mas os exércitos estão inchados demais para esse papel limitado. O crescimento econômico acelerado da década de 2000 inflou orçamentos de defesa. Para reforçar sua imagem de potência mundial, o Brasil embarcou numa farra de gastos que incluiu a compra de submarinos e caças sofisticados. Agora, seu orçamento está pressionado. Os latino-americanos querem policiais mais bem equipados e remunerados. Já é tempo de um ajuste das prioridades e das despesas na área da segurança Fontes: The Economist – Of soldiers and citizens

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Ao conceder HC a preso por tráfico, Barroso critica política de drogas

Pessoas flagradas com quantidades pequenas de maconha, sendo réus primários, não devem ficar presas preventivamente. A decisão é do ministro do Supremo Tribunal Federal Federal Luís Roberto Barroso, que revogou a prisão preventiva de um acusado de tráfico, encontrado com 69 gramas da erva e encarcerado há sete meses no Presídio Central de Porto Alegre.Barroso afirmou que maconha não torna o usuário um risco para terceiros. Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF Ao proferir o Habeas Corpus 127.986,o julgador afirmou que a maconha não transforma o usuário em um risco para terceiros e que o pior efeito de drogas como a maconha incide sobre as comunidades dominadas pelo crime organizado. Para Barroso, a ilegalidade e a repressão tornam este mercado atraente e faz com que paguem aos jovens salários maiores do que os que obteriam em empregos regulares. “Enviar jovens não perigosos e, geralmente, primários para o cárcere, por tráfico de quantidades não significativas de maconha, é transformá-los em criminosos muito mais perigosos”, complementou o julgador. Mudança de rumos Ao proferir sua decisão, o ministro do STF criticou a política de combate às drogas do Brasil e ressaltou o fato de vários países do mundo mudarem suas ações para resolver esse problema.[ad name=”Retangulos – Direita”] “Hoje, diversos estados americanos já descriminalizaram o seu uso. Alguns países da Europa seguiram o mesmo caminho”, afirmou. Segundo Barroso, o Brasil deveria rever certos pontos de sua política de combate às drogas. “A política de criminalização e encarceramento por quantidades relativamente pequenas de maconha é um equívoco, que prejudica não apenas o acusado, mas, sobretudo, a sociedade”, disse. “O simples fato de o tráfico de entorpecentes representar o tipo penal responsável por colocar o maior número de pessoas atrás das grades (cerca de 26% da população carcerária total), sem qualquer perspectiva de eliminação ou redução do tráfico de drogas, já indica que a atual política não tem sido eficaz”, afirmou o ministro. Por Brenno Grillo/Conjur Clique aqui para ler a decisão.

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Traficante é morto na Indonésia. Mas as drogas estão vivíssimas por lá

O episódio lamentável da execução do brasileiro Rodrigo Muxfeldt Gularte na Indonésia deveria servir para uma reflexão sobre o crescente furor, aqui nas terras tupis, pela pena de morte. A pena de morte por tráfico de drogas, lá, é uma regra. E o tráfico de drogas em Bali, principal destino dos estrangeiros na Indonésia (três milhões por ano) também é. O relato da Karla Monteiro, da Folha, que esteve lá há dois meses, é cruel: ” a lei que mata não diminui o tráfico nem o consumo. Aumenta a propina.” A pena de morte, por lá, não é nova: vem sendo aplicada desde 1973. Mais de 40 anos, portanto, duas gerações. A discussão não é, infelizmente, se um traficante de drogas deva ou não pagar com a vida por seu crime. É sobre se isso serve para alguma coisa. Não serve na Indonésia, onde duas dúzias de estrangeiros já foram levados ao pelotão de fuzilamento. Não serve aqui, onde já está instituída informalmente para os traficantes da periferia e da favela, que dificilmente vivem os 42 anos que viveu Rodrigo, fuzilado terça feira.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Não é preciso a pena de morte oficial, já há a de extermínio, por bandidos ou policiais, que se misturam em áreas cinzentas. Como não serve para evitar a criminalidade monstruosa a pena de morte remanescente nos EUA, aplicada em 35 pessoas ano passado. Talvez sirvam para uma única coisa: responder aos sentimentos de bestialidade que existem dentro de todos nós. E que a classe dominante, ao longo da história, sempre manipulou em seu exercício de poder. Drogas, traição ao rei, assassinato, rebeldia ou, muitas vezes, ódio racial ou religioso, punidos exemplarmente para louvar o status-quo. Não haverá um comprimido de ecstasy ou uma grama a menos em Bali agora que o traficante está morto. Mas não é a morte dele aquilo que, essencialmente, me entristece. O que me deixa sombrio é o júbilo quase indisfarçado com a morte de um ser humano. Se queremos regressar ao passado, à barbárie, por favor, arranjem outra desculpa. Ou paremos de chamar de selvagens os degoladores do Estado Islâmico. Por Fernando Brito/Tijolaço

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Recursos e exame ignorados: Indonésia atropelou o processo legal?

A suspensão de última hora da execução de um dos condenados e a recusa de autoridades da Indonésia de aguardar recursos ainda pendentes levantaram dúvidas sobre a legalidade do processo que levou à execução de oito condenados à morte por tráfico de drogas. Corpo de Gularte é amparado por Angelita Muxfeldt, prima que foi à Indonésia tentar reverter sua execução Entre os executados está o paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, de 42 anos. Ele havia sido preso em Jacarta em 2004 com 6 kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe e condenado à morte no ano seguinte. “A execução é simplesmente ultrajante”, disse à BBC Brasil Ricky Gunawan, advogado que assumiu o caso do brasileiro em março. “Podemos dizer que a Procuradoria fechou seus olhos e ouvidos e quis executá-lo independentemente de evidências plausíveis que tínhamos para evitar a execução”.[ad name=”Retangulos – Direita”] A família alegava que ele sofria de bipolaridade e esquizofrenia e que fora aliciado por traficantes internacionais devido a problemas mentais. Leia mais: Por que mercado das drogas prospera na Indonésia? Autoridades disseram que os condenados haviam esgotado todas as possibilidade de recorrer das sentenças, mas especialistas dizem que muitos deles ainda tinham recursos a serem analisados. O adiamento surpresa da execução da filipina Mary Jane Fiesta Veloso, após supostas novas evidências de que ela não sabia que levava drogas quando foi presa, reforçaram a ideia de que houve falhas na investigação. “Se a investigação tivesse sido correta e adequada, isto não teria ocorrido”, disse Gunawan. Gularte foi executado apesar de dois recursos ainda estarem pendentes na Justiça. Um refere-se à transferência da guarda de Gularte para sua prima, devido seu estado de saúde. A audiência do caso estava marcada para 6 de maio, depois da execução. Outro pedia a revisão da negativa à clemência – e que, segundo o advogado, foi ignorado pela Justiça. Recurso semelhante havia adiado a execução de um cidadão francês. Gularte havia sido diagnosticado com esquizofrenia por dois relatórios distintos, e a família dizia que ele tinha distúrbios desde jovem. Um terceiro exame médico, feito à pedido da Procuradoria Geral indonésia em março, jamais foi divulgado, apesar de pedidos repetidos da defesa e do governo brasileiro, e de pressão de grupos de direitos humanos. Segundo advogado, Gularte ainda tinha dois recursos a serem analisados “A Procuradoria havia dito repetidamente que respeitaria o processo legal antes da execução… Meu senso comum não consegue entender essa decisão infeliz”, disse o advogado. Gunawan disse que ainda não há decisão sobre uma eventual ação judicial contestando a execução do brasileiro, e que a questão será discutida com a família. Testemunhas que estiveram com Gularte em seus últimos dias dizem que ele alterou momentos de lucidez com discursos delirantes e que ainda acreditava que sua execução seria revertida. Teria também, segundo estes relatos à BBC Brasil, considerado injusta sua condenação, pelo que dizia ser o “único erro” que tinha cometido. Seria, inicialmente, cremado. Mas pediu para ser enterrado já que, “se ressuscitasse, estaria perto da família”, disse um diplomata brasileiro que acompanhou seus últimos encontros. No momento em que foi levado à área onde as sentenças seriam cumpridas, teria perguntado, ainda incrédulo: “Eu serei executado?” Leia mais: A vida na ‘ilha de execuções’ na Indonésia Por que executá-los? Joko Widodo, o presidente indonésio, manteve firmemente a decisão de ir adiante com as execuções e pediu respeito à soberania do país. Ele diz que a Indonésia está em situação de emergência devido às drogas e que 18 mil pessoas morrem por ano no país por problemas relacionados a entorpecentes. Além disso, a pena de morte para traficantes tem apoio popular. Gularte foi executado apesar de ter sido diagnosticado com esquizofrenia Há, também, um elemento doméstico: a popularidade de Widodo está em queda, e seus primeiros meses no cargo foram marcados por inação e indecisão. Especialistas dizem que a firmeza de sua posição neste tema, rejeitando a pressão internacional, poderá render-lhe pontos internamente. Autoridades disseram que os condenados haviam esgotado todas as possibilidade de recorrer das sentenças, mas especialistas dizem que muitos deles ainda tinham recursos a serem analisados. As execuções foram realizadas com uma surpresa de último momento: a filipina Mary Jane Fiesta Veloso foi poupada, depois que a pessoa que a teria recrutado como ‘mula’ ter se entregue. O que gera a pergunta: ela poderia ter sido morta injustamente? Leia mais: Cilacap, a cidade indonésia onde a morte é o principal assunto ‘Incompreensível e deplorável’ Não foi a primeira vez que o país executou presos: fuzilou seis em janeiro, entre eles o carioca Marco Archer Cardoso Moreira. A diferença, agora, foi a grande atenção da mídia, atraída pelo caso dos australianos Andrew Chan e Myuran Sukumaran, presos em 2005 e condenados por serem líderes do grupo “Os Nove de Bali”. Vigília foi feita por clemência pela filipina Mary Jane Veloso, que acabou sendo poupada de execução Familiares diziam que ambos tinham se recuperado enquanto detidos – diziam que Chan dava aulas sobre a Bíblia e de culinária e que Sukumaran tornou-se um artista. E, por fim, houve uma forte pressão internacional. A Austrália chegou a usar como argumento a ajuda dada à Indonésia após o tsunami de 2004 para tentar reverter as penas. A França, cujo cidadão foi excluído das execuções devido a um recurso pendente, alertou para consequências nas relações da Indonésia com toda a União Europeia. As relações com o Brasil já estavam afetadas após a morte de Marco – o país retirou seu embaixador em Jacarta e negou as credenciais do novo representante indonésio em Brasília. Diversos grupos de direitos humanos protestaram e pediram o fim da pena de morte, dizendo que as execuções não impedem a ação de traficantes. O Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos disse ser “incompreensível” o fato de a Indonésia ter rejeitado clemência. “A Indonésia pede por clemência por seus cidadãos enfrentando execuções em outros países… mas se recusa a concedê-la por crimes menores em seu próprio território”. “É extremamente deplorável, extremamente triste que estas pessoas foram

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Narcotráfico e a violência urbana.

Lembrem-se: aquele amigo que dá um “tapa” num aparentemente inocente cigarrinho de maconha, alimenta o tráfico. Aquele mísero R$ que compra a trouxinha de maconha ou o papelote de cocaína, somado a tantos outros, permite que armas sejam compradas. Essas armas é que serão usadas nos assaltos. Literalmente a vítima pode ter contribuído para armar aquele que irá assaltá-la. O medo, a conivência e a omissão são os melhores companheiros do erro. Contudo, as armas de grosso calibre como aquela metralhadora .30 que abateu um helicóptero da Polícia do Rio de Janeiro, não entram no Brasil de uma em uma, e muito menos sobem o morro embaixo da camiseta de alguém. Entram pelas fronteiras, portos e aeroportos. Quem pode combater esse contrabando, exército, marinha e aeronáutica, estão completamente sucateados. Aliás, esse processo de desmonte das forças armadas começou no desgoverno de FHC, e foi levado ao nível de penúria absoluta no atual governo do petista. Será que pretendem subir os morros a bordo de submarinos nucleares, ou caçar traficantes nos morros com caças supersônicos? A Polícia Federal também não tem recursos suficientes para impedir a circulação dessas armas no território nacional. As polícias civis e militares, com policiais morando na mesma favela em que os bandidos dominam, e com policiais ganhando R$700,00, é impotente para travar esse combate.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A par disso, o código penal e código de processo penal, precisam ser revistos e atualizados para as novas realidades do crime organizado. Bem como alguém precisa avisar ao judiciário que já estamos no século XXI. Sem sociologismos piegas – os esquerdistas de botequim vão dizer que isso é consequencia da desigualdade social, da pobreza, do bispo, etc. – esse tipo de ação criminosa em países como os Estados Unidos, levaria os criminosos para no mínimo, a prisão perpétua. Na taba dos Tupiniquins esses terroristas do pó, caso sejam presos, estarão livres após cumprirem 1/6 da pena. Cabeças(sic) iluminadas(sic) em Brasília, sempre que fatos inomináveis ocorrem, correm para a ribalta anunciando apoio, ações, verbas e o ‘escabau’ para resolver a situação. Mas, passados alguns dias, tudo volta ao esquecimento. Tais seres surrealistas que habitam o planalto central esperam resolver o ‘pobrema’ com pajelanças ou discursos eleitoreiros? Há, claramente, um hiato entre a realidade e a ação do Estado Brasileiro. O oba oba olímpico não consegue esconder a realidade aterrorizante que inferniza a população, que tem a sua parte de responsabilidade nesses descaminhos do crime.

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UPPs para inglês ver?

Nesta minha estada no Rio tenho podido testemunhar o fenômeno de que tanto se fala nos jornais. A elevação acentuada de preços. <= Eleanor Warnick – Estudante da Universidade de Oxford Segundo muita gente, ela tem sido causada em boa parte pelo aumento do poder aquisitivo do brasileiro. Outros motivos: a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016. Mesmo esperando preços mais altos por conta destes eventos, confesso que me surpreendi quando cheguei. E acho que não sou a única a me assustar. O custo da moradia não para de subir e já não há muita diferença para os preços de acomodação na Europa. Isso tem feito muita gente da chamada classe média deixar o asfalto, como se diz por aqui, e procurar casa ou apartamento em comunidades pacificadas nos morros do Rio. Um bom exemplo disso é o morro do Vidigal, na zona Sul, vizinho do bairro do Leblon, onde mora boa parte da elite carioca. A instalação de uma UPP no Vidigal levou mais segurança à comunidade, e, juntamente com a localização privilegiada, tornou o morro uma boa opção para quem foge dos aluguéis elevados. O Vidigal virou moda. E com a moda, vieram os preços mais altos. A vista desde o topo do Vidigal de onde se avista as praias de Ipanema e Leblon Toda vez que subo o morro vejo novas construções, novos hotéis, bares e restaurantes. Um hotel boutique recém-inaugurado no alto do Vidigal cobra diárias em torno de 600 reais.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Os restaurantes locais estão sendo transformados, alguns têm menus internacionais e cobram preços incompatíveis com o padrão local. Hoje existe um sushi bar logo na entrada do morro e, lá no alto, uma discoteca cobra entrada de até 50 reais. Fico pensando, será que os moradores tradicionais do Vidigal se beneficiam dessa modernidade súbita? Será que frequentam estes lugares? Será que gostam do que está acontecendo? Conversei com Lenidafia Soares, moradora do Vidigal. Ela me disse que o morro está sendo dividido, entre “os ‘estrangeiros’ que vêm do ‘asfalto’ e a comunidade local que atualmente ficou com poucas opções de lazer”. “Até os bailes funk a polícia proibiu.” Outros moradores me disseram que detestam as excursões de turistas levados ao morro para ver como vivem os favelados. André Luiz Abreu Souza, do movimento “A Favela Não se Cala”, diz que não quer se sentir “como um animal num zoológico”. “Queremos ser respeitados por quem tira uma foto de nós”, diz ele. Mas noto também que a chegada dos turistas ao morro também criou empregos e oportunidades que antes não existiam. Alguns moradores alugam quartos em suas casas para acomodar estrangeiros interessados em curtir uma experiência diferente e aproveitar a linda vista que o Vidigal proporciona. Elliot Rosenburg, um americano de 23 anos, criou uma empresa que consegue acomodação para turistas e dá 70% do valor para os proprietários das casas. Segundo Rosenburg, o esquema promove integração entre turistas e moradores locais. Mas um dos moradores do Vidigal, André Luiz Abreu Silva, acredita que “a favela está pagando um preço caro por causa da Copa”. Ele diz que “a renovação branca já chegou e não há sinal de que isso vá mudar.” Parece que a comunidade do Vidigal, que tanto celebrou as melhorias feitas no morro, incluindo a instalação de uma Unidade Pacificadora da Polícia, hoje já começa a ter saudade de um passado em que, apesar da pouca segurança, poucos pensavam em deixar o local. Será então que, no final, a UPP chegou para beneficiar os “estrangeiros que vêm do asfalto”? BBC

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Gabeira e FHC juntos na defesa dos maconheiros

Gabeira e FHC juntos na defesa da maconha. Os “Fernandos”, o Henrique, e o Gabeira, o revolucionário da sunga de crochê, opostos viscerais na ideologia, quais siameses se unem na descriminalização da maconha. Acontece que o usuário da maconha alimenta o narcotráfico que por sua vez é instrumento do crime organizado. Aquele inocente real que compra um “charo” é o mesmo que vai financiar a compra de um “treis oitão” que servirá para assaltar aquele parente do inocente fumador da erva. Aí assistiremos bestificadas, essas mesmas pessoas, parentes e/ou o amigos do maconheiro, fazerem caminhadas pela paz e, vestais da pureza social, endossarem movimentos contra a violência. O sociólogo ainda usa o pueril, ou imbecil? Argumento que a maconha em termos de danos à saúde é similar aos do álcool. Ah é? É? Quer dizer, ex-celência, que ao invés de proibir os outros, por analogia maléfica, deve-se liberar tudo que for droga? Tupiniquins, aprendam: tirem o sofá da sala! [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Tópicos do dia – 19/12/2011

08:33:47 WikiLeaks aponta Wiliam Waack como informante do governo dos EUA patrocinado pela CIA William Waak, segundo documentos vazados no WikiLeaks, recebe dinheiro da CIA para alinhar o noticiário aos interesses norte-americanos no Brasil O repórter William Waack, da Rede Globo de Televisão, foi apontado como informante do governo norte-americano, segundo post do blog Brasil que Vai – que citou documentos sigilosos trazidos a público pelo site WikiLeaks há pouco menos de dois meses. De acordo com o texto, Waack foi indicado por membros do governo dos EUA para “sustentar posições na mídia brasileira afinadas com as grandes linhas da política externa americana”. Por essa razão, ainda segundo o texto, é que se sentiu à vontade para protagonizar insólitos episódios na programação que conduz, nos quais não faltaram sequer palavrões dirigidos a autoridades do governo brasileiro. O post informa ainda que a política externa brasileira tem “novas orientações” que “não mais se coadunam nem com os interesses norte-americanos, que se preocupam com o cosmopolitismo nacional, nem com os do Estado de Israel, influente no ‘stablishment’ norte- americano”. Por isso, o Departamento de Estado dos EUA “buscou fincar estacas nos meios de comunicação especializados em política internacional do Brasil” – no que seria um caso de “infiltração da CIA (a agência norte-americana de inteligência) nas instituições do país”. O post do blog afirma ainda que os documentos divulgados pelo Wikileaks de encontros regulares de Waack com o embaixador do EUA no Brasil e com autoridades do Departamento de Estado e da Embaixada de Israel “mostram que sua atuação atende a outro comando que não aquele instalado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro”. 09:30:29 Narcotráfico: Combate ao tráfico é focado em pequenos traficantes. Uma pesquisa do NEV (Núcleo de Estudos da Violência) da USP mostrou que os pequenos traficantes ou os usuários de drogas são mais reprimidos pela polícia do que os grandes traficantes. O levantamento, feito a partir do acompanhamento e análise de 667 autos de flagrante de tráfico de drogas, constatou que uma média é de 66,5g de drogas encontradas por apreensão. Em apenas 7% das 2.239 apreensões observadas os acusados portavam mais de 100 gramas de maconha e em apenas 6,5% estavam com a mesma quantidade ou mais de cocaína. A pesquisa, feita no Estado de São Paulo, ouviu 71 profissionais do sistema de Justiça Criminal (promotores, delegados, juízes, e defensores públicos) das cidades de São Paulo, Santos e Campinas. Folha de S.Paulo 09:34:14 PT sem ideologia Com oito anos do Lula e um da Dilma, foram indo embora os ideólogos do PT, ou quase todos. Os que porventura permanecem andam encolhidos, atropelados pela mutação causada no partido pela participação no poder. Os companheiros perderam a ideologia. Hoje, preocupam-se com o assistencialismo, na metade boa, e na outra nem tão boa assim, com a conquista do Estado através da ocupação de cargos públicos. Sem esquecer o domínio de entidades privadas ligadas a eles, sempre atrás de recursos governamentais. A gente pergunta se essa descaracterização do PT provocará efeitos na eleição de 2014, menos a presidencial, personalista, mais a parlamentar. O partido, hoje, dispõe da maior bancada na Câmara dos Deputados. Caso consiga manter a prevalência, porém, não será em função de suas características ideológicas, mas porque os adversários também carecem desse produto hoje em falta nas prateleiras da política nacional. Carlos Chagas/Tribuna da Imprensa  09:43:41 Um “carniceiro” a menos, ou já vai tarde! Estão percebendo o ar mais leve a luz mais brilhante? Morreu o carniceiro da Coreia do Norte, um tal de Kim qualquer coisa. O filho dinástico será o novo gerente do açougue. É provável que o demo não aceite a estadia do genocida por lá. 17:51:15 Ah, a semântica! Dona Dilma chama as peripécias nada republicanas de seus (dela) ministros de “malfeito”. Que gracinha! Nos meus tempos de criança, malfeito, por exemplo, era um inocente lamber glacê do bolo antes do aniversário. Meter a mão no butim do Estado tem outro nome, nobre senhora. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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