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Academia Brasileira de Letras e FHC

A ABL não tem de há muito, a menor importância. Certo esteve Capistrano de Abreu – Maranguape, CE. 23 de outubro de 1853/13 de agosto de 1927 – que recusou tomar posse na ABL. Sabia das coisas o conterrâneo de Chico Anísio. A tal academia abrigou/abriga além de Sarney, o General Lyra Tavares, Paulo Coelho e Merval Pereira, entre outros “literatos” que devem ter feito Machado de Assis se revirar na tumba. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Jornalistas e juízes podem ser amigos?

Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, diz que faltou pudor ao colunista Merval Pereira como também aos ministros do STF, Gilmar Mendes e Ayres Britto, que prestigiaram o lançamento do seu livro em Brasília; segundo ele, há uma relação incestuosa entre o Judiciário e a mídia. Já falei de Mensalão, o livro de Merval. Volto ao assunto, depois de ver fotos do lançamento em Brasília. Figuras eméritas da Justiça Nacional correram, sorridentes, a prestigiar a cerimônia… [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]O pudor, se não a lei,  deveria impedir este tipo de cena. Veja as expressões de contentamento e cumplicidade. Que isenção se pode esperar da Justiça brasileira em casos relevantes que porventura envolvam Merval e, mais ainda, a Globo?Mas o pudor se perdeu há muito tempo. Em outra passagem imoral desse  interesseiro caso de amor entre mídia e justiça, o ministro Gilmar Mendes compareceu sorridente, em pleno julgamento do Mensalão, ao lançamento de um livro de Reinaldo Azevedo em que os réus eram massacrados. Ali estava já a sentença de Gilmar. O grande editor Joseph Pulitzer escreveu, numa frase célebre, que “jornalista não tem amigo”. Ele próprio viveu em reclusão para evitar que amizades influenciassem os rumos do jornal que comandou. Para que você tenha uma ideia da estatura de Pulitzer, foi ele quem rompeu com a tradição de publicar as notícias na ordem cronológica. Ele estabeleceu a hierarquia no noticiário. Estava inventada a manchete,  bem como a primeira página. Era um idealista. “Acima do conhecimento, acima das notícias, acima da inteligência, o coração e a alma do jornal reside em sua coragem, em sua integridade, sua humanidade, sua simpatia pelos oprimidos, sua independência, sua devoção ao bem estar público, sua ansiedade em servir à sociedade”, escreveu. Tinha uma frase que me tem sido particularmente cara na carreira: “Jornalista não tem amigo.” Como a “Deusa Cega da Justiça”, afirmava Pulitzer, ele ficava ao largo das inevitáveis influências que amizades com poderosos trazem. “O World [seu jornal], por isso, é absolutamente imparcial e independente.” Merval tem muitos amigos, como se vê na foto deste artigo. Não é bom para o jornalismo que ele faz. E pior ainda é que ele é correspondido no topo da Justiça brasileira. Juízes, como os jornalistas, não deveriam ter amigos, como pregou Pulitzer. Pelas mesmas razões. Os nossos têm, e parecem se orgulhar disso, como se vê na foto acima. Por Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo

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Ética, mensalão e livros

A melhor, mais fiel e isenta maneira de tomar conhecimento do processo da Ação Penal 470 é lendo o processo que está disponível a qualquer pessoa que assim deseje, conforme determina a Constituição Federal, e não através de um relato de um indivíduo sabidamente com a caneta alugada. Maior absurdo – em um país no qual O Direito Processual fosse respeitado, e a ética existisse nem se imagina tal absurdo – é um então presidente de uma corte judicante, ainda com o processo sem ter alcançado seu término, aceitar escrever prefácio de livro que trata exatamente do processo penal ao qual preside no colegiado julgador. Isso a mídia não discute e passa para o leigo a impressão que tal aberração é natural. Que país! Que “res-publica”! [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Joaquim Barbosa, a ribalta e o equilíbrio

Joaquim Barbosa manda repórter “chafurdar no lixo”. Essa é a manchete que ocupa o noticiário no Brasil. Será esse lixo, a pocilga do jornal em questão? O destempero do ministro Presidente do STF foi contra um repórter do Jornal O Estado de São Paulo, que no exercício de seu ofício interpelou o ministro na saída de uma reunião do CNJ. Coincidentemente esse jornalista está fazendo matéria sobre reformas nos gabinetes dos ministros da suprema corte. O jornalão até agora não saiu em defesa de seu profissional, somente publicando nota oficial do STF assinada não pelo ministro, mas pelo secretário de comunicação social da corte, nota que reproduzo abaixo. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Somente para efeito de raciocínio imagino que resposta o ministro daria se o jornalista em questão fosse o senhor Merval Pereira. Essa não é a primeira vez que o ministro demonstra destempero no trato com as pessoas, inclusive com seus pares no STF. Antes foram os colegas Eros Grau, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello.  Destratar jornalista no exercício de seu ofício é também forma de censura. Atitudes intempestivas recorrentes é sinal de falta de equilíbrio para o exercício do mando. O ministro também já apontou seu verbo fluente contra a classe política: “A sociedade está cansada dos políticos tradicionais, dos políticos profissionais”. “Nós temos parlamentares aí que estão há 30, 40 anos no Congresso, ininterruptamente”. Para quem está em cargo vitalício… Político, bem ou mal, tem que lutar pela reeleição, e se a consegue é por vontade do eleitor, que é soberano para delegar ou não mandatos. Não cabe ao ministro condenar o sistema eleitoral, abrigado na Constituição Federal, a qual ele tem o dever de guardar. O que se espera na conduta de um magistrado é equilíbrio e serenidade. Mesmo sob tensão. A ribalta, reafirmo, é um perigo. Ps. A cubana Yoani Sanchez, até onde sei, não remeteu nenhum dos manifestantes que a hostilizaram ao “lixo”. Nota oficial do STF Em nota assinada pelo secretário de comunicação do Supremo, Barbosa pediu desculpas e afirmou que se trata de “episódio isolado que não condiz com o histórico de relacionamento do ministro com a imprensa”. “Em nome do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ministro Joaquim Barbosa, peço desculpas aos profissionais de imprensa pelo episódio ocorrido hoje, quando após uma longa sessão do Conselho Nacional de Justiça, o presidente, tomado pelo cansaço e por fortes dores, respondeu de forma ríspida à abordagem feita por um repórter. Trata-se de episódio isolado que não condiz com o histórico de relacionamento do Ministro com a imprensa. O ministro Joaquim reafirma sua crença no importante papel desempenhado pela imprensa em uma democracia. Seu apego à liberdade de opinião está expresso em seu permanente diálogo com profissionais dos mais diversos veículos. Seu respeito pelos profissionais de imprensa traduz-se em iniciativas como o diálogo que iniciará no próximo dia 07 de março, quando receberá em audiência o Sr. Carlos Lauria, representante do Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), ONG com sede em Nova Iorque. Wellington Geraldo Silva Secretário de Comunicação Social – SCO Supremo Tribunal Federal”

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Merval, o Imortal

Bem, eis a Pataquada da Semana. Merval Pereira, jornalista, virou imortal. Vou em busca de explicações. Ele deve ter escrito algum livro importante que não notei. Ou alguns, penso numa perspectiva mais otimista. Ele é autor de “O lulismo no poder”, uma coletânea de seus artigos no Globo. Quer dizer, não bastasse o leitor ser castigado por Merval uma vez na forma de jornal, ele apanha de novo na forma de livro. Merval é, basicamente, contra tudo que Lula fez, do Bolsa Família às cotas universitárias. Se Lula inventar a cura do câncer, Merval vai atacar. Seu poder de persuasão pode ser facilmente medido nas urnas. Se eu fosse candidato, torceria para que Merval fosse contra mim. Ao lado de Ali Kamel, ele é um dos mais fiéis reprodutores do ideário da família Marinho. (Esperemos para ver se Kamel não vira futuramente um imortal.) Numa carta célebre a um editor, o barão da imprensa Joseph Pulitzer disse o seguinte: “Espero que você pense, pense, pense!!! (…) Que compreenda que todo editor depende do proprietário, é controlado pelo proprietário, deve veicular os desejos e as idéias do proprietário. (…) Sua função é pensar, o mais próximo possível, no que você pensa que eu penso.” Merval – e nem Kamel – teriam que ouvir isso. Lembro que, nas reuniões do Conselho Editorial da Globo das quais participei entre 2006 e 2008, os dois pareciam disputar entre si quem era campeão em pensar como a família Marinho pensa. Na cerimônia de posse de Merval, Machado de Assis, fundador da ABL, foi lembrado e de certa forma comparado ao novo imortal. Porque trabalhou como jornalista num certo período. Esperemos então que Merval produza suas Memórias Póstumas. Por: Paulo Nogueira

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