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Keanu Reeves um ser estrelado

Você pode nascer homem, mas permanecer um… O ator, diretor, produtor de cinema e músico Keanu Charles Reeves chegou atrasado à festa pós-filme de seu novo filme em uma das boates de Nova York e perdeu os primeiros 20 minutos. Ele esperou pacientemente na chuva para entrar, mas ninguém o reconheceu. O dono do clube disse: “Eu nem sabia que Keanu estava sentado na chuva esperando para entrar – ele não disse nada a ninguém”. Keanu viaja de transporte público e interage facilmente com as pessoas na rua, oferecendo-lhes ajuda. Ele tem 58 anos (nascido em 2 de setembro de 1964) e pode comer cachorro-quente no parque com pessoas comuns. Depois de terminar as filmagens de um dos filmes “Matrix”, Keanu deu a todos os dublês uma nova motocicleta como sinal de reconhecimento por suas habilidades. Ele também renunciou grande parte de seu salário aos figurinistas e especialistas em efeitos especiais de “Matrix”. Keanu também reduziu seus honorários pelo filme “O Advogado do Diabo” para ter dinheiro suficiente para convidar Al Pacino para aparecer no filme. Embora tenha passado por várias tragédias pessoais, incluindo a morte de sua namorada em um acidente de carro, Keanu não se intimidou. Ele doou US$ 5 milhões para a clínica que tratou sua irmã, que tinha leucemia, e se recusou a aparecer em filmes para estar ao lado dela. Keanu é um exemplo de homem bom e altruísta que não se perdeu diante das adversidades e dedicou sua vida a ajudar e tornar o mundo um lugar melhor. Tem minha admiração e respeito.

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O olho do grande-irmão

Aumenta o Estado policial-informático. O banco de dados americano LexisNexis avisou que o sistema de segurança de seus computadores foi furado por “ladrões de identidades”. Trata-se de delinqüentes que capturam informações pessoais para fraudar contas bancárias, cartões de crédito e transações financeiras. Levaram dados de 310 mil pessoas. Em fevereiro, uma invasão nos computadores da empresa ChoicePoint sugou 145 mil identidades. Esse tipo de crime custa US$ 50 bilhões à economia americana e no ano passado vitimou dez milhões de cidadãos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Até aí tudo bem. O que falta lembrar é que, segundo a organização Eletrônica Privacy Information Center, a ChoicePoint comprou (há anos) o cadastro brasileiro de proprietários de veículos. Documentadamente, essa empresa tem um contrato no valor de US$ 1 milhão anuais para fornecer dados de cidadãos latino-americanos ao Serviço de Imigração dos Estados Unidos. Desde setembro de 2001, o governo americano terceirizou seu fichário e as empresas LexisNexis e ChoicePoint tornaram-se os maiores arquivos de dados pessoais da história. Armazenam as contas de três bilhões de cartões de crédito, 139 milhões de números de telefones, 200 milhões de pleitos junto a seguradoras e mais 100 milhões de fichas criminais. O “complexo militar-industrial”, denunciado pelo presidente Dwight Eisenhower em 1951, mudou de casca. Há agora um complexo militar-informático, ou policial-informático. Esses bancos de dados surgiram para aconselhar o comércio e proteger o crédito. Fazem cruzamentos que a mente humana é incapaz de processar. Depois dos atentados de 11 de setembro, o criador de um sistema chamado Matrix (ex-traficante de drogas) espremeu o fichário e chegou a uma lista de 1.200 suspeitos. Entre eles estavam cinco dos seqüestradores dos aviões usados nos atentados. Em 2002, quando um atirador misterioso matou 16 pessoas e assombrou os Estados Unidos, o Matrix cruzou uma lista de 21 mil cidadãos com o nome de John Williams e identificou o assassino. Um livro do repórter Robert Harrow Jr, “No place to hide” (“Sem esconderijo”, inédito em português) mostra que em 2001 a ChoicePoint também capturou, armazenou e pôs à venda os nomes e os endereços de todos os eleitores mexicanos, os passaportes de todos os cidadãos da Costa Rica, o RG e o número do telefone de todos os argentinos e o registro civil de todos os colombianos. A empresa oferece dados pessoais de 300 milhões de pessoas em dez países. Ela assegura que não armazena dados obtidos ilegalmente.

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Platão e a Caverna Digital

Platão e a Caverna Digital por Eugênio Mira ¹ A tecnologia nos liberta? Ou a tecnologia nos escraviza? Traçando um paralelo entre um antigo diálogo filosófico e um filme contemporâneo, podemos tentar uma visão mais realista da imersão contínua em informações que sofremos e das suas conseqüências. “Imagine-se em uma caverna. Você tem seus braços e sua cabeça acorrentados e tudo que vê são as sombras do mundo real projetadas no fundo da caverna…”. Assim começa um dos mais famosos diálogos filosóficos da história. Platão tenta demonstrar para seus interlocutores como o mundo em que vivemos pode ser um contorno abstrato da realidade. Através da metáfora da caverna, ele mostra como a nossa noção de realidade pode ser limitada por nossos sentidos, e dá início a uma das discussões mais fecundas do pensamento filosófico. Mas e hoje? É possível confiar nos sentidos? Vamos transpor o mito da caverna para nossos dias. Imagine um homem em um equipamento que controlasse todas suas funções sensoriais. Espaciais, visuais, táteis, etc… Este homem está ligado a uma máquina, a qual cria em sua mente todas as sensações de uma vida. Em sua mente ele se vê indo trabalhar, jantando um bom prato e sorrindo com amigos.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Seu cérebro pensa que realmente usa suas pernas, que sua língua saboreia e que seus olhos vêem. Mas não é essa a realidade. Se ele fosse desligado da máquina, o que acreditaria ser mais real? E se tentasse despertar os outros? Como reagiriam? Essa é a premissa do filme “Matrix” (1999). Em um mundo apocalíptico, máquinas controlam seres humanos, fazendo com que eles pensem que vivem a realidade, quando na verdade estão em casulos. Apesar do exercício exagerado de criatividade, nesse caso, ele ilustra bem a imersão do homem moderno na teia tecnológica. Com o ouvido colado ao celular e os olhos na tela do computador, passamos a desprezar de certa forma a realidade externa, e nos afastamos do convívio pessoal. Hoje se aprende através de vídeos e ensina-se através da internet. Nesse cenário, perde-se cada vez mais a capacidade de apartar o que é induzido da realidade palpável, uma vez que se tem cada vez menos contato com a realidade e se é cada vez mais induzido. Hoje se consome informação como nunca, a todo o momento, mas muito pouco dessa informação é transformada em conhecimento legítimo. O excesso de informação tornou-a item de pouco interesse, pouco valor. O “aprender” perdeu espaço para o “informar”, e cada vez mais a mídia está entupida com informação que não vale de nada, exceto entreter. Os celulares enviam e-mails e os automóveis mostram a previsão do tempo, mas não se sabe mais como escrever um cabeçalho de carta, ou como se formam as nuvens. Não se vê mais a informação, mas através dela. Em uma metonímia cultural, trocou-se o fim pelo meio, e cada vez mais o homem emburrece enquanto pensa que aprende. Sentado em frente ao computador, conectado à internet, falando ao celular, o homem caminha com a tecnologia atando sua cabeça e o capitalismo acorrentando suas mãos, descendo cada vez mais fundo em sua caverna digital, enquanto a vida passa, em altíssima definição, em suas costas. ¹ Eugênio Mira é tecnólogo, professor e escritor. Sonha com um mundo onde as pessoas tenham valor pelo que pensam, e não pelo que possuem.

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