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Por que nenhum jornalista quis ouvir a advogada da Odebrecht?

Se um dia a posteridade quiser aferir a miséria do jornalismo brasileiro nestes tempos, bastará consultar o desabafo da advogada Dora Cavalcanti, que defende a Odebrecht no caso Petrobras. Num artigo publicado na Folha, ela contou que nem um único jornalista a procurou para conversar sobre o encontro que ela teve com o ministro José Cardozo no dia 5 de fevereiro. Repito: nem um. Zero. Que havia interesse jornalístico na reunião é evidente. É só ver, primeiro, o tom apocalíptico com que a mídia a noticiou. E depois a reação histérica e despropositada de Joaquim Barbosa e do juiz Sérgio Moro. Por que, então, ninguém foi atrás de uma pessoa que participou do encontro? É que a mídia brasileira não quer ouvir ninguém que traga pontos de vista diferentes dos seus em relação ao caso Petrobras. Não há espaço para vozes divergentes. Não existe pluralidade. A grande mídia tirou de sua agenda opiniões discordantes.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Ajudar o leitor a entender a complexidade de muitas situações é uma das funções mais sagradas da imprensa. A nossa abdicou disso há muitos anos. Se você mostra uma realidade parcial para o leitor é mais fácil manipulá-lo. Esta a lógica sinistra da mídia brasileira. Dora tens bons pontos. A questão dos vazamentos seletivos é um deles. Em outros países, pondera ela, isso é inaceitável. No Brasil, isso virou uma rotina – sem que se veja nenhum empenho em Moro em tentar pôr fim a elas. Os vazamentos seletivos, e este é outro bom ponto de Dora, atrapalham consideravelmente o direito de defesa dos réus. Em essência, é uma coisa injusta. Como teria se comportado Moro se os vazamentos não alcançassem os suspeitos de sempre? Bem, é uma hipótese inverossível: a imprensa não publicaria nada. A advogada Dora Cavalcanti trouxe alguma luz ao caso Lava Jato com seu depoimento. Moro e Barbosa, em compensação, produziram sombras. Com sua agressão a Cardozo, Moro deixou claro, talvez involuntariamente, que está longe de personificar o ideal do juiz equidistante e imparcial. É uma má notícia para a sociedade. Não à toa, a imprensa deu a ele o mesmo ar heroico que no Mensalão fora de Barbosa. Os dois – Barbosa antes e Moro hoje – simbolizam o conservadorismo na Justiça nacional. Barbosa, no Mensalão, fez horrores sem virtualmente nenhum obstáculo. É um alerta. Moro não pode ter o mesmo caminho fácil agora que foi concedido no passado a Barbosa.  Seus métodos têm que ser desafiados quando necessário. Foi o que a advogada Dora Cavalcanti fez. A despeito do que a Justiça decida sobre o papel da Odebrecht na história, o gesto de sua advogada merece aplausos. De pé. por : Paulo Nogueira/DCM

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Nós, leitores, e a Petrobras

O público brasileiro está sendo submetido a um verdadeiro massacre informativo envolvendo a corrupção na Petrobras. A intensidade do noticiário já deixou de ser uma opção questão meramente jornalística para se transformar num caso típico de campanha movida pelos principais órgãos de imprensa do país. Os fatos passaram a ser menos importantes do que as versões e o que era inicialmente a cobertura de um escândalo de corrupção desdobrou-se numa trama de problemas que no seu conjunto procura transmitir aos consumidores de notícias a percepção de que o país caminha para o caos. O caso das propinas na Petrobras acabou vinculado pela imprensa à crise energética quando o uso de combustíveis para amenizar os efeitos da redução da capacidade de geração hidrelétrica do país provocou uma disparada nos preços ao consumidor. O linkentre Petrobras e a crise hídrica permitiu criar a sensação de instabilidade e insegurança econômica entre as pessoas que já não sabem mais quando e como começará o racionamento de energia e se a inflação vai disparar ou não. A análise da estratégia noticiosa adotada pela imprensa aponta claramente na direção de um acúmulo, intencional ou não, de problemas. Os casos Petrobras e crise hídrica serviram de pretexto para que instituições internacionais de credibilidade duvidosa, como a agência Moody’s, rebaixassem o Brasil nos mercados financeiros internacionais, o que provocou um efeito cascata da desvalorização do real e o fantasma da fuga de investidores externos. Esse conjunto entrelaçado de notícias sem a devida contextualização tende a aumentar a orfandade do público, e há duas alternativas possíveis: uma é o cansaço e exaustão do público em relação a repetição exaustiva no noticiário de depoimentos, documentos, acusações, explicações canhestras envolvendo tanto o caso da Petrobras como o da crise hídrica. O desdobramento seria a perda de interesse.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A outra alternativa é o fim da paciência dos leitores, que passariam a exigir medidas drásticas – o que criaria o ambiente adequado para mudanças institucionais tanto na estatal petrolífera como no próprio governo. A imprensa, obviamente, nega esta intenção mas sua estratégia na produção e veiculação de notícias envolvendo a crescente associação entre a corrupção na Petrobras e a crise hídrica torna quase inevitável uma radicalização política que pode vir tanto pelas ruas como por maquinações legislativas ou judiciais. O que nós, leitores, ouvintes, telespectadores ou internautas estamos perdendo é a noção de onde estão os fatos reais. O caso da Operação Lava Jato tende a transmitir para a população a ideia de que a Petrobras está quebrada por conta das estimativas bilionárias da corrupção interna, mas o respeitado comentarias da Folha de S.Paulo Janio de Freitas aponta, com dados, justamente o contrário (ver “Reino do ‘nonsense’”). Janio tem um histórico de integridade profissional intocável e não arriscaria seu prestígio numa informação sem fundamento. O mesmo acontece com a crise de falta d’água, onde a avalancha de dados a favor e contra o racionamento se avolumam com um claro predomínio das percepções pessimistas. A gente só descobre que há um outro lado na questão hídrica quando vai para as redes sociais, blogs e páginas web alternativas. Nenhum lado chega a ser 100% convincente porque a crise hídrica é tão complexa quanto as investigações do escândalo de Petrobras. A confusão informativa cresce na proporção direta da intensificação do bombardeio noticioso que funciona como uma espécie de preparação do estado de espírito do público em relação a medidas futuras mais radicais. Referências à privatização da Petrobras e ao impeachment da presidente Dilma Rousseff já circulam nas redações elobbies político-empresariais. Não há dúvida de que sempre existiu corrupção na Petrobras porque osuperfaturamento e as propinas são instrumentos institucionais na política brasileira há décadas e sem eles a maioria esmagadora dos políticos com mandato não teria sido eleita. Também não há dúvida de que a falta de chuvas agravou o problema energético do país. São questões recorrentes que foram transformadas pelo noticiário da imprensa em crises terminais da politica energética vigente no país. A solução para ambas teria que surgir num ambiente tranquilo de reflexão, debate e experimentação, envolvendo uma participação crescente da sociedade brasileira que, no fundo, é a principal e maior interessada. Mas o que a imprensa e os políticos estão fazendo é criar um clima de agitação, instabilidade, insegurança e imprevisibilidade para dissimular a luta pelo poder. Nós, leitores, somos as principais vítimas desse processo, porque não sabemos o que está acontecendo. Os porta-vozes do governo estão desacreditados por sua insistência numa visão rósea da realidade nacional, enquanto a oposição e os interesses corporativos adotam o discurso pessimista. A conjuntura atual está claramente vinculada ao início da batalha eleitoral para a sucessão de Dilma. Depois que o escândalo do mensalão cortou um dos mananciais de financiamento ilegal de campanhas eleitorais do PT e aliados, a Petrobras passou a ser a grande torneira para irrigar a o projeto da volta de Lula ao poder. A Operação Lava Jato está fechando também esta fonte de recursos para o caixa 2 eleitoral, com o claro objetivo de asfixiar financeiramente o Partido dos Trabalhadores. É uma estratégia editorial vinculada a uma estratégia eleitoral, só que a imprensa procura induzir o público a achar que o objetivo é exclusivamente moralizador. Carlos Castilho/Observatório da Imprensa

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A responsabilidade da imprensa nas crises da era digital

Não há necessidade de ter um doutorado em comunicação para saber que uma manchete de jornal tem mais impacto na formação de opinião do que a leitura de uma reportagem, não importa se impressa, sonora ou digital. A média das pessoas não tem tempo e, muitas vezes, interesse em ler o texto integral de notícias sobre situações de crise como, por exemplo, a deflagrada pelo assassinato de jornalistas na revista francesa Charlie Hebdo. A manchete é a percepção que fica e que acaba servindo como base para que as pessoas formem a sua opinião. Quando um site noticioso publica a manchete “Em vídeo, Amedy Coulibaly diz ser do Estado Islâmico. Autor de ataque a mercado diz ter ajudado os irmãos Kouachi”, mas no texto na noticia afirma: “Um homem que seria Amedy Coulibaly, morto pela polícia após manter reféns em um mercado judeu de Paris, aparece em um vídeo publicado neste domingo (11) na internet”, não é difícil perceber que a publicação induziu o leitor a acreditar que Amedy é o protagonista do vídeo e da confissão de que participou do atentado. Casos como esse se repetem diariamente na imprensa, que invariavelmente justifica a distorção entre manchete e texto como uma decorrência da necessidade de condensar a informação num título de poucas palavras. Quem já trabalhou em jornal ou em telejornal sabe que sintetizar num título todo o conteúdo de uma notícia é uma tarefa muito complexa. Em geral erra-se mais do que se acerta. As justificativas técnicas são plausíveis, mas o problema não está aí, e sim nas consequências que a distorção provocará no público. A dinâmica industrial da maioria das redações contemporâneas leva os profissionais a priorizar as questões estéticas e as normas editoriais na elaboração de títulos e textos de abertura, deixando pouco tempo para a avaliação do contexto global de uma notícia. Sintetizar um fato, número ou evento em menos de 15 ou 20 palavras é um trabalho que exige muita reflexão e que não pode se transformar num ato mecânico porque os desdobramentos podem ser irreversíveis, principalmente agora, na era digital, quando a imprensa deixou de ser um coadjuvante na política mundial para ser um protagonista central.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] As normas editoriais foram desenvolvidas pelos veículos da imprensa para otimizar o processo de produção industrial de notícias. Só que, na era digital, a expansão geométrica na difusão de notícias e a ampliação das audiências fazem com que as consequências sociais da circulação viral de notícias passem a ser mais relevantes do que a eficiência da máquina de produção de conteúdos informativos. Isso faz com que a atitude dos jornalistas diante da sociedade passe a ser mais relevante do que sua capacidade de cumprir as regras dos manuais de redação. Entre os anos 1930 e 60, os governos eram os maiores responsáveis pelo desenvolvimento das percepções que alimentavam o processo de formação da opinião das pessoas. Na época de Hitler, e logo depois da Segunda Guerra Mundial, a grande imprensa tinha um papel secundário diante dos governos e exércitos. As rádios, por exemplo, seguiam incondicionalmente o roteiro da propaganda oficial. Já no período da Guerra Fria, os jornais e a televisão continuaram seguindo a estratégia governamental, mas passaram a usar o discurso da isenção e objetividade para tentar criar a percepção de independência. Agora na era digital surge um fenômeno novo. Os governos perderam o controle absoluto sobre a circulação de notícias. Meios de comunicação, como as redes sociais, passaram a ocupar um lugar privilegiado na formação das percepções públicas. Isso altera a postura dos jornalistas diante da busca, edição e publicação de notícias. Se por um lado a ditadura das normas editoriais está sendo relativizada pela evolução constante e acelerada das novas tecnologias, por outro os profissionais deixaram de ser patrulhados apenas pelos patrões e são agora submetidos ao criticismo cada vez mais agudo dos usuários de redes sociais. As percepções das audiências digitais são geradas de forma cumulativa por meio da recepção continuada de mensagens noticiosas. Hoje, uma percepção não segue mais um processo linear e causal como o que ocorre na leitura de uma reportagem ou análise num jornal ou documentário de TV. O contato das pessoas com a realidade representada pela imprensa ocorre de forma não organizada e é construída, cada vez mais, a partir do estabelecimento de correlações entre os dados noticiados. O caso Charlie Hebdo é um exemplo típico de como o conjunto de manchetes acaba gerando uma percepção diferente daquela que sugerida por textos sequenciais e causais. As manchetes induziram as pessoas a identificar o islamismo com radicalismo e terrorismo, embora nos textos esta associação fosse até condenada. O acúmulo de manchetes distorcidas ou descontextualizadas acaba gerando uma percepção que torna o islamismo um elemento indesejável em sociedades como a europeia, mais ou menos como os nazistas fizeram com a população alemã na relação com os judeus, antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Há uma enorme responsabilidade da imprensa e dos jornalistas em relação ao desenvolvimento de percepções públicas sobre o islamismo, que hoje reúne cerca de 1,6 bilhão de adeptos em 49 países, quase 1/3 da população mundial, e 62% deles morando na Ásia. Os jornalistas ainda não se deram conta de que o chamado fundamentalismo islâmico é protagonizado por uma minoria ínfima de seguidores do islamismo no mundo árabe. A obsessão com o combate ao terrorismo vai acabar associando todos os muçulmanos do planeta a uma percepção que não tem nada a ver com a realidade. Carlos Castilho/Observatório da Imprensa

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A subversão dos blogs

A não ser com as pessoas se comunicando livremente dizendo, umas às outras, o que pensam e refletindo em conjunto sobre o que sabem não é possível empreender avanços desses que volta e meia são indispensáveis para se mudar, e sempre para melhor, o rumo da história. Vendo que não poderia ficar limitado à comunicação verbal, o homem inventou a escrita em símbolos marcados em pedras. A informação em meio estático, que não se movia, precisava da fala de cada um que a lia para transformar-se em mensagem adiante. A caligrafia depois, permitindo a reprodução dos textos, ainda que em quantidade bem limitada, fez com que a informação se movesse, mas como só alcançava a poucos era um privilégio e assim também fonte de poder. O conhecimento não podia, e àquelas alturas nem deveria, chegar a todos. A religião se assenhoreou dos calígrafos e copistas e de sua produção. A Bíblia, por exemplo, só era acessível ao Papa e a alguns iluminados cardeais. A sua interpretação escorria nas bulas papais, que se diluíam em ordenamentos verbais indiscutíveis entre o restante na hierarquia do clero. E era tudo em latim, o que já restringia bastante o acesso ao conhecimento. O Século XVI registra o primeiro impacto da grande revolução, a partir da qual as pessoas se movem conquistando mais liberdades e descobrindo mais direitos, melhorando assim o mundo em que vivemos. Quem não já ouviu falar em Martinho Lutero? Mas poucos sabem sobre Leão X. Lutero foi o clérigo que não entendendo algumas lógicas das bulas papais resolveu questioná-las, primeiro escrevendo à mão diretamente ao Vaticano, onde passou a não ser bem visto. Lutero não desistiu nos questionamentos, ele não queria romper, estava apenas querendo entender algumas lógicas das bulas papais, mas os hierarcas continuaram o subestimando.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Leão X era o Papa, o Sumo Pontífice infalível, que não arredando de sua hermenêutica, não sabia que na Alemanha um ourives chamado Gutembergue acabara de inventar a imprensa, e que o primeiro livro saído de sua prensa foi exatamente a Bíblia. MacLuhan diria que Gutemberg ao inventar a imprensa deu extensão ilimitada aos olhos e à fala da humanidade. Claro que Lutero usou a nova invenção para dar maior alcance à difusão das suas ideias. Se não convenceu Leão X, mas atraiu para a sua lógica milhões e milhões de dissidentes do Vaticano. O protestantismo, apesar das reações mais severas, ganhou corpo sendo considerado ainda hoje por muitos como um movimento moderno. Sem a imprensa, a Reforma de Lutero não teria vencido. Em termos numéricos não sei como Alvin Tofler classificaria essa onda. Depois da imprensa, o código Morse, o telefone, o rádio, o cinema, a televisão, e agora a internet. Todos meios de comunicação, difundindo as mensagens, democratizando o conhecimento. A produção e difusão da informação, enquanto privilegio de poucos, começa a se tornar acessível a muitos deixando, assim, de ser aquela inesgotável fonte de poder. Manter um jornal em circulação ainda hoje não custa pouco dinheiro. Manter uma televisão funcionando custa muito dinheiro. Manter uma estação de radio no ar ainda custa algum dinheiro. Tudo isso depende de patrocinadores, cada vez mais esses patrocínios são buscados no poder publico, e quando isso ocorre o resultado é uma aliança nefasta contra a verdade dos fatos, restando censura e manipulação política. A sofisticação dos meios de comunicação e o encarecimento dos custos de produção, por conseqüência, tornaram ainda mais poderosos os donos dessas mídias na medida em que só eles conseguem manter suas engrenagens funcionando, em alianças, muitas delas espúrias, com o poder público. O lucro que buscam é apenas o do capital político porque é com esse capital que, manipulando a verdade dos fatos, em redes de mentira única, apostando sempre na impunidade e no medo que impõem a muitos, seguram o poder estatal sem o qual não sobrevivem. Em contraponto, começa agora a era da subversão dos blogs. Blog, como explica Hugh Hewitt, é a contração da palavra inglesa weblog. Log significa diário, aquele diário de bordo dos capitães dos navios ou dos comandantes dos aviões. Web é essa rede solta no espaço. Lógico que nem todos os blogs têm emissões diárias, muitos ficam semanas no ar sem novidade alguma. Apesar da instantaneidade com que podem ser postados os textos, os blogs podem se distinguir quanto à periodicidade. Há apenas 11 anos, portanto, em 1999, surgiu o primeiro blog. Calcula-se que mais de 5 milhões de blogs navegam hoje no cyber-espaço. Hoje em dia qualquer um dentre nós para ser fotografo basta ter um celular e para ser editor de noticias ou de opinião basta ter um blog. A tecnologia necessária para se manter um blog é grátis se comparado com a que os conglomerados de comunicação – jornais, rádio e TV precisam pagar. No nosso caso, com 20 reais por ano podemos obter um domínio ponto com fora do Brasil, por exemplo, o que de algum modo resulta mais seguro. O resto, com qualquer note book você faz. A amplificação dessa liberdade em guetos de atraso político e de pobrezas econômica e social, como no Estado onde vivemos, ainda depende muito da massificação das tecnologias de banda larga e de maior acesso popular ao computador. Em parcerias com a iniciativa privada comprometida com o desenvolvimento, com envolvimento dos movimentos sociais e das entidades não governamentais será possível superar os obstáculos que ainda impedem que os blogs em sua função transformadora cheguem a qualquer hora à maioria das pessoas neste Estado. Fora das nossas fronteiras já estamos sensibilizando simpatias e apoios à causa revolucionária, transformadora. A ferramenta eficaz nesse campo tem sido os blogs. O blog é hoje a mídia que inspira maior confiança porque resulta da ação de pessoas que, bem intencionadas, não querem perder sua inocência, recusando-se à cumplicidade com os que conspurcam contra princípios morais e éticos, negando os fundamentos da República, impedindo os avanços da Democracia. Nos blogs você confia. Pode discordar ou não, mas confia quando quer fazer um juízo

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Internet: pagar ou não pagar por conteúdo online? Eis a questão.

A mídia tradicional perde receita, e leitores, para a mídia on line. As melhores cabeças da área tentam resolver a equação para equilibrar receita e conteúdo. Como tudo que se refere a internet, as opinões são divergentes e experiências, as mais diversas, são feitas. Na realidade é um complexo paradigama que ainda não foi resolvido. O Editor O debate sobre o pagamento ou não do acesso à notícias publicadas na Web está centrado na indústria dos jornais mas o assunto interessa também, e muito, a todos os produtores independentes de informações, como blogueiros, produtores de páginas de páginas noticiosas online e até os adeptos do Twitter, o mais recente modismo da era digital. A questão do pagamento é crucial para a imprensa convencional porque ela depende de faturamento para sobreviver e seu grande dilema é não ter encontrado até agora uma fórmula capaz de solucionar o déficit financeiro criado pela queda das receitas das edições impressas e o faturamento irrisório das versões online. Até então o problema estava sendo debatido na base de posições excludentes: ou totalmente pago ou totalmente grátis. Agora surgem alternativas que buscam combinar situações intermediarias, como as pesquisadas por Dorian Benkoil, da empresa de consultoria Teaming Media, em artigo publicado no site Poynter Online, especializado em jornalismo digital. O debate hoje estaria se orientando para uma cobrança seletiva de conteúdos: a maioria das noticias teria acesso grátis, enquanto o material mais qualificado passaria a ser cobrado. O The New York Times já tentou isso com os seus colunistas mais badalados e não teve êxito. A receita obtida foi decepcionante e os colunistas reclamaram que estavam perdendo leitores. É quase um corolário na Web que a cobrança gera uma queda violenta nos acessos. Os internautas assumiram como um dado que a gratuidade no acesso é quase um “direito” adquirido. As conseqüências desta atitude são a principal dor de cabeça da mídia comercial, mas já começam a preocupar também os produtores independentes de blogs e páginas que produzem conteúdo informativo jornalístico na Web.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] [ad name=”Retangulo – Anuncios – Esquerda”]O caso dos blogs é sintomático. Um blogueiro normalmente vive uma fase eufórica quando seus posts começam a ser lidos e comentados por um número crescente de leitores. A qualidade do material publicado gera demanda e cobranças pelos visitantes, o que implica um aumento no tempo dedicado à produção do blog e gera o dilema de ter que reduzir o ritmo perdendo leitores ou manter o emprego que paga as contas. As organizações que produzem conteúdos online, noticiosos ou não, também vivem o problema do pagamento de acesso. A dependência de patrocínios e de financiamentos de projetos exige esforços periódicos de renovação de acordos que ocupam boa parte do tempo de quem produz os conteúdos que despertaram o interesse do público. Também entre os produtores independentes de conteúdos jornalísticos online ganha corpo idéia de que a dicotomia “pago ou grátis” precisa ser mais bem contextualizada e, principalmente, mais estudada. Tanto quanto na indústria de jornais há margem para soluções intermediarias na área dos independentes, com a experimentação de fórmulas que permitam a sustentabilidade da produção autônoma sem a qual os leitores perdem a mais importante plataforma de participação conquistada através da Web. Experiências feitas dentro do projeto News Challange, promovido pela Fundação Knight, mostraram que os produtores autônomos não podem depender totalmente de valores pagos por leitores e usuários porque os recursos arrecadados dificilmente cobrirão o orçamento total. Mas ficou também claro que o público aceita contribuir financeiramente para a sustentabilidade da produção independente de informações quando se sente mais participante no projeto. Esses dados e informações mostram que a opção pagar ou não pagar não é mais apenas uma questão financeira. Ela está associada também a novos valores e preocupações que influenciam decisivamente as escolhas tanto dos consumidores como dos produtores de notícias e informações. A própria noção de pagamento começa a ser revisada, pois na Web ela está deixando de ser associada a uma troca: dinheiro por notícia. Ganha cada vez mais o caráter de contribuição onde o que está em jogo não é tanto o montante pago, mas a associação e identificação do internauta com o produtor de conteúdo. Como contribuição, a participação financeira do publico é viável — como indicaram as experiências do News Challange e o artigo de Dorian Benkoil. Carlos Castilho/Observatório da Imprensa

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Jornais e o café da manhã

A globalização da mídia “Quando os jornais impressos desaparecerem, o café da manhã deixará de fazer sentido”, afirmou Jeffrey Cole, diretor do Centro para o Futuro Digital da Universidade do Sul da Califórnia. Ele acrescentou que diz isso de uma maneira bem humorada, mas não se trata de uma piada. “Cresci com o hábito de ler jornais, e essa leitura faz parte do ritual do café da manhã.” Há 10 anos ele estuda como acontece a adoção das tecnologias digitais e como elas afetam a vida e comportamento das pessoas. “Minha vida profissional começou na televisão e lá atrás, quando a televisão foi lançada, perdemos a oportunidade de se fazer esse tipo de estudo”, disse, acrescentando que a oportunidade não foi perdida com a internet. O centro tem parcerias com universidades ao redor do mundo, e atualmente o estudo é feito em 30 países, com o acompanhamento de 2 mil pessoas em cada país. No Brasil, Cole está perto de fechar um acordo com uma universidade do Rio de Janeiro. Ele disse que nenhuma mídia vai desaparecer, mas que a tendência dos meios tradicionais é se tornarem menores. “O impresso tem um futuro terrível, mas não as notícias”, afirmou. “Toda vez que um leitor de jornal morre, ele não é reposto.” [ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]Na visão dele, a maioria dos jornais impressos americanos vai desaparecer em cinco anos. Em outros mercados, como o Brasil e a Austrália, esse período deve ser maior, de 10 a 15 anos. Ele afirmou que os profissionais americanos estão deixando de dizer que estão no negócio de jornais (newspapers), para dizer que estão no setor de notícias (news). O problema dessa transição é que existe menos dinheiro, pelo menos por enquanto, no mundo digital do que no tradicional. “São os dólares tradicionais e os centavos digitais”, disse. Isso está levando a uma consolidação do mercado de mídia, e a uma necessidade de internacionalização. “O Brasil deve ficar com duas ou três companhias brasileiras de mídia com atuação global, que terão como mercado todas as pessoas que falam português no mundo. blog do Renato Cruz

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Google é modelo de negócios para jornalismo impresso

Modelo Google de negócios é apontado como alternativa para a indústria dos jornais A General Motors e a Local Motors são duas empresas automobilísticas norte-americanas, mas as semelhanças param aí. A GM é uma mega corporação que fabrica veículos em massa e que chegou a pedir concordata na crise de 2008. A LM, é infinitamente menor, foi criada em 2006 por sete engenheiros e é a primeira do mundo a adotar o modelo Google de negócios no setor automobilístico. Jeff Jarvis, um respeitado consultor de mídia, professor e blogueiro norte-americano, acha que os donos de jornais do mundo inteiro deveriam examinar com lupa a fórmula da Local Motors porque ela poderia ser servir de ponto de partida para uma nova estratégia corporativa para um segmento industrial que também está vivendo momentos críticos. [ad name=”Retangulo – Anuncios – Esquerda”]A LM está aplicando os oito princípios que fizeram da Google a maior empresa do mundo no ramo das novas tecnologias e que hoje começam a seduzir os executivos que há três anos eram unânimes em taxar de inviável o transplante do modelo para o mundo industrial. Os princípios são: a) Produção colaborativa – os compradores de carros da LM participam da elaboração do design e das especificações técnicas junto com os engenheiros. O resultado é a personalização do veículo. Os clientes acabam fazendo um remix de componentes de veículos de outras marcas; b) Propriedade comunitária – os clientes tornam-se membros da cooperativa que dirige montadora e com isto logram reduzir o preço do veiculo encomendado. c) Micro-empresa – a produção de veículos, na conjuntura atual, só é lucrativa se for feita em fábricas enxutas com burocracia interna reduzida ao mínimo, sistema operacional descentralizado e funcionários polivalentes. A falência da mastodôntica GM, com mais de 90 mil funcionários (1/3 dos quais em funções burocráticas) passou a ser um exemplo da falência do velho modelo de linha de montagem, numa estrutura hierarquizada e centralizada; d) Produção para nichos de consumidores – A LM vai produzir carros diferentes para públicos segmentados. Atualmente a empresa desenvolve um veiculo para o estado do Arizona e outro totalmente diferente para Nova Iorque. Um é rústico para terrenos ruins e outro é pequeno e super econômico para ser usado num trânsito complicado; e) Montagem – Os veículos são montados usando quase 90% de componentes de outros carros e os modelos podem ser montados por outras empresas. Não há franquia. É o carro no sistema do código aberto, sem pagamento de royalties; f) Negócio público – As informações de usuários são essenciais para o futuro do negócio, porque os clientes e compradores sentem-se participantes no processo de montagem de veículos; g) Produção local – Por enquanto a empresa está instalada numa única cidade, mas o modelo pode ser replicado noutras regiões mantendo a regra da identificação com o publico e com a realidade local; h) Venda direta – O modelo elimina intermediários, no caso concessionárias e revendas, substituídos pela internet nas vendas e atendimento aos compradores. Jarvis acha que todos estes itens podem ser facilmente adaptados para a realidade da indústria dos jornais, levando em conta que muitos sites independentes de noticias já os aplicam total ou parcialmente. Um dos exemplos mais badalados desta nova tendência é o projeto ChicagoNow, ChicagoNow que está sendo desenvolvido por um grupo de jornalistas do jornal Chicago Tribune, um dos principais atingidos pela queda de leitores e de anúncios. O ChicagoNow aplica pelo menos seis itens do modelo Google adaptados para o ambiente jornalístico. O projeto está apoiado em notícias publicadas em blogs criados por leitores dentro da página do ChicagoNow. Em média 30% deste material vai para a edição impressa depois de ser avaliado por leitores e por editores do jornal. Mais ou menos o mesmo processo está sendo implantado no Philadelphia Inquirer que acaba de jogar a toalha em sua edição em papel para ser publicado apenas na Web. Ainda é muito cedo para dizer se o modelo Google terá na indústria dos jornais, os mesmos resultados obtidos pela Local Motors. Mas se depender do pessoal do ChicagoNow, a aposta vale a pena porque a outra opção é o desemprego. Carlos Castilho/Observatório da Imprensa

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Internet, imprensa e transparência digital

Transparência: o grande desafio da imprensa na era digital A transparência parece ser a palavra mágica para o jornalismo do futuro. Num ambiente em que os valores tradicionais como objetividade, imparcialidade, isenção, fidedignidade e veracidade estão sendo submetidos a um processo de intensa relativização, a busca da transparência informativa parece ser uma das poucas coisas sólidas no novo universo jornalístico. A relativização de valores quase seculares no jornalismo é uma conseqüência da avalancha noticiosa gerada pela internet e que está provocando uma diversificação de fontes informativas inédita na história da humanidade. Tudo aquilo que considerávamos sólido e consistente está se desfazendo ante o impacto de novas versões, enfoques e contextos diferenciados. Trata-se de um fenômeno irreversível, que está afetando também outros setores da atividade humana e que é provocado fundamentalmente pela introdução de novas tecnologias de informação. O jornalismo é talvez de todas as áreas que lidam com informações, aquela que mais sofre com as mudanças em curso. Um mesmo fato é transformado em notícia de diferentes maneiras por diferentes veículos de comunicação. A notícia é a representação de uma representação, ou trocando em miúdos: uma pessoa viu um fato e o reproduz para um repórter (primeira representação), que por sua vez conta o que ouviu na forma de um texto ou narrativa oral para publicação num jornal, rádio ou TV (segunda representação). Neste processo temos que levar em conta quem está contando a versão original. Dependendo do fato e da pessoa, a primeira representação pode ter diferentes versões e significados. Por sua vez, o repórter também deve ser contextualizado, porque sua experiência profissional (para dar um único exemplo) vai levá-lo a destacar um fato, entre dezenas, na representação feita pela fonte original da notícia.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Se levarmos em conta que a notícia é cada vez mais um processo de representações sucessivas (fato onipresente no noticiário internacional onde um veículo reproduz o outro) não fica difícil perceber qual a incidência do fator subjetivo, ou seja o contexto de quem reproduz, no produto que chega ao leitor de um jornal ou telespectador de um programa noticioso. A transparência pode ser definida como o conjunto de atributos de uma notícia que permitem identificar o maior número possível de contextos nas sucessivas representações pelas quais a informação passou desde a sua fonte primária até o consumidor final. Transparência é saber, por exemplo, quanto um jornal ou emissora de televisão deve ao governo ou a bancos privados, qual a composição acionária da empresa ou os interesses corporativos e financeiros de seus proprietários, quais as ligações comerciais, institucionais e familiares dos jornalistas que compõem a redação Contextos ocultosde uma televisão ou de uma revista. Isto pode ser essencial para os leitores, ouvintes, telespectadores e usuários de sites na Web identificarem possíveis interesses não revelados nas matérias jornalísticas. Não significa colocar sob suspeita todos os profissionais ou veículos de comunicação, mas sim de constatar as inúmeras variáveis condicionantes no processo de produção de noticias. Os jornalistas e donos de jornais não são culpados pela complexidade das representações informativas, mas podem e devem reduzi-las ao máximo porque isto garante o seu negócio, ou seja a credibilidade do público. Acontece que o sigilo e o corporativismo são as regras hegemônicas na imprensa, em especial a brasileira, onde preocupações mínimas com a transparência, já adotadas em jornais americanos, por exemplo, são olimpicamente ignoradas. Os repórteres devem identificar outros empregos, contratos, clubes e até os empregos de esposas ou parentes próximos. Aqui no Brasil não sabemos nada sobre os donos e os profissionais que produzem as notícias que consumimos diariamente e sobre as quais construímos nossas decisões e representações. Somos portanto alvos perfeitos para a propagação de informações distorcidas e descontextualizadas. E quando os leitores constatam que as noticias estão sujeitas à manipulações não identificadas, quem perde são os jornais. Sem transparência não teremos condições de sobreviver ao caos informativo gerado pela avalancha de notícias na Web. A perspectiva é a formação de enclaves informativos (clusters), nos quais grupos de pessoas criam o seu próprio ambiente para circulação de notícias. Pode ser uma solução de emergência, mas a longo prazo ela gera um problema ainda maior: a ausência de diversificação informativa. Mas sobre isto a gente fala mais adiante. Observatório da Imprensa – Carlos Castilho

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Twitter obriga a atividade jornalística a mudar o foco

Twitter pressiona uma mudança no foco da atividade jornalística Há menos de um mês alguns parlamentares ingleses estavam passando para seus eleitores e simpatizantes os resultados de uma votação legislativa ignorando o papel da imprensa como mediador entre tomadores de decisões e o público. As sessões do parlamento já são transmitidas ao vivo pelo rádio que é onde a imprensa monitora o trabalho legislativo. Mas o Twitter alterou essas mediação ao estabelecer contato direto entre a fonte da notícia e o consumidor de informações. A moda deve pegar porque os tomadores de decisões têm agora um canal direto com a opinião pública, sem terem que enfrentar os questionamentos e as idiossincrasias da imprensa. Aqui no Brasil já temos quase todos os políticos inscritos pelo Twitter.[ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda] Isto pode aproximar o público dos tomadores de decisões, em especial os membros do poder legislativo, do seu público alvo. Trata-se de uma aproximação de mão dupla porque os eleitores também estão criando os seus canais de cobrança e monitoramento da atividade parlamentar, o que pode contribuir para o saneamento tanto do Senado como da Câmara de Deputados. Mas também vão surgir problemas. No caso dos parlamentares britânicos Tom Watson e Jim Knight, na pressa de avisar seus eleitores, eles acabaram passando resultados equivocados da votação e tiveram que voltar atrás. Outra possibilidade real é o surgimento de uma cacofonia informativa pelo Twitter, tornando necessária uma depuração e contextualização das notícias transmitidas pelo sistema de micro-mensagens. Para os repórteres e editores, a ampliação do uso do Twitter marca mais um passo na direção do fim da era do furo jornalístico. É também um novo empurrão no sentido da transformação dos profissionais em orientadores e contextualizadores das informações passadas ao público pelos tomadores de decisões e formadores de opiniões. A grande diferença é que o foco dos jornalistas deixa de ser a simbiose com o poder político e econômico para voltar-se cada vez mais para o público, reconstituindo aquilo que está na origem do jornalismo, o caráter social da atividade informativa. Carlos Castilho – Observatório da Imprensa

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