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João Cabral de Melo Neto – Poesia – 08/08/24

Boa noite. A Educação pela Pedra João Cabral de Melo Neto Uma educação pela pedra: por lições; Para aprender da pedra, frequentá-la; Captar sua voz inenfática, impessoal (pela de dicção ela começa as aulas). A lição de moral, sua resistência fria Ao que flui e a fluir, a ser maleada; A de poética, sua carnadura concreta; A de economia, seu adensar-se compacta: Lições da pedra (de fora para dentro, Cartilha muda), para quem soletrá-la. Outra educação pela pedra: no Sertão (de dentro para fora, e pré-didática). No Sertão a pedra não sabe lecionar, E se lecionasse, não ensinaria nada; Lá não se aprende a pedra: lá a pedra, Uma pedra de nascença, entranha a alma. *João Cabral de Melo Neto * Recife,PE. – 9 de janeiro de 1920 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 9 de outubro de 1999 d.C

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João Cabral de Melo Neto – Poesia – 23/01/24

Boa noite. Ode Mineral João Cabral de Melo Neto¹ É mineral o papel onde escrever o verso; o verso que é possível não fazer. São minerais as flores e as plantas, as frutas, os bichos quando em estado de palavra. É mineral a linha do horizonte, nossos nomes, essas coisas feitas de palavras. É mineral, por fim, qualquer livro: que é mineral a palavra escrita, a fria natureza da palavra escrita. ¹João Cabral de Melo Neto * Recife, Pe. – 9 de Janeiro de 1920 + Rio de Janeiro, Rj. – 9 de Outubro de 1999

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João Cabral de Melo Neto – Poesia – 12/10/23

Bom dia Poema João Cabral de Melo Neto¹ O amor, esse sufoco, agora há pouco era muito, agora, apenas um sopro ah, troço de louco, corações trocando rosas, e socos ¹João Cabral de Melo Neto * Recife, Pernambuco – 9 de janeiro de 1920 + Rio de Janeiro, RJ. – 9 de outubro de 1999

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João Cabral de Melo Neto – Versos na tarde – 15/09/2014

Poema João Cabral de Melo Neto ¹ Belo porque tem do novo A surpresa e a alegria Belo como a coisa nova Na prateleira até então vazia Como qualquer coisa nova Inaugurando o seu dia E belo porque o novo Todo o velho contagia ¹ João Cabral de Melo Neto * Recife, PE. – 9 de Janeiro de 1920 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 9 de Outubro de 1999 d.C [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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João Cabral de Melo Neto – Versos na tarde – 20/08/2014

Morte e Vida Severina – extrato João Cabral de Melo Neto ¹ “… E não há melhor resposta que o espetáculo da vida: vê-la desfiar seu fio, que também se chama vida, ver a fábrica que ela mesma, teimosamente, se fabrica, vê-la brotar como há pouco em nova vida explodida; mesmo quando é assim pequena a explosão, como a ocorrida; mesmo quando é uma explosão como a de há pouco, franzina; mesmo quando é a explosão de uma vida severina.” ¹ João Cabral de Melo Neto * Recife, PE. – 9 de Janeiro de 1920 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 9 de Outubro de 1999 d.C [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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João Cabral de Melo Neto – Versos na tarde – 09/07/2014

Tecendo a Manhã João Cabral de Melo Neto ¹ 1 Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos. 2 E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, se entretendendo para todos, no toldo (a manhã) que plana livre de armação. A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão. inA Educação pela Pedra ¹ João Cabral de Melo Neto * Recife, PE. – 9 de Janeiro de 1920 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 9 de Outubro de 1999 d.C [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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João Cabral de Melo Neto – Versos na tarde – 15/02/2014

O artista inconfessável João Cabral de Melo Neto ¹ Fazer o que seja é inútil. Não fazer nada é inútil. Mas entre fazer e não fazer mais vale o inútil do fazer. Mas não, fazer para esquecer que é inútil: nunca o esquecer. Mas fazer o inútil sabendo que ele é inútil, e bem sabendo que é inútil e que seu sentido não será sequer pressentido, fazer: porque ele é mais difícil do que não fazer, e difícil- mente se poderá dizer com mais desdém, ou então dizer mais direto ao leitor Ninguém que o feito o foi para ninguém. ¹ João Cabral de Melo Neto * Recife, PE. – 9 de Janeiro de 1920 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 9 de Outubro de 1999 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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João Cabral de Melo Neto – Versos na tarde – 25/10/2013

Pequena Ode Mineral João Cabral de Melo Neto¹ Desordem na alma que se atropela sob esta carne que transparece. Desordem na alma que de ti foge, vaga fumaça que se dispersa, informe nuvem que de ti cresce e cuja face nem reconheces. Tua alma foge como cabelos, cunhas, humores, palavras ditas que não se sabe onde se perdem e impregnam a terra com sua morte. Tua alma escapa como este corpo solto no tempo que nada impede. Procura a ordem que vês na pedra: nada se gasta mas permanece. Essa presença que reconheces não se devora tudo em que cresce. Nem mesmo cresce pois permanece fora do tempo que não a mede, pesado sólido que ao fluido vence, que sempre ao fundo das coisas desce. Procura a ordem desse silêncio que imóvel fala: silêncio puro. De pura espécie, voz de silêncio, mais do que a ausência que as vozes ferem. ¹ João Cabral de Melo Neto * Recife, PE. – 9 de Janeiro de 1920 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 9 de Outubro de 1999 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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João Cabral de Melo Neto – Versos na tarde – 28/01/2013

As amadas João Cabral de Melo Neto ¹ As amadas rebentam nas fontes do poema, as amadas não são a filha do rei, uma delas não sabe onde me encontrar; no pensamento vizinho ao meu cresce o desejo das amadas; vou apanhar os peixes da lua para a fome das amadas. Mas meu quotidiano irreparável perdendo suas formas volantes: – Por que as nuvens baixas pesando nos meus olhos? Onde as amadas para minha espera? ¹ João Cabral de Melo Neto * Recife, PE. – 9 de Janeiro de 1920 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 9 de Outubro de 1999 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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