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O que é o Pokémon Go e por que está causando tanto furor no mundo dos games?

O Pokémon Go já foi mais baixado que o Tinder e virou mania nos Estados Unidos, atraindo atração em todo o mundo. Mas o que é esse jogo? A BBC Brasil explica. Pessoas vestidas de Pikachu, que voltou a ser mania no mundo Image copyright AFP Por que as pessoas não param de falar de Pokémon de novo? Elas estão falando do Pokémon Go, um jogo de realidade aumentada parasmartphones. Ele usa seu GPS. Você joga andando pelo mundo real e caçando pequenos monstros virtuais como o Pikachu e Jigglypuff em lugares perto da localização do seu telefone e treinando-os para lutar uns contra os outros.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O sucesso vem da mistura de jogo e realidade. Na tela do telefone você vê o mundo real, como na câmera do seu celular, mas habitado por monstrinho do Pokémon. Os monstrinhos do jogo se tornaram populares pela primeira vez nos anos 1990, quando foram lançados no Game Boy da Nintendo. O Pokémon já foi jogo de Game Boy e Nintendo DS, desenho animado e é, há muito tempo, um jogo não tecnológico de troca de cartas, mas esta é a primeira vez que se torna um jogo de smartphone. O mundo que você vê na tela no Pokémon Go é o mundo que está a seu redor Image copyright EPA Aqui está um pequeno dicionário para você começar a entender um pouco mais do Pokémon: Pokemon = pocket monster (monstro de bolso) Pokestop = landmark (ponto de referência) Pokeball = uma bola que você joga para capturar o Pokemon e treiná-lo Academia = local onde os Pokémons lutam uns contra os outros Pikachu = Pokémon mais famoso e ícone da cultura japonesa E, como ele te obriga a se movimentar para jogar, ele também pode ajudar a queimar algumas calorias: Como posso jogar? O Pokémon Go já pode ser baixado pela App Store (iPhone) e Google Play (Android) em diversos países, como Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia. No Brasil, ainda não há data oficial de lançamento. A Niantic, desenvolvedora do jogo e ligada ao Google, havia decidido adiar o lançamento em outros países porque, com tanto usuários, o game estava tendo problemas. Mas nesta semana a empresa retomou a expansão do aplicativo, tornando-o disponível na Europa. Isso pode significar que o game estará disponível para brasileiros em breve. O jogo pode ser baixado de graça, mas assim como muitos aplicativos gratuitos, há coisas para comprar com dinheiro de verdade quando você já está jogando. Pessoas estão indo para locais que não frequntavam antes atrás de Pokemons Image copyright AP Qual foi a coisa mais estranha que aconteceu com alguém jogando? Hmm, pergunta difícil. Um mulher americana encontrou um corpo enquanto procurava um Pokémon em um rio perto da sua casa. A polícia disse que o homem havia morrido há menos de 24 horas. Quatro pessoas foram presas após usar o jogo para atrair participantes para locais remotos e roubá-los a mão armada. Em resposta, os criados do Pokémon Go disseram que as pessoas devem “jogar com amigos quando forem para lugares novos e desconhecidos” e “lembrar de se manter em segurança e alerta todo o tempo”. Polícia do Missouri publicou fotos de suspeitos de roubar usando o Pokémon Go O grupo homofóbico Westboro Baptist Church, nos Estados Unidos, é uma das locações das academias no jogo, e jogadores colocaram uma Pokemon “Crefairy”, que é rosa, chamada “Amor é amor” lá. O grupo – o mesmo que faz protestos homofóbicos em enterros de gays – respondeu com uma série de posts nas redes sociais chamando o Pokémon de sodomita. Também há muitos relatos de pessoas caindo e se machucando porque não prestam atenção no que está a sua frente ao jogar. Devo me preocupar com minha privacidade? Algumas pessoas disseram que, como o jogo funciona em tempo, se você está perto de outro jogador no game você provavelmente consegue vê-los na vida real. Quando você se inscreve no jogo, você permite que a Niantic Labs use sua localização e a compartilha pelo app. É a mesma coisa que todos os aplicativos de redes sociais pedem, mas no Facebook, Twitter e afins você pode desligar esta função, enquanto se você fizer isso no Pokémon Go você não consegue jogar o jogo direito. E esse sucesso estrondoso do jogo? O game é um sucesso mesmo. Ele acrescentou mais de US$ 7 bilhões de valor a Nintendo devido à subida das ações da empresa desde seu lançamento. O jogo parece estar fazendo sucesso em dois mercados – os adolescentes que estão jogando pela primeira vez e as pessoas com cerca de 30 anos que lembram da febre pela primeira vez e estão curtindo uma nostalgia. O Pikachu era assim quando apareceu na TV pela primeira vez, em 1997 Image copyrightAP O Pokémon Go já foi instalado em 5,16% de todos os smartphones com sistema Android nos EUA, de acordo com o site SimilarWeb. É quase o dobro do Tinder – e espera-se que, em breve, o app supere o Twitter em usuários ativos. Nos últimos 30 dias, o termo Pokémon Go foi buscado no Google quase tantas vezes quanto “Brexit”, a saída do Reino Unido da União Europeia. Até a pornografia, que sempre é muito buscada na internet, foi superada pelo interesse no app.

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Veja quatro truques para tirar mais proveito do seu celular

Os smartphones, como são conhecidos os celulares modernos, estão se tornando companhias inseparáveis do ser humano e precisam de cuidados e medidas para evitar problemas. Cada vez mais inseparáveis do ser humano, smartphones requerem medidas para aperfeiçoar uso – Image copyrightGetty Para aproveitar ao máximo esses acessórios tão importantes no mundo moderno, a BBC preparou um rápido guia com truques para ajudar a resolver quatro problemas típicos dos celulares: rompimento de cabos, baterias que se esgotam rápido demais, falta de espaço para memória e consumo exagerado dos planos de dados. 1. Cabos Usuários de iPhone costumam queixar-se da vulnerabilidade dos cabos de carregamento de seus telefones, que parecem quebrar, romper e rachar com certa frequência. Os truques para lidar com o problema, no entanto, podem ser úteis para usuários de outras marcas e aparelhos. Não há muito o que fazer: reforçar o cabo é a única solução. Entre os truques estão colocar a mola do mecanismo de acionamento de uma caneta para fazer o cabo algo mais maleável. Instalando-a próxima ao plug que se conecta ao telefone, evita-se dobras que possam quebrar a fiação. Um canudinho também pode ajudar, ou mesmo papel e fita adesiva. Também pode-se comprar um cabo já reforçado. Mola de caneta pode proteger fiação – Image copyrightThinkstock Além disso, guardar o cabo de forma correta e não esticá-lo demais devem evitar problemas maiores – ao menos por um tempo. 2. Baterias Mesmo com tantos avanços, as fabricantes de celulares não conseguiram resolver um antigo problema: a duração das baterias, sobretudo as dos smartphones. Truques ajudam a tirar melhor proveito e resolver problemas mais comuns com celulares modernos – Image copyrightThinkstock Há modelos cujas baterias rendem mais do que as dos outros, mas cedo ou tarde todas pedem para ser recarregadas. Leia também: 5 aplicativos para aprender idiomas pelo celular Mas alguns truques podem fazer com que as baterias durem mais. Entre eles está ajustar o brilho da tela. Para isso, vá em Configurações ou ajustes >> Tela ou brilho, dependendo do tipo de celular que você tem. Você também pode desativar a opção “brilho automático”, já que ela pode estar otimizada para ficar em um nível bem alto de brilho Outras dicas são desligar o alerta de vibração ao receber mensagens e ligações, reduzir o tempo de bloqueio da tela, e desligar as conexões WiFi e Bluetooth, para que o aparelho não permaneça procurando por elas. Também é importante desativar a função de localização constante por GPS, desativar o maior número possível de notificações, e evitar que aplicativos permaneçam funcionando em “segundo plano”, o que consome bateria mesmo que eles não estejam sendo utilizados. Leia também: Nove truques para fazer a bateria do celular durar mais 3. Memória Usuários de smartphones sabem que é difícil resistir à tentação de levar tudo nos aparelhos: fotos, mensagens, documentos, cópias de informações úteis, vídeos, jogos, etc. Isto, no entanto, invariavelmente leva à frustração de receber a mensagem de que não se pode mais bater fotos ou baixar aplicativos devido à falta de espaço de memória disponível. Leia também: Da cama ao banheiro: pesquisa revela hábitos do brasileiro ao celular Uma das principais dicas é priorizar. O que não é tão necessário deve entrar no topo da lista do que pode ser deletado, seguido de aplicativos que não são utilizados com frequência, filmes e vídeos que já não são assistidos e livros que não são lidos. Uso de smartphones cresce ao redor do mundo; dicas truqes ajudam a lidar com problemas – Image copyrightAFP Entre as dicas está habilitar um sistema automático para deletar vídeos recebidos por mensagens e determinar um período máximo de dias em que alguns podem ser salvos no aparelho. Outro truque é não salvar cópias de fotos se você utiliza a função HDR para maior qualidade, controlar quanto espaço da memória é destinado a aplicativos, e utilizar o sistema de “nuvens” para armazenar arquivos, fotos e vídeos. 4. Planos de dados Para fazer com que seu plano de dados dure mais tempo e não se esgote rapidamente no mês, uma das primeiras dicas é vigiar os downloads automáticos. As fotos e vídeos que são baixados em seu smartphone sem sua autorização são alguns dos principais vilões para esgotar seus dados. Para impedir que isso aconteça, basta desativar os downloads e reproduções automáticos em aplicativos como WhatsApp e redes sociais como o Facebook. Além disso, pode-se ter uma economia da franquia mensal de dados ao desativar o maior número possível de notificações desnecessárias e assinalar a opção “reduzir uso de dados” em navegadores como o Chrome ou Safari. Se o objetivo é economizar uso de dados, no entanto, o maior truque, de longe, é jamais atualizar qualquer aplicativo ou baixar atualizações de softwares fora de uma rede WiFi, e impedir que isso aconteça de forma automática. Fonte:BBC

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A responsabilidade da imprensa nas crises da era digital

Não há necessidade de ter um doutorado em comunicação para saber que uma manchete de jornal tem mais impacto na formação de opinião do que a leitura de uma reportagem, não importa se impressa, sonora ou digital. A média das pessoas não tem tempo e, muitas vezes, interesse em ler o texto integral de notícias sobre situações de crise como, por exemplo, a deflagrada pelo assassinato de jornalistas na revista francesa Charlie Hebdo. A manchete é a percepção que fica e que acaba servindo como base para que as pessoas formem a sua opinião. Quando um site noticioso publica a manchete “Em vídeo, Amedy Coulibaly diz ser do Estado Islâmico. Autor de ataque a mercado diz ter ajudado os irmãos Kouachi”, mas no texto na noticia afirma: “Um homem que seria Amedy Coulibaly, morto pela polícia após manter reféns em um mercado judeu de Paris, aparece em um vídeo publicado neste domingo (11) na internet”, não é difícil perceber que a publicação induziu o leitor a acreditar que Amedy é o protagonista do vídeo e da confissão de que participou do atentado. Casos como esse se repetem diariamente na imprensa, que invariavelmente justifica a distorção entre manchete e texto como uma decorrência da necessidade de condensar a informação num título de poucas palavras. Quem já trabalhou em jornal ou em telejornal sabe que sintetizar num título todo o conteúdo de uma notícia é uma tarefa muito complexa. Em geral erra-se mais do que se acerta. As justificativas técnicas são plausíveis, mas o problema não está aí, e sim nas consequências que a distorção provocará no público. A dinâmica industrial da maioria das redações contemporâneas leva os profissionais a priorizar as questões estéticas e as normas editoriais na elaboração de títulos e textos de abertura, deixando pouco tempo para a avaliação do contexto global de uma notícia. Sintetizar um fato, número ou evento em menos de 15 ou 20 palavras é um trabalho que exige muita reflexão e que não pode se transformar num ato mecânico porque os desdobramentos podem ser irreversíveis, principalmente agora, na era digital, quando a imprensa deixou de ser um coadjuvante na política mundial para ser um protagonista central.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] As normas editoriais foram desenvolvidas pelos veículos da imprensa para otimizar o processo de produção industrial de notícias. Só que, na era digital, a expansão geométrica na difusão de notícias e a ampliação das audiências fazem com que as consequências sociais da circulação viral de notícias passem a ser mais relevantes do que a eficiência da máquina de produção de conteúdos informativos. Isso faz com que a atitude dos jornalistas diante da sociedade passe a ser mais relevante do que sua capacidade de cumprir as regras dos manuais de redação. Entre os anos 1930 e 60, os governos eram os maiores responsáveis pelo desenvolvimento das percepções que alimentavam o processo de formação da opinião das pessoas. Na época de Hitler, e logo depois da Segunda Guerra Mundial, a grande imprensa tinha um papel secundário diante dos governos e exércitos. As rádios, por exemplo, seguiam incondicionalmente o roteiro da propaganda oficial. Já no período da Guerra Fria, os jornais e a televisão continuaram seguindo a estratégia governamental, mas passaram a usar o discurso da isenção e objetividade para tentar criar a percepção de independência. Agora na era digital surge um fenômeno novo. Os governos perderam o controle absoluto sobre a circulação de notícias. Meios de comunicação, como as redes sociais, passaram a ocupar um lugar privilegiado na formação das percepções públicas. Isso altera a postura dos jornalistas diante da busca, edição e publicação de notícias. Se por um lado a ditadura das normas editoriais está sendo relativizada pela evolução constante e acelerada das novas tecnologias, por outro os profissionais deixaram de ser patrulhados apenas pelos patrões e são agora submetidos ao criticismo cada vez mais agudo dos usuários de redes sociais. As percepções das audiências digitais são geradas de forma cumulativa por meio da recepção continuada de mensagens noticiosas. Hoje, uma percepção não segue mais um processo linear e causal como o que ocorre na leitura de uma reportagem ou análise num jornal ou documentário de TV. O contato das pessoas com a realidade representada pela imprensa ocorre de forma não organizada e é construída, cada vez mais, a partir do estabelecimento de correlações entre os dados noticiados. O caso Charlie Hebdo é um exemplo típico de como o conjunto de manchetes acaba gerando uma percepção diferente daquela que sugerida por textos sequenciais e causais. As manchetes induziram as pessoas a identificar o islamismo com radicalismo e terrorismo, embora nos textos esta associação fosse até condenada. O acúmulo de manchetes distorcidas ou descontextualizadas acaba gerando uma percepção que torna o islamismo um elemento indesejável em sociedades como a europeia, mais ou menos como os nazistas fizeram com a população alemã na relação com os judeus, antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Há uma enorme responsabilidade da imprensa e dos jornalistas em relação ao desenvolvimento de percepções públicas sobre o islamismo, que hoje reúne cerca de 1,6 bilhão de adeptos em 49 países, quase 1/3 da população mundial, e 62% deles morando na Ásia. Os jornalistas ainda não se deram conta de que o chamado fundamentalismo islâmico é protagonizado por uma minoria ínfima de seguidores do islamismo no mundo árabe. A obsessão com o combate ao terrorismo vai acabar associando todos os muçulmanos do planeta a uma percepção que não tem nada a ver com a realidade. Carlos Castilho/Observatório da Imprensa

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Petrobras e blog: a imprensa não mais será a mesma

Polêmica sobre o blog da Petrobras mostra o surgimento de um novo espaço público para debates no país A conjuntura eleitoral em Brasília está ofuscando a análise de questões de longo prazo relacionadas ao polêmico blog da Petrobras. O contexto político vai mudar porque depende das expectativas sucessórias para 2010, mas a reviravolta provocada pelo ingresso da maior empresa brasileira na blogosfera terá efeitos prolongados e que mudarão a cara da mídia nacional. Mais importante do que o bate boca sobre o direito ou não da Petrobras publicar as perguntas de jornais em entrevistas solicitadas à empresa é a questão da quebra de rotinas vigentes há décadas no relacionamento da imprensa com fontes oficiais e corporativas. Isto altera radicalmente uma questão chave que é a do acesso privilegiado à informação. A criação de weblogs como forma de falar diretamente com o público não foi inventada pela Petrobras. A ferramenta está vigente há quase três anos em governos como os dos Estados Unidos e por cerca de 15 milhões de blogs corporativos em todo mundo (12% do total de weblogs segundo dados do relatório State of the Blogosphere 2008). Os weblogs existem desde 1999, quando foram adotados por milhares de jovens em todo mundo que os transformaram em diários pessoais virtuais. O primeiro governo a entrar para valer na blogosfera foi Israel, que em 2006 lançou uma série de blogs patrocinados pelos ministérios da Defesa e Relações Exteriores. Um deles é produzido em Nova York pelo consulado local. Os blogs criaram um novo espaço público para interatividade entre cidadãos, empresas, governos e associações civis, tirando da imprensa escrita a exclusividade na mediação entre os diferentes protagonistas. Trata-se de uma ruptura com o modelo tradicional, cujos efeitos provocam perplexidade, especialmente entre os jornalistas. O sistema de construção da agenda pública também passa por mudanças consideráveis na medida em que o modelo centralizado baseado na mídia convencional começa a dividir espaços com um sistema descentralizado e caótico como é o da blogosfera, por onde circulam aproximadamente 10 milhões de brasileiros, cerca de 50% do total dos que têm acesso à internet no Brasil, segundo estimativas feitas com base em dados dos sites Technorati e Ibope/Nielsen. A polêmica em torno do blog da Petrobras é um divisor de águas na blogosfera tupiniquim porque introduz oficialmente esta temática na agenda nacional, o que vai acabar estimulando a participação de novos protagonistas, entre os quais há rumores de adesões até entre as Forças Armadas. Leitores do Código que postaram comentários sobre o caso Petrobras/Jornais chegaram a alegar que a polêmica poderia estimular até mesmo o casal Nardoni (acusado de matar a própria filha) de criar um blog para tentar melhorar sua imagem pública. A insinuação abre uma nova área de debates ao colocar em questão o direito de qualquer pessoa, inclusive criminosos, criar o seu próprio blog, para participar da cacofonia digital. Gostando ou não é o sinal dos novos tempos da arena da informação pública. Esta ampliação da liberdade de expressão extrapola todos os limites existentes até agora e empurra o consumidor de informações para novos hábitos e valores – num ambiente que vai provocar uma polarização entre os que resistem aos efeitos de mudanças e os que apostam no novo. É uma nova clivagem política tomando corpo na sociedade brasileira ao lado da tradicional divisão entre esquerda e direita. Este é o grande tema latente em toda a ruidosa polêmica em torno do blog de Petrobras. por Carlos Castilho

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Castelos de papel, tela e areia

Mais do que nunca, é preciso cuidar para que a qualidade sempre exigida no jornalismo impresso se mantenha no jornalismo eletrônico OS TEMPOS são terríveis para os jornais impressos nos EUA e na Europa. A crise econômica acelerou o desgaste do modelo econômico dessa indústria nos países centrais do capitalismo e os efeitos são visíveis. Na sexta-feira, circulou a última edição em papel do centenário e excelente “Christian Science Monitor”. Na quinta, o “New York Times” anunciou corte de 5% por nove meses no salário de quase todo o seu pessoal, mais um gesto extremo para tentar melhorar suas contas, e o “Washington Post” deu partida a processo de demissões voluntárias. Na terça, quatro cidades do Estado de Michigan, inclusive Ann Arbor, sede da Universidade de Michigan, souberam que este ano ficarão sem nenhum jornal impresso porque o único em cada uma delas (todos pertencentes a uma rede) vai deixar de circular. Semanas atrás, dois tradicionais títulos, o “Rocky Mountain News” e o “Seattle Post Intelligencer” haviam deixado de rodar e passado a operar só na internet. A Federação Européia de Jornalistas, em atitude clara de desespero, pediu aos líderes dos partidos no Parlamento Europeu que os governos salvem os jornais impressos, “pedra angular da democracia europeia”, segundo dizem no documento. A administração Sarkozy, na França, já seguiu nessa direção com um pacote de 600 milhões de euros de socorro aos diários. Nos EUA, o senador Benjamin Cardin, democrata do Maryland, argumenta com seus pares que os jornais merecem tanto auxílio quanto os bancos. Esse apelo ao Estado é um atentado contra o princípio essencial da independência, condição indispensável para o exercício do bom jornalismo. A sobreviver como apêndice de governos, é melhor perecer. Apesar de todos esses indícios, e dos prenúncios sombrios para os jornais no mais recente relatório do “State of the News Media” (), o jogo ainda não está jogado nem lá nem muito menos aqui no Brasil. Mas a tendência da migração do jornalismo do papel para a tela é irredutível, mesmo que as versões impressas se mantenham. Por isso, mais do que nunca, é preciso cuidar para que a qualidade sempre exigida no produto impresso se mantenha no eletrônico. Esta semana, na cobertura da Operação Castelo de Areia, a versão on-line da Folha deu uma derrapada feia, em decorrência de vícios estruturais dessa plataforma: a pressa em colocar no ar informações e a frouxidão dos controles. A terceira chamada da página inicial da Folha Online tinha um título errado (“PT pode ser investigado por doações da Camargo”), sem nenhuma base nas informações disponíveis. O erro, que não apareceu no jornal impresso, foi corrigido e o título mudado. O rigor e o cuidado imprescindíveis no jornal impresso devem ser obrigatórios no eletrônico. As sociedades democráticas podem até sobreviver sem jornalismo de papel, mas sem jornalismo independente serão castelos de areia. Folha de São Paulo – De Carlos Eduardo Lins da Silva, ombudsman

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