Capital italiana reflete caos social e político do país
Por que a extrema direita brasileira ama a Idade Média europeia.
A queima dos livros marcou o auge da perseguição aos intelectuais. Deveriam ser banidos, sobretudo, livros de filosofia, sociologia, história e ciências políticas.
Após fugir dos nazistas quando criança, Ruth Weiss se mudou para a África do Sul. Agora a autora de 94 anos está em turnê, com o sexto volume de sua saga sobre a família judaica Löw. A DW a encontrou para uma conversa. Ruth Weiss nasceu em 26 de junho de 1924 em Fürth, Baviera, como Ruth Löwenthal. Em 1936, sua família emigrou para a África do Sul e abriu uma mercearia em Johanesburgo. Como jornalista, ela lutou contra o apartheid, motivo por que foi forçada a deixar o país em 1966. Morou na então Rodésia do Sul (atual Zimbábue), na Zâmbia e em Londres. Em 1992 retirou-se para a Ilha de Wight para escrever. Dez anos mais tarde retornou para a Alemanha, morando em Lüdinghausen, na região de Münster. Desde 2015 vive com o filho, na Dinamarca. Aos quase 95 anos, ela se encontra em turnê pela Alemanha, onde acaba de ser lançado o sexto volume de seu ciclo de romances, Die Löws – Nachspiel. Eine jüdische Familiensaga in Deutschland. (literalmente: “Os Löws – Postlúdio. Uma saga familiar judaica na Alemanha”). A DW a entrevistou sobre o país antes e agora. DW: O novo volume de sua grande saga familiar, contada ao longo de 350 anos, acaba de ser publicado. Esse livro nos leva até o ano de 2015: neonazistas, a morte de uma requerente de asilo. O que a senhora queria contar com a história de Pippa, a bisneta do judeu alemão Adolph Löw? Ruth Weiss: Que há uma grande ruptura entre a geração de hoje e o que aconteceu no passado. É um longo tempo, embora não se tenham passado nem 100 anos desde o início do nazismo. Os descendentes são como a personagem principal do meu romance, que se muda para uma casa herdada sem se preocupar a quem ela pertencia antes. Só um incêndio lhe dá o impulso de investigar. É então a primeira vez que ela é confrontada com a história de sua família. O assunto também é reconciliação? Sim, se trata de reconciliação. A compreensão surge através de histórias particulares, não da grande política. A senhora vai continuar sua narrativa? Depende da editora. A princípio, na verdade, meu ciclo de romances não foi concebido como uma saga familiar. Depois que me aposentei, estive em Fürth, onde nasci, e comecei a ler histórias judaicas do passado, começando no século 17. Foi quando eu descobri que os judeus sem teto naquela área tinham um grande problema na época: não podiam permanecer num lugar por mais de 72 horas. Então vagavam de uma comunidade judaica para outra. Mas por causa do grande número de propriedades dos governantes, e por eles terem que pagar algo cada vez que cruzavam a fronteira, era um fardo enorme para essas pessoas pobres. Comecei a escrever minha história, e depois do primeiro volume a editora quis uma continuação. Capa da edição alemã de “Os Löws – Postlúdio. Uma saga familiar judaica na Alemanha” A senhora tem programação cheia nesta turnê: leitura numa escola pela manhã, entrevista extensa à tarde, à noite mais uma leitura e bate-papo. Por que ainda considera tão importante contar sua história pessoal e outras narrativas na forma de romance? Não sou sobrevivente de nenhum campo, claro. Sou uma sobrevivente que teve a tremenda sorte de emigrar e também de poder escrever. Isso significa que aprendi a comunicar como era na época – e foi realmente muito tempo atrás. Acredito que isso é importante, sobretudo para os jovens. Enquanto puder, quero seguir fazendo isso. Como reagem os jovens, em geral? Surpreendentemente interessados. Nos dias em que estive em turnê de leitura, não tivemos transtornos, ninguém se levantou, foi embora ou se comportou mal. Pelo contrário: desta vez houve muito mais perguntas do que o usual. Acho que tem a ver com a atual situação política, que hoje em dia também haja refugiados, muito mais do que no meu tempo. A senhora cresceu num vilarejo perto de Nurembergue. Com a tomada do poder pelos nazistas, a vida se tornou insuportável para a sua família. A senhora se mudou para Fürth, onde frequentou a escola secundária judaica. Quais são suas lembranças desses dias? Os anos no vilarejo e na escola foram muito bons. Nós, as crianças, estávamos completamente integradas. Meus pais, é claro, não pertenciam ao lugar. Havia um assentamento, e é lá que vivíamos, éramos os únicos judeus. Logo ao lado morava o professor. O que ignorávamos é que ele era um membro do NSDAP [o partido nacional-socialista]. A influência dos nazistas foi tão grande que, mesmo no vilarejo, a mudança se deu de forma muito rápida. Comício nazista em Nurembergue Em 1936, aos 12 anos, a senhora emigrou com sua família para a África do Sul. Por que esse país? Em abril de 1933, meu pai tinha perdido o emprego. Ele tinha parentes emigrados para a África do Sul no início do século 20 e que estavam dispostos a afiançá-lo. Naquela época, a África do Sul ainda estava aberta a imigrantes, havia demanda de brancos. Pelo menos até perceberem que tínhamos a cor da pele certa, mas a religião errada. Primeiro a senhora trabalhou num escritório de advocacia, depois na livraria de seu primeiro marido, o jornalista Hans Weiss, também numa seguradora e, em Londres, numa editora. Como chegou ao jornalismo? Devido ao paternalismo. Weiss tinha sido jornalista do Berliner Tageblatt, e eu trabalhava numa companhia de seguros. Não pude estudar, pois não havia dinheiro. Então, logo após me formar, comecei a trabalhar. A partir dos anos 50, Hans Weiss era correspondente da Deutsche Presseagentur no sul da África. Quando começou, ainda havia o VWD [Serviços Econômicos Unidos], responsável pela seção de negócios. Como eu tinha um cargo muito alto no setor de seguros e, portanto, algo a ver com economia, Hans disse para eu tomar conta disso. Então, no começo escrevia apenas as histórias de negócios – sob o nome dele. Na época, a África do Sul era bastante interessante para as mídias alemã e inglesa, mas não o
A Revista Samuel reproduz o texto de Umberto Eco “Ur-Fascismo”, produzido originalmente para uma conferência proferida na Universidade Columbia, em abril de 1995, numa celebração da liberação da Europa: Wikicommons – Hitler e Mussolini em Munique, em 1940 “O Fascismo Eterno” Em 1942, com a idade de dez anos, ganhei o prêmio nos Ludi Juveniles (um concurso com livre participação obrigatória para jovens fascistas italianos — o que vale dizer, para todos os jovens italianos). Tinha trabalhado com virtuosismo retórico sobre o tema: “Devemos morrer pela glória de Mussolini e pelo destino imortal da Itália?” Minha resposta foi afirmativa. Eu era um garoto esperto. Depois, em 1943, descobri o significado da palavra “liberdade”. Contarei esta história no fim do meu discurso. Naquele momento, “liberdade” ainda não significava “liberação”. Passei dois dos meus primeiros anos entre SS, fascistas e resistentes, que disparavam uns nos outros, e aprendi a esquivar-me das balas. Não foi mal exercício. Em abril de 1945, a Resistência tomou Milão. Dois dias depois os resistentes chegaram à pequena cidade em que eu vivia. Foi um momento de alegria. A praça principal estava cheia de gente que cantava e desfraldava bandeirolas, invocando Mimo, o líder a resistência na área, em alto brado. Mimo, ex-suboficial dos carabinieri, envolveu-se com os partidários do marechal Badoglio e perdeu uma perna nos primeiros confrontos. Apareceu no balcão da Prefeitura, apoiado em muletas, pálido; tentou acalmar a multidão com uma mão. Eu estava ali esperando seu discurso, já que toda a minha infância tinha sido marcada pelos grandes discursos históricos de Mussolini, cujos passos mais significativos aprendíamos de cor na escola. Silêncio. Mimo falo com voz rouca, quase não se ouvia. Disse: “Cidadãos, amigos. Depois de tantos sacrifícios dolorosos… aqui estamos. Glória aos que caíram pela liberdade…”. E foi tudo. Ele voltou para dentro. A multidão gritava, os membros da resistência levantaram as armas e atiraram para o alto, festivamente. Nós, rapazes, nos precipitamos para recolher os cartuchos, preciosos objetos de coleção, mas eu tinha aprendido então que liberdade de palavra significa também liberdade da retórica. Alguns dias depois vi os primeiros soldados norte-americanos. Eram afro-americanos. O primeiro ianque que encontrei era um negro, Joseph, que me apresentou às maravilhas de Dick Tracy e Ferdinando Buscapé. Seus gibis eram coloridos e tinham um cheiro bom. Um dos oficiais (o major ou capitão Muddy) era hóspede na casa da família de dois dos meus companheiros de escola. Sentia-me em casa naquele jardim em que alguns senhores amontoavam-se em torno ao capitão Muddy, falando um francês aproximativo. O capitão Muddy tinha uma boa educação superior e conhecia um pouco de francês. Assim, minha primeira imagem dos libertadores norte-americanos, depois de tantos caras-pálidas de camisa negra, era a de um negro culto em uniforme cáqui que dizia: “Oui, merci beaucoup Madame, moi aussi j’aime le champagne…” Infelizmente, faltava o champagne, mas ganhei do capitão Muddy o meu primeiro chiclete e comecei mastigando o dia inteiro. De noite colocava o chiclete em um copo d’água para que ficasse fresco para o dia seguinte. Em maio, ouvimos dizer que a guerra tinha acabado. A paz deu-me uma sensação curiosa. Haviam me dito que a guerra permanente era a condição normal de um jovem italiano. Nos meses seguintes descobri que a Resistência não era apenas um fenômeno local, mas Europeu. Aprendi novas e excitantes palavras como “reseau”, “maquis”, “armée secrète”, “Rote Kapelle”, “gueto de Varsóvia”. Vi as primeiras fotografias do Holocausto e assim compreendi seu significado antes mesmo de conhecer a palavra. Percebi que havíamos sido liberados. Hoje na Itália existem algumas pessoas que se perguntam se a Resistência teve algum impacto militar real no curso da guerra. Para a minha geração a questão é irrelevante: compreendo imediatamente o significado moral e psicológico da Resistência. Era motivo de orgulho saber que nós, europeus, não tínhamos esperado passivamente pela liberação. Penso que, também para os jovens norte-americanos que derramaram seu sangue pela nossa liberdade, não era irrelevante saber que atrás das linhas havia europeus que já estavam pagando seu débito. Hoje na Itália tem gente que diz que a Resistência é um mito comunista. É verdade que os comunistas exploraram a Resistência como uma propriedade pessoal, pois realmente tiveram um papel primordial no movimento; mas lembro-me dos resistentes com bandeiras de diversas cores. Grudado ao rádio, passava as noites — as janelas fechadas e a escuridão geral faziam do pequeno espaço em torno ao aparelho o único halo luminoso — escutando as mensagens que a Rádio Londres transmitia para a Resistência. Eram, ao mesmo tempo, obscuras e poéticas (“Ainda brilha o sol”, “As rosas hão de florir”), mas a maior parte eram “mensagens para Franchi”. Alguém soprou no meu ouvido que Franchi era o líder de um dos grupos clandestinos mais poderosos da Itália do Norte, um homem de coragem legendária. Franchi tornou-se o meu herói. Franchi (cujo verdadeiro nome era Edgardo Sogno) era um monarquista tão anticomunista que, depois da guerra, se uniu a um grupo de extrema direita e foi até acusado de ter participado de um golpe de Estado reacionário. Mas que importa? Sogno ainda é o sonho da minha infância. A liberação foi um empreendimento comum de gente das mais diversas cores. Hoje na Itália tem gente que diz que a guerra de liberação foi um trágico período de divisão, e que precisamos agora de uma reconciliação nacional. A recordação daqueles anos terríveis deveria ser reprimida. Mas a repressão provoca neuroses. Se a reconciliação significa compaixão e respeito por todos aqueles que lutaram sua guerra de boa-fé, perdoar não significa esquecer. Posso até admitir que Eichmann acreditava sinceramente em sua missão, mas não posso dizer: “Ok, volte e faça tudo de novo”. Estamos aqui para recordar o que aconteceu e para declarar solenemente que “eles” não podem repetir o que fizeram. Mas quem são “eles”? Se pensamos ainda nos governos totalitários que dominaram a Europa antes da Segunda Guerra Mundial, podemos dizer com tranquilidade que seria muito difícil que eles retornassem sob a mesma forma, em circunstâncias históricas diversas. Se o fascismo de Mussolini baseava-se na ideia
“Ser da esquerda é, como ser da direita, uma das infinitas maneiras que um homem pode escolher para ser um perfeito imbecil. Ambas, com efeito, são formas de hemiplegia moral.” Ortega y Gasset [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]
“O homem pode amar o seu semelhante até ao ponto de morrer por ele; mas não o ama tanto que trabalhe em seu favor.” Pierre-Joseph Proudhon [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]
É destoante o discurso adotado pela maioria da esquerda brasileira com a realidade política e suas ações. Dizem uma coisa e fazem outra. Prevalece o fisiologismo desde quando chegou ao poder. O povo não é bobo e a militância é cada vez mais qualificada e antenada com o que vem acontecendo. Ninguém quer seguir a manada, são cabeças pensantes. Não tem arrego. Não tem conformismo. Tem desejo de um brasil verdadeiramente melhor e uma classe política condizente com a realidade atual.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Hoje se discute mais política do que novela e futebol, ainda bem. As discussões sobre assuntos políticos ganharam as redes sociais, seja para acompanhar um julgamento importante no STF ou até mesmo ouvir os cansativos debates na Comissão Especial do Impeachment, aturar Janaina Paschoal com suas mirabolantes teses, é dose para leão. Como disse a raposa Renan Calheiros, “Janaina é chata”. A massa crítica sabe bem que o impeachment da legitimamente eleita Dilma Rousseff, tem o dedo do PT e de movimentos sociais. A esquerda cortou literalmente na própria carne. Com razão encostou Dilma na parede, afinal ela fez um discurso e na prática mudou quase tudo. O dedo do PT está em não reconhecer que o agressivo, mau perdedor e corrupto Aécio Neves não deixaria barato a quarta derrota do PSDB para o PT e que partiria para o tudo ou nada. O PT ignorou este fato e passou a também criticar e minar Dilma. Pouco a pouco deu no que deu, não precisa ser explícito, quem quer enxerga a realidade fora da manada, enxerga. Dilma aprendeu, o PT ainda não. Após se eleita com mais de 54 milhões de votos, Dilma não se comunicava e pior, se escondia do povo, diferente do que faz hoje. Neste quesito ela mudou tudo, que bom. Dilma parece ter aprendido a lição rapidamente, pois a aliança foi perdida, restaram os dedos e é preciso salvá-los. Hoje Dilma fala ao vivo pelo Facebook, tem blog, “vaquinha” para viajar, concede entrevista para mídia alternativas como a excelente Mídia Ninja, entre outras. Dilma se vira nos trinta. Dilma se esforça para falar a linguagem do povão, aos poucos tem conseguido, seu esforço é louvável. Dilma incrivelmente descobriu que sorrir faz um bem danado! Dilma errou e ainda vai errar outras vezes, faz parte do processo de evolução, ela é humana. Agora permanecer nos mesmos erros é burrice, tenha a santa paciência. É isto que o PT vem fazendo, insistindo nos mesmos erros. Ontem o PT teve uma oportunidade de ouro para iniciar o processo de cura, de limpeza, de descarrego. Dizem que oportunidade boa é como cabelo em cabeça de careca, quando surge é melhor agarrá-la com todas as forças. Pois não é que o PT jogou fora a tal oportunidade. Pode parecer banal um mandato tampão de apenas seis meses para presidência da Câmara e seria se o momento político fosse outro. Se não tivéssemos um processo de golpe em fase final. O PT engoliu o “cavalo de troia” do PMDB, o deputado candidato Marcelo Castro. De duas uma, ou o PT e seu sócio PCdoB não aprenderam coisa alguma do convívio diário com as raposas peemedebistas ou simplesmente são irresponsáveis, cúmplices, farinha do mesmo saco. Ontem a esquerda mostrou para seus eleitores e a militância ativa que o velho fisiologismo prevalece. A fatura da decisão do PT, PCdoB e PDT de apoiar primeiramente Marcelo Castro (PMDB-PI) e depois eleger Rodrigo Maia (DEM-RJ), terá um preço alto e quem pagará será o povo mais pobre, quem estes partidos deveriam proteger. Em suas primeiras declarações, Maia mostra ao que veio e que não é segredo para ninguém, muito menos para os partidos de esquerda – “Os deputados são eleitos não apenas para aumentar despesas e serem aplaudidos. Estamos aqui também para votar aquilo que seja impopular”,(leia mais aqui). Rodrigo Maia disse ainda, que sua vitória só foi possível graças ao apoio dos partidos de oposição ao governo do presidente interino, Michel Temer. “Sem a esquerda não venceria. O resultado da votação provou que é possível construir um novo momento. Tivemos votos da base e da oposição”. Voltemos a sessão de descarrego que a esquerda perdeu ontem… A esquerda que chegou ao poder com Lula e Dilma, parece ter esquecido dos tempos das “vacas magras”, quando fazia oposição de verdade ao FHC. Luiza Erundina do PSOL era candidatura mais cotada entre os esquerdistas, recebeu incríveis 22 votos e o outro candidato, Orlando Silva do PCdoB, inesperados 16 votos, que somados aos 70 votos do “cavalo de troia” Marcelo Castro, poderia levar Erundina ao segundo turno e a possibilidade de sonhar com uma vitória, no mínimo uma derrota digna. Já sabemos que o final desse filme continua queimado. A ex-petista Erundina, hoje no PSOL, era a oportunidade de ouro para o PT melhorar sua imagem, mostrar ao povo que merece um voto de confiança, que vai lutar contra tudo aquilo de ruim que praticou na última década. Que vai abandonar o fisiologismo e liderar os partidos de esquerda em prol de um brasil mais progressista, mais igualitário, com mais direitos humanos, mais educação para todos, mais cuidado com o povo pobre, com as mulheres e com os índios. Nada disso aconteceu, o PT continua letárgico. A dita esquerda precisa afinar o discurso com a prática, falar e fazer. O povo não é bobo e a massa crítica só aumenta. Do Facebook de Anselmo Souto: “Eu não sei se conversam entre si para alguma estratégia, mas uma coisa é clara os articuladores são muito ruins, e isso só mostra como os partidos de esquerda são desunidos, e são em todos os estados e municípios e mostra que nada aprenderam com a bola nas costas que tomaram do PMDB!” Também pelo Facebook Zilda De Melo Torralvo se manifestou: “Os partidos de esquerda são muito ingênuos, deveriam ter apoiado a Erundina, ela teria recebido votos suficientes para que pudesse disputar, pelo menos, o segundo turno e quem sabe, sair vitoriosa, se não revertermos o golpe,
O papel do jornalismo na polêmica da xenofobia ideológica As redes sociais não são a causa mas sim meras facilitadoras do discurso do ódio. Um debate sobre o ódio ideológico nas redes sociais recentemente realizado numa dependência da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul foi interrompido por um grupo de manifestantes porque o evento, do qual participavam vários jornalistas, foi promovido pela deputada estadual Manuela D’Ávila, do PC do B. A suspensão do debate marcou o grande paradoxo da situação que estamos vivendo: o radicalismo e a xenofobia impediram a discussão sobre as causas e consequências da radicalização ideológica que tomou conta das redes sociais na internet e ameaça contaminar toda a sociedade. As redes sociais são hoje a principal arena da batalha ideológica no Brasil, mas o problema não está na internet, ao contrário do que deixam transparecer muitos órgãos da imprensa e diversos formadores de opinião. A internet é apenas a plataforma na qual se expressam as tendências políticas e a xenofobia ideológica. O problema está nas pessoas, e não na plataforma por onde circulam as mensagens.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Jornais, revistas e telejornais jogam a responsabilidade sobre a internet tentando não assumir um papel proativo na questão que envolve toda a sociedade, pois as consequências de uma radicalização política serão sentidas por todos. As páginas noticiosas online adotam a tradicional atitude de “olhar para o outro lado”, tentando não se meter numa polêmica que envolve os seus usuários. O problema é grave porque envolve questões conjunturais e estruturais. A margem de tolerância ideológica que caracterizou a politica nacional e a cobertura da imprensa entre 2002 e 2013 ( períodos Lula e primeiro governo Dilma) acabou em 2014 por conta da possibilidade de o Partido dos Trabalhadores ganhar a eleição presidencial de 2018, na mais longa dinastia partidária desde a redemocratização do país. A conjuntura política criada pelo temor de um continuísmo do PT sacudiu a estrutura ideológica do país onde as diferenças sociais e políticas continuam tão profundas quanto a desigualdade econômica. O ambiente de tolerância evaporou-se quando o segmento conservador da sociedade brasileira se deu conta que o populismo reformista de Lula poderia entranhar-se na estrutura governamental do país. A partir daí criaram-se as condições para que o discurso do ódio e da xenofobia ganhasse corpo tanto num lado como no outro do espectro político-ideológico. A imprensa acabou refém desta polarização. Ora participa dela apoiando um lado, ora lamenta, mas não examina as causas e consequências. Os poucos jornais e jornalistas que decidem tocar no problema acabam pagando o preço da radicalização. Começamos a reviver parcialmente o clima prévio e posterior ao golpe de 1964. O ódio nas redes sociais é protagonizado por segmentos sociais que integram a mesma audiência de veículos como a televisão e o público leitor da imprensa escrita. A xenofobia aparece nas redes sociais porque o ambiente virtual facilita a manifestação do discurso do ódio ideológico. Mas a causa do fenômeno não está na internet, que é apenas um facilitador. Levado ao pé da letra, o problema poderia reviver a metáfora da eliminação do mensageiro para acabar com as más notícias. As consequências também não serão restritas ao terreno cibernético. Todos nós acabaremos pagando a conta da radicalização, por meio de um eventual novo retrocesso na busca de uma justiça social no país. A imprensa e os jornalistas precisam tomar consciência de que o avanço da radicalização leva ao agravamento do impasse ideológico que, por sua vez, tende a gerar situações extremas, em que o jornalismo quase sempre é uma das primeiras vitimas. Não importa qual q plataforma em que ele é exercido, online ou offline. Já foi assim em 1964, no Brasil. Acabou se repetindo na versão oposta, na Venezuela. A sobrevivência do que chamamos de jornalismo depende de que os profissionais assumam hoje o seu papel de patrulheiro (watchdog) da preservação de tolerância como condição essencial para a sobrevivência da profissão. O episódio do debate em Porto Alegre mostrou que uma eventual tomada de posição de jornais e de jornalistas pode acabar sendo associada a um dos lados envolvidos na polarização ideológica. Este é o risco histórico de uma profissão que, aqui e no resto do mundo, sempre teve que enfrentar opções pouco confortáveis. Por Carlos Castilho/Observatório da Imprensa