Arquivo

A história é outra história

Da série:”A história eu conto como a história é.” 1.Vietnã – 1964 Os EUA mentiram sobre o incidente no Golfo de Tonkin para arrastar a nação para um conflito desnecessário. 2.Kuwait – 1990 Os EUA mentiram sobre soldados iraquianos tirando bebês de incubadoras para reunir apoio para uma guerra contra o Iraque. 3.Sérvia – 1999 Os EUA mentiram sobre as ações sérvias em Kosovo para justificar bombardeios da OTAN e expandir a influência ocidental nos Balcãs. 4. Afeganistão – 2001 Os EUA mentiram sobre suas razões para invadir, escondendo os verdadeiros objetivos relacionados à política de oleodutos e campos de ópio. 5. Iraque – 2003 Os EUA mentiram sobre Saddam Hussein ter armas de destruição em massa para justificar uma guerra por petróleo. 6. Líbia – 2001 Os EUA mentiram sobre as ameaças de Gaddafi aos civis para estabelecer controle sobre os recursos do norte da África. 7. Síria – 2013 Os EUA mentiram sobre o uso de armas químicas por Assad como desculpa para derrubar um regime soberano. 8. Ucrânia – 2014 Os EUA mentiram sobre a agressão russa para avançar o cerco da OTAN às fronteiras russas. Mas desta vez devemos acreditar que os EUA estão nos dizendo toda a verdade sobre o conflito Israel-Palestina. PS. Basta pesquisar!

Leia mais »

Toynbee e fim de impérios

Nenhum império se perpetuou.Todos um certo momento caíram.Basta ler o grande historiador inglês Toynbee que escreu 10 volumes sobre a história das civilizações. Foi o último a fazer esta peripécia.Descreve o nascimento,a ascensão e a queda das civilizações. Agora é a nossa vez?

Leia mais »

TRF4 – Lula, Thopmson Flores e Antonio Conselheiro

Qual a verdadeira história do antepassado do presidente do TRF-4 que Lula diz ter matado Antônio Conselheiro   Tropas militares foram trucidadas ao chegar a Canudos | Foto: Flávio de Barros/Wikicommons Ao classificar erroneamente de “general que matou Antônio Conselheiro” o militar Thomaz Thompson Flores, antepassado do presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esbarrou num episódio pouco lembrado da história brasileira: a atuação do Exército, e particularmente de tropas estacionadas no Rio Grande do Sul, no esmagamento do arraial rebelde de Canudos. Thompson Flores não era general, e sim coronel. Tampouco era bisavô, e sim tio trisavô do desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, que preside a Corte encarregada de julgar, na quarta-feira (24), o recurso de Lula da sentença condenatória proferida pelo juiz federal Sergio Moro no processo do tríplex do Guarujá. Ele também não matou Conselheiro, que morreu durante o cerco a Canudos, no dia 22 de setembro de 1897, provavelmente de inanição. Quando o líder do povoado insurreto morreu, o militar citado por Lula já estava morto havia cerca de três meses. Na campanha de Canudos, um arraial miserável do interior da Bahia resistiu e foi vitorioso contra três expedições militares. A terceira, em março de 1897, opôs 1,3 mil homens sob o comando de um dos mais destacados oficiais da época, o coronel Antônio Moreira César, à cidadela de jagunços armados com bacamartes e facas. Mesmo assim, as tropas foram trucidadas ao chegar a Canudos – um total de 126 militares, incluindo o comandante, morreram em combate. O povoado só foi aniquilado à custa de um dos maiores massacres perpetrados em solo brasileiro, no qual prevaleceu a prática da degola de prisioneiros pelos vitoriosos. O episódio deu origem a um clássico da literatura latino-americana – Os sertões (1902), de Euclides da Cunha – e provocou uma crise militar que as Forças Armadas levariam anos para superar. ‘Pomba branca abatida em voo’ Poucas baixas exprimem de forma tão crua os erros do Exército em Canudos como a de Thompson Flores. Ele fez parte da quarta e última expedição enviada contra o povoado sertanejo, em junho de 1897. No combate do Morro da Favela, em 28 de junho de 1897, ele marchou à frente da 3ª Brigada de Infantaria contra o inimigo entrincheirado. Destemido, levava sobre o dólmã branco os galões dourados de oficial, que funcionavam como farol para a mira dos sertanejos sob o sol do sertão. Um tiro acertou-lhe o coração e derrubou-o da montaria. Um dos que não esqueceu a cena foi Antônio Beatinho, sacristão de Canudos, aprisionado meses depois. Em interrogatório, ele disse que o coronel “parecia uma pomba branca, ferida no voo por uma flecha”. Teatro de um dos mais longos levantes contra o nascente regime republicano, a Revolução Federalista (1893-1895), o Rio Grande do Sul contava na época com o segundo maior contingente militar do país, inferior apenas ao Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Arraial miserável do interior da Bahia resistiu a três expedições militares | Foto: Flávio de Barros/Wikicommons Um total de 11 batalhões sediados ou provisoriamente transferidos para solo gaúcho somou-se às forças da quarta expedição. O Exército contabilizou 374 mortos dessas unidades entre oficiais e soldados em Canudos – mais de um terço do total de baixas das forças legais nas quatro expedições. Mesmo comandantes de outras regiões com passagem pelo Rio Grande do Sul adotaram hábitos gaúchos no linguajar, na indumentária e na alimentação. O comandante da última expedição, Artur Oscar de Andrade Guimarães, nascido no Rio de Janeiro, aparece numa imagem feita pelo fotógrafo do Exército Flávio de Barros com lenço branco no pescoço – símbolo político dos castilhistas no Rio Grande. O maranhense Tupy Caldas habituou-se ao chimarrão e ao churrasco. Fotografias produzidas para fins de propaganda mostram homens de chapéus de abas largas e bombachas e espetos com carne assada à moda gaúcha nos acampamentos. Um tipo de guerra diferente Na Bahia, os combatentes do Sul encontraram um tipo de guerra diferente. Acostumados ao combate em campo aberto, com choques de piquetes e cargas de lança, foram detidos pela paisagem estéril, com vegetação seca e espinhosa, calor sufocante e leitos secos de rios. A cavalaria, prezada pelas forças sulinas como arma por excelência dos “centauros dos pampas”, teve papel insignificante nos combates em razão das árvores e arbustos cerrados da caatinga e foi relegada a missões de reconhecimento e arrebanhamento de gado. O julgamento mais severo de Thompson veio da pena do mais célebre cronista do conflito. Em Os sertões, Euclides narra sua chegada à região e descreve o momento de sua morte. Seu diagnóstico é elogioso, mas severo: “Era (Thompson) um lutador de primeira ordem. Embora lhe faltassem atributos essenciais de comando e, principalmente, esta serenidade de ânimo, que permite a concepção fria das manobras dentro do afogueamento de um combate – sobravam-lhe coragem a toda a prova e um quase desprezo pelo antagonista por mais temeroso e forte, que o tornavam incomparável na ação”. Povoado só foi aniquilado à custa de um dos maiores massacres perpetrados em solo brasileiro | Foto: Flávio de Barros/Wikicommons Em seguida, critica a maneira como realizou o ataque que lhe custou a vida: “Fê-lo indisciplinadamente autônomo, sem determinação superior e com o intento firme de arrebatar, numa carga única, até a praça das igrejas, vitoriosos, os mesmos soldados que lá se tinham debandado, vencidos, quatro meses antes”. Em resumo, o autor de Os sertões ressalta a coragem do coronel, mas reprova-lhe o estilo impulsivo e indisciplinado e a desatenção com os aspectos estratégicos e táticos da luta. Esse juízo desfavorável provavelmente refletia a opinião de parte da oficialidade (o escritor era ex-militar e acompanhou o conflito como repórter do jornal O Estado de S. Paulo incorporado às forças legalistas). Euclides compara também Thompson a Moreira César, considerado responsável pelo desastre da terceira expedição, pelo qual pagou com a própria vida. Thompson Flores firmara reputação de temerário durante a Guerra do Paraguai. Na campanha contra Solano López, ficara surdo – seus tímpanos

Leia mais »

Por que esses 14 gênios morreram completamente arruinados?

Alguns gastaram tudo que ganharam em luxos extravagantes; outros fizeram obras-primas, mas o mundo não as entendeuOscar Wilde: acabou dependendo da caridade de amigos Cultivador de um dandismo único, colecionador de arte, boêmio inveterado e amante da boa gastronomia, Oscar Wilde (Dublin, Irlanda, 1854- Paris, França, 1900) nasceu no seio de uma família abastada, chegou a ser muito rico graças a seu trabalho e relações sentimentais, esbanjou conscientemente quase tudo que ganhou e morreu em Paris completamente arruinado. Em seus últimos dias, dependia da caridade de amigos e conhecidos a quem abordava em tabernas e boates para lhes pedir alguns francos. Para o médico que o atendeu em seu leito de morte confessou que não podia pagar por seus serviços: “Veja o senhor, doutor, que vou morrer como vivi, muito acima de minhas possibilidades”. Em sua defesa, há que se dizer que Wilde não foi arruinado apenas por seus hábitos de bon-vivant e sua inconsequência: o escândalo homofóbico em que se viu envolvido ao tornar pública sua relação com o jovem aristocrata lord Alfred Douglas teve também muito a ver com seus problemas financeiros. Na imagem, Oscar Wilde em 1889.GETTY Judi Garland: uma estrela despejada “Meus pais me inculcaram a cultura do esforço e da economia”, contou Judy Garland (Minnesota, EUA, 1922 – Londres, Reino Unido, 1969) à revista ‘Variety’ em 1939, poucas semanas antes da estreia do que seria seu grande sucesso cinematográfico, o lendário ‘O mágico de Oz’. A afirmação era falsa, como grande parte do que a atriz de Minnesota, grande sedutora e farsante por vocação, segundo ela mesma reconhecia, contaria à imprensa nos anos posteriores. A verdade é que Judy (seu nome verdadeiro era Frances Ethel Grumm) não acreditava absolutamente nas virtudes da economia. E se tornou uma mulher de gostos caros e com um instinto natural para o esbanjamento. Com 17 anos era já uma das atrizes mais ricas dos Estados Unidos, mas logo depois dos 40 acumulava dívidas milionárias que a levaram ao despejo e a obrigaram a embarcar por uma turnê em troca de comida por teatros da Europa, com sua filha então adolescente Liza Minelli. Segundo pessoas próximas, só um casamento oportuno com o empresário de New Jersey Mickey Deans impediu que a diva acabasse na miséria em seus últimos anos, marcados por problemas financeiros e o vício em barbitúricos. Na imagem, Judy Garland em 1950.GETTY Whitney Houston Quando Whitney Houston (Nova Jersey, 1963-Los Angeles, 2012) foi encontrada morta na banheira de seu hotel em Los Angeles, em fevereiro de 2012, tinha teias de aranha em sua conta corrente e dívidas superiores a quatro milhões de dólares (quase 13 milhões de reais). Em apenas uma década, a cantora dilapidou sua fortuna pessoal de cerca de cem milhões (320 milhões de reais). Segundo o colunista social nova-iorquino Michael Lavelette, “seu estilo de vida extravagante, seus muitos vícios (ao álcool, aos calmantes, à cocaína…) e seu divórcio de Bobby Brown a levaram à ruína”. Seu último milhão foi gasto “em um périplo delirante de vários meses por hotéis de luxo em Sidney, Paris e Londres no qual não prestou atenção aos gastos, apesar das advertências de seus assessores financeiros. Segundo divulgou a Fox News, poucas horas antes de morrer Houston tinha chamado uma amiga para pedir que lhe emprestasse 100 dólares que, supostamente, pensava em gastar em crack, a última droga em que se viciou. Na imagem, Whitney Houston no palco do World Music Awards de 2004, em Las Vegas.GETTY Joe Louis: o campeão saqueado por familiares e amigos Aquele que muitos consideram o melhor boxeador da história, Joe Louis (Alabama, 1914- Nevada, 1981) foi prejudicado pelo excesso de generosidade e confiança. Criado em um humilde e conflituoso subúrbio de Detroit, o campeão do mundo dos pesos pesados entre 1937 e 1949 não se permitiu grandes luxos quando estava na crista da onda, mas pagou as consideráveis dívidas de seus familiares (inclusive daqueles que não lhe dirigiam a palavra quando não era mais que um adolescente gago que distribuía gelo em troca de gorjetas) e confiou em um séquito de velhos amigos que saquearam suas contas correntes e o envolveram em uma longa série de negócios duvidosos. Como resultado de tudo isso, chegou a dever à Fazenda mais de um milhão de dólares (3,2 milhões de reais) no fim dos anos 50, quando já tinha se aposentado do boxe e carecia de renda estável. Uma campanha de solidariedade proposta por antigos colegas serviu para que fosse concedido a Louis um alongamento do prazo de pagamento da dívida, mas quando morreu, em 1981, continuava com as contas embargadas e à beira da miséria. Na imagem, Louis lendo o jornal ‘New York Daily News’, em 1938.GETTY Sammy Davies Jr.: os luxos excêntricos o deixaram sem um centavo “Tenho a consciência tranquila”, costumava dizer a seus amigos um Sammy Davis Jr. (Nova York, 1925- Califórnia, 1990) completamente arruinado. “Não devo dinheiro a ninguém que precise, quase todas as minhas dívidas são com o governo dos Estados Unidos”. Essas dívidas chegaram a somar quase 15 milhões de dólares, porque o cantor do Harlem, como muitos outros famosos, adquiriu o hábito de deixar de pagar impostos quando sentiu que eram um luxo que não podia se permitir. Nos melhores anos de sua carreira, entre fim dos anos 40 e meados dos 60, quando fazia parte do ‘Rat Pack’ de Frank Sinatra, Sammy ganhava mais de um milhão de dólares por ano com suas turnês. Em 1989, já na bancarrota devido a péssimos investimentos e luxos excêntricos, decidiu não extirpar um tumor na garganta porque temia que a operação afetasse suas cordas vocais. “Não tenho um centavo guardado, e se não posso continuar cantando, vou morrer de fome”, foi o que argumentou. Muito pouco depois acabou morrendo por conta do tumor que não quis operar. Na imagem, Sammy Davies Jr. em Los Angeles, em 1988.GETTY Vincent Van Gogh: só dois degraus acima da indigência O pintor holandês teve uma vida conturbada. Foi galerista, pastor protestante, missionário… Chegou a conviver em Haia, em condições paupérrimas, com

Leia mais »

A quem interessa nossa ignorância?

Corruptos e desonestos lucram com a ignorância Alunos em uma sala de aula. DANIEL CASTELLANO SMCS A manutenção do péssimo modelo de educação pública interessa, e muito, aos desonestos e corruptos, que formam a grande maioria dos nossos dirigentes Por Luiz Ruffato Daqui a cerca de nove meses – o equivalente ao tempo de uma gestação humana – teremos que nos dirigir às urnas para eleger o presidente que irá governar pelos próximos quatro anos. Em quase todas as rodas de conversa, o cenário se repete: um total desencanto com relação aos nomes já propostos e uma preocupante desesperança quanto ao futuro, principalmente entre os jovens. Pesquisa Datafolha, divulgada no dia 2, afere isso: perguntados sobre em que vão votar, 19% dos entrevistados responderam “ninguém” e 46% disseram não saber. Esse cenário de ceticismo se explica em duas frentes. A primeira, a falta de novidades entre os nomes apresentados – a única “renovação” é um candidato que prega… o retorno aos tempos da ditadura militar! Todos os outros, sem exceção, são políticos manjados, que já tiveram a oportunidade de mostrar a que vieram. A segunda questão é que, devido à sensação de que não conseguimos nunca, como coletividade, avançar na resolução dos nossos problemas básicos, caímos naquele estado de autocomiseração: se aqui, em se plantando tudo dá, quem colhe os frutos são sempre os mesmos…   Ora, se a conclusão acima reflete uma verdade, essa verdade é relativa, não absoluta. Embora o Brasil apresente uma das maiores diferenças entre ricos e pobres do planeta – segundo o IBGE, a média de renda mensal real de 1% da população (R$ 27.085) equivale a 33,6 vezes ao recebido pela metade da população que ganha menos (R$ 747) –, a única solução para todos os problemas encontra-se no fortalecimento da nossa débil democracia. Ou seja, somos nós os responsáveis tanto pelos caminhos percorridos até aqui, como pelos que serão trilhados no futuro. Para mim, o cerne do problema encontra-se no péssimo sistema de educação pública que adotamos. É sabido que um em cada quatro brasileiros não sabe ler e escrever ou não compreende textos simples. Além disso, o Brasil ocupa o 65º lugar entre 70 países avaliados pelo PISA, programa internacional que analisa o desempenho de alunos de 15 anos dos sistemas público e privado de ensino. A falta de escolaridade é um impedimento não só para o crescimento individual – mas também para o desenvolvimento coletivo. A pessoa que não tem acesso a um ensino de qualidade não consegue usufruir do mundo em sua plenitude. A noção de subjetividade, ou seja, aquela que permite que compreendamos a realidade a partir da complexidade da nossa própria existência, deriva do contato com formas mais elaboradas de conhecimento, que adquirimos por meio da educação formal. Sem educação, com as exceções de praxe, dificilmente galgamos o estatuto de cidadãos – tornamo-nos meramente estatísticas, seja na hora de apertar botões na urna eletrônica, seja na hora de ocupar o lugar na urna funerária. A ignorância, advinda da falta de escolaridade, explica a mediocridade na qual nossa sociedade encontra-se atolada. O obscurantismo, que aceita respostas simples para perguntas complexas, seja no campo religioso, seja no campo artístico, seja no campo político, mina a tentativa de construirmos um Brasil multicultural e pluriétnico. Ao contrário, empurra-nos para o pensamento hegemônico, fundamentalista e simplório. O resultado, a História nos mostra, é sempre catastrófico. A manutenção do péssimo modelo de educação pública interessa, e muito, aos desonestos e corruptos, que formam a grande maioria dos nossos dirigentes. É a forma mais fácil de a elite – seja ela política, econômica ou intelectual – garantir seus privilégios, que não são poucos. Ainda restam nove meses para exigirmos dos candidatos compromissos com mudanças substantivas pelo menos do nosso sistema escolar. No entanto, para isso, desde já, somos nós que temos de arregaçar as mangas.

Leia mais »