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Como o México se tornou a ‘menina dos olhos’ da indústria automobilística global?

O México tornou-se objeto de desejo da indústria automobilística global. O setor, um dos motores da economia, está passando por um novo boom A americana Ford e a japonesa Toyota anunciaram no mês passado a construção de novas plantas no país, totalizando investimentos da ordem de US$ 4 bilhões (R$ 12 bilhões). Levando-se em conta os últimos dois anos, são mais de US$ 20 bilhões (R$ 60 bilhões) aplicados em novas fábricas ou na expansão das já existentes. O México, o 4º maior exportador de veículos do mundo, desbancou o Brasil no ano passado e passou a ocupar o 7º lugar no ranking de produção. Em 2014, o país fabricou quatro em cada 100 automóveis do mundo. Produção global de veículos em 2014 China: 23.722.890 / + 7,3% (variação sobre o ano anterior) Estados Unidos: 11.660.699 / 5,4% Índia: 9.774.558 / 1,5% Alemanha: 5.907.548 / 3,3% Coreia do Sul: 4.524.932 / 0,1% Índia: 3.840.160 / -1,5% México: 3.365.306 / 10,2% Brasil: 3.146.118 / -15,3% Espanha: 2.402.978 / 11,1% Canadá: 2.393.890 / 0,6% E, a este ritmo, estima-se que o México possa chegar à 4ª posição em menos de uma década, logo depois de China, Estados Unidos e Japão. Há seis anos, o país ocupava o 10º lugar. A subida no ranking se deve ao aumento da produção, em parte explicado pela chegada de novas montadoras ao país.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Hoje, oito fabricantes globais de veículos produzem automóveis no México. E o número deve crescer ainda mais, com o lançamento das fábricas, no ano que vem, da sul-coreana Kia e da alemã Audi. Já em 2017, chega a nipo-americana Infiniti; no ano seguinte, é a vez da alemã Mercedes Benz. Em 2019, a alemã BMW e a japonesa Toyota inauguram suas plantas no país. O setor, essencial e emblemático para a economia do país, representa cerca de 3% do PIB (Produto Interno Bruto, ou a soma dos bens e serviços) e emprega 1,7 milhões de pessoas, incluindo empregos diretos e indiretos. Leia mais: Emergente ‘da vez’, México levanta debate sobre crescimento Razões para o sucesso A indústria automotiva representa quase 3% do PIB do México e emprega 1,7 milhão de pessoas Em primeiro lugar, a localização geográfica do país, às portas do mercado de automóveis dos Estados Unidos ─ o maior do mundo, com boas ligações com o Atlântico e o Pacífico, e com a Ásia, faz do México um ímã para as montadoras. Segundo, sua vasta rede de acordos de livre comércio, que lhe dão acesso a 45 países, também tornou o país um local atraente para os investidores. O terceiro ponto, consenso entre os representantes da indústria, é o custo. “Não só é mão de obra barata, mas também pesam a eficiência e a qualidade dos produtos mexicanos”, disse Luis Lozano, analista de indústria automotiva mexicana da consultoria PwC, à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC. O apoio a nível estatal vem desempenhando um papel importante nesse sentido. A indústria automobilística “tem sido uma das mais privilegiadas em termos de política pública para aproveitar e promover o seu crescimento e desenvolvimento”, disse Armando Soto, presidente da consultoria Kaso & Associates, à BBC Mundo. Na opinião de Soto, outro fator importante para compreender o boom do setor é a “estabilidade macroeconômica e financeira” do México. Indústria premium Tratados de livre comércio despertam interesse das montadoras no México Outra surpresa é de que o México conseguiu atrair o interesse de marcas de luxo. Audi, BMW, Infiniti, Lincoln, Mercedes Benz…algumas das montadoras do setor premium decidiram transferir parte da sua produção para o país. A alemã Audi é uma delas. A montadora está construindo no Estado de Puebla uma fábrica que deve se tornar operacional no ano que vem. Inaugurada a planta, a produção do SUV Q5 deve migrar de sua sede em Ingolstadt, no sul da Alemanha, para o leste do México. Dali sairão para o mundo, exceto a China, 150 mil unidades do utilitário. Estima-se que cerca de 99% da produção será exportada. “Fomos os primeiros deste segmento a vir para o México porque estamos confiantes de que o país está pronto para dar o próximo passo”, disse à BBC Mundo Javier Valadez, porta-voz da Audi México. “O México está na vanguarda no aspecto do capital humano”, acrescentou Valadez, “segundo estatísticas oficiais, mais engenheiros se formam aqui do que na Alemanha por ano”. Leia mais: Eufóricos com México, analistas apontam vantagens sobre modelo brasileiro “Carros lixo” Alemã Audi constrói fábrica que deve estar operacional no ano que vem Mas há um paradoxo no modelo mexicano: ele é essencialmente exportador. Oito em cada dez veículos fabricados no país são vendidos no exterior. Ainda que no primeiro trimestre 3.500 veículos tenham sido vendidos por dia, marca recorde para o país, o mercado interno ainda não “decolou”. O Canadá, por exemplo, com um terço da população mexicana, vendeu 60% mais veículos no ano passado. Há dez anos, o país não consegue superar a barreira dos 1,2 milhão de veículos novos vendidos anualmente. E um dos motivos são os chamados “carros chocolate”. Ou “carros lixo”, como descreveu Eduardo Solís, presidente da Associação Mexicana da Indústria Automotiva (AMIA). “A importação desses automóveis dos Estados Unidos provocou um dano brutal em nosso mercado doméstico. Trata-se de lixo veicular, porque nos Estados Unidos esses carros não têm outro destino senão o ferro-velho, mas acabam sendo vendidos aqui”, disse Solís à BBC Mundo. Solís se refere aos 7,5 milhões de carros importados dos Estados Unidos nos últimos nove anos que não podem mais circular naquele país por questões ambientais, mas trafegam pelas ruas do México. Com modelo essencialmente exportador, México manda para fora oito em cada dez veículos que fabrica Em média, a frota mexicana tem idade média de 16 anos, o dobro da dos Estados Unidos. As importações de usados durante os últimos dez anos representam 75% das vendas de veículos no mercado local. Por trás disso, dizem especialistas, está a falta de acesso ao crédito, problema enfrentado por milhões de

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Explicando a Bolsa de Valores

Não existe jeito mais fácil de explicar! Uma vez, num vilarejo, apareceu um homem anunciando aos aldeões que compraria macacos por $10 cada. Os aldeões sabendo que havia muitos macacos na região, foram à floresta e iniciaram a caça aos macacos. O homem comprou centenas de macacos a $10 e então os aldeões diminuíram seu esforço na caça. Aí, o homem anunciou que agora pagaria $20 por cada macaco e os aldeões renovaram seus esforços e foram novamente à caça. Logo, os macacos foram escasseando cada vez mais e os aldeões foram desistindo da busca. A oferta aumentou para $25 e a quantidade de macacos ficou tão pequena que já não havia mais interesse na caça. O homem então anunciou que agora compraria cada macaco por $50!Entretanto, como iria à cidade grande, deixaria seu assistente cuidando da compra dos macacos. Na ausência do homem, seu assistente disse aos aldeões: ‘Olhe todos estes macacos na jaula que o homem comprou. Eu posso vender por $35 a vocês e quando o homem retornar da cidade, vocês podem vender-lhe por $50 cada.’ Os aldeões, espertos, pegaram todas as suas economias e compraram todos os macacos do assistente. Eles nunca mais viram o homem ou seu assistente, somente macacos por todos os lados. Agora você entendeu como funciona o mercado de ações? [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Jornais e o café da manhã

A globalização da mídia “Quando os jornais impressos desaparecerem, o café da manhã deixará de fazer sentido”, afirmou Jeffrey Cole, diretor do Centro para o Futuro Digital da Universidade do Sul da Califórnia. Ele acrescentou que diz isso de uma maneira bem humorada, mas não se trata de uma piada. “Cresci com o hábito de ler jornais, e essa leitura faz parte do ritual do café da manhã.” Há 10 anos ele estuda como acontece a adoção das tecnologias digitais e como elas afetam a vida e comportamento das pessoas. “Minha vida profissional começou na televisão e lá atrás, quando a televisão foi lançada, perdemos a oportunidade de se fazer esse tipo de estudo”, disse, acrescentando que a oportunidade não foi perdida com a internet. O centro tem parcerias com universidades ao redor do mundo, e atualmente o estudo é feito em 30 países, com o acompanhamento de 2 mil pessoas em cada país. No Brasil, Cole está perto de fechar um acordo com uma universidade do Rio de Janeiro. Ele disse que nenhuma mídia vai desaparecer, mas que a tendência dos meios tradicionais é se tornarem menores. “O impresso tem um futuro terrível, mas não as notícias”, afirmou. “Toda vez que um leitor de jornal morre, ele não é reposto.” [ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]Na visão dele, a maioria dos jornais impressos americanos vai desaparecer em cinco anos. Em outros mercados, como o Brasil e a Austrália, esse período deve ser maior, de 10 a 15 anos. Ele afirmou que os profissionais americanos estão deixando de dizer que estão no negócio de jornais (newspapers), para dizer que estão no setor de notícias (news). O problema dessa transição é que existe menos dinheiro, pelo menos por enquanto, no mundo digital do que no tradicional. “São os dólares tradicionais e os centavos digitais”, disse. Isso está levando a uma consolidação do mercado de mídia, e a uma necessidade de internacionalização. “O Brasil deve ficar com duas ou três companhias brasileiras de mídia com atuação global, que terão como mercado todas as pessoas que falam português no mundo. blog do Renato Cruz

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Google é modelo de negócios para jornalismo impresso

Modelo Google de negócios é apontado como alternativa para a indústria dos jornais A General Motors e a Local Motors são duas empresas automobilísticas norte-americanas, mas as semelhanças param aí. A GM é uma mega corporação que fabrica veículos em massa e que chegou a pedir concordata na crise de 2008. A LM, é infinitamente menor, foi criada em 2006 por sete engenheiros e é a primeira do mundo a adotar o modelo Google de negócios no setor automobilístico. Jeff Jarvis, um respeitado consultor de mídia, professor e blogueiro norte-americano, acha que os donos de jornais do mundo inteiro deveriam examinar com lupa a fórmula da Local Motors porque ela poderia ser servir de ponto de partida para uma nova estratégia corporativa para um segmento industrial que também está vivendo momentos críticos. [ad name=”Retangulo – Anuncios – Esquerda”]A LM está aplicando os oito princípios que fizeram da Google a maior empresa do mundo no ramo das novas tecnologias e que hoje começam a seduzir os executivos que há três anos eram unânimes em taxar de inviável o transplante do modelo para o mundo industrial. Os princípios são: a) Produção colaborativa – os compradores de carros da LM participam da elaboração do design e das especificações técnicas junto com os engenheiros. O resultado é a personalização do veículo. Os clientes acabam fazendo um remix de componentes de veículos de outras marcas; b) Propriedade comunitária – os clientes tornam-se membros da cooperativa que dirige montadora e com isto logram reduzir o preço do veiculo encomendado. c) Micro-empresa – a produção de veículos, na conjuntura atual, só é lucrativa se for feita em fábricas enxutas com burocracia interna reduzida ao mínimo, sistema operacional descentralizado e funcionários polivalentes. A falência da mastodôntica GM, com mais de 90 mil funcionários (1/3 dos quais em funções burocráticas) passou a ser um exemplo da falência do velho modelo de linha de montagem, numa estrutura hierarquizada e centralizada; d) Produção para nichos de consumidores – A LM vai produzir carros diferentes para públicos segmentados. Atualmente a empresa desenvolve um veiculo para o estado do Arizona e outro totalmente diferente para Nova Iorque. Um é rústico para terrenos ruins e outro é pequeno e super econômico para ser usado num trânsito complicado; e) Montagem – Os veículos são montados usando quase 90% de componentes de outros carros e os modelos podem ser montados por outras empresas. Não há franquia. É o carro no sistema do código aberto, sem pagamento de royalties; f) Negócio público – As informações de usuários são essenciais para o futuro do negócio, porque os clientes e compradores sentem-se participantes no processo de montagem de veículos; g) Produção local – Por enquanto a empresa está instalada numa única cidade, mas o modelo pode ser replicado noutras regiões mantendo a regra da identificação com o publico e com a realidade local; h) Venda direta – O modelo elimina intermediários, no caso concessionárias e revendas, substituídos pela internet nas vendas e atendimento aos compradores. Jarvis acha que todos estes itens podem ser facilmente adaptados para a realidade da indústria dos jornais, levando em conta que muitos sites independentes de noticias já os aplicam total ou parcialmente. Um dos exemplos mais badalados desta nova tendência é o projeto ChicagoNow, ChicagoNow que está sendo desenvolvido por um grupo de jornalistas do jornal Chicago Tribune, um dos principais atingidos pela queda de leitores e de anúncios. O ChicagoNow aplica pelo menos seis itens do modelo Google adaptados para o ambiente jornalístico. O projeto está apoiado em notícias publicadas em blogs criados por leitores dentro da página do ChicagoNow. Em média 30% deste material vai para a edição impressa depois de ser avaliado por leitores e por editores do jornal. Mais ou menos o mesmo processo está sendo implantado no Philadelphia Inquirer que acaba de jogar a toalha em sua edição em papel para ser publicado apenas na Web. Ainda é muito cedo para dizer se o modelo Google terá na indústria dos jornais, os mesmos resultados obtidos pela Local Motors. Mas se depender do pessoal do ChicagoNow, a aposta vale a pena porque a outra opção é o desemprego. Carlos Castilho/Observatório da Imprensa

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Marketing Digital e a publicidade ‘analógica’

Empresas erram ao usar modelo publicitário “analógico” no mundo digital da internet O autor e especialista em marketing Seth Godin é conhecido por dar títulos hilários, criativos e provocativos às suas obras. Meatball Sundae (”Sundae de almôndegas”) é sua nova criação. Na esteira de A Vaca Roxa e Todo Marqueteiro É Mentiroso (dois de seus livros anteriores), Seth criou a nova expressão para descrever o marketing tal como é praticado hoje na internet por 90% das empresas. Para Godin, almôndegas e sorvete são duas perfeições alimentícias, mas que, misturadas, dão uma braba indigestão. Em sua analogia culinária, as “almôndegas” são os produtos médios, feitos em grande quantidade, a preços baixos, destinados ao “público médio”. Pense numa cerveja da Budweiser ou num carro da GM. Eles são as almôndegas, que prosperam num mercado de massa. O “sundae” seria o novo marketing – que utiliza as ferramentas da internet, como vídeos no YouTube, blogs e sites de relacionamento.[ad#Retangulo – Anuncios – Duplo] O sundae de almôndegas, por sua vez, é o uso dessas ferramentas para promover produtos, marcas ou serviços do tipo “médio”. Exemplos? A tentativa frustrada da Budweiser de criar um canal próprio de relacionamento com o consumidor na internet, a BudTV. Lançado com estardalhaço, com meta de atingir 2 milhões de espectadores por mês, é acessado por meros 50 mil internautas mensalmente. Outro caso de insucesso digital é o do Wal-Mart, cujo site voltado ao público jovem, TheHub.com, encerrou as atividades em 2006 depois de uma seqüência de ibopes pífios. Lançado em janeiro, Meatball Sundae recebeu fartos elogios da Business Week e do Financial Times. Por que o marketing na internet vira um sorvete de almôndegas? A resposta é simples, diz Godin. Na era da conectividade, regras fundamentais da era da comunicação de massa foram quebradas para sempre, e as empresas tradicionais terão dificuldade de se ajustar aos novos tempos. O ciberespaço virou arena de diálogo não só dos consumidores com a empresa, mas deles entre si. “A empresa sempre esteve protegida. Um presidente de banco não está acostumado a ouvir um cliente que perdeu a casa. Uma estrela do rock não está acostumada a lidar com 55 mil amigos do MySpace”, diz. Outra regra defunta é a da oferta limitada. O consumidor quer todas as opções à sua disposição. “Senão, ele nos deixa.” Frente à nova realidade, o marketing canhestro das almôndegas tem uma causa comum: as empresas tentam implantar um modelo de comunicação “analógico” ao mundo digital. A Budweiser estava acostumada a ter seus divertidos comerciais de TV bem recebidos pelo público. Tentou criar um canal de TV pela internet que copiasse o humor debochado das peças publicitárias. Não vingou. Seria mais útil criar vídeos de marketing viral e disponibilizá-los no YouTube. Muitos se perguntam sobre o futuro das empresas do tipo “almôndega”. Para Godin, um produto não é em si necessariamente uma “almôndega” ou um “sundae”. Isso depende de posicionamento estratégico. Dá o exemplo das companhias aéreas. “O que a JetBlue fez para conquistar o consumidor? Colocou TVs nos assentos, contratou pessoas que gostam de falar sobre o serviço. Quando lidamos com a JetBlue na internet ou por telefone, é um tipo de companhia aérea “sundae”. E ela está no mesmo negócio que a American Airlines” (empresa com serviço tipo “almôndega”, nas palavras do autor). Empresas de ponta tornam-se líderes. Num podcast à Business Week, Seth citou o caso de uma pequena empresa do meio-oeste americano que abocanhou o mercado de EVDO (tecnologia que permite a conexão de celulares e laptops à internet por satélite). Além de contar com uma equipe especializada no formato, ela abriga em seu site o principal grupo de discussão sobre EVDO nos EUA. Com a dupla tacada, virou um ímã da comunidade. “O negócio poderia ter sido iniciado por qualquer companhia de telecomunicação. E nenhuma o fez, achando que o formato não teria público ou que seria preciso criar uma cadeia de suporte ao consumidor. Tratava-se da velha abordagem a um novo produto. Seria transformar o EVDO numa almôndega”, afirma. do IFD Blog – autor: Álvaro Oppermann – fonte: Mercado Competitivo

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Economia: Maquinaria em Colapso

A atmosfera de entusiasmo com a liberalização e a desregulamentação dos mercados financeiros transformou-se em medo e indignação. Os sentimentos do público em geral acompanham os ânimos exaltados dos críticos da finança descontrolada. Luiz Gonzaga Beluzzo ¹ Esse foi o clima do seminário Escolher o Crescimento – Sair da Crise, realizado em Paris e patrocinado pela Fundação Jean Jaurés e pelo Instituto Lula. Foram duras as críticas às interpretações convencionais que atribuem aos mercados financeiros as virtudes da eficiência no uso das informações disponíveis e, portanto, a melhor alocação possível dos recursos.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Os analistas não comprometidos com o mundo dos negócios procuraram sublinhar as relações entre o poder das instituições bancárias e não bancárias “grandes demais para falir” e as políticas de liberalização e desregulamentação da finança. Como bem ressaltou um dos participantes, esse contubérnio não é uma conspiração, mas o resultado da derrota política, econômica e ideológica das forças sociais que impuseram os controles e as regras prudenciais aos mercados de crédito na posteridade da Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos promoveram as políticas de abertura comercial e impuseram a liberalização financeira urbi et orbi. Assim, suas empresas encontraram o caminho mais rápido e desimpedido para a migração produtiva, enquanto seus bancos foram investidos plenamente na função de gestores da finança e da moeda universais. Isso significa que os bancos americanos estavam habilitados a: 1) Administrar em escala global a transformação da rede de relações débito-crédito, fazendo avançar o processo de securitização. 2) Comandar a circulação de capitais entre as praças financeiras e, portanto, afetar a formação das taxas de câmbio. 3) Promover as mudanças na estrutura da propriedade, ou seja, organizar o jogo da concentração patrimonial e produtiva. 4) Dar fluidez ao sistema de pagamentos em escala global. Eliminada a separação de funções entre os bancos comerciais, de investimento, seguradoras e associações encarregadas dos empréstimos hipotecários, os grandes conglomerados financeiros americanos buscaram escapar das regras prudenciais, promovendo o processo de originar e distribuir, impulsionando a securitização dos créditos e a alavancagem das posições financiadas nos mercados monetários. Foi esse sistema financeiro americanizado o promotor da ampliação do crédito ao consumo e da consequente “liberação” desse componente do gasto das restrições impostas às famílias pela evolução da renda corrente. Esse fenômeno aproximou a dinâmica do consumo da forma de financiamento do gasto que sustenta a expansão do investimento, adicionando combustível à instabilidade financeira. A crise deflagrada, em 2008, demonstra de forma cabal como as transformações ocorridas nos últimos 30 anos no tamanho das instituições e nos instrumentos de mobilização do crédito ampliaram a participação do consumo na formação da demanda efetiva e, ao mesmo tempo, acentuaram a instabilidade das economias capitalistas. As transformações na órbita financeira desataram um forte movimento especulativo, primeiro com as empresas de tecnologia, depois com os imóveis residenciais. A aventura do crédito hipotecário generalizou para a massa de consumidores o “efeito riqueza”. Este novo momento da “inflação de ativos” estava assentado em três fatores determinantes: 1) A degradação dos critérios de avaliação do risco de crédito e o “aperfeiçoamento” dos métodos de captura dos devedores primários, as famílias de renda média e baixa, cuja capacidade de pagamento estava debilitada pela estagnação dos rendimentos nos últimos 30 anos. 2) O alargamento do espaço da securitização das hipotecas e outros recebíveis, mediante a criação e multiplicação de ativos lastreados nas dívidas contraídas pelas famílias. 3) A possibilidade de “extrair” novos empréstimos apoiados na valorização dos imóveis e destinados à aquisição de bens duráveis, passagens aéreas e até pagamento de impostos. A história das crises financeiras é sempre a mesma: nas etapas de euforia, a confirmação das expectativas otimistas leva os possuidores de riqueza a apostas mais arriscadas, incorporando ativos de menor qualidade em suas carteiras. Este é o caso, por exemplo, dos títulos da dívida pública grega ou espanhola encarteirados pelos bancos europeus quando a crise do endividamento privado ia de mal a pior. Nesse quadro, uma súbita alteração das expectativas pode acarretar uma onda de vendas em massa, que, aliás, começa sempre pelos ativos mais arriscados. Muitos investidores adquiriram ativos a crédito, outros foram mais ousados na alavancagem. O professor Charles Kindlelberger afirma com razão que as crises financeiras só se tornam graves quando as flutuações no valor da riqueza contaminam os bancos. Quando isso acontece, a maquinaria econômica entra em colapso. Na ausência de uma intervenção externa, de natureza pública, não há como fazer a máquina capitalista voltar ao seu funcionamento normal. ¹ Luiz Gonzaga Belluzzo é economista e professor, consultor editorial de CartaCapital.

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Economia: Dona Europa e suas duas filhas

Dona Europa puxou o tapete dos nobres, deu um chega pra lá no papa e elegeu governos constitucionais que trocaram a permuta pela moeda, evitaram fazer uso de mão de obra escrava, transformaram antigos camponeses em operários merecedores de salários. Dona Europa passou a nutrir ambições desmedidas. Fitou com olho gordo o imenso mapa-múndi que enfeitava a sala de sua casa. Quantas riquezas naquelas terras habitadas por nativos ignorantes! Quantas áreas cultiváveis cobertas pela exuberância paradisíaca da natureza! Dona Europa lançou ao mar sua frota em busca de ricas prendas situadas em terras alheias. Os navegantes invadiram territórios, saquearam aldeias, disseminaram epidemias, extraíram minerais preciosos, estenderam cercas onde tudo, até então, era de uso comum. Dona Europa praticou, em outros povos, o que se negava a fazer na própria casa: impôs impérios, reinados e ditadores; inibiu o acesso à cultura letrada; implantou o trabalho escravo; proibiu a industrialização; internacionalizou normas econômicas que lhe eram favoráveis, em detrimento dos povos alhures. Um dos povos de além-mar dominados por Dona Europa ousou rebelar-se em 1776, emancipou-se da tutela e se tornou mais poderoso do que ela – o Tio Sam. O professor Maquiavel ensinou à Dona Europa que, quando não se pode vencer o inimigo, é melhor aliar-se a ele. Assim, ela associou-se a Tio Sam para exercer domínio sobre o mundo.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Dona Europa e Tio Sam acumularam tão espantosa riqueza, que cederam à ilusão de que seriam eternos o luxo e a ostentação em que viviam. Tudo em suas casas era maravilhoso. E suas moedas reluziam acima de todas as outras. Ora, não há casa sem alicerce, árvore sem raiz, riqueza sem lastro. Para manter o estilo de vida a que se acostumaram, Dona Europa e Tio Sam gastavam mais do que podiam. E, de repente, constataram que se encontravam esmagados sob dívidas astronômicas. O que fazer? A primeira medida foi a adotada em turbulência de viagem de avião: apertar os cintos. Não deles, óbvio. Mas de seus empregados: despediram alguns, reduziram, os salários de outros, deixaram de consumir produtos importados. Assim, a crise da dupla se alastrou mundo afora. Dona Europa e Tio Sam não são burros. Sabem onde mora o dinheiro: nos bancos. Tio Sam, ao ver o rombo em sua economia, tratou de rodar a maquininha da Casa da Moeda e socorreu os bancos com pelo menos US$ 18 trilhões. Dona Europa tem várias filhas. Segundo ela, algumas não souberam administrar bem suas fortunas. A formosa Grécia parece ter perdido a sabedoria. Gastou muito mais do que podia. Os mesmo aconteceu com a sedutora Itália, a encantadora Espanha e a inibida Irlanda. Como o cofre da família é de uso comum, Dona Europa se cobriu de aflições. Puniu as filhas gastadoras e apelou à mais rica de todas, a severa Alemanha, para ajudá-la a socorrer as endividadas. A Alemanha é manhosa. Disse que só socorre as irmãs se puder controlar os gastos delas. O que significa cortar as asinhas das moças – o que em política equivale a anular a soberania. Soberana hoje, na casa de Dona Europa, só a pudica Alemanha. O resto da família é dependente e está de castigo. A mais cheirosa das filhas, a França, anda rebelde. Após aparecer de mãos dadas com a Alemanha, agora que arrumou namorado novo encara a irmã com desconfiança. Nós, aqui do sul do mundo, que ainda não cortamos o cordão umbilical com Tio Sam e Dona Europa, corremos o risco de ficar gripados se Dona Europa continuar a espirrar tanto, alérgica ao espectro de um futuro tenebroso: a agonia e morte do deus Mercado, cujos fiéis devotos mergulharam em profunda crise de descrença. por Frei Beto 

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Ecologia, artistas e hipocrisia

Estamos sendo massacrados por essa coisa chata que é a militância “fashion” dos ativistas dos mais variados matizes. Volta e meia aparece na taba dos Tupiniquins, um cantor de alguma banda estrangeira nos atazanando com pruridos da praga do politicamente correto. Exite um – “arroz de festa” por aqui – cuja banda tem o nome de um avião de espionagem que existia na força aérea dos USA. Além da música(?) o cidadão se mostra um pregador contumaz a favor dos países terceiro mundistas e defende, entre outras coisas, o perdão das dívidas desses países por parte das nações desenvolvidas. Ora, graças à exploração dos países desenvolvidos é que esse cidadão usufrui, no país dele, de um padrão de vida excelente (saneamento, educação, transporte público, saúde, etc.). Caso a dívida seja perdoada, a receita dos países desenvolvidos cairá e conseqüentemente o “ativista fashion” terá a qualidade de vida em seu país diminuída. É muita hipocrisia bradar contra as multinacionais e ao mesmo tempo usufruir de todos os produtos fabricados pelas empresas globalizadas.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Em seus périplos pelo mundo, porque ele viaja em aviões de companhias aéreas globalizadas, fabricados por “países-exploradores-de-mão-de-obra-do-terceiro-mundo?” Hospeda-se em hotéis pertencentes a cadeias multinacionais de hotelaria? Caso não fosse um militante da hipocrisia eco chata, deveria viajar a pé (bicicletas são fabricadas por “multinacionais globalizadas” e usam pneus fabricados em processos altamente poluidores e que produzem lixo tóxico). Também, para ser coerente, nem pensar em usar roupas de grife e/ou que sejam confeccionadas com tecidos sintéticos (poluidores e destruidores do ambiente), aliás, se é ambiente porque teimam é usar a palavra meio? – isso sem contar que toda a parafernália eletrônica utilizada nos “shows” é fabricada pelas tais empresas globalizadas? E os discos e vídeos? Também produzidos, gravados e distribuídos por multinacionais, evidentemente usando produtos como o plástico, altamente poluidores. Quando fizesse espetáculos nos países endividados e vítimas da globalização perversa, não deveria cobrar direitos autorais e reverter os “cachês” milionários para o pobre-povo-oprimido-e-explorado-pelo-demônio-da-globalização. Argh!

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Contra o que todo mundo protesta?

Na primeira fila da passeata, o presidente da Fiesp, embrulhado numa bandeira brasileira, e sindicalistas de todos os matizes. Cena inimaginável há alguns anos. Mais surpreendente ainda é tantas manifestações estarem ocorrendo em tantas cidades do mundo, ao mesmo tempo: Nova York e mais dezenas de cidades americanas, Roma, Berlim, Atenas. E se procurarmos um pouco mais, encontraremos algumas dezenas de cidades menores. Cada uma protesta contra ou reivindica coisas diferentes. No Chile são os custos do ensino, no Brasil é a corrupção, nos EUA, os bancos, na Europa, os governos. Analistas tentam encontrar alguma unidade nos movimentos mundo afora. Pelas primeiras impressões, o traço de união são as redes sociais. Mas essa é só parte da verdade. Os protestos não estão ocorrendo por causa das redes sociais, apenas sua simultaneidade pode ser-lhes atribuída. As redes são só o instrumento que torna possível que tanta gente, em tantos lugares diferentes e distantes, se manifeste ao mesmo tempo. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Estamos tendo um 1968 ou o equivalente da queda da Bolsa de Nova York em 1929, só que em tempo real. Em 1968 os protestos se espalharam pelo mundo, mas a velocidade das notícias era muito menor. Na quebra da bolsa em 1929 não só as notícias circulavam mais lentamente, como a própria compreensão das causas do fenômeno demorava muito mais a ocorrer. Agora, apesar das mudanças, da rapidez das comunicações, o fator comum a todas as manifestações é que todos viram a largura das escadas da ascensão socioeconômica estreitar-se subitamente, em todos os países. O mundo era feliz e risonho e não sabia. Todos seguindo o ritmo normal da vida: todos iríamos melhorar de vida. Teríamos todos mais acesso ao consumo – a grande medida de felicidade do mundo contemporâneo – e os nossos filhos estariam melhor do que nós, como, em boa medida, as gerações de hoje estão muito melhor do que as que nos antecederam. Tudo eram favas contadas. A humanidade tem boa memória para o bom. Memória tão boa que todas essas coisas viraram, por assim dizer, “naturais”. Não podia ser diferente. Há 150 anos, mais de 90% da população do mundo jamais viajou além de um raio de 10 ou 20 quilômetros do lugar onde nascera. Um jovem e uma jovem judeus se encontraram no Brasil na década de 1930. Haviam nascido em cidades alemãs que distavam menos de 50 quilômetros uma da outra e não conseguiam se entender em suas línguas nativas. Eles salvaram o seu romance no iídiche, a língua dos judeus alemães ashkenazi, que lhes permitiu se comunicarem, namorarem e virem a se casar. Quase tudo mudou. Mas quem se comunica pelo alfabeto latino vê na televisão e só tem uma ideia vaga do que dizem os cartazes dos protestos na Grécia, escritos em seu próprio alfabeto, graças à explicação dos apresentadores. A tradução ainda é necessária para saber contra o que os gregos se manifestam. Hoje essas coisas ocorrem no mundo inteiro ao mesmo tempo. Na China, mesmo com o regime fechado, já começam a pipocar as perspectivas de estreitamento da mobilidade social – e lá são quase três Brasis para entrar na sociedade de consumo. O temor da democratização é tal que o governo chinês proibiu um programa de calouros na televisão porque os telespectadores podiam “votar” em quem consideravam os melhores. O governo entrou em pânico, com receio de que isso viesse a dar ideias aos chineses de que voto era uma coisa boa e poderia ser repetido em outras esferas, inclusive na política. O caso foi contado na revista inglesa The Economist. Todos os protestos, díspares, sem nenhuma conexão aparente a não ser a existência de ferramentas eletrônicas que tornam possível a comunicação instantânea, tinham somente um eixo comum: a chance de cada um de melhorar de vida está sensivelmente diminuída em razão dos arranjos que “alguéns” fizeram na economia. Não importa se são os bancos, os governos, as autoridades educacionais, os Parlamentos ou o que seja. Criada para ser uma rede militar de comunicações descentralizada, de modo que nenhum inimigo pudesse imobilizá-la, a internet expandiu-se para onde os criadores jamais imaginaram. Temos internet para tudo e programas governamentais para torná-la acessível a todas as populações são tão rotineiros e prioritários quanto as políticas de vacinação o foram para acabar com epidemias. Ninguém previa, entretanto, que ela viria a ser o traço de união de tantos descontentamentos díspares em línguas diferentes, espalhados pelo mundo. Pelo visto, não há nada a fazer. No primeiro semestre deste ano, as potências ocidentais foram rápidas ao batizar, simpaticamente, os protestos no Norte da África e no Oriente Médio de “primavera árabe”, uma expressão gentil e esperançosa. Mas isso foi rapidamente convertido, na Inglaterra, numa mera coordenação de baderneiros perigosos. Quando chegamos ao outono (do Hemisfério Norte), que está presenciando simultaneamente todos esses protestos, ainda não existe nome, nem simpático nem antipático. O Fundo Monetário Internacional (FMI) corre para dizer que fica o dito pelo não dito e as políticas de austeridade, com as quais tanto se incomodaram os países da América Latina nos anos 80 e 90 do século passado, não valem mais. O que era chamado de imprimir dinheiro para fazer inflação virou respeitavelmente QE (quantitative easing, política de expansão monetária), que nada mais é do que imprimir dinheiro do nada. No fim das contas, é apenas mais do mesmo, só que agora não mais maldito. Por quanto tempo os governos poderão dormir sossegados com um barulho destes, levando em conta que só houve algumas coisas básicas que não mudaram: a economia continua a ser a ciência da escassez e os desejos humanos seguem ilimitados? ¹ Alexandre Barros, cientista político (PH.D., University of Chicago), é sócio da Early Warning Consultoria (Brasília) – O Estado de S.Paulo

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Economia: 1929 redivivo?

Neoliberalismo, terceira via, desregulamentação do Estado, Estado mínimo… Seja qual for o adjetivo e/ou definição que se use a realidade é que, como escreveu Karl Marx, sobre a Revolução Francesa:  “A história acontece como tragédia e se repete como farsa”. É provável que o que a economia esteja passando hoje talvez aconteça em função das injustiças e ausência de isonomia na democracia em amplitude mundial. Há uma ausência de senso crítico – a mídia controlada, parcial e comprometida não permite que pensamentos não alinhados com esses interesses cheguem ao povo – e o que se assiste é uma quase absoluta falta de mobilizações populares, e de pessoas, suficientemente esclarecidas que pensem antes de votarem. No sanatório geral em que se transformou o mundo na tal de “pós-modernidade” surgem oportunidades para descomunais especulações financeiras, bolhas, as mais diversas e oportunistas, produzindo uma sensação, falsa, mas não percebidas pela maioria, de prosperidade, que agora já percorre o estreito caminho da saturação. O Editor Ps. O que acontece na agora chamada de “primavera árabe” é mais uma saturação da secular tolerância a governos despóticos, do que a percepção do ‘kaos’ do capitalismo especulativo. Quem avisa amigo é Vale, por um dia, começar além da política nacional, arriscando um mergulho lá fora. O que está acontecendo na Europa e quase aconteceu nos Estados Unidos, onde bancos estão falindo, cidadãos sendo despejados de suas casas, economias desmanchando-se como sorvete e, last bus not least, magnatas conseguindo salvar suas fortunas e mandando a conta para a classe média e o povão através de aumento de impostos, desemprego em massa e supressão de investimentos sociais. O risco, como em 1929, é de multidões ganharem as ruas, enfrentando a polícia e depredando tudo o que encontram pela frente. Tornarão impossível a vida do cidadão comum, instaurando o caos.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Por quê? É preciso notar que esse protesto anunciado começa com a inadimplência mas logo chega à fome, à miséria e à doença. Não dá mais para dizer que essa monumental revolta prevista com data marcada é outra solerte manobra do comunismo ateu e malvado. O comunismo acabou. Saiu pelo ralo. A causa do que vai ocorrendo repousa precisamente no extremo oposto: trata-se do resultado do neoliberalismo. Da consequência de um pérfido modelo econômico e político que privilegia as elites e os ricos, países e pessoas, relegando os demais ao desespero e à barbárie. Fica evidente não se poder concordar com a violência. Jamais justificá-la. Mas explicá-la, é possível. Povos de nações e até de continentes largados ao embuste da livre concorrência, explorados pelos mais fortes, tiveram como primeira opção emigrar para os países ricos. Encontrar emprego, trabalho ou meio de sobrevivência. Invadiram a Europa como invadem os Estados Unidos, onde o número de latino-americanos cresce a ponto de os candidatos a postos eletivos obrigarem-se a falar espanhol, sob pena de derrota nas urnas. O problema é que serão os primeiros a sofrer. Perderão empregos, bicos e mesmo o direito de pedir esmola. Preparem-se os neoliberais. Os protestos não demoram a atingir as nações ricas. Depois, atingirão os ricos das nações pobres. O que fica impossível é empurrar por mais tempo com a barriga a divisão do planeta entre inferno e paraíso, entre cidadãos de primeira e de segunda classe. Segunda? Última classe, diria o bom senso, porque serão aqueles a quem a conta da crise será apresentada. Como refrear a multidão de jovens sem esperança, também de homens feitos e até de idosos, relegados à situação de trogloditas em pleno século XXI? Estabelecendo a ditadura, corolário mais do que certo do neoliberalismo em agonia? Não vai dar, à medida em que a miséria se multiplica e a riqueza se acumula. Explodirá tudo. Carlos Chagas/Tribuna da Imprensa

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